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Em 1968, após o CRUSP ser cercado pela Polícia Militar, passou a morar em uma casa próxima à USP e depois em um bairro operário, em [[Osasco]], juntamente com o Padre Antônio Soligo.
 
No início de 1969, foi preso devido ao seu apoio aos movimento operário em Osasco e encaminhado ao [[Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo]] (DOPS-SP) em 28 de fevereiro de 1969, onde foi torturado com choques elétricos.
No entanto, em razão de seu envolvimento com o movimento operário, foi preso logo no início de 1969. Assim também ocorreu com Soligo, Clemens e Ida.
 
No cárcere, Talpe conheceu diversos militantes e as lutas que estavam em curso contra o regime e pela libertação dos presos políticos. Depois de seis meses na prisão, perdeu seu emprego de professor na USP e foi expulso do país, em 8 de agosto de 1969.
A prisão chegou ao conhecimento dos membros da Igreja, quando o Comandante do II Exército, Manoel Rodrigues de Carvalho Lisboa, em 5 de março de 1969, comunicou ao cardeal arcebispo de São Paulo, Agnelo Rossi. Este foi notificado sobre as prisões dos padres Jan Honoré Talpe e Antônio Soligo, informando, no mesmo ofício, que os presos foram entregues ao DOPS em 28 de fevereiro de 1969.
 
Na Europa, continuou sua atividade política contra as ditaduras latino-americanas, ajudando a formar a [[Frente Brasileira de Informações]] (FBI), que possuía seções em vários países. Além disso:
Ao receber o ofício do II Exército, Agnelo Rossi enviou um comunicado para o presidente do Conselho de Presbíteros, repassando as informações sobre a prisão dos padres, a ocasião em que ocorreu e o estado de saúde em que estavam. Nas palavras do arcebispo:
* ajudou a conseguir assistência para exilados brasileiros e chilenos;
 
* participou da organização do movimento de boicote ao "Brasilian Export" de 1973 e de atos pela redemocratização, como o que ocorreu em [[Paris]] no dia 15 de janeiro de 1970.
“Por esse ofício sabe-se:
 
1º) que os dois padres não foram detidos juntos, como referi em minha carta. (…)
 
2. O Cônsul da Bélgica, por interferência do Itamarati (a pedido da Embaixada) obteve, até agora, apenas uma vez a permissão de estar com Pe. Talpe, 50 minutos, em que, em flamengo, falaram livremente. Informações do Cônsul:
 
a) Pe. Talpe está bem de saúde, ao menos aparentemente. Queixou-se de ter sofrido choques elétricos, mas diz o Cônsul que não tinha marcas de pancadas.
 
b) Pe. Talpe tinha alugado casa em Osasco (pelo que entendi, juntamente com Pe. Soligo), onde ia também Ida Kremer.
 
c) Foi detido em Osasco quando o Exército procurava Ida Kremer, por intermediação do seu amante Clement, anteriormente preso. (…)
 
3. Em contacto com o Min. Magalhães Pinto, no dia 8, falei com ele sobre o caso dos padres e pedi-lhe que falasse ao Presidente sôbre torturas físicas e prisão de pessoas não bem identificadas.
 
4. Tentei um contacto com Pe. Talpe, sabendo que tinha sido transferido para o Dops, mas me foi respondido que estava sob ordens do Exército e só com autorização deste, poderia ser visitado.”
 
No cárcere, Talpe conheceu diversos militantes e as lutas que estavam em curso contra o regime e pela libertação dos presos políticos. Depois de seis meses na prisão, perdeu seu emprego de professor na USP e foi expulso do país, em 8 de agosto de 1969.
 
Fora do Brasil, continuou sua atividade política contra as ditaduras latino-americanas. Junto com outros companheiros, formou a FBI (Frente Brasileira de Informações), que possuía seções em vários países; organizou a assistência para exilados brasileiros e chilenos; participou da organização do movimento de boicote ao Brasilian Export de 1973, na Bélgica; ministrava palestras para a juventude e estava à frente de diversos atos pela democracia.
 
Entre eles, merece menção os ocorridos no teatro de Piccolo, em Milão, e no la Mutualité, em Paris. Este, realizadoem 15 de janeiro de 1970, reuniu representantes de partidos políticos, sindicatos e personalidades da esquerda mundial. George Casalis, professor da Faculdade de Teologia de Paris, presidiu a cerimônia, da qual participaram da mesa Miguel Arraes, o advogado Jean-Jacques de Félice, Jean-Paul Sartre, Michel de Certau – padre jesuíta redator da revista Notre Combat–, Pierre Jalée – presidente do Comitê de Defesa da revista Tricontinental –, Lengi Maccario – Secretário-geral da Federação Italiana de Metalúrgicos – e Jan Talpe.
 
Até hoje, com 82 anos de idade, Jan continua lutando pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e para a construção de uma sociedade verdadeiramente livre.
 
Depois de uma longa jornada de luta contra as atrocidades cometidas pelas ditaduras na América Latina, Jan é uma daquelas pessoas cuja trajetória deve ser motivo de grande orgulho e inspiração. Ele será sempre muito bem-vindo e sua presença é grande demais para ser impedida pela mesma violência contra a qual luta há cinco décadas.
 
https://www.pstu.org.br/ativista-belga-expulso-pela-ditadura-consegue-vitoria-judicial/
 
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