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'''Jacques Lucien Monod''' ([[Paris]], {{dtlink|lang=pt|9|2|1910}} — [[Cannes]], {{dtlink|lang=pt|31|5|1976}}) foi um bioquímico [[França|francês]].<ref>{{Link|en|2=http://rsbm.royalsocietypublishing.org/content/roybiogmem/23/384|3=Jacques Lucien Monod. 9 February 1910 -- 31 May 1976}}</ref> que ganhou o [[Nobel de Fisiologia ou Medicina|Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina]] em 1965, compartilhando-o com [[François Jacob]] e [[André Lwoff]] "por suas descobertas sobre o controle genético da síntese de enzimas e vírus".<ref name="nobelprize2">{{
Monod e Jacob ficaram famosos por seu trabalho com o [[Operon lac|operon]] ''lac de E. coli'', que codifica as proteínas necessárias para o transporte e a quebra da lactose do açúcar (lac). A partir de seu próprio trabalho e do trabalho de outras pessoas, eles criaram um modelo de como os níveis de algumas [[
O estudo do controle da expressão de genes no operon ''lac'' forneceu o primeiro exemplo de um sistema para a regulação da transcrição. Monod também sugeriu a existência de moléculas de [[RNA Mensageiro|RNA mensageiro]] que ligam as informações codificadas no DNA e nas proteínas. Por essas contribuições, ele é amplamente considerado um dos fundadores da [[biologia molecular]].<ref name="Ullmann">{{
== Carreira e pesquisa ==
Nos estudos de Monod, ele descobriu que o trabalho do curso estava décadas atrás da ciência biológica atual. Ele aprendeu com outros alunos um pouco mais velhos do que ele, em vez de com o corpo docente. "A George Teissier ele deve uma preferência por descrições quantitativas; André Lwoff o iniciou nos potenciais da [[microbiologia]]; a [[Boris Ephrussi]] ele deve a descoberta da genética fisiológica, e a Louis Rapkine o conceito de que apenas descrições químicas e moleculares poderiam fornecer uma interpretação completa da função dos organismos vivos".<ref name="Nobelprize">Nobel prize with the Nobel Lecture on December 11, 1965 ''From Enzymatic Adaption to Allosteric Transitions''</ref>
Antes de seu trabalho de doutorado, Monod passou um ano no laboratório de [[Thomas Hunt Morgan]] no [[Instituto de Tecnologia da Califórnia]] trabalhando com genética de [[Drosophila]]. Esta foi uma verdadeira revelação para ele e provavelmente o influenciou no desenvolvimento de uma concepção genética de bioquímica e metabolismo.<ref>{{
O interesse de Monod pelo [[Operon lac|operon ''lac'']] originou-se de sua tese de doutorado, que explorou o crescimento de bactérias em misturas de açúcares e documentou a utilização sequencial de dois ou mais açúcares.<ref name="Nobelprize" /><ref>[http://www.nobel.se/medicine/laureates/1965/monod-bio.html Biography of Jacques Monod at Nobel e-Museum]</ref><ref>[http://www.vega.org.uk/video/programme/156 Video interview with Jacques Monod] Vega Science Trust</ref> Ele cunhou o termo diauxie para denotar as observações frequentes de duas fases distintas de crescimento de [[
O sistema experimental usado por Jacob e Monod era uma bactéria comum, ''E. coli'', mas o conceito regulatório básico (descrito no artigo do operon Lac ) que foi descoberto por Jacob e Monod é fundamental para a regulação celular de todos os organismos. A ideia principal é que a ''E. coli'' não se preocupa em desperdiçar energia produzindo essas enzimas se não houver necessidade de [[Metabolização|metabolizar]] a lactose, como quando outros açúcares como a glicose estão disponíveis. O tipo de regulação é denominado regulação gênica negativa, pois o operon é inativado por um complexo proteico que é removido na presença de lactose (indução regulatória).
Monod também fez contribuições importantes para o campo da [[enzimologia]] com sua proposta de teoria da alosteria em 1965 com Jeffries Wyman (1901-1995) e [[Jean-Pierre Changeux]].<ref>{{
Monod não era apenas um biólogo, mas também um excelente músico e escritor estimado em filosofia da ciência. Ele foi um ativista político e chefe do estado-maior de operações das Forces Françaises de l'Interieur durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Em preparação para o desembarque dos Aliados, ele arrumou armas com pára-quedas, bombardeios ferroviários e interceptações de correio.
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Monod mostra um paradigma de como a escolha em um nível de organização biológica (atividade metabólica) é gerada por interações necessárias (sem escolha) em outro nível (regulação gênica); a capacidade de escolher surge de um sistema complexo de ciclos de [[Retroalimentação|feedback]] que conectam essas interações. Ele prossegue explicando como a capacidade dos sistemas biológicos de reter informações, combinada com variações ao acaso durante a replicação da informação (isto é, mutações genéticas) que são individualmente raras, mas comuns em agregados, leva à preservação diferencial das informações que são mais bem-sucedidas em se manter e se replicar. Monod escreve que esse processo, agindo por longos períodos de tempo, é uma explicação suficiente (na verdade, a única explicação plausível) para a complexidade e atividade teleonômica da [[biosfera]]. Consequentemente, os efeitos combinados do acaso e da necessidade, que são passíveis de [[investigação científica]], são responsáveis por nossa existência e pelo universo que habitamos, sem a necessidade de invocar explicações místicas, sobrenaturais ou religiosas.
Embora reconheça a provável origem evolucionária de uma necessidade humana de [[
Em 1973, Jacques Monod foi um dos signatários do Manifesto Humanista II.<ref>{{Citar web |url=https://web.archive.org/web/20121020110719/http://www.americanhumanist.org/humanism/Humanist_Manifesto_II |titulo=Humanist Manifesto II |data=2012-10-20 |acessodata=2021-02-09 |website=web.archive.org}}</ref>
O sociólogo Howard L. Kaye sugeriu que Monod falhou em sua tentativa de banir "a mente e o propósito do fenômeno da vida" em nome da ciência.<ref>Kaye, Howard L. ''The Social Meaning of Modern Biology'' (Transaction Publishers 1997), p. 75</ref> Pode ser mais correto sugerir que Monod procurou incluir a mente e o propósito dentro do campo de ação da investigação científica, em vez de atribuí-los a causas sobrenaturais ou divinas. Embora Monod não trate explicitamente da mente ou da consciência, sua pesquisa científica demonstrou que a biologia inclui ciclos de feedback que governam os sistemas interativos de reações bioquímicas, de modo que o sistema como um todo pode ser descrito como tendo um propósito e fazendo escolhas. Os escritos filosóficos de Monod indicam que ele reconheceu a implicação de que tais sistemas poderiam surgir e ser elaborados pela evolução por meio da [[seleção natural]]. A importância do trabalho de Monod como uma ponte entre o acaso e a necessidade da evolução e da bioquímica, por um lado, e o reino humano da escolha e da ética, por outro, pode ser avaliada por sua influência sobre filósofos, biólogos e cientistas da computação como [[Daniel Dennett]], [[Douglas Hofstadter]], [[Marvin Minsky]] e [[Richard Dawkins]].
== Prêmios e homenagens ==
Além de compartilhar o Prêmio Nobel, Monod também recebeu a Légion d'honneur e foi eleito membro estrangeiro da Royal Society em 1968.<ref name=":1">Lwoff, A. M. (1977). "Jacques Lucien Monod. 9 February 1910 -- 31 May 1976". ''Biographical Memoirs of Fellows of the Royal Society''. '''23''': 384–412. doi:10.1098/rsbm.1977.0015. <nowiki>PMID 11615735</nowiki>.</ref>
== Vida pessoal ==
Monod nasceu em Paris, filho de uma mãe americana de [[Milwaukee]], Charlotte (Sharlie) MacGregor Todd, e de um pai huguenote francês, Lucien Monod, que era um pintor e o inspirou artística e intelectualmente.<ref name="Lwoff-385">{{
Em 1938 ele se casou com Odette Bruhl (falecido em 1972).<ref>{{
Jacques Monod morreu de leucemia em 1976 e foi enterrado no Cimetière du Grand Jas em [[Cannes]], na [[Riviera Francesa]].
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== Citações ==
* "O primeiro postulado científico é a objetividade da natureza: a natureza não tem nenhuma intenção ou objetivo."<ref>''Chance and Necessity: An Essay on the Natural Philosophy of Modern Biology''por Jacques Monod, Nova York, Alfred A. Knopf, 1971,ISBN0-394-46615-2 </ref>
* "Qualquer coisa considerada verdadeira para a ''[[E. coli]]'' também deve ser verdadeira para os elefantes."<ref>{{
* "O universo não está grávido de vida, nem a biosfera do homem... O homem finalmente sabe que está sozinho na insensível imensidão do universo, do qual emergiu apenas por acaso. Seu destino não foi explicado em lugar nenhum, nem é o seu dever. O reino acima ou as trevas abaixo: cabe a ele escolher."<ref>{{
{{Referências}}
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