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'''Ricardo de Almeida Jorge''' ([[Porto]], [[9 de Maio|9 de maio]] de [[1858]] — [[Lisboa]], [[29 de Julho|29 de julho]] de [[1939]]) foi um [[médico]], [[investigador]], e [[higienista]], [[professor]] de [[Medicina]], [[escritor]] e introdutor em Portugal das modernas técnicas e conceitos de [[saúde pública]], que exerceuexercendo diversos cargos na administração da saúde, e conseguindo uma importante influência política.
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'''Ricardo de Almeida Jorge''' (Porto, [[9 de Maio]] de [[1858]] — Lisboa, [[29 de Julho]] de [[1939]]) foi um médico, investigador e higienista, professor de Medicina e introdutor em Portugal das modernas técnicas e conceitos de saúde pública, que exerceu diversos cargos na administração da saúde, conseguindo uma importante influência política.
 
== Biografia ==
Ricardo Jorge nasceu no Porto, na freguesia de [[Cedofeita]], a 9 de maio de 1858, filho do [[proprietário]] José de Almeida Jorge e de sua mulher, Ana Rita de Jesus, ele natural de [[Paços de Vilharigues]], do concelho de [[Vouzela]] e ela da freguesia de [[Bonfim (Porto)|Bonfim]], do Porto.<ref>{{Citar web |url=https://pesquisa.adporto.arquivos.pt/viewer?id=488948 |titulo=Livro de registo de baptismos da Paróquia de Cedofeita (1852-03-21 – 1859-12-29) |acessodata=2021-03-01 |website= |publicado=Arquivo Distrital do Porto |pagina=318 verso}}</ref> Casou a 28 de agosto de 1879, com apenas 21 anos, na [[Igreja de São Martinho de Cedofeita]], no Porto, com Leonor Maria Couto dos Santos, de 20 anos, natural do [[Rio de Janeiro]], de quem teve três filhos: Artur Ricardo Jorge, médico, Lente da [[Faculdade de Ciências de Lisboa]] e [[Ministro da Instrução Pública|Ministro da Instrução]] do Governo de [[Gomes da Costa]]; Ricardo Jorge Júnior, licenciado em [[Direito]] pela [[Universidade de Coimbra]] e Leonor Jorge.<ref>{{Citar web |url=https://pesquisa.adporto.arquivos.pt/viewer?id=781631 |titulo=Livro de registo de casamentos da Paróquia de Cedofeita (1879) |acessodata=2021-03-01 |website= |publicado=Arquivo Distrital do Porto |pagina=103-103 verso, assento 101}}</ref>
Estudou no [[Igreja da Lapa (Porto)|Colégio da Lapa]], no Porto, e formou-se na [[Faculdade de Medicina da Universidade do Porto|Escola Médico-Cirúrgica do Porto]] em [[1879]]. Na sua dissertação de licenciatura, intitulada ''O nervosismo no Passado'', abordou a história da [[Neurologia]], um termo que nessa altura ainda não havia sido estatuído. A partir de [[1880]] foi docente da mesma escola nas cadeiras de Anatomia, Histologia e Fisiologia Experimental. Fez então várias deslocações a [[Estrasburgo]] e a [[Paris]] (onde assistiu às lições de [[Jean-Martin Charcot]]), procurando nos hospitais locais uma aprendizagem impossível de adquirir em Portugal, onde o saber neurológico era ainda incipiente.
 
Estudou no [[Igreja da Lapa (Porto)|Colégio da Lapa]], no Porto, e formou-se na [[Faculdade de Medicina da Universidade do Porto|Escola Médico-Cirúrgica do Porto]] em [[1879]]. Na sua [[dissertação]] de [[licenciatura]], intitulada ''O nervosismo no Passado'', abordou a história da [[Neurologia]], um termo que nessa altura ainda não havia sido estatuído. A partir de [[1880]] foi docente da mesma escola nas cadeiras de [[Anatomia]], [[Histologia]] e [[Fisiologia]] Experimental. Fez então várias deslocações a [[Estrasburgo]] e a [[Paris]] (onde assistiu às lições de [[Jean-Martin Charcot]]), procurando nos hospitais locais uma aprendizagem impossível de adquirir em Portugal, onde o saber neurológico era ainda incipiente.
 
Em [[1884]] abandonou a Neurologia e passou a dedicar-se à [[Saúde Pública]]. Com a sua obra ''Higiene Social Aplicada à Nação Portuguesa'', uma série de conferências publicada nesse mesmo ano, lançou uma nova perspectiva de abordagem das questões de saúde pública em Portugal, o que o guindaria numa importante carreira de higienista e investigador, com larga influência nas políticas de saúde em Portugal.
 
[[Ficheiro:Dr. Ricardo Jorge no Laboratório Municipal de Bacteriologia.png|thumb|left|220px|Dr. Ricardo Jorge no Laboratório Municipal de Bacteriologia, no Porto]]
Entre [[1891]] e [[1899]] foi médico municipal do Porto e responsável pelo Laboratório Municipal de Bacteriologia, tornando-se, em [[1895]], professor titular da cadeira de Higiene e [[Medicina legal|Medicina Legal]] da Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Em Junho de 1899 deu-se a sua consagração definitiva a nível nacional e alcançou projecção internacional quando, sem hesitações, chegou à prova clínica e epidemiológica da [[peste bubónica]] que nesse ano assolou a cidade do Porto, tendo esta sido depois confirmada bacteriologicamente por ele próprio e [[Câmara Pestana]]. No entanto, as operações profiláticas que orientou no sentido de eliminar a peste, como a evacuação de casas e o isolamento e desinfecção de domicílios, entre outras, desencadearam a fúria popular que, incentivada por grupos políticos, obrigaram Ricardo Jorge a abandonar a cidade.
 
Em Outubrooutubro de 1899 foi transferido para Lisboa, sendo nomeado Inspector-Geral de Saúde e, depois, professor de Higiene da [[Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa]]. Participou em iniciativas como a organização da [[Assistência Nacional aos Tuberculosos]], iniciada em 1899 pela rainha [[Amélia de Orleães|D. Amélia]], e o Congresso Internacional de Medicina de 1906, no qual presidiu à Secção de Higiene e Epidemiologia. Em 1903, foi incumbido de organizar e dirigir o Instituto Central de Higiene, que passaria a ter o seu nome a partir de 1929 e hoje é o [[Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge]].
 
Nos anos de [[1914]] e [[1915]] presidiu à [[Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa]]<ref>http://memoria.ul.pt/index.php/Jorge,_Ricardo_de_Almeida</ref> e nos anos seguintes visitou formações sanitárias na zona de guerra em França. Organizou depois a luta contra a pandemia de [[gripe de 1918]], também conhecida por [[Pneumónica]] ou [[Gripe Espanhola]], e contra as epidemias de [[tifo]], [[varíola]] e [[difteria]] que surgiram como consequência das deficientes condições sanitárias do pós-guerra.
 
Teria sido Ricardo Jorge o responsável nos [[década de 1920|anos 20]] pela proibição da [[Coca-Cola]] em Portugal (só 50 anos depois levantada), tendo alegadamente ordenado a sua apreensão e destruição depois de tomar conhecimento do ''slogan'' publicitário da bebida criado por [[Fernando Pessoa]]: "Primeiro estranha-se, depois entranha-se".<ref>A história foi contada por Luís Pedro Moutinho de Almeida, filho do então representante da Coca-Cola em Portugal, no ''JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias'' (Lisboa, 16 de Março de 1982).</ref>
 
Os interesses de Ricardo Jorge não se limitaram ao campo da medicina., Aa sua vasta obra inclui publicações versando [[arte]], [[literatura]], [[história]] e [[política]]. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista ''[[Lusitânia (revista)|Lusitânia]]'' (1924-1927).<ref>{{Citar web |url=http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/Lusitania.pdf |título=Ficha histórica: Lusitania : revista de estudos portugueses (1924-1927) |data=2013-11-05 |acessodata=2014-12-03 |publicado=[[Hemeroteca Municipal de Lisboa]] |autor=Rita Correia |formato=pdf}}</ref>
 
Falece aos 81 anos, vítima de [[Infecção Urinária|infecção urinária]], em sua casa, o segundo andar do número 91 do [[Campo dos Mártires da Pátria]], freguesia da [[Pena (Lisboa)|Pena]], em Lisboa, a 29 de julho de 1939. Encontrava-se viúvo de sua esposa há 16 anos, tendo esta falecido a 13 de dezembro de 1922. Foi, primeiramente, sepultado em jazigo municipal do [[Cemitério dos Prazeres]], sendo trasladado para a sua cidade natal, a 8 de dezembro do mesmo ano, encontrando o seu descanso final no [[Cemitério de Agramonte]].<ref>{{Citar web |url=https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=7665977 |titulo=Livro de registo de óbitos da 8.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (1939-01-01 a 1939-08-24) |acessodata=2021-03-01 |website= |publicado=Arquivo Nacional da Torre do Tombo |pagina=183, assento 362}}</ref>
Encontra-se colaboração da sua autoria na revista ''[[Lusitânia (revista)|Lusitânia]]'' <ref >{{Citar web |autor=Rita Correia |data=05 de Novembro de 2013 |título=Ficha histórica: Lusitania : revista de estudos portugueses (1924-1927)|url=http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/Lusitania.pdf |formato=pdf |publicado=[[Hemeroteca Municipal de Lisboa]] |acessodata=03 de Dezembro de 2014}}</ref> (1924-1927).
 
Em 1950, a [[Câmara Municipal de Lisboa]] homenageou o médico dando o seu nome a uma rua na zona de [[Alvalade (Lisboa)|Alvalade]].<ref>https://www.facebook.com/423215431066137/photos/pb.423215431066137.-2207520000.1448277903./873152106072465/?type=3&theater</ref>
 
{{Referências}}