Associação Católica Coreana: diferenças entre revisões
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A '''Associação Católica Coreana (KCA)''', também conhecida como '''Associação Católica da Coreia do Norte''' ou '''Associação dos Católicos Romanos da Coréia do Norte,''' é um organismo estatal fundado em 30 de junho de 1988, pelo Governo da [[Coreia do Norte|República Popular Democrática da Coreia do Norte]] na gestão de [[Kim Il-sung|Kim il-sung]], com o objetivo de monitorar, controlar e supervisionar as atividades dos [[
A KCA também é responsável por todas as informações oficiais sobre a [[Igreja Católica|Igreja]] e coordena um serviço semanal para os fiéis, segundo dados disponibilizados por ela existem aproximadamente 3.000 católicos no país. No entanto, a [[Organização das Nações Unidas|Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas]] e a organização [[Ajuda à Igreja Que Sofre|Ajuda à Igreja que Sofre]] colocam o número mais próximo de 800, considerando uma nação de cerca de 23 milhões de pessoas, a população católica microscopicamente pequena no país.
O artigo 14 da Constituição norte-coreana afirma que os cidadãos "''devem ter liberdade de crença religiosa e de prestação de serviços religiosos''", mas segundo a [[Organização das Nações Unidas|Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas]] esta é efetivamente inexistente no país. O único culto publicamente admitido é o que está voltado para os líderes nacionais [[Kim Il-sung]], considerado “ o pai da pátria” e seu filho [[Kim Jong-il]], sendo vedado a fiéis de qualquer religião atitudes de conotação religiosas em público, aos católicos não pode sequer se engajar em gestos simples como o sinal da cruz, sem medo de vigilância e serem denunciados pela KCA por atentarem contra a laicidade do Estado <ref name=":0">{{Citar web|titulo=Nenhum católico norte-coreano irá a Missa com o Papa, diz associação|url=https://noticias.cancaonova.com/mundo/nenhum-catolico-norte-coreano-ira-a-missa-com-o-papa-diz-associacao/|obra=Notícias|data=2014-08-05|acessodata=2020-06-16}}</ref>.
No ano de 2016 o governo de [[Kim Jong-un|Kim Jong Un]], através da KCA, decidiu oficialmente banir o que ainda era a tradicional celebração pública do [[Natal]] para dar lugar ao novo culto à "Sagrada Mãe da Revolução", dedicado a sua avó [[Kim Jong-suk|Kim Jong Suk]], mãe do último líder do país, [[Kim Jong-il|Kim Jong Il]]. A intenção teria surgido em 2014, quando [[Kim Jong-un|Kim Jong Un]] descobriu que a [[Coreia do Sul|Coréia do Sul]] planejava erguer uma enorme árvore de Natal ao longo da fronteira. Em meio a ameaças de guerra total, a árvore nunca foi erguida. Apesar da aversão pelas árvores de Natal, elas podem ser encontradas na capital de [[Pyongyang]] - especialmente em lojas e restaurantes de luxo -, mas são amplamente despojadas de símbolos religiosos <ref>{{Citar web|titulo=Kim Jong Un bans Christmas, makes North Korea worship grandma|url=https://nypost.com/2016/12/25/kim-jong-un-bans-christmas-makes-north-korea-worship-grandma/|obra=New York Post|data=2016-12-25|acessodata=2020-06-16|lingua=en|primeiro=Yaron|ultimo=Steinbuch}}</ref>.
Após o confisco dos bens da [[Igreja Católica|Igreja]] por parte do governo norte-coreano, a KCA atualmente é administradora e proprietária da [[Catedral de Changchung]]''',''' a diocese de [[Pyongyang]], após os outros templos católicos serem desativados. Por causa da repressão aos católicos fiéis a [[Santa Sé]], mantem tensas relações com o [[Vaticano]] e é considerada [[Sede vacante|sé vacante]] pela [[Santa Sé]]. O último bispo de [[Pyongyang]], Francis Hong Yong-ho, ainda está listado no ''Annuario Pontificio'', o anuário oficial do Vaticano, como “''desaparecido''” desde 10 de março de 1962. Desde então, o [[Arquidiocese de Seul|arcebispo de Seul]], na [[Coreia do Sul|Coréia do Sul]], foi designado [[Administrador apostólico|Administrador Apostólico]] e é auxiliado por um [[Vigário#Igreja Católica Romana|Vigário]] para [[Pyongyang]], não havendo, por conseguinte, nem [[bispo]], religiosos ou qualquer [[pároco]] residente <ref>{{Citar web|titulo="침묵의 교회", 북한교회에도 신자가 있나요? - 가톨릭뉴스 지금여기|url=http://www.catholicnews.co.kr/news/articleView.html?idxno=20257|obra=www.catholicnews.co.kr|acessodata=2020-06-16|lingua=ko}}</ref>. Monsenhor [[Pietro Parolin]], [[Cardeal Secretário de Estado|Secretário de Relações do Estado do Vaticano]], afirmou em 19 de outubro de 2006 que os católicos em [[Pyongyang]] fazem [[Igreja Católica|parte do único corpo de Cristo]] mesmo sem seu próprio ministro ordenado pelas autoridades da [[Santa Sé|Igreja]]. A KCA em 2006 tentou ocasionalmente estabelecer vínculos com líderes católicos na [[Coreia do Sul|Coréia do Sul]], mas estes sempre foram desencorajados pelo [[Vaticano]] com base na "''constituição canônica irregular do grupo do norte''" e pelas suspeitas de que na verdade se trataria de atividades de
Em 26 de agosto de 2014 a [[Arquidiocese de Seul]] convidou a KCA à Missa pela reconciliação e a paz que o [[Papa Francisco|Papa]] celebraria no dia 18 de agosto na [[Catedral de Myeong-dong|Catedral Myeongdong]], no último dia de sua visita apostólica à Península. Por ordem do governo de [[Kim Jong-un|Kim Jong Un]] , a KCA declinou o convite e proibiu o envio de qualquer católico norte-coreano à celebração, sob a justificativa de a [[Coreia do Sul]] "''não ter cancelado as exercitações conjuntas com os EUA, gesto que torna a visita impossível''”. Segundo a carta da KCA, “''vir a Seul, nestas circunstâncias, seria um passo agonizante''”.
Devido esta ausência de [[Presbítero|padres]], a diocese de [[Pyongyang]] não possui acesso aos sacramentos regulares, possibilidade de catequese aberta ou compartilhamento de fé, há cruzes, mas não crucifixos. Os serviços semanais incluem hinos e orações, mas também não incluem os sacramentos <ref>{{Citar web|titulo=Kim Jong-un convida o Papa a visitar Coreia do Norte|url=http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/583579-kim-jong-un-convida-o-papa-a-visitar-coreia-do-norte|obra=www.ihu.unisinos.br|acessodata=2020-06-16|lingua=pt-br|primeiro=Jonas|ultimo=Jorge}}</ref>. Para celebrações dominicais na ausência de sacerdotes (''liturgia sine sacerdote'')'','' pessoas leigas designadas pelo governo através da KCA realizam a Celebração da Palavra <ref>{{Citar web|titulo=N. Korea's sole Catholic church draws 70 to 80 Christians on weekends: research|url=https://en.yna.co.kr/view/AEN20181019008900315|obra=Yonhap News Agency|data=2018-10-19|acessodata=2020-06-15|lingua=en|ultimo=유청모}}</ref>. Em bem raras ocasiões, o governo permite que sacerdotes estrangeiros visitem a [[Catedral de Changchung|Catedral]] para celebrar a missa, desde que sob a supervisão de uma autoridade do KCA <ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/885013639|título=Historical dictionary of Pyongyang|ultimo=Corfield, Justin,|local=London|oclc=885013639}}</ref>.
No dia 7 de dezembro de 2015, Hyginus Kim Hee-joong, Presidente da Conferência Episcopal da Coreia do Sul, afirmou durante uma coletiva de imprensa que uma delegação da Conferência episcopal sul-coreana foi convidada pela KCA para, depois de mais de 50 anos sem a possibilidade de sacerdotes sul-coreanos celebrarem Missa ou administrem os sacramentos na [[Coreia do Norte]], este país começará a recebê-los a partir da [[Páscoa]] de 2016.
Contudo, documentos comprovam que a KCA cooperou direta e indiretamente na perseguição religiosa partindo de dados de 1995, de mais de 15.000 cristãos católicos, protestantes e ortodoxos e que pelo menos 5.000 tenham sido executados apenas por orar ou distribuir Bíblias secretamente. Apenas possuir uma [[Bíblia]] e qualquer material católico é contra a lei, uma vez que a KCA publicou em 1991 um catecismo e um livro de orações, sendo proibido o uso de qualquer outro conteúdo católico que não seja previamente traduzido por pesquisadores da Universidade King Il-Sung. Em 2016 uma norte-coreana gravida de 33 anos foi presa com vinte Bíblias na bolsa. Ela foi espancada e pendurada de ponta-cabeça em público. Após sua execução, seu marido e filhos foram separados e enviados para [[Campo de concentração|campos de concentração]]. Em maio de 2010, vinte cristãos foram presos porque faziam parte de uma igreja "clandestina": três deles, líderes comunitários, foram imediatamente executados e os outros enviados para um [[Campo de concentração|campo]].
Em contraste, as denominações protestantes às vezes acham um pouco mais fácil respirar. Por exemplo, há um seminário protestante em [[Pyongyang]] com 12 seminaristas norte-coreanos. isso pode ser porque vários membros da família de [[Kim Jong-il]], incluindo [[Kim Jong-suk|sua mãe]], foram protestantes, e um parente era na verdade um [[Pastor protestante|ministro protestante]]. Segundo alguns rumores, o próprio [[Kim Jong-il]] foi batizado como protestante. Além desses motivos pessoais, uma explicação contundente para a abordagem mais restritiva do [[Igreja Católica|catolicismo]] na [[Coreia do Norte|Coréia do Norte]] é do governo temer especialmente a [[Igreja Católica]] por sua contribuição a [[Queda do Muro de Berlim|queda do muro de Berlim.]] <ref name=":1" />
A [[Coreia do Norte|Coréia do Norte]] é creditada ao topo dos países que perseguem o [[cristianismo]]. Segundo a [[Organização das Nações Unidas|ONU]], pode haver entre 200.000 e 400.000 cristãos clandestinos no país. A [[Organização das Nações Unidas|ONU]] declarou em um relatório de 2014 que o governo norte-coreano vê os cristãos "como uma ameaça particularmente séria" porque a Igreja é um local de interação fora do Estado e sua fé questiona o culto da dinastia dominante, que começou [[Kim Il-sung]] em 1948, seguido por seu filho [[Kim Jong-il]] o mantido por seu neto, [[Kim Jong-un]]. Em todo o país existem 40.000 estátuas gigantes e retratos deles e o culto é obrigatório em todos os lares. As punições para os católicos que se desvincularem da KCA e estabelecer culto domiciliar clandestino fiel a [[Doutrina da Igreja Católica|doutrina da Igreja]], vão desde reeducação ideológica forçada sob privação de alimentos, prisão perpétua sob trabalhos forçados nos campos de concentração, tortura e fuzilamento sumário públicos. Seus familiares também podem desaparecer e podem ser punidos por três gerações.
[[Categoria:Igreja Católica na Coreia do Norte]]
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