João VI de Portugal: diferenças entre revisões

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::"[...] compreendia que a Igreja, com seu corpo de tradições e sua disciplina moral, só lhe podia ser útil para o bom governo a seu modo, paternal e exclusivo, de populações cujo domínio herdara com o cetro. Por isso foi repetidamente hóspede de frades e mecenas de compositores sacros, sem que nessas manifestações epicuristas ou artísticas se comprometesse seu livre pensar ou se desnaturasse sua tolerância cética. [...] Aprazia-lhe o refeitório mais do que o capítulo do mosteiro, porque neste se tratava de observância e naquele se cogitava de gastronomia, e para observância lhe bastava a da pragmática. Na [[Capela Real do Rio de Janeiro|Capela Real]] mais gozava com os sentidos do que rezava com o espírito: os [[andante]]s substituíam as meditações".<ref name="Lima"/>
 
Apreciava muito a [[música sacra]] e era um grande leitor de obras sobre arte, mas detestava atividades físicas. Acredita-se que sofria de periódicas crises de [[Depressão nervosa|depressão]].
Apreciava muito a [[música sacra]] e era um grande leitor de obras sobre arte, mas detestava atividades físicas. Acredita-se que sofria de periódicas crises de [[Depressão nervosa|depressão]]. Seu casamento não foi feliz, mas circularam rumores de que uma vez, aos 25 anos, se apaixonara por Eugênia José de Menezes, dama de companhia de sua esposa. Quando ela engravidou as suspeitas recaíram sobre D. João. O caso foi abafado e a moça foi enviada à Espanha para dar à luz. Nasceu uma menina, cujo nome se desconhece. A mãe viveu encerrada em mosteiros e foi sustentada por toda a vida por D. João. Os historiadores Tobias Monteiro e Patrick Wilcken apontam indícios de que D. João teria tido também um relacionamento [[homossexual]], não por convicção, antes por necessidade, pois seu casamento logo se revelou um fracasso, vivendo apartado da esposa e reunindo-se a ela somente em ocasiões protocolares. Seu parceiro teria sido seu camareiro favorito, [[Francisco José Rufino de Sousa Lobato|Francisco de Sousa Lobato]], cuja tarefa teria sido [[masturbação|masturbar]] o rei com alguma regularidade. Embora isso possa ser fruto de simples maledicência, um padre, chamado Miguel, teria uma vez surpreendido a cena e por isso deportado para [[Angola]], não sem antes deixar um testemunho por escrito. De qualquer maneira o camareiro acabou recebendo diversas honrarias, acumulando entre outros os cargos de conselheiro do rei, secretário da [[Casa do Infantado]], secretário da Mesa de Consciência e Ordens e governador da fortaleza de Santa Cruz, recebendo também o título de [[barão]] e depois [[visconde de Vila Nova da Rainha]].<ref>Gomes, pp. 152-157</ref>
 
No Rio os hábitos pessoais do rei, instalado num ambiente precário e despojado, eram simples. Ao contrário do relativo isolacionismo que observara em Portugal, passou a se mostrar mais dinâmico e interessado pela natureza. Deslocava-se com frequência entre o Paço de São Cristóvão e o Paço da cidade, passava temporadas na [[Ilha de Paquetá]], na [[Ilha do Governador]], na Praia Grande, a antiga [[Niterói]], e na [[Real Fazenda de Santa Cruz]]. Praticava a caça e se demorava em lugares aprazíveis repousando em barracas, ou debaixo de alguma árvore. Gostava do país, apesar dos enxames de mosquitos e outras pragas e do calor abrasante dos trópicos, que de resto eram detestados pela maioria dos portugueses e outros estrangeiros.<ref>Martins, Ismênia de Lima. "Dom João – Príncipe Regente e Rei – um soberano e muitas controvérsias". In: ''Revista Navigator'', nº 11, p. 39</ref> Tinha aversão a mudanças em sua rotina, o que se estendia ao vestuário, e usava a mesma casaca até que ela se rasgasse, obrigando seus camareiros a costurá-la no próprio corpo do monarca enquanto ele dormia. Sofria de ataques de pânico quando ouvia trovoadas, encerrando-se em seus aposentos com as janelas trancadas, não recebendo ninguém.<ref>Gomes, pp. 157-158</ref>
 
===Bissexualidade===
Seu casamento não foi feliz, mas circularam rumores de que uma vez, aos 25 anos, se apaixonara por Eugênia José de Menezes, dama de companhia de sua esposa. Quando ela engravidou as suspeitas recaíram sobre D. João. O caso foi abafado e a moça foi enviada à Espanha para dar à luz. Nasceu uma menina, cujo nome se desconhece. A mãe viveu encerrada em mosteiros e foi sustentada por toda a vida por D. João.
 
Os historiadores Tobias Monteiro e Patrick Wilcken apontam indícios de que D. João teria tido também um relacionamento [[homossexual]], não por convicção, antes por necessidade,{{carece de fontes}} pois seu casamento logo se revelou um fracasso, vivendo apartado da esposa e reunindo-se a ela somente em ocasiões protocolares. Seu parceiro teria sido o seu guarda-roupa favorito, [[Francisco José Rufino de Sousa Lobato|Francisco de Sousa Lobato]] (casado com uma camareira de D. Carlota Joaquina), a quem o rei dedicava total devoção, escrevendo-lhe ardentes cartas de amor, como esta: «Meu amor, [...] já não tenho paciência de sofrer tão longa separação, pelo muito que te amo.[...] Adeus, meu amor, até à vista, que Deus permita que seja ainda este ano.»<ref>{{citar livro|autor=Joaquim Vieira|título=História Libidinosa de Portugal|local=Alfragide|editora=Oficina do Livro|ano=2019|páginas=422|id=978-989-660-711-1}}</ref>
 
Tal relação limitar-se-ia a [[masturbação|masturbar]] o rei com alguma regularidade. Embora isso possa ser fruto de simples maledicência, um padre, chamado Miguel, teria uma vez surpreendido a cena e por isso deportado para [[Angola]], não sem antes deixar um suposto testemunho escrito. De qualquer maneira, o guarda-roupa acabou recebendo diversas honrarias, acumulando entre outros os cargos de conselheiro do rei, secretário da [[Casa do Infantado]], secretário da Mesa de Consciência e Ordens e governador da fortaleza de Santa Cruz, recebendo também o título de [[barão]] e depois [[visconde de Vila Nova da Rainha]].<ref>Gomes, pp. 152-157</ref>
 
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