Chica da Silva: diferenças entre revisões

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'''Francisca da Silva de Oliveira''', ou apenas '''Chica da Silva''' ([[Serro]], [[Circa|ca.]] [[1732]] - [[15 de fevereiro]] de [[1796]]),<ref name=Cardozo2>{{citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=JK8fWiCs1ecC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false|título=O Desembargador João Fernandes de Oliveira|nome=Manuel da Silveira|sobrenome=Cardoso|página=312|editora=[[Universidade de Coimbra]]|local=[[Coimbra]]|ano=1979|acessodata=27 de maio de 2012}}</ref>, foi uma [[escrava]], posteriormente [[alforria]]da, que viveu no ''Arraial do Tijuco'' - atual [[Diamantina]] - então pertencente ao município do [[Serro]], [[Minas Gerais]], durante a segunda metade do [[século XVIII]].<ref>{{citar web|url= https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/diamantina/historico|título= História de Diamantina|publicado= IBGE|acessodata= 5 de dezembro de 2018}}</ref>
 
Manteve durante mais de quinze anos uma união consensual estável com o rico contratador dos diamantes [[João Fernandes de Oliveira]],<ref name=Cardozo>{{citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=JK8fWiCs1ecC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false|título=O Desembargador João Fernandes de Oliveira|nome=Manuel da Silveira|sobrenome=Cardoso|página=310|editora=[[Universidade de Coimbra]]|local=[[Coimbra]]|ano=1979|acessodata=27 de maio de 2012}}</ref> tendo com ele treze filhos.<ref name=Cardozo2 /> O fato de uma escrava alforriada ter atingido posição de destaque na sociedade local durante o apogeu da exploração de diamantes deu origem a diversos [[mito]]s.
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Quando ainda era escrava, Chica da Silva era tratada nos documentos como "Francisca mulata" ou "Francisca parda", vez que os escravos não tinham sobrenome e normalmente eram diferenciados de acordo com seu grupo étnico ou cor da pele.<ref name="chica"/> Contudo, em 1754, Chica já era identificada num documento como "Francisca da Silva, parda forra". O sobrenome Silva, bastante comum no mundo português, era adotado normalmente por pessoas sem procedência ou origem definida, fato que indica que Chica conquistou sua liberdade por conta própria, sem apadrinhamentos ou conexões. Com o nascimento da primeira filha, foi identificada no registro de batismo como "Francisca da Silva de Oliveira", denotando um pacto informal com seu companheiro, o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira.<ref name="chica"/>
 
Na juventude, Chica foi escrava do [[médico]] português Manuel Pires Sardinha,<ref>{{citar web | url=https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id=QOzcHeENsz8C&q=pires+Sardinha#v=snippet&q=Manuel%20Pires%20Sardinha&f=false | título="Vozes Femininas" }} pág. 64</ref>, proprietário de [[Mineração|lavras]] no [[Arraial do Tijuco]]. Nesta época, teve com ele um filho, [[Simão Pires Sardinha]], nascido em 1751, que teve como padrinho de batismo o então Capitão dos Dragões do Distrito Diamantino, o português Simão da Cunha Pereira, em homenagem ao qual recebeu o nome. O registro de [[batismo]] deste filho não declara a sua paternidade, mas Manuel Pires Sardinha deu-lhe [[alforria]] e nomeou-o como um de seus herdeiros no seu testamento, daí o uso do mesmo sobrenome. Simão foi educado em [[Portugal]] e veio a ocupar cargos importantes no governo da Corte.<ref name="chica"/>
 
===Alforria e família===
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A união consensual estável de João Fernandes e Chica da Silva não foi um caso isolado na sociedade colonial brasileira de envolvimento de homens brancos com escravas. Distinguiu-se por ter sido pública, intensa e duradoura, além de envolver um dos homens mais ricos da região durante o apogeu econômico.<ref name="Vozes" />
 
Os companheiros separaram-se em 1770, quando João Fernandes precisou retornar a Portugal para receber os bens deixados em testamento pelo pai. Ao partir, ele levou consigo os seus quatro filhos homens. Em Portugal, os filhos homens de Chica da Silva receberam educação superior, ocuparam postos importantes na administração do Reino e até receberam títulos de nobreza.<ref name="Moura" />.
 
Chica da Silva ficou no [[Arraial do Tijuco]] com as filhas e a posse das propriedades deixadas pelo marido, o que lhe garantiu uma vida confortável.<ref name="Moura" /> Suas filhas receberam a melhor educação que se dava às moças da aristocracia local naquela época,<ref name="Vozes">{{citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=QOzcHeENsz8C&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PA63#v=onepage&q&f=false|título=Vozes Femininas|nome=Flora|sobrenome=Süssekind|editora=7 Letras|local=[[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]]|ano=2003|página=63-81|isbn=85-7577-026-8|acessodata=28 de maio de 2012}}</ref>, sendo enviadas para o Recolhimento de Macaúbas<ref>{{citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=UpQLYVC6jVUC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PA74#v=onepage&q&f=false|título=Para Conhecer Chica da Silva|nome=Keila e Lúcia, Anita|sobrenome=Grinberg, Almeida|editora=Zahar|local=[[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]]|página=75|isbn=978-85-7110-981-0|acessodata=28 de maio de 2012}}</ref> em [[Santa Luzia (Minas Gerais)|Santa Luzia]], onde aprenderam a fazer tricô, foram letradas e receberam instrução musical. Dali, só saíram em idade de se casar, embora algumas tenham seguido a vida religiosa.<ref name="chica"/>
 
Mesmo tendo se unido a João Fernandes em [[concubinato]], Chica da Silva alcançou prestígio na sociedade local e usufruiu das regalias privativas das senhoras brancas. Na época, todas as pessoas se associavam a irmandades religiosas de acordo com a sua posição social. Chica da Silva pertencia às Irmandades de São Francisco e do Carmo, que eram exclusivas de brancos, mas também às irmandades das Mercês - composta por mulatos - e do Rosário - reservada aos negros. Portanto, Chica da Silva tinha renda para realizar doações a quatro irmandades diferentes, era aceita como parte da elite local composta quase que exclusivamente por brancos,<ref name="Moura">{{citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=6Zcz0fIj91cC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PA99#v=onepage&q&f=false|título=Dicionário da Escravidão Negra no Brasil|nome=Clóvis|sobrenome=Moura|local=[[São Paulo (estado)|São Paulo]]|editora=EDUSP - Editora da Universidade de São Paulo|ano=2004|página=98-99|isbn=85-314-0812-1|acessodata=28 de maio de 2012}}</ref> mas também mantinha laços sociais com mulatos e negros por meio de suas ''irmandades''.
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No dia 23 de novembro de 2015, seus restos mortais foram exumados para a realização de um documentário intitulado "A rainha das Américas". Peritos forenses realizaram o serviço, com o propósito de estudos e constatação de que a ossada realmente pertence a Chica. O documentário tem a direção da atriz [[Zezé Motta]].<ref>{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/12/1714851-misteriosa-figura-nacional-chica-da-silva-e-exumada-para-documentario.shtml |titulo=Misteriosa figura nacional é exumada para documentário |publicado=Folha de S. Paulo |autor=Pedro Diniz |data=7 de dezembro de 2015 |acessodata=14 de abril de 2016}}</ref>
 
Enviada para a [[Arizona State University]] para análise, a ossada de Chica da Silva foi usada por dois pesquisadores norte-americanos como se eles fossem os autores da pesquisa original. Contratados para reconstituir o rosto de Chica, extraíram, sem autorização, amostras de DNA de seu fêmur.<ref>{{citar web |url=https://askananthropologist.asu.edu/listen-watch/skeleton-secrets |titulo=Ask a Biologist vol. 086 − Skeleton Secrets (mp3 & transcr.)|acessodata=6 de agosto de 2018}}</ref> A ossada só foi recuperada em 5 de maio de 2017,<ref>{{citar web|url=https://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/cientistas-americanos-se-recusam-devolver-restos-mortais-de-chica-da-silva-ao-brasil.html |autor=Ancelmo Góis| titulo=Cientistas americanos se recusam a devolver restos mortais de Chica da Silva ao Brasil |data=24 de maio de 2017|acessodata=6 de agosto de 2018|publicado=Jornal O Globo}}</ref> após disputa judicial, chegando a envolver o [[IPHAN|Iphan]], a Interpol e o Consulado do Brasil nos Estados Unidos.<ref>{{citar web |url=https://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/o-sequestro-de-chica-da-silva-1.2009778 | Título=O sequestro de Chica da Silva: Documentário “A Rainha das Américas” tenta reconstruir rosto da ex-escrava, mas esbarra em impasse internacional|autor=Daniel Oliveira |publicado=Jornal O Tempo |data=6 de agosto de 2018 |acessodata=6 de agosto de 2018}}</ref>