Revolução Constitucionalista de 1932: diferenças entre revisões

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{{quote2|''Comunico-vos que nesta cidade paranaense está se formando, sob indescritível entusiasmo, um batalhão que se incorporará imediatamente ás Forças Constitucionalistas sob o nome “Caravana Academica Paranaense. Saudaçoes.'' – (a) J. Monteiro de Barros, prefeito municipal. – Ribeirão Claro.|Diário Nacional, Ribeirão Claro, no Paraná, solidariza-se á Causa Constitucionalista, 5 de agosto de 1932, p1}}
 
Houve ainda outras adesões nas cidades vizinhas. Na sequência, o tenente Naul de Azevedo iniciou a tomada das cidades de [[Jacarezinho]], [[Bandeirantes (Paraná)|Bandeirantes]], [[Santo Antônio da Platina]], de [[Cambará]] e da Vila de [[Cambará|Leoflora]], porém, nessas localidades enfrentou razoável resistência das guarnições locais leais ao Governo Federal. Em 4 de agosto, entre Jacarezinho e Santo Antônio da Platina, durante uma patrulha com 10 homens nas proximidades da ponte do [[Rio Jacarezinho]], as forças de Naul de Azevedo tevetiveram o primeiro contato com a tropa governista naquela região, dando combate por doze horas que resultou na fuga dos adversários. A tomada de Jacarezinho, Santo Antonio da Platina e Bandeirantes contou com o concurso do Batalhão de [[Presidente Prudente]], comandado pelo tenente-coronel Miguel Brisolla de Oliveira, que assumiu a defesa daquelas três cidades. A defesa em Cambará foi entregue a uma Cia de Granadeiros do Batalhão Floriano Peixoto e na cidade de Ribeirão Claro assumiu as tropas de Naul de Azevedo, com isso consolidaram a posição por alguns dias. Não obstante, com o recrudescimento dos combates e com a escassez de munição e recursos gerais para as tropas, além da perda da importância tática da posição, aquelas tropas receberam ordens do Chefe do Estado-Maior da Força Pública para retornar para o território paulista, o que ocorreu entre os dias 8 e 9 de agosto. Após a travessia do Rio Paranapanema dinamitaram as pontes fronteiriças e tomaram posições na margem paulista, aproveitando as defesas naturais e vantagem do terreno. A partir de então se engajaram na resistência contra as forças federais apenas a partir da margem leste do rio. Com a queda das cidades mais ao sul, como Buri e Taquary, o coronel Pedro Dias de Campos foi obrigado a flexionar a sua linha de defesa, recuando para a região de Ribeirópolis (atual [[Taguaí]]) e [[Santa Cruz do Rio Pardo]]. Em meados de setembro o destacamento federal do coronel Fidêncio de Souza Mello Filho, das forças do general João Francisco, ocupou [[Fartura]]. Na sequência pressionou [[Piraju]] e Ribeirópolis. No início de outubro, na ocasião das tratativas para a paz, o destacamento do coronel Dias de Campos tinha sua resistência na margem leste do Rio Paranapanema e do Rio Pardo, na região dos municípios de [[Avaré]] e Santa Cruz do Rio Pardo, respectivamente. As tropas do general João Francisco, entre final de setembro e outubro de 1932, incluindo o período pós-conflito, na ocasião do avanço sobre território paulista, foram responsáveis por episódios de violência e saques contra as populações locais naquela região, com os casos mais graves ocorrendo em Piraju, Ourinhos e [[Botucatu]].<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=Diário Nacional|edição=1550|página=5|data=25-8-1932|título=O combate do Rio Jacaré e a retirada das nossas tropas foi uma manobra intelligente|local=São Paulo}}</ref><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|título=Doze horas de combate violento|publicado=Diario Nacional|página=8|edição=1538|data=1932-8-11|local=São Paulo}}</ref><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|título=O tenente Naul de Azevedo, apenas com 10 homens, conseguiu deter o avanço do ditatoriaes|publicado=Diário Nacional|edição=1539|página=8|data=1932-8-12|local=São Paulo}}</ref><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|título=As nossas tropas tomam cinco cidades do Alto Paraná|publicado=Correio de S. Paulo|local=São Paulo|data=1932-8-2|página=1|edição=41}}</ref><ref name=":EliasKaram1933"/><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=A Federação|data=1932-10-22|página=3|edição=244| título=Outras notícias sobre a situação do Estado de S. Paulo|local=Porto Alegre}}</ref><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=092932&pesq=%22Elisi%C3%A1rio%20Paim%22&pagfis=22616|publicado=O Dia|local=Curitiba|data=1932-8-9|página=2|edição=2629|título=As forças do general João Francisco em acção}}</ref><ref>{{citar livro|título=A Guerra Cívica: Resumo da obra de seis tomos de Paulo Nogueira Filho|ano=1982|primeiro=Pedro Ferraz do|último=Amaral|editora=Do autor|local=São Paulo|páginas=254}}</ref>
 
Em 10 de julho de 1932 o subsetor de Capela da Ribeira (atual município de [[Ribeira (São Paulo)|Ribeira]]) começou a ser guarnecido por uma Cia do 9º BCP da Força Pública, de efetivo reduzido, dividida em quatro pelotões e sob o comando do 1º tenente Benedicto da Silva Campos.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
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Em 12 de julho seguiram para Capela da Ribeira as primeiras forças federais, compostas por dois pelotões da Força Pública do Paraná, sob comando do aspirante a oficial Ilo Fontoura.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
 
Em 17 de julho os paulistas em Capela da Ribeira receberam como esforçoreforço o 2º Esquadrão desmontado do RCRegimento de Cavalaria da FPSPForça Pública Paulista, sob comando do capitão José de Oliveira França, totalizando cerca de 300 homens naquela região, o equivalente a uma companhia. Ainda naquele dia, o tenente-coronel [[Azarias Silva]], então comandante geral do Regimento de Cavalaria da Força Pública de São Paulo, assumiu o comando daquela frente de combate, montando o seu Posto de Comando a 2 quilômetros à retaguarda das trincheiras. Naquela posição havia 200 combatentes concentrados somente nos arredores de Capela da Ribeira, defendo a ponte fronteiriça entre os Estados de São Paulo e Paraná. Até aquele dia o lado federal concentrava naquela posição apenas 100 soldados do Exército e da Força Pública do Paraná. Em Capella da Ribeira os combates foram diários, com as tropas federais visando principalmente à ponte limítrofe entre os dois Estados.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
 
A exemplo da defesa das tropas paulistas no [[Túnel da Mantiqueira]], as tropas defensoras de Ribeira possuíam grande vantagem do terreno: trincheiras distribuídas por 15 km ao longo da margem do Rio Ribeira, bem fortificadas e localizadas em encostas ou posições superiores nos morros que margeiam o rio; o terreno paulista também era mais elevado do que o do lado paranaense; e ainda contavam com a proteção natural de um rio de difícil travessia. O valor tático de Ribeira para os paulistas era grande no início da campanha militar, pois, uma vez preservada a posição, um segundo destacamento paulista poderia atacar ou mesmo cortar a retaguarda das forças federais, a partir de Apiaí e Ribeirão Branco, o que obrigaria o adversário a refluir para o Paraná, favorecendo uma possível retomada das posições perdidas em Itararé no dia 18 de julho.<ref name=":17"/>
 
Em 18 de julho, em Pinhalzinho, a 6 quilômetros de Capela da Ribeira, às 09:00 horas o tenente Severino da Força Pública de São Paulo, com 65 soldados, fez uma emboscada sobre um destacamento de cavalaria da Força Pública do Paraná comandado pelo 2º tenente Alencar Guimarães, conseguindo alguns prisioneiros e material bélico. Em 19 de julho o 1º Batalhão de Infantaria e um Esquadrão de Cavalaria da Força Pública Paranaense tentaramtentou novas incursões contra as posições constitucionalistas, mas, novamente, caíram em armadilha ao avançarem pelo terreno, resultando emobtendo 5 mortos e 26 feridos, entre os mortos, o tenente Imbuia.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
 
Na última semana de julho as forças federais em Capela da Ribeira foram incorporadas ao destacamento do coronel [[Ayrton Plaisant]], totalizando {{Fmtn|1500}}1.500 homens naquela praça de guerra, entre tropas de infantaria e cavalaria da Força Pública do Paraná, além de outrasoutros contingentes do Exército. Com isso, a ofensiva federal recrudesceu substancialmente naquela posição.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
 
O relatório sobre os primeiros dias de combate, elaborado pelo tenente-coronel Azarias Silva, comandante das tropas paulistas em operação naquele subsetor, esclareceu as principais ocorrências naquela praça de guerra:<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|título=Notícias do coronel Azarias|publicado=A Gazeta|data=1932-8-16|página=4|local=São Paulo}}</ref>
 
{{quote2|''Dia 18 – A’s 12 horas, transpuzeram a ponte São Paulo-Paraná dois reconhecimentos de officiaes, dirigindo-se ao encontro do adversário em território paranaense, encontrando-o no sitio denominado “Pinhalzinho”. Cahindo de surpresa sobre o adversario em descanço, e sem segurança, dispersaram-no após ligeira resistência, aponderando-se de 15 cavallos arreiados e aprisionando um soldado. Tivemos apenas um soldado extraviado. Dia 19 – Cerca de 200 adversarios inquietaram nossas tropas, das 13 ás 13 1/2 horas, com tiroteio ininterrupto de metralhadoras. Foram repellidos sem nada conseguir. Cerca de 40 praças adversárias e um official feridos foram transportados para a retaguarda de suas linhas, conforme pudemos observar de nossas posições. Dia 20 – Um reconhecimento mandado para o local onde se feriu o combate de 18, encontrou copioso material bellico, inclusive metralhadoras, fuzis metralhadoras, fuzis Mauser, mosquetões, etc, além de 6.600 cartuchos Mauser, abandonados pelo adversário que recuou. Sepultamos em Ribeira o cadáver de um soldado adversário alli encontrado, com as honras fúnebres pragmática. Dia 21 – Este commando resolveu transferir o seu P.C. que estava a 2 1/2 kilometros á retaguarda, para junto das linhas em abrigo subterrâneo, afim de estar em contacto directo com as tropas entrincheiradas. Dia 22 – A’s 16 horas e 45 minutos de hoje, o adversário desencadeou formidável ataque ás nossas posições utilizando canhão, innumeras metralhadoras e fuzis metralhadores. Apesar de tudo, foram repellidos com a mesma energia, nada conseguindo. Conservamos integralmente as nossas posições. Não houve perdas de nossa parte. Dia 23 – O adversário atacou hoje as nossas linhas das 11 horas ás 11,40 e reiniciou o ataque ás 12 horas até ás 14 horas e meia. As nossas tropas sempre firmes e enthusiasmadas. A’s 17 horas e 25 minutos nova tentativa do adversário para se apossar da ponte S. Paulo- Paraná, sem nada conseguir. Retirou-se ás 18 horas e 45 minutos. Dia 24 – A’s 2 horas e meia da madrugada de hoje, o adversário atacou violentamente com fuzilaria e metralhadora em toda a nossa frente de combate. A’s 3 horas e 50 minutos cessou o ataque. Não tivemos baixa nem cedemos um palmo do terreno. Ribeira continua intransponível. Dia 25 – A’s 22 horas e 45 minutos o adversário atacou fortemente as nossas posições, suspendendo ás 23 horas e 35 minutos. Mais uma vez falhou o golpe. Estamos firmes. Dia 26 – A’ 4 hora da madrugada o inimigo iniciou cerrada fuzilaria ás nossas posições, prolongando-se até 1 hora e cincoenta; ás duas horas reiniciou o fogo que suspendeu vinte minutos depois. Não correspondemos a esse tiroteio do adversário com o fito de o desmoralizar. A’s 6 horas e cincoenta minutos, uma centena de adversários descendo a encosta do monte “Corumbé”, atacou as nossas fortificações próximas á ponte São Paulo-Paraná sendo vigorosamente repellida, retirando-se em debandada, apesar de apoiada por metralhadoras. Falhou mais essa tentativa para a posse da referida ponte e tomada de Ribeira, que só entregaremos quando for detonado o ultimo cartucho. Ribeira, 27-7-932.''|A Gazeta, Notícias do coronel Azarias Silva, 16 de agosto de 1932, p4.}}
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Em Capela da Ribeira também houve importantes adesões, a mais notável foi a do capitão do 1º Batalhão de Infantaria da Força Pública do Paraná, Hermínio da Cunha Cesar, que após passar para o lado paulista se tornou subcomandante do 9º BCR, tropa que reunia em grande parte voluntários paranaenses e que tomou parte de grandes batalhas em Buri e Campina do Monte Alegre, junto ao destacamento do coronel Christiano Klingehoefer.<ref name=":EliasKaram1933"/>
 
Contudo, as defesas paulistas naquela posição caíram às 10 horas do dia 31 de julho, após um envolvimento consumado pelas tropas federais. No dia anterior havia ocorrido a deserção de cerca de 20 oficiais e praças das tropas do tenente-coronel Azarias Silva, que foram liderados pelos irmãos e tenentes Agostinho e Antônio Navarro Munhoz, integrantes do Regimento de Cavalaria da Força Pública de São PauloPaulista. Esses desertores, ao abandonarem suas posições, atravessaram o Rio Ribeira rumo à margem paranaense. Na sequência, entregaram-se ao adversário e manifestaram o desejo de desertar e colaborar com as forças federais. Com isso, entre os dias 30 e 31 de julho, as tropas do coronel Ayrton Plaisant, auxiliadas pelos irmãos Navarro, dividiram-se em dois grupos e atravessaram o Rio Ribeira em dois pontos cegos para as guarnições paulistas, previamente indicadas pelos oficiais desertores. Esses pontos da travessia estavam a alguns quilômetros rio acima e rio abaixo a partir da ponte fronteiriça entre os dois Estados. As forças federais então realizaram a travessia por meio de cordas e canoas improvisadas. Uma vez transposto o Rio Ribeira, os dois grupos rumaram cerca de 6 quilômetros para a retaguarda paulista, em movimento de pinça, até o ponto de ligação. A partir dessa posição iniciou-se então o corte da retaguarda e envolvimento das tropas paulistas, consumando o cerco. Por fim, intimaram o tenente-coronel Azarias Silva à rendição, após 18 dias de luta renhida e encarniçada em terreno acidentado. O comandante paulista foi então preso junto coma oum grupo composto pelo capitão Benedicto da Silva Campos, o capitão José de Oliveira França e o 2º tenente Liberato Vianna, além de 56 praças. O seu genro do tenente-coronel, o civil Iracy Teixeira, que na ocasião estava integrado ao grupo, também foi preso. Porém, após alguma resistência, a tropa paulista remanescente daquele contingente conseguiu fugir para a retaguarda e se incorporou ao destacamento paulista emrecém-chegado a Apiaí. Os irmãos Navarro posteriormente se incorporaram ao destacamento do coronel Plaisant e combateram os seus próprios companheiros das forças paulistas.<ref name=":17"/><ref name=":ODia281932">{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|título=A occupação paranaense de Capella da Ribeira|publicado=O Dia|local=Curitiba|data=1932-8-2|página=1}}</ref><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=O Acre|local=Rio Branco|título=O movimento sedicioso de São Paulo|data=1932-8-11}}</ref>
 
Os comunicados da ocasião dão conta de alguns detalhes daquele evento:<ref name=":ODia281932"/>
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{{quote2|''(...) Não fosse um dos vários atos individuais que macularam a nobreza da causa de São Paulo e a dignidade da farda, dificilmente aquele passo seria transposto.''|A Revolução Constitucionalista (1932), H. C. Silva, p158.}}
 
O tenente-coronel Azarias Silva confirmou mais tarde essas informações, após sair da prisão. Não obstante, naquela altura, a posição de Capela da Ribeira estava condenada a cair nas mãos governistas, em função do corte da retaguarda paulista emtambém na altura da cidade de Apiaí, após sua tomada em 2 de agosto pelas tropas do destacamento do tenente-coronel Boanerges.<ref>{{citar livro|páginas=266-268|título=A Nossa Guerra: estudo de synthese crítica político-militar|ano=1933|primeiro=Alfredo|último=Ellis Jr.|local=São Paulo|editora=Editora Piratininga S/A}}</ref> O comandante paulista esclareceu também as circunstâncias da queda dedaquela Capela da Ribeiraposição:<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=Jornal do Brasil|local=Rio de Janeiro|data=1932-11-2|título=Capella da Ribeira|página=1}}</ref>
 
{{quote2|''(...) Ribeira caiu com 3 officiaes e 56 praças apenas. Não passei por Xiririca, da qual estive a 200 kilometros de distancia. O effectivo da minha tropa nunca excedeu de 300 homens, dos quaes 200 na praça de Ribeira.''|Jornal do Brasil, 2 de novembro de 1932, p1.}}
 
O envio de reforços em socorro aos paulistas em Capela da Ribeira foi malogrado por causa do atraso da chegada do destacamento do major [[Luís Tenório de Brito]], que chegou aatingiu Apiaí somente em 31 de julho, precisamente ana data da queda daquelasdaquela defesaslocalidade. O atraso também impediu que estas tomassem a tempo Ribeirão Branco, o seu objetivo principal, que pouco dias antes havia sido tomada pelas tropas federais comandadas pelo tenente-coronel Boanerges, vindas de Faxina. Com isso, o destacamento do major Tenório de Brito então posicionado em Apiaí — com cerca de 600 combatentes compostos pelo 2º Batalhão de Voluntários do Regimento “9 de julho” e alguns soldados do Corpo de Bombeiros — foi envolvido por duas forças adversárias: ao sul, pelas tropas do coronel Ayrton Plaisant; e ao norte e oeste, pelas tropas do tenente-coronel Boanerges. As forças federais somavam na região mais de 3 mil combatentes, compostas pela polícia paranaense, o 13º RI, o 7º RI, o 13º BC, o 5º RAM, um esquadrão 5º RCD e Corpos Auxiliares da Brigada Militar Gaúcha. Cercados, os paulistas foram intimados à rendição, o que foi ignorado. Na sequência, após fogo de cobertura, conseguiram escapar em marcha rumo a Xiririca (atual [[Eldorado (São Paulo)|Eldorado]]) via [[Iporanga]], sob perseguição de um esquadrão de cavalaria da Força PublicaPública do Paraná.<ref name=":ForçaPolicialn18"/><ref name=":17"/><ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=O Dia|local=Curitiba|data=1932-8-5|página=1|título=Como se verificou a tomada de Apiahy}}</ref>
 
Conforme depoimento do tenente Stoll Nogueira, do Exército Federal, sobre as circunstâncias da tomada de [[Apiaí]]:<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=O Dia|local=Curitiba|data=1932-9-13|páginas=1-4|título=Os combates de Capinzal, depoimento do tenente das Forças Federais Stoll Nogueira}}</ref>
 
{{quote2|''Alcançado o entroncamento do caminho de Ribeirão Branco na estrada geral, no lugar denominado Capinzal, teve, o destacamento Boanerges, de manter duas frentes para Guapiára, ao N., e para Apiaí, ao S. A parlamentação do dia 2, porém, levou aos 600 homens de Apiaí a convicção de que seria inútil tentar a retirada sobre Guapiára-Capão Bonito, induzindo-os a arriscada aventura da fuga por Iporanga-Xiririca, embora abandonado em Apiaí, grande copia de material. Dessa forma, a 4, poude o dest. Despreocupardespreocupar-se do S. e empenhar todos os seus meios na direção de Guapiára. Destarticulado o ataque, que se esboçara na chuvosa noite de 2 para 3, com uma contra-preparação de nossa artilharia, só ás 9,40 de 3 o adversário o iniciou, secundando-o com alguns tiros de art., o qual foi suspenso ás 14,30. Tivemos 4 praças e 1 oficial (Tte. Almada) feridos e 1 cavallo morto. A esse tempo, enquanto o Destacamento Boanerges continha a impetuosidade da onda do N., a coluna Plaisant ocupava, sem maior esforço, Apiaí, então abandonado pelos fugitivos de Iporanga. Ainda nesse dia o Dest. progrediu um pouco, cerca de 2 kms, sendo detido diante dos reforços recebidos pelo adversário em auto-caminhões provindos de Capão Bonito. A’s 20 horas, novos caminhões despejaram tropa na frente. Parecia disposto a uma grande luta, embora a noite fosse trevosa, de temporal violento. As fúrias celestes, parece, contiveram-no. O terreno era difícil á progressão – uma serie de cristas sucessivas, cobertas de mato ou vegetação densa, todas sob o commandante das posições adversas. Um décalo de caminhões e picadas laterais atormentava as preocupações. Numa verdadeira corrida ás alas, os constitucionalistas procuravam o desbordamento. Obrigaram, assim, o Dest., a ir empenhando suas tropas de 2.° escalão e, por fim, até mesmo as suas reservas. E tal foi a amplitude dessas tentativas que a frente atingiu, por fim, a extensão total de cerca de 3 kms (um e meio para cada lado da estrada). Combatendo-se dia e noite, a tropa entrou a manifestar a sua fadiga. Anciosa de chegar ao objetivo, estudou a marcha, despreocupando-se até do reabastecimento, alijando as mochilas e acelerando o avanço. A chuva, certa vez acompanhada de granizos, desabando inclementemente, sobre a força desabrigada, sem barracas e sem agasalho deixando para traz ainda mais deprimira as energias dos combatentes, embora seu moral fosse excelente. As comunicações pela estrada percorrida, tornaram-se impossíveis, tais os estragos causados pelas enxurradas e pela intensidade do trafego. Escassearam por isto, os viveres, que ficaram o seu maior volume para traz. Socorreu-nos a coluna Plaisant, que acabara de receber mais um comboio vindo diretamente de Curitiba.''|O Dia, 13 de setembro de 1932, Os combates de Capinzal, pp1-4}}
 
Como nas demais frentes, as tropas federais comandadas pelo general Valdomiro Castilho de Lima, em maior número e mais bem equipadas, ocuparam paulatinamente também as cidades de Buri, Taquary, Chavantes, Ourinhos, Piraju, Capela da Ribeira, Apiaí, Guapiara e Capão Bonito. No início de outubro, essas forças estavam contidas pela resistência paulista nas margens do Rio Paranapanema, ameaçando avanço sobre a capital paulista. Segundo o então capitão [[Joaquim Justino Alves Bastos|Joaquim Justino A. Bastos]], então chefe do Estado-Maior do coronel Brasílio Taborda, as forças federais comandadas pelo general Valdomiro Lima totalizaram em média naquela frente cerca de 15 mil homens de tropas regulares, contra um efetivo de 5 mil combatentes do Exército Constitucionalista, compostos em boa parte por tropas não regulares, cuja linha de defesa somava algumas centenas de quilômetros de extensão na fase final do conflito.<ref name=":40" /><ref name=":17" /><ref name=":ForçaPolicialn18"/>
 
Naquela campanha militar, os principais combates foram: Itararé (16 a 18 de julho); Jacarezinho (4 a 9 de agosto); Buri (24 e 27 de julho); Ribeira (16 a 31 de julho); Apiaí (31 de julho a 4 de agosto); Guapiara (3 a 12 de agosto); Vitorino Carmilo, em Buri (15 a 16 de agosto); Caputera, ao norte de Itapeva (2 a 4 e 20 a 25 de agosto); Apiaí Mirim, em Capão Bonito (20 a 26 de agosto); Fundão, em Buri (20 a 1º de setembro); Lygiana, em Campina do Monte Alegre (18 de agosto a 2 de outubro); Cerrado, em Capão Bonito (15 a 19 de setembro); Ribeirópolis, atual [[Taguaí]] (18 a 22 de setembro); e Taquaral Abaixo, em Capão Bonito (30 de setembro a 4 de outubro).<ref name=":ForçaPolicialn18"/><ref name=":40" /><ref name=":17" />
 
O coronel Brasílio Taborda, após assumir o comando do setor sul de combate adotou de forma bem-sucedida uma estratégia eminentemente defensiva e de profundidade, baseada na doutrina militar alemã. Buscou naquela frente de combate tão somente a contenção das tropas federais, cedendo terreno pouco a pouco ao adversário ao custo de grande atrito de combate, retardando ao máximo o avanço federal. Com isso, pode poupar recursos e garantir que as tropas constitucionalistas das demais frentes tivessem a possibilidade de assumir a ofensiva rumo a capital federal do país para, enfim, cumprir o objetivo do levante, que consistia na deposição do governo provisório e na convocação de uma Assembleia Constituinte. Até o fim do conflito, o coronel obteve relativo sucesso nesse objetivo, uma vez que as tropas comandadas pelo general Valdomiro Lima, de 22 de julho até 2 de outubro, data da rendição oficial dos paulistas (num total de 72 dias), conseguiram avançar apenas 20 km além da cidade de Buri. Na ocasião das negociações de paz entre as tropas adversárias, no início do mês de outubro, as tropas federais ainda continuavam contidas na altura do Rio Paranapanema, com as trincheiras paulistas posicionadas na margem leste.<ref name=":40" />
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;Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul)
 
O então estado do Mato Grosso foi o único aliado de São Paulo no conflito. Após a deflagração do levante, a região sul do estado, atualmente contemplada pelo [[Mato Grosso do Sul]], se emancipou-se ao declarar a sua autonomia e apoiar o levante. O novo estado passou a ser denominado como [[Estado de Maracaju]], cuja capital era [[Campo Grande]] e tendo [[Vespasiano Barbosa Martins]] a cargo da chefia do governo estadual.<ref name=":23">{{Citar periódico|ultimo=Parreira|primeiro=Luiz Eduardo S.|data=2010-07-09|titulo=E o sul do Mato Grosso foi às armas!|url=https://www.correiodoestado.com.br/noticias/e-o-sul-do-mato-grosso-foi-as-armas/5281/|jornal=Correio do Estado|lingua=pt-br|acessodata=2018-05-31}}</ref><ref name=":24">{{citar livro|título=História de Mato Grosso do Sul|ultimo=Campestrini|ultimo2=Guimarães|primeiro=Hildebrando|primeiro2=Acyr V.|editora=IHGB|ano=2002|local=Campo Grande|páginas=287|acessodata=}}</ref>
 
Em julho de 1932, o general Bertoldo Klinger comandava a Circunscrição Militar de Mato Grosso e, durante as preparações para o levante, prometia levar 5 mil soldados e copiosa munição daquele estado para engrossar as fileiras da tropas paulistas. Contudo, com a súbita exoneração do general ocorrida em 8 de julho, por conta de uma carta em termos ofensivos enviada no dia 1º daquele mês ao Ministro da Guerra [[Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso|Augusto Espírito Santo Cardoso]], ficou comprometida as conspirações em curso no Mato Grosso, bem como a adesão total ao levante das unidades do Exército sediadas naquele estado, em especial, aquelas unidades situadas em [[Cuiabá]] e na região de [[Corumbá]], que ficaram alheias a situação e acabaram por permanecerem leais ao governo federal ou tiveram seus oficiais comandantes presos na ocasião da deflagração do conflito. Em substituição ao general Klinger, o coronel de engenharia do Exército [[Oscar Saturnino de Paiva]] foi nomeado interinamente ao comando daquela Circunscrição Militar. Contudo, Saturnino de Paiva veio a também aderir ao levante deflagrado em São Paulo no dia seguinte, o que em muito facilitou a aliança entre os paulistas e aquelas unidades do Exército e da Força Pública Mato-grossense. O coronel também participou da cerimônia de criação do novo estado e da posse do seu governador aclamado, Vespasiano Martins, ocorrida na tarde de 11 de julho de 1932.<ref name=":17" /><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref>{{citar web|url=http://www.seer.ufms.br/index.php/AlbRHis/article/viewFile/4056/3239|título=A posse do dr Vespasiano Martins na Interventoria do Estado|publicado=UFMS|data=2013}}</ref><ref name=":25">{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|pagina=238-242|acessodata=2018-01-31|wayb= 20180216185443|urlmorta= sim}}</ref>
[[Imagem:Combatentes sul-mato-grossenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932.jpg|thumb|220px|Combatentes sul-mato-grossenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932]]
O setor respectivo ao estado de Maracaju então comandado pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva foi entregue ainda no mês de julho para o tenente-coronel [[Francisco Jaguaribe Gomes de Matos]], que a princípio de setembro veio a ser substituído pelo coronel [[Nicolau Bueno Horta Barbosa]].<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=763900&pesq=Nicolau%20Horta%20Barbosa|título=O commando da Circumscripção Militar de Matto Grosso|data=1932-09-05|edição=07988|publicado=A Gazeta|acessodata=2018-06-01|página=1|idioma=pt}}</ref> O coronel Saturnino de Paiva veio a assumir no mês seguinte o comando do destacamento paulista respectivo ao denominado setor leste de combate, situado na região de Campinas.<ref name=":17" /> Desde os primeiros combates os destacamentos constitucionalistas de Maracaju assumiram a ofensiva para garantir posições estratégicas para o controle da região. À leste, aquela tropa desbaratou uma coluna de soldados federais em [[Paranaíba|Santana do Paranaíba]], e também outra vinda de [[Goiás]], com vários elementos tendo sido presos. Também repeliram forças federais em [[Três Lagoas]] e [[Porto XV de Novembro]]. Ao norte, em [[Coxim]], também debelaram uma coluna vinda de Cuiabá, composta por um cia reduzida do 16º B.C. do Exército e outra do 1º B.C. da Força Pública, que visavam a tomada de Campo Grande. Mais ao sul, em [[Bela Vista]], os rebeldes tomaram a cidade após súbita resistência do interventor municipal Mário Garcia e do comandante do 10º R.C.I. que inicialmente haviam declarado apoio a Revolução. A oeste, os combates foram mais intensos, tendo as tropas revolucionárias tomado a cidade de [[Corumbá]], a [[Base Fluvial de Ladário]], [[Porto Esperança]], o [[Forte Coimbra]] e, por fim, [[Porto Murtinho]], em 12 de setembro de 1932, onde lá desbarataram a flotilha liderada pelo monitor fluvial ''Pernambuco'' e o destacamento governista comandado pelo coronel do Exército Leopoldo Nery da Fonseca Junior. As batalhas pela tomada de Porto Murtinho e Porto Esperança foram os feitos mais notáveis daquelas tropas no conflito, cuja vitória também garantiu para os rebeldes o controle de toda a região atualmente contemplada pelo Estado do Mato Grosso do Sul. Além disso, garantiram o acesso ao [[Oceano Atlântico]] pelo [[Rio Paraguai]], ao [[Rio Paraná]] e a fronteira brasileira com a Bolívia e o Paraguai para viabilizar a entrada de recursos bélicos em favor das tropas revolucionárias, uma vez que o [[Porto de Santos]] estava sob bloqueio da esquadra naval governista. Ainda em meados de setembro, parte daquela força mato-grossense viria dar reforço na frente sul e frente leste paulista de combate, com o Batalhão Visconde de Taunay junto com uma unidade de artilharia se deslocando para [[Capão Bonito]] para combater tropas gaúchas. O controle da região sul do então Estado do Mato Grosso viabilizou o acesso dos revolucionários ao estrangeiro, algo que até então estava restringido, inclusive por meio dele conseguiram realizar o translado dos novos aviões adquiridos dos EUA. A atuação das tropas de Maracaju foi mais tarde reconhecida como notável pelos comandantes paulistas.<ref name=":17" /><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":25" /><ref name=":19">MIRANDA, Alcibíades (coronel). A Rebelião de São Paulo. Curitiba: scp, 1934, 249p. v.2</ref>