Autismo no Brasil: diferenças entre revisões

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==História==
===1950–1980: Antecedentes===
De acordo com a historiadora Bruna Alves Lopes, há poucos registros sobre autismo no Brasil até a década de 1980. Durante a década de 1940, equando o trabalho do psiquiatra [[Leo Kanner]] inseriu o [[autismo]] enquanto diagnóstico independente, o Brasil já contava com uma influência significativa da [[psicanálise]] no atendimento infantil,. queO campo psicanalítico iniciou sua penetração no país nos anos 1920 e alcançou uma hegemonia dentro da própria psiquiatria em meados de 1950.<ref name="historiaautismobrasil">{{Citar tese |sobrenome=Lopes |nome=Bruna Alves |data=18 de junho de 2019 |titulo=Não Existe Mãe-Geladeira Uma análise feminista da construção do ativismo de mães de autistas no Brasil (1940-2019)|tipo=tese |publicado=[[Universidade Estadual de Ponta Grossa]] |url=http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2922 |acessodata=27 de dezembro de 2020 }}</ref> Ao mesmo tempo, a ideia de que a causa do autismo era a falta de vínculo dos pais ([[mãe-geladeira|especialmente mães]]) com a criança surgiu com Kanner em 1948, mas foi o psicanalista [[Bruno Bettelheim]] foi quem desenvolveu-a ao longo das décadas de 1950 e 1960.<ref name="InADifferentKey">{{citar livro|último1=Donvan|primeiro1=John|último2=Zucker|primeiro2=Caren|título=In a Different Key: The Story of Autism|publicado=Crown|isbn=9780307985675|url=https://www.amazon.com/Different-Key-Story-Autism/dp/0307985679|acessodata=19 de março de 2017|língua=inglês}}</ref><ref>{{citar livro |último=Bettelheim |primeiro=Bruno |título=The empty fortress : infantile autism and the birth of the self |dat1=1967 |publicado=Free Press |isbn=0029031400 |url=https://archive.org/details/emptyfortressinf00bett_0 }}</ref>
 
No Brasil, as primeiras publicações jornalísticas sobre autismo eram formadas de matérias traduzidas por agências de notícias de países como os Estados Unidos e Reino Unido. Parte delas era influenciada por um viés psicanalítico – ao considerar crianças autistas como pertencentes a pais frios e distantes, outra parte abordava-o como um dos sintomas da [[esquizofrenia]]. O pensamento de Bettelheim teve influência significativa no conteúdo jornalístico destes períodos.<ref name="historiaautismobrasil" />
 
Ao mesmo tempo, o campo profissional em torno do autismo estava alinhado ao atendimento da psiquiatria infantil e da deficiência infantil, de forma geral. Em 1956, era criada a Associação Paulista de Psiquiatria Infantil e Higiene Mental, e em 1965 a Associação Brasileira de Deficiência Mental. Na cidade de [[Porto Alegre]], surgiu em 1963 a Comunidade Terapêutica Leo Kanner.<ref>{{citar livro|último=Assumpção Júnior|primeiro=Francisco Baptista|título=Psiquiatria infantil brasileira: um esboço histórico|publicado=Lemos|isbn=9788585561086|acessodata=1 de janeiro de 2021|língua=português}}</ref>
===1980–2010: Primeiras associações e movimentos de familiares===
O autismo, enquanto movimento, começa a se consolidar no Brasil a partir da década de 1980. A primeira associação de autismo do Brasil foi a Associação de Amigos do Autista (AMA), fundada em 1983.<ref>{{citar periódico |ultimo1=Lugon |primeiro1=Ricardo Arantes |ultimo2=Andrada |primeiro2=Barbara Costa |data=2020 |título=Militâncias de familiares de autistas e a economia política da esperança no Brasil de 2019 |url=https://www.unifesp.br/campus/san7/images/pdfs/Saude%20Mental%20Infantojuvenil.pdf}}</ref> Outros fenômenos também começaram a contribuir para a formação do cenário, como a criação do [[Sistema Único de Saúde]] com a [[Constituição Brasileira de 1988]] e a [[reforma psiquiátrica no Brasil|reforma psiquiátrica]].<ref>{{citar livro |data=2016 |titulo=Re-Thinking Autism: Diagnosis, Identity and Equality |url=https://books.google.com.br/books?id=cu8ZDAAAQBAJ&pg=PA67&dq=autism+wars+brazil&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiV07T6qbXsAhUxGbkGHXiGDuMQ6AEwAHoECAUQAg#v=onepage&q=autism%20wars%20brazil&f=false |editora=Jessica Kingsley Publishers |isbn=9781784500276}}</ref> Originalmente, o movimento do autismo esteve concentrado na figura de mães e pais de autistas, uma tendência que se seguiu ao longo das décadas.<ref>{{citar web |url=https://estudio.r7.com/autismo-visibilidade-e-aceitacao-01102020|título=Autismo, visibilidade e aceitação|data=1 de outubro de 2020|acessodata=15 de outubro de 2020|publicado=[[R7]]|arquivourl=https://web.archive.org/web/20201006125624/https://estudio.r7.com/autismo-visibilidade-e-aceitacao-01102020|arquivodata=15 de outubro de 2020|urlmorta=no}}</ref>