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==[[Candace Slater|Possíveis origens das Candaces]]==
Muitas sociedades guerreiras e supostamente patriarcais foram governadas por mulheres. Isso pode ter acontecido por diversos motivos, como a ausência dos dirigentes e a necessidade de deixar suas terras com pessoas em que confiavam, provavelmente um parente feminino próximo. A ascensão de dirigentes masculinos criou uma linha de sucessão matrilinear para que os familiares da mulher não interviessem no poder.<ref>SWEETMAN, David. Grandes Mulheres da História Africana. Lisboa: Nova Nórdica, 1984</ref> Após a saída do [[Egito]] da região da [[Núbia]], um estado sobreviveu e tornou-se mais "africano" adotando o nome de Cuxe ([[Reino de Cuxe]]), derivado do antigo nome nativo dado ao território. A cultura deste império se afasta das influências faraônicas, firmando-se em sua cultura genuinamente africana. Essa cultura, às vezes, afirma-se em si ou pode buscar a [[civilização]] egípcia e [[Mediterranean Conference Centre|mediterrânea.]] No início a [[Capitanias do Brasil|capital]] de [[Cuxe]] foi [[Napata]], no séc. VI a.C. foi transferida para Meroé. Não existe uma certeza absoluta em relação a extensão do reino.<ref>LECLANT, J. O Império de Cuxe: Napata e Meroé in: História geral da África II: África antiga. ed. por Gamal Mokhtar. – 2.ed. rev. Brasília : UNESCO, 2010. . 278.</ref> Oiii
 
O poder político na Núbia possui uma grande estabilidade e continuidade que remonta ao séc. VIII a.C. até o séc. IV d.C. O reino escapou de mudanças dinásticas bruscas e possivelmente manteve uma linhagem real ininterrupta com as mesmas tradições. Essas são formadas pelo sistema de eleição, o papel das rainhas mães e costumes funerários que atestam sua origem local sem influências externas<ref>ALI HAKEM, A. M. A Civilização de Napata e Meroé in: História geral da África II: África antiga. ed. por Gamal Mokhtar. – 2.ed. rev. Brasília : UNESCO, 2010.</ref> Os túmulos situados no cemitério de Nuri são elementos importantes que ajudam a entender a história dos reis de Napata. Os primeiros soberanos dessa dinastia tinham fortes influências do Egito, seus cemitérios estão cheios de pirâmides e a decoração das câmaras funerárias e sarcófagos são de estilo egípcio<ref>LECLANT, J. O Império de Cuxe: Napata e Meroé in: História geral da África II: África antiga. ed. por Gamal Mokhtar. – 2.ed. rev. Brasília : UNESCO, 2010.p.280</ref> No reino de Cuxe, a riqueza dos túmulos das rainhas em Kurru e em Nuri atesta a proeminência das mulheres na sociedade cuxita. A mãe do rei possuía uma significativa influência como no caso de Taraca filho caçula de Péie, que reinou até 664 a.C., em que ela foi um dos chefes de partido que o levaram ao trono. Na iconografia das paredes dos templos aparece subordinada apenas ao próprio rei e nos túmulos com posição destacada como portadora de oferendas. Isso atesta o poder da rainha e das princesas. Aquelas que se voltavam para funções religiosas poderiam conservar o cargo na família, com a sucessão de tia para sobrinha<ref>COSTA E SILVA, Alberto. A Enxada e a Lança: A África antes dos Portugueses. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1996.p. 115.</ref> A questão da [[matrilinearidade]] pode ser questionada<ref>DAFA'ALLA, Samia. Succession in the Kingdom of Napata, 900-300 B.C. In: The International Journal of African Historical Studies, Vol. 26, No. 1 (1993), pp. 167-174.</ref> nas linhas de sucessão de Napata. Muitos reis reinantes não eram filhos de irmãs do rei e o casamento irmão-irmã era considerado apenas um costume. Os reis não adquiriam um direito legítimo apenas por conta desse casamento. Comparando Napata com o Egito faraônico, não se sugere que as irmãs tenham um papel importante na escolha do rei. Porém, é inegável o destaque das mulheres da realeza de Napata nos monumentos, o que possivelmente influenciou nas conclusões dos pesquisadores. A invasão de Napata em 591 a.C. por uma expedição egípcia contribuiu para a transferência de capital para Meroé. Foi com a rainha Shanakdakhete (170 a 160 a.C.) que houve uma ascensão de um matriarcado local. Em Naga existe uma edificação em sua honra na qual estão gravadas inscrições em hieróglifos meróitas, considerados os mais antigos.<ref>LECLANT, J. O Império de Cuxe: Napata e Meroé in: História geral da África II: África antiga. ed. por Gamal Mokhtar. – 2.ed. rev. Brasília : UNESCO, 2010.p. 285 </ref>