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Já seu primo Pedro Taques foi autor da ''Nobiliarquia paulistana histórica e genealógica'' (1772), onde também desacreditou os relatos dos religiosos franceses, mas, ao contrário de frei Gaspar, que reconheceu a miscigenação, Taques minimizou muito a miscigenação com os indígenas e se preocupou em dar aos primeiros colonizadores uma origem castiça e nobre.<ref name="Schneider"/> Para a historiadora Kátia Abud, Gaspar e Taques escreveram imbuídos do "orgulho de casta", ou seja, estavam à "procura das provas de ascendência ilustre para a classe dominante", ameaçada como estava por um grande grupo de recém-chegados que incluía tropeiros e comerciantes, numa sociedade cada vez mais mercantilizada.<ref>Abud, Kátia M. ''O sangue intimorato e as nobilíssimas tradições. A construção de um símbolo paulista: o bandeirante''. Doutorado. Universidade de São Paulo, 1985, pp. 90-91 </ref> Porém, nem tudo era uma encenação e retórica, pois frei Gaspar pesquisou muitos arquivos e se baseou em muitos documentos até então inéditos que colaboraram para emprestar uma imagem mais positiva para os paulistas.<ref name="Schneider"/>
[[Imagem:Brasão da cidade de São Paulo.svg|thumb|Brasão de armas da cidade de São Paulo, com referência aos bandeirantes e à riqueza produzida pelo café no século XIX e início do século XX.]]
[[File:MuseuRaposo PaulistaTavares (43Luigi Brizzolara).jpg|thumb|Estátua do bandeirante [[Fernão Dias PaisRaposo LemeTavares]] no Museu Paulista.]]
 
Várias obras genealógicas foram produzidas no século XIX, especialmente depois da criação do [[Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro]], e vários trabalhos foram publicados no âmbito do IHGB enaltecendo a figura do bandeirante e transformando-o em um gigante,<ref name="Bogaciovas"/> processo fortalecido na década de 1890 com a criação do [[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo]]. Segundo Paulo César Marins, "romances, artigos em jornais e na revista do IHGSP, livros de história, monumentos escultóricos públicos e pinturas históricas foram os maiores responsáveis pela disseminação de uma visão positiva dos bandeirantes". Para Luís Soares de Camargo, "o contexto histórico é fácil de ser entendido: São Paulo despontava como a grande potência econômica, mas faltava-lhe uma base historiográfica que desse uma base a esse novo papel do povo paulista. Faltava um 'herói' para dar mais consistência a uma tese de que desde o passado São Paulo já estava à frente das demais capitanias. Assim, alguns historiadores deram início a esse processo de glorificação do passado paulista e a figura que mais se adequava era a dos sertanistas. Forte, corajoso, guerreiro".<ref name="Veiga">Veiga Edison. [https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2020/06/20/como-os-bandeirantes-cujas-homenagens-hoje-sao-questionadas-foram-alcados-a-herois-paulistas.htm "Como os bandeirantes, cujas homenagens hoje são questionadas, foram alçados a heróis paulistas"]. ''UOL'', 20/06/2020 </ref>