Zoológico humano: diferenças entre revisões

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Expansão I
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{{Ver desambig|prefixo=Se procura|o livro de [[Desmond Morris]] com o mesmo título em português|The Human Zoo}}
{{Info/Objeto|imagem=Galibis à Paris (Draner 1882).jpg|legenda={{Big|[[Caricatura]] do jornal ''[[Le Monde illustré]]'' <br />(16 de setembro de 1882) sobre a <br />exposição de indígenas [[sul-americano]]s <br />da etnia [[Galibis|Galibi]] em [[Paris]].}}}}
[[Ficheiro:Igorrote men performing a War Dance, Alaska-Yukon-Pacific-Exposition, Seattle, Washington, 1909 (AYP 998).jpeg|thumb|Igorotes das [[Filipinas]] capturados pelos americanos e forçados a dançar na Exposição Alasca-Yukon-Pacífico em [[Seattle]], [[Washington]], 1909.]]
A expressão '''zoológico humano''' descreve uma atitude cultural que prevaleceu nas metrópoles dos [[colonialismo|impérios coloniais]] entre o período das [[Grandes Navegações]] até a época da [[II Guerra Mundial]], na época as atitudes culturais em que [[Povos ameríndios|índios das Américas]], [[negros]] [[africanos]] e outros nativos de territórios colonizados predominavam nos países colonizadores não eram chamadas de '''zoológico humano'''. A expressão foi popularizada na [[França]] pela publicação em [[2002]] da obra ''Zoos humanos'', escrita por vários [[historiador]]es franceses especialistas no fenômeno cultural.
 
Os '''zoológicos humanos''', também chamados de '''exposições etnológicas''', foram exposições públicas de [[Humano|seres humanos]] nos [[Século XVII|séculos XVII]],<ref name=":0">{{Citar web|titulo=The True Story of the Mindanaoan Slave Whose Skin Was Displayed at Oxford|url=https://www.esquiremag.ph/long-reads/features/the-true-story-of-the-mindanaoan-slave-whose-skin-was-displayed-at-oxford-a00029-20171102-lfrm2|obra=Esquiremag.ph|acessodata=2020-07-21|primeiro=Lio Mangubat {{!}}|ultimo=Nov 2|ultimo2=2017}}</ref> [[Século XIX|XIX]] e [[Século XX|XX]], geralmente em um estado erroneamente rotulado de "natural" ou "primitivo". As exibições frequentemente enfatizavam as diferenças culturais entre europeus da [[Mundo ocidental|civilização ocidental]] e povos não europeus, especialmente [[Povos ameríndios|indígenas]] e [[Negros|negros africanos]], ou outros europeus que praticavam um estilo de vida julgado como "primitivo" pelo Ocidente.<ref>{{citar periódico|título=World Expositions as Time Machines: Two Views of the Visual Construction of Time between Anthropology and Futurama|url=http://worldhistoryconnected.press.uillinois.edu/13.3/forum_01_abbattista.html|periódico=World History Connected|volume=13|via=|último =Abbattista|primeiro =Guido|último2 =Iannuzzi|primeiro2 =Giulia|data=2016|número=3|páginas=}}</ref> Alguns desses zoológicos colocavam [[Povos ameríndios|populações indígenas]] em espaços compactados entre [[grandes macacos]] e entre os europeus.<ref>{{citar livro|título=Cengage Advantage Books: Understanding Humans: An Introduction to Physical Anthropology and Archaeology|último =Lewis, Jurmain, Kilgore|primeiro =|isbn=0495604747|publicado=Cengage Learning|ano=2008|local=|páginas=172}}</ref> As exposições etnológicas agora são vistas como altamente degradantes e [[Racismo|racistas]], dependendo do programa e dos indivíduos envolvidos.
As ''[[Exposição colonial|exposições coloniais]]'' eram ocasiões onde o público da [[metrópole]] tinha contato com uma amostra de nativos de territórios colonizados expostas em situações forçadas num ambiente reconstituído.
 
A expressão foi popularizada na [[França]] pela publicação em [[2002]] da obra ''Zoos humanos'', escrita por vários [[historiador]]es franceses especialistas no fenômeno cultural. Em [[2005]], a expressão voltou à baila em novo contexto, visando "alertar o público sobre a importância de incluir os [[humano]]s como parte da [[natureza]]".<ref>[http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI641927-EI1141,00.html Londres exibe zoológico humano] em [http://noticias.terra.com.br/ Terra]. Acessado em [[15 de agosto]] de [[2007]].</ref>
 
== História ==
A noção de curiosidade humana tem uma história pelo menos tão longa quanto a do [[colonialismo]]. Por exemplo, no [[Hemisfério ocidental|Hemisfério Ocidental]], um dos mais antigos zoológicos conhecidos, o de [[Moctezuma II|Moctezuma]] no [[México]], consistia não apenas em uma vasta coleção de animais, mas também exibia seres humanos, por exemplo, [[Nanismo|anões]], [[Albinismo|albinos]] e [[Cifose|corcundas]].<ref>Mullan, Bob and Marvin Garry, ''Zoo culture: The book about watching people watch animals'', [[Universidade de Illinois|Imprenssa da Universidade de Illinois]], [[Urbana (Illinois)|Urbana, Illinois]], Segunda edição, 1998, p.32. {{ISBN|0-252-06762-2}}</ref>
 
Durante o [[Renascimento]], os [[Casa dos Médici|Médici]] organizaram uma [[Menagerie|grande coleção de animais em cativeiro]] no [[Vaticano]]. No [[século XVI]], o cardeal [[Hipólito de Médici]] tinha uma coleção de pessoas de diferentes raças, além de animais exóticos. Ele é relatado como tendo uma tropa dos chamados "selvagens", que falavam mais de vinte idiomas. Havia também [[mouros]], [[tártaros]], [[indianos]], [[Turcos (nacionalidade)|turcos]] e [[africanos]] em sua coleção.<ref>Mullan, Bob and Marvin Garry, ''Zoo culture: The book about watching people watch animals'', [[Universidade de Illinois|Imprenssa da Universidade de Illinois]], [[Urbana (Illinois)|Urbana, Illinois]], Segunda edição, 1998, p.98. {{ISBN|0-252-06762-2}}</ref> Em 1691, o inglês [[William Dampier]] exibiu um nativo tatuado de Miangas (uma ilha da [[Indonésia]]) que ele comprou quando estava em [[Mindanau]], nas [[Filipinas]]. Ele também pretendia exibir a mãe do nativo para obter mais lucro, mas ela acabou por morrer na viagem pelo mar. O nativo foi mais tarde nomeado Jeoly, falsamente rotulado como "príncipe Giolo" para atrair mais público, e foi exibido por três meses seguidos até morrer de [[varíola]] em [[Londres]].<ref name=":0" />
 
Uma das primeiras exposições humanas públicas modernas foi a exposição de Joice Heth (um escravo afro-americano) de [[P. T. Barnum]] em 25 de fevereiro de 1835 e,<ref>{{citar web|url=http://www.museumofhoaxes.com/joiceheth.html|título=The Museum of Hoaxes|acessodata=11 de abril de 2016|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130529171238/http://www.museumofhoaxes.com/joiceheth.html|arquivodata=29 de maio de 2013|urlmorta= sim}}</ref> posteriormente, dos [[gêmeos siameses]] chineses [[Chang e Eng Bunker]]. Essas exposições eram comuns em [[Show de aberrações|shows de aberrações]].<ref>[http://migs.concordia.ca/occpapers/zoo.htm "On A Neglected Aspect Of Western Racism"] by Kurt Jonassohn, December 2000, Montreal Institute for Genocide and Human Rights Studies</ref> Outro exemplo famoso foi o de [[Saartjie Baartman]], do [[povo nama]], conhecido como Vênus hotentote, que foi exibido em [[Londres]] e na [[França]] até sua morte em 1815.
 
Durante a década de 1850, [[Maximo e Bartola]], duas crianças [[Microcefalia|microcefálicas]] de [[El Salvador]], foram exibidas nos [[Estados Unidos]] e na [[Europa]] sob os nomes "Crianças Astecas" e "Liliputianos Astecas".<ref>Roberto Aguirre, ''Informal Empire: Mexico And Central America In Victorian Culture'', Univ. of Minnesota Press, 2004, ch. 4</ref> No entanto, os jardins zoológicos humanos só se tornariam comuns na década de 1870, em meio ao período do [[Neoimperialismo]].
 
== Ver também ==