Revolução Constitucionalista de 1932: diferenças entre revisões
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{{quote2|''Comunico-vos que nesta cidade paranaense está se formando, sob indescritível entusiasmo, um batalhão que se incorporará imediatamente ás Forças Constitucionalistas sob o nome “Caravana Academica Paranaense. Saudaçoes.'' – (a) J. Monteiro de Barros, prefeito municipal. – Ribeirão Claro.|Diário Nacional, Ribeirão Claro, no Paraná, solidariza-se á Causa Constitucionalista, 5 de agosto de 1932, p1}}
Houve ainda outras adesões nas cidades vizinhas. Na sequência, o tenente Naul de Azevedo iniciou a tomada das cidades de [[Jacarezinho]], [[Bandeirantes (Paraná)|Bandeirantes]], [[Santo Antônio da Platina]], de [[Cambará]] e da Vila de [[Cambará|Leoflora]], porém, nessas localidades enfrentou razoável resistência das guarnições locais leais ao Governo Federal. Em 4 de agosto, entre Jacarezinho e Santo Antônio da Platina, durante uma patrulha com 10 homens nas proximidades da ponte do [[Rio Jacarezinho]], as forças de Naul de Azevedo
Em 10 de julho de 1932 o subsetor de Capela da Ribeira (atual município de [[Ribeira (São Paulo)|Ribeira]]) começou a ser guarnecido por uma Cia do 9º BCP da Força Pública, de efetivo reduzido, dividida em quatro pelotões e sob o comando do 1º tenente Benedicto da Silva Campos.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
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Em 12 de julho seguiram para Capela da Ribeira as primeiras forças federais, compostas por dois pelotões da Força Pública do Paraná, sob comando do aspirante a oficial Ilo Fontoura.<ref name=":ForçaPolicialn18"/>
Em 17 de julho os paulistas em Capela da Ribeira receberam como
A exemplo da defesa das tropas paulistas no [[Túnel da Mantiqueira]], as tropas defensoras de Ribeira possuíam grande vantagem do terreno: trincheiras distribuídas por 15 km ao longo da margem do Rio Ribeira, bem fortificadas e localizadas em encostas ou posições
Em 18 de julho, em Pinhalzinho, a 6 quilômetros de Capela da Ribeira, às 09:00 horas o tenente Severino da Força Pública de São Paulo, com 65 soldados, fez uma emboscada sobre um destacamento de cavalaria da Força Pública do Paraná comandado pelo 2º tenente Alencar Guimarães, conseguindo alguns prisioneiros e material bélico. Em 19 de julho o 1º Batalhão de Infantaria e um Esquadrão de Cavalaria da Força Pública Paranaense
Na última semana de julho as forças federais em Capela da Ribeira foram incorporadas ao destacamento do coronel [[Ayrton Plaisant]], totalizando
O relatório sobre os primeiros dias de combate, elaborado pelo tenente-coronel Azarias Silva, comandante das tropas paulistas em operação naquele subsetor, esclareceu as principais ocorrências naquela praça de guerra:<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|título=Notícias do coronel Azarias|publicado=A Gazeta|data=1932-8-16|página=4|local=São Paulo}}</ref>
{{quote2|''Dia 18 – A’s 12 horas, transpuzeram a ponte São Paulo-Paraná dois reconhecimentos de officiaes, dirigindo-se ao encontro do adversário em território paranaense, encontrando-o no sitio denominado “Pinhalzinho”. Cahindo de surpresa sobre o adversario em descanço, e sem segurança, dispersaram-no após ligeira resistência, aponderando-se de 15 cavallos arreiados e aprisionando um soldado. Tivemos apenas um soldado extraviado. Dia 19 – Cerca de 200 adversarios inquietaram nossas tropas, das 13 ás 13 1/2 horas, com tiroteio ininterrupto de metralhadoras. Foram repellidos sem nada conseguir. Cerca de 40 praças adversárias e um official feridos foram transportados para a retaguarda de suas linhas, conforme pudemos observar de nossas posições. Dia 20 – Um reconhecimento mandado para o local onde se feriu o combate de 18, encontrou copioso material bellico, inclusive metralhadoras, fuzis metralhadoras, fuzis Mauser, mosquetões, etc, além de 6.600 cartuchos Mauser, abandonados pelo adversário que recuou. Sepultamos em Ribeira o cadáver de um soldado adversário alli encontrado, com as honras fúnebres pragmática. Dia 21 – Este commando resolveu transferir o seu P.C. que estava a 2 1/2 kilometros á retaguarda, para junto das linhas em abrigo subterrâneo, afim de estar em contacto directo com as tropas entrincheiradas. Dia 22 – A’s 16 horas e 45 minutos de hoje, o adversário desencadeou formidável ataque ás nossas posições utilizando canhão, innumeras metralhadoras e fuzis metralhadores. Apesar de tudo, foram repellidos com a mesma energia, nada conseguindo. Conservamos integralmente as nossas posições. Não houve perdas de nossa parte. Dia 23 – O adversário atacou hoje as nossas linhas das 11 horas ás 11,40 e reiniciou o ataque ás 12 horas até ás 14 horas e meia. As nossas tropas sempre firmes e enthusiasmadas. A’s 17 horas e 25 minutos nova tentativa do adversário para se apossar da ponte S. Paulo- Paraná, sem nada conseguir. Retirou-se ás 18 horas e 45 minutos. Dia 24 – A’s 2 horas e meia da madrugada de hoje, o adversário atacou violentamente com fuzilaria e metralhadora em toda a nossa frente de combate. A’s 3 horas e 50 minutos cessou o ataque. Não tivemos baixa nem cedemos um palmo do terreno. Ribeira continua intransponível. Dia 25 – A’s 22 horas e 45 minutos o adversário atacou fortemente as nossas posições, suspendendo ás 23 horas e 35 minutos. Mais uma vez falhou o golpe. Estamos firmes. Dia 26 – A’ 4 hora da madrugada o inimigo iniciou cerrada fuzilaria ás nossas posições, prolongando-se até 1 hora e cincoenta; ás duas horas reiniciou o fogo que suspendeu vinte minutos depois. Não correspondemos a esse tiroteio do adversário com o fito de o desmoralizar. A’s 6 horas e cincoenta minutos, uma centena de adversários descendo a encosta do monte “Corumbé”, atacou as nossas fortificações próximas á ponte São Paulo-Paraná sendo vigorosamente repellida, retirando-se em debandada, apesar de apoiada por metralhadoras. Falhou mais essa tentativa para a posse da referida ponte e tomada de Ribeira, que só entregaremos quando for detonado o ultimo cartucho. Ribeira, 27-7-932.''|A Gazeta, Notícias do coronel Azarias Silva, 16 de agosto de 1932, p4.}}
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Em Capela da Ribeira também houve importantes adesões, a mais notável foi a do capitão do 1º Batalhão de Infantaria da Força Pública do Paraná, Hermínio da Cunha Cesar, que após passar para o lado paulista se tornou subcomandante do 9º BCR, tropa que reunia em grande parte voluntários paranaenses e que tomou parte de grandes batalhas em Buri e Campina do Monte Alegre, junto ao destacamento do coronel Christiano Klingehoefer.<ref name=":EliasKaram1933"/>
Contudo, as defesas paulistas naquela posição caíram às 10 horas do dia 31 de julho, após um envolvimento consumado pelas tropas federais. No dia anterior havia ocorrido a deserção de cerca de 20 oficiais e praças das tropas do tenente-coronel Azarias Silva,
Os comunicados da ocasião dão conta de alguns detalhes daquele evento:<ref name=":ODia281932"/>
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{{quote2|''(...) Não fosse um dos vários atos individuais que macularam a nobreza da causa de São Paulo e a dignidade da farda, dificilmente aquele passo seria transposto.''|A Revolução Constitucionalista (1932), H. C. Silva, p158.}}
O tenente-coronel Azarias Silva confirmou mais tarde essas informações, após sair da prisão. Não obstante, naquela altura, a posição de Capela da Ribeira estava condenada a cair nas mãos governistas, em função do corte da retaguarda paulista
{{quote2|''(...) Ribeira caiu com 3 officiaes e 56 praças apenas. Não passei por Xiririca, da qual estive a 200 kilometros de distancia. O effectivo da minha tropa nunca excedeu de 300 homens, dos quaes 200 na praça de Ribeira.''|Jornal do Brasil, 2 de novembro de 1932, p1.}}
O envio de reforços em socorro aos paulistas em Capela da Ribeira foi malogrado por causa do atraso da chegada do destacamento do major [[Luís Tenório de Brito]], que
Conforme depoimento do tenente Stoll Nogueira, do Exército Federal, sobre as circunstâncias da tomada de [[Apiaí]]:<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br|publicado=O Dia|local=Curitiba|data=1932-9-13|páginas=1-4|título=Os combates de Capinzal, depoimento do tenente das Forças Federais Stoll Nogueira}}</ref>
{{quote2|''Alcançado o entroncamento do caminho de Ribeirão Branco na estrada geral, no lugar denominado Capinzal, teve, o destacamento Boanerges, de manter duas frentes para Guapiára, ao N., e para Apiaí, ao S. A parlamentação do dia 2, porém, levou aos 600 homens de Apiaí a convicção de que seria inútil tentar a retirada sobre Guapiára-Capão Bonito, induzindo-os a arriscada aventura da fuga por Iporanga-Xiririca, embora abandonado em Apiaí, grande copia de material. Dessa forma, a 4, poude o dest.
Como nas demais frentes, as tropas federais comandadas pelo general Valdomiro Castilho de Lima, em maior número e mais bem equipadas, ocuparam paulatinamente também as cidades de Buri, Taquary, Chavantes, Ourinhos, Piraju, Capela da Ribeira, Apiaí, Guapiara e Capão Bonito. No início de outubro, essas forças estavam contidas pela resistência paulista nas margens do Rio Paranapanema, ameaçando avanço sobre a capital paulista. Segundo o então capitão [[Joaquim Justino Alves Bastos|Joaquim Justino A. Bastos]], então chefe do Estado-Maior do coronel Brasílio Taborda, as forças federais comandadas pelo general Valdomiro Lima totalizaram em média naquela frente cerca de 15 mil homens de tropas regulares, contra um efetivo de 5 mil combatentes do Exército Constitucionalista, compostos em boa parte por tropas não regulares, cuja linha de defesa somava algumas centenas de quilômetros de extensão na fase final do conflito.<ref name=":40" /><ref name=":17" /><ref name=":ForçaPolicialn18"/>
Naquela campanha militar
O coronel Brasílio Taborda, após assumir o comando do setor sul de combate adotou de forma bem-sucedida uma estratégia eminentemente defensiva e de profundidade, baseada na doutrina militar alemã. Buscou naquela frente de combate tão somente a contenção das tropas federais, cedendo terreno pouco a pouco ao adversário ao custo de grande atrito de combate, retardando ao máximo o avanço federal. Com isso, pode poupar recursos e garantir que as tropas constitucionalistas das demais frentes tivessem a possibilidade de assumir a ofensiva rumo a capital federal do país para, enfim, cumprir o objetivo do levante, que consistia na deposição do governo provisório e na convocação de uma Assembleia Constituinte. Até o fim do conflito, o coronel obteve relativo sucesso nesse objetivo, uma vez que as tropas comandadas pelo general Valdomiro Lima, de 22 de julho até 2 de outubro, data da rendição oficial dos paulistas (num total de 72 dias), conseguiram avançar apenas 20 km além da cidade de Buri. Na ocasião das negociações de paz entre as tropas adversárias, no início do mês de outubro, as tropas federais ainda continuavam contidas na altura do Rio Paranapanema, com as trincheiras paulistas posicionadas na margem leste.<ref name=":40" />
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;Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul)
O então estado do Mato Grosso foi o único aliado de São Paulo no conflito. Após a deflagração do levante, a região sul do estado, atualmente contemplada pelo [[Mato Grosso do Sul]],
Em julho de 1932
[[Imagem:Combatentes sul-mato-grossenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932.jpg|thumb|220px|Combatentes sul-mato-grossenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932]]
O setor respectivo ao estado de Maracaju então comandado pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva foi entregue ainda no mês de julho para o tenente-coronel [[Francisco Jaguaribe Gomes de Matos]], que a princípio de setembro veio a ser substituído pelo coronel [[Nicolau Bueno Horta Barbosa]].<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=763900&pesq=Nicolau%20Horta%20Barbosa|título=O commando da Circumscripção Militar de Matto Grosso|data=1932-09-05|edição=07988|publicado=A Gazeta|acessodata=2018-06-01|página=1|idioma=pt}}</ref> O coronel Saturnino de Paiva veio a assumir no mês seguinte o comando do destacamento paulista respectivo ao denominado setor leste de combate, situado na região de Campinas.<ref name=":17" /> Desde os primeiros combates os destacamentos constitucionalistas de Maracaju assumiram a ofensiva para garantir posições estratégicas para o controle da região. À leste, aquela tropa desbaratou uma coluna de soldados federais em [[Paranaíba|Santana do Paranaíba]], e também outra vinda de [[Goiás]], com vários elementos tendo sido presos. Também repeliram forças federais em [[Três Lagoas]] e [[Porto XV de Novembro]]. Ao norte, em [[Coxim]], também debelaram uma coluna vinda de Cuiabá, composta por um cia reduzida do 16º B.C. do Exército e outra do 1º B.C. da Força Pública, que visavam a tomada de Campo Grande. Mais ao sul, em [[Bela Vista]], os rebeldes tomaram a cidade após súbita resistência do interventor municipal Mário Garcia e do comandante do 10º R.C.I. que inicialmente haviam declarado apoio a Revolução. A oeste, os combates foram mais intensos, tendo as tropas revolucionárias tomado a cidade de [[Corumbá]], a [[Base Fluvial de Ladário]], [[Porto Esperança]], o [[Forte Coimbra]] e, por fim, [[Porto Murtinho]], em 12 de setembro de 1932, onde lá desbarataram a flotilha liderada pelo monitor fluvial ''Pernambuco'' e o destacamento governista comandado pelo coronel do Exército Leopoldo Nery da Fonseca Junior. As batalhas pela tomada de Porto Murtinho e Porto Esperança foram os feitos mais notáveis daquelas tropas no conflito, cuja vitória também garantiu para os rebeldes o controle de toda a região atualmente contemplada pelo Estado do Mato Grosso do Sul. Além disso, garantiram o acesso ao [[Oceano Atlântico]] pelo [[Rio Paraguai]], ao [[Rio Paraná]] e a fronteira brasileira com a Bolívia e o Paraguai para viabilizar a entrada de recursos bélicos em favor das tropas revolucionárias, uma vez que o [[Porto de Santos]] estava sob bloqueio da esquadra naval governista. Ainda em meados de setembro, parte daquela força mato-grossense viria dar reforço na frente sul e frente leste paulista de combate, com o Batalhão Visconde de Taunay junto com uma unidade de artilharia se deslocando para [[Capão Bonito]] para combater tropas gaúchas. O controle da região sul do então Estado do Mato Grosso viabilizou o acesso dos revolucionários ao estrangeiro, algo que até então estava restringido, inclusive por meio dele conseguiram realizar o translado dos novos aviões adquiridos dos EUA. A atuação das tropas de Maracaju foi mais tarde reconhecida como notável pelos comandantes paulistas.<ref name=":17" /><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":25" /><ref name=":19">MIRANDA, Alcibíades (coronel). A Rebelião de São Paulo. Curitiba: scp, 1934, 249p. v.2</ref>
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