Pará (monitor): diferenças entre revisões

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== Design e descrição ==
Os monitores fluviais da classe ''Pará'' foram projetados para atender à necessidade da Marinha do Brasil em possuir navios blindados, de pequeno [[calado]] e capazes de suportar fogo pesado. A configuração do monitor foi a escolhida porque o projeto com torres não apresentava os mesmos problemas de abordagem de navios e fortificações inimigas que os couraçados casamata já em serviço no Brasil apresentavam. A [[Torre de artilharia|torre de canhão]] oblonga ficava numa plataforma circular que tinha um pivô central. Era girada por quatro homens através de um sistema de engrenagens; eram necessários 2,25 minutos para uma rotação completa de 360 graus. Um [[Rostro (náutica)|rostro]] de bronze também foi instalado nesses navios. O casco foi revestido com [[metal Muntz]] para reduzir a [[bioincrustação]].<ref name="g53">Gratz, p. 153</ref>{{sfnSfn|PrestonGratz|1999|p=153}}
 
A sua construção, assim como a dos outros da sua classe, foi inspirada nos estudos e experiências de combates da [[Guerra Civil Americana]] e da própria guerra do Paraguai, além de ser considerado uma inovação em sua época. Apenas [[britânico]]s, [[franceses]] e [[norte-americanos]] possuíam tais embarcações.{{Sfn|Martini|2018|p=111}} Os navios mediam 39 metros de [[Comprimento de fora a fora|comprimento]], com uma [[Boca (náutica)|boca]] de 8,54 metros. Eles tinham um calado de entre 1,51 e 1,54 metros e deslocavam 500 [[Tonelada de deslocamento|toneladas]].<ref name{{Sfn|Gratz|1999|p="g54" />154}} Com apenas 0,3 metros de [[borda livre]] tiveram que ser rebocados entre o Rio de Janeiro e a sua área de operação.<ref name="g53">{{Sfn|Gratz, |1999|p. =153</ref>}} A sua tripulação era composta por 43 oficiais e homens.<ref name="g54">{{Sfn|Gratz, |1999|p. =154</ref>}}
 
=== Propulsão ===
Os navios da classe ''Pará'' tinham duas máquinas a vapor de ação direta, cada uma dirigindo uma hélice de 1,3 metros. Os seus motores eram movidos por duas [[caldeira]]s tubulares a uma pressão de 59 [[Psi (unidade de medida)|psi]]. Os motores produziram um total de 180 [[Cavalo (unidade)|ihp]] que deu aos monitores uma velocidade máxima de 8 nós em águas calmas. Os navios carregavam carvão suficiente para um dia.<ref>{{Sfn|Gratz, |1999|pp. 154–56</ref>=154-156}}
 
=== Armamento ===
O ''Pará'' carregava um canhão [[Canhão naval Whitworth de 70 libras|Whitworth de 70 libras]] na sua torre de canhão. O canhão de 70 libras tinha uma elevação máxima de 15 graus e tinha um alcance máximo de 5540 metros.<ref>{{Sfn|Gratz, |1999|pp. 153–54</ref>=153-154}} A Whitworth de 70 libras pesava 3892&nbsp;kg e disparava um projéctil de 140 mm que pesava 36,7&nbsp;kg.<ref>{{Sfn|Holley, p. |1865|pp=34</ref>}} Uma característica incomum é que a estrutura de ferro, criada no Brasil, foi projetada para girar verticalmente com o [[Cano (armas de fogo)|cano]] do canhão; isso foi feito de modo a minimizar o tamanho da porta do canhão através da qual projecteis do inimigo poderiam entrar.<ref>{{Sfn|Gratz, |1999|p. =155</ref>}}
 
=== Armadura ===
O casco dos navios da classe ''Pará'' era feito de três camadas de madeira que se alternavam na orientação. Tinham uma espessura de 457 mm e eram cobertas com uma camada de madeira de [[peroba-comum]] de 102 mm. Os navios tinham um cinturão de linha de água completo de [[ferro forjado]], com uma altura de 0,91 metros; ele tinha uma espessura máxima de 102 milímetros a meio da embarcação, diminuindo para 76 mm e 51 mm nas extremidades do navio. O [[convés]] curvo foi blindado com ferro forjado de 12,7 mm.<ref name="g53">{{Sfn|Gratz, |1999|p. =153</ref>}}
 
A torre do canhão tinha a forma de um [[retângulo]] com cantos arredondados. Foi construído de forma muito semelhante ao casco, mas a frente da torre era protegida por uma armadura de 152 mm, os lados em 102 milímetros e a parte traseira em 76 milímetros. O seu teto e as partes expostas da plataforma sobre a qual repousava eram protegidos por 12,7 milímetros de armadura. A casa do [[Ponte de comando|piloto]] blindada foi posicionada à frente da torre.<ref name="g53">{{Sfn|Gratz, |1999|p. =153</ref>}}
 
== Serviço ==
O [[batimento de quilha]] do ''Pará'' deu-se no [[Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro|Arsenal de Marinha da Corte]] no [[Rio de Janeiro]], no dia 8 de dezembro de 1866, durante a Guerra do Paraguai, que viu a [[Argentina]] e o Brasil aliarem-se contra o [[Paraguai]]. O navio foi lançado no dia 21 de maio de 1867 e concluído em 15 de junho de 1867. Ele foi rebocado para o [[Rio da Prata|Río da Prata]] no dia 20 de junho de 1867 e subiu o [[rio Paraná]] através dos seus próprios meios, embora a sua passagem mais a norte tenha sido bloqueada pelas fortificações paraguaias em [[Fortaleza de Humaitá|Humaitá]]. No dia 19 de fevereiro de 1868, seis couraçados brasileiros, incluindo o ''Pará'', [[Passagem de Humaitá|passaram por Humaitá]] à noite. O ''Pará'' e os seus dois navios irmãos, os monitores ''[[Alagoas (monitor)|Alagoas]]'' e ''[[Rio Grande (monitor)|Rio Grande]]'', foram amarrados aos couraçados maiores para o caso de algum motor deles ficar inoperacional pelos canhões paraguaios. O encouraçado ''[[Barroso (encouraçado)|Barroso]]'' liderou com o ''Rio Grande'', seguido pelo [[Bahia (monitor)|''Bahia'']] com o ''Alagoas'' e ''[[Tamandaré (encouraçado)|Tamandaré]]'' com o ''Pará''. O monitor teve que ser encalhado após passar pela fortaleza para evitar que se afundasse.<ref>Gratz, pp. 149–50</ref>{{HarvRefSfn|PrestonGratz|1999|pp=149-150}}
 
O ''Pará'' foi reparado no dia 27 de fevereiro, quando se juntou a um [[esquadra naval]] enviada para capturar a cidade de [[Laureles (Paraguai)|Laureles]]. No dia 15 de outubro bombardeou o Forte de Angostura na companhia do ''[[Brasil (corveta)|Brasil]]'', ''[[Silvado (monitor)|Silvado]]'', ''Rio Grande, Alagoas'' e ''[[Ceará (monitor)|Ceará]]''. Em 17 de maio de 1869, o ''Pará'' juntou-se a um esquadrão de bloqueio nos rios Jejuy e Araguaia. Depois da guerra, foi designado para a recém-formada [[Flotilha do Mato Grosso]]. Em 10 de dezembro de 1884, foi desarmado e descartada em [[Ladário]].<ref>{{Sfn|Gratz, |1999|p. =157</ref>}}
 
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== Bibliografia ==
* {{Citar livro |título=Warship 1999–2000 |ultimo=Gratz, |primeiro=George A. |primeiro= |publicação=Conway Maritime Press |ano=1999 |editor-sobrenome=Preston, Antony |localização=Londres |página= |páginas= |capitulo=The Brazilian Imperial Navy Ironclads, 1865–1874 |isbn=0-85177-724-4|ref=harv}}
* {{citar livro |url=https://archive.org/details/treatiseonordnan00hollrich |título=A Treatise on Ordnance and Armor |último=Holley |primeiro=Alexander Lyman |editora= |ano=1865 |publicado=D. Van Nostrand |local=Nova York |página= |páginas=|ref=harv}}
* {{citar periódico |ultimo=Martini |primeiro=Fernando Ribas de |titulo=Monitores sob ataque: do Alagoas em Humaitá ao Pernambuco em Porto Esperança, a dura arte de aprender lições |url=http://www.revistanavigator.com.br/navig28/art/N28_art3.pdf |ano=2018 |jornal=Revista Navigator |volume=14 |numero=28 |issn=0100-1248 |ref=harv}}
* {{Citar livro |url=https://www.worldcat.org/oclc/44885448 |título=Warship 1999-2000 |ultimo=Preston |primeiro=Antony |editora=Conway Maritime Press |ano=1999 |local=Londres |página= |páginas= |isbn=0851777244 |oclc=44885448 |ref=harv}}
 
== Ligações externas ==