Isabel do Palatinado: diferenças entre revisões

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=== As Paixões e Filosofia Moral ===
Em suas cartas a Elisabete de [[1645]] e [[1646]], [[René Descartes|Descartes]] desenvolve sua [[filosofia moral]] e, em particular, sua descrição da [[virtude]] como sendo decidida a fazer o que julgamos ser o melhor. Suas cartas começam como um esforço para abordar uma doença persistente de Elisabete, que [[René Descartes|Descartes]] diagnostica como a manifestação de uma tristeza, sem dúvida devido aos acontecimentos da [[Guerra Civil Inglesa]]. Como diz a própria Elisabete, ele ''"tem a bondade de querer curar [seu] corpo com [sua] alma"''. Embora comecem lendo [[De Vita Beata]] de [[Séneca|Sêneca]], os dois concordam que a obra não é suficientemente [[sistemática]], e a discussão se volta para as próprias opiniões de [[René Descartes|Descartes]]. Mais uma vez, Elisabete, em suas cartas, desempenha um papel fundamentalmente crítico.<ref>{{citar web |ultimo=Shapiro |primeiro=Lisa |url=https://plato.stanford.edu/entries/elisabeth-bohemia/?fbclid=IwAR0fc9y7iJ_XuyeCr56VeGsR3KsF9Cxny8QSv_Hgog1gH0KhAEdUxntQv-A#Bib |titulo=Elisabeth, Princess of Bohemia |data=04/02/2021 |acessodata=04/02/2021 |publicado=https://plato.stanford.edu/index.html}}</ref>
[[Ficheiro:Descartes Les passions de l'ame.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Primeiro exemplar do livro: ''"[[As Paixões da Alma]]",'' Elisabete pediu para que [[René Descartes|Descartes]] a dedica-ladedicasse essa obra à ela. ]]
Suas críticas a [[René Descartes|Descartes]] assumem três posições filosóficas distintas. Primeiro, ela assume a posição da [[ética]] da virtude [[Aristóteles|aristotélica]], ao objetar que a explicação muito liberal de [[René Descartes|Descartes]] da [[virtude]], que requer apenas a intenção de fazer o bem, não requer que as boas intenções de alguém sejam realizadas em ações que são realmente boas. Isto é, ela observa que Descartes torna a [[virtude]] impenetrável à fortuna ou sorte moral. Ela, no entanto, vai além da posição canônica [[Aristóteles|aristotélica]] para sustentar que até nossa capacidade de [[Raciocínio lógico|raciocinar]] está sujeita à [[sorte]]. (Esta posição ajuda a iluminar sua visão sobre a [[Natureza humana|natureza]] da [[Mente|mente humana]]) Elisabete também assume uma posição classicamente [[Estoicismo|estóica]], na medida em que ela se opõe à maneira como a descrição de [[René Descartes|Descartes]] da [[virtude]] separa a virtude da contentamento. Ela objeta que o relato de [[René Descartes|Descartes]] sobre a virtude permite que o agente virtuoso cometa [[Erro|erros]], e ela não vê como um agente pode evitar o arrependimento diante desses erros. Na medida em que nos arrependemos quando até mesmo nossas melhores intenções dão errado, podemos ser virtuosos e deixar de nos contentar. Embora não esteja claro se sua objeção é [[Psicologia|psicológica]] ou [[Normatividade|normativa]], ela afirma que alcançar o contentamento requer uma ''"ciência infinita"'' para que possamos saber todo o impacto de nossas [[Ação|ações]] e, assim, avaliar adequadamente eles. Sem uma faculdade da [[razão]] já aperfeiçoada, segundo ela, não podemos apenas não alcançar a [[virtude]], também não podemos ficar contentes. No contexto dessa troca, na mesma carta de [[13 de setembro]] de [[1645]], Elisabete pede a [[René Descartes|Descartes]] que ''"defina as [[Paixão (sentimento)|paixões]], a fim de conhecê-las melhor"'' . É esse pedido que leva [[René Descartes|Descartes]] a redigir um tratado sobre as [[Paixão (sentimento)|paixões]], sobre o qual Elisabete comenta em sua carta de [[25 de abril]] de [[1646]] e que acaba sendo publicado em [[1649]] como [[As Paixões da Alma|As paixões da alma]]. As preocupações de Elisabete sobre nossa capacidade de avaliar adequadamente nossas ações a levam a expressar outra preocupação, desta vez sobre a possibilidade de medir valor de forma objetiva, visto que cada um de nós tem [[Discriminação|preconceitos]] pessoais, seja por [[Temperamento (psicologia)|temperamento]], seja por questões de [[interesse]] próprio. Sem uma medida adequada de [[Valor (ética)|valor]], ela sugere, a explicação de [[René Descartes|Descartes]] da [[virtude]] não pode nem mesmo decolar, pois não está claro o que deveria constituir nosso melhor julgamento de qual é o melhor curso de [[ação]]. Por trás da objeção de Elisabete aqui está uma visão de [[ética]] semelhante à de [[Thomas Hobbes|Hobbes]] e outros contratistas, que consideram o bem uma questão de equilibrar interesses próprios concorrentes.<ref>{{citar web |ultimo=Shapiro |primeiro=Lisa |url=https://plato.stanford.edu/entries/elisabeth-bohemia/?fbclid=IwAR0fc9y7iJ_XuyeCr56VeGsR3KsF9Cxny8QSv_Hgog1gH0KhAEdUxntQv-A#Bib |titulo=Elisabeth, Princess of Bohemia |data=04/02/2021 |acessodata=04/02/2021 |publicado=https://plato.stanford.edu/index.html}}</ref>