Mausoléu Ishrat Khana: diferenças entre revisões

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{{Em construção|alguns dias}}
{{Info/Edifício
|nome =Mausoléu Ishrat Khana
|nome_nativo =Ishratxona • {{nowrap|Mausoléu Ishratkhana}}Ishratxona{{nowrap|Mausoléu Ishrat Khaneh}}
|imagens_tamanho =300
|imagem =Mausoleum Ishrathona 05.JPG
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[[Imagem:Mausoleum Ishrathona 04.jpg|thumb|315px|Interior do mausoléu]]
 
O '''Mausoléu Ishrat Khana''' ({{langx|uz|'''Ishratxona'''}}; "casa da alegria"<ref name=uzt/> ou "casa do prazer"), também chamado ou grafado '''Ishratkhana''' ou '''Ishrat Khaneh''', é um [[mausoléu]] de família da [[dinastia timúrida]] em [[Samarcanda]], [[Usbequistão]], construído na década de 1460, durante o reinado do [[sultão]] timúrida {{ilc|Abuçaíde Mirza||Abu Saide Mirza|Abu Sa'id Mirza|Abu Said Mirza|Abu Said (timúridas)|Abu Said (timúridas)}} {{nwrap|r.|1451|1469}}. Juntamente com o [[Mausoléu Ak-Saray]], dez anos mais novo, é um dos últimos monumentos da era timúrida em Samarcanda. Situa-se na parte sudeste da parte antiga da cidade, pouco mais de dois quilómetros a sudeste do [[Reguistão]]. Encontra-se completamente em ruínas.<ref name=ora1/>
 
== História ==
Apesar de ter sido inicialmente um príncipe de menor importância, docujo quepai osnão seusfoi irmãosmonarca, Abuçaíde Mirza, filho de {{ilc|Mirã Xá||Miran Shah Mirza|Miran Shah}} {{nwrap||1366|1408}} e neto de [[Tamerlão]] {{nwrap|r.|1370|1405}}, o fundador do [[Império Timúrida]], conseguiu reunificar os territórios centrais do império fragmentado durante um curto período, durante o qual se assistiu a um pequeno renascimento cultural em Samarcanda, que se dissipou com a sua morte em 1469, quando tinha 45 anos.<ref name=ora1/>
 
Desconhece-se a origem do nome "Ishrat Khana", que significa "casa de prazer", mas pensa-se que pode ser uma referência ao seu belo interior decorado com [[azulejo]]s, o qual não chegou aos nossos dias. Os primeiros [[Arqueologia|arqueólogos]] que estudaram o monumento, como J.&nbsp;Smolik e {{ilc|nlk=x|Ernst Cohn-Wiener}}, consideraram-no uma palácio suburbano de Tamerlão, o que poderia explicar o nome, mas não há qualquer evidência arqueológica que indique o o uso como "casa de prazer".<ref name=ora1/> Outra hipótese proposta é que o nome se deve às ricas decorações interiores outrora existentes.<ref name=arcn1/>
 
Segundo alguns autores, o monumento foi construído para sepultar mulheres da dinastia timúrida e é provável que tenha sido concebido para ser o sucessor do conjunto funerário [[Shakhi-Zinda]], o qual ainda estava em uso na década de 1440. O Ishrat Khana foi mandado construir por Habibah Sultan Begum, a esposa mais velha de Abuçaíde Mirza para nele sepultar a sua filha que morreu muito jovem. O mausoléu passou depois a ser usado para sepultar as mulheres da família imperial timúrida. No final do {{séc|XVII}} havia no mausoléu vinte lápides funerárias.<ref name=arcn1/>
O monumento está severamente arruinado, devido a durante séculos os residentes locais terem retirado tijolos e [[mármore]] para usarem nas casas vizinhas e no cemitério de Abid-Darun, situado a sul, onde placas de mármore com superfícies finamente decoradas foram reutilizadas como lápides funerárias. Na construção da [[Madraça Tillakori]] do Reguistão foi também usado mármore retirado de Ishrat Khana. A extração de elementos arquitetónicos parece ter-se estendido inclusivamente aos delicados ornamentos de [[mosaico]] de [[faiança]] da fachada frontal, cujos [[nicho]]s vazios fazem lembrar a pele de quem sofreu de [[varicela]]. Apesar de tudo, a [[cúpula]] principal sobreviveu até ao início do {{séc|XX}}, como é atestado por uma fotografia de Nikolai V.&nbsp;Bogaevskii datada de 1871 ou 1872. A cúpula desmorou-se em 1903, devido a um [[sismo]], transformando-se num monte de entulho do qual foi extraída matéria-prima para novas construções.<ref name=ora1/>
 
O monumento está severamente arruinado, devido a durante séculos os residentes locais terem retirado tijolos e [[mármore]] para usarem nas casas vizinhas e no cemitério de Abid-Darun, situado a sul, onde placas de mármore com superfícies finamente decoradas foram reutilizadas como lápides funerárias. Na construção da [[Madraça Tillakori]] do Reguistão foi também usado mármore retirado de Ishrat Khana. A extração de elementos arquitetónicos parece ter-se estendido inclusivamente aos delicados ornamentos de [[mosaico]] de [[faiança]] da fachada frontal, cujos [[nicho]]s vazios fazem lembrar a pele de quem sofreu de [[varicela]]. Apesar de tudo, a [[cúpula]] principal sobreviveu até ao início do {{séc|XX}}, como é atestado por uma fotografia de Nikolai V.&nbsp;Bogaevskii datada de 1871 ou 1872. A cúpula desmorou-se em 1903, devido a um [[sismo]], transformando-se num monte de entulho do qual foi extraída matéria-prima para novas construções.<ref name=ora1/>
 
Devido à ''waqf'' (instituição de caridade) não ter recursos financeiros para reparar os estragos causados por sucessivos [[sismo]]s, o monumento foi-se degradando,<ref name=arcn1/> mas a [[cúpula]] principal sobreviveu até ao início do {{séc|XX}}, como é atestado por uma fotografia de Nikolai V.&nbsp;Bogaevskii datada de 1871 ou 1872. A cúpula e o tambor desmoronaram-se em 1903 devido a um sismo, transformando-se num monte de entulho do qual foi extraída matéria-prima para novas construções.<ref name=ora1/> O mausoléu não foi incluído nas campanhas de restauração de monumentos levadas a cabo pelas autoridades soviéticas em Samarcanda entre 1930 e 1970, o mesmo acontecendo com outros programas de reabilitação posteriores. A maior parte dos circuitos turísticos ignoram o Ishrat Khana.<ref name=arcn1/>
 
== Arquitetura ==
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No Ishrat Khana, os conhecimentos adquiridos na construção desses monumentos anteriores floresceram. As soluções inovadoras de [[abóbada]]s usadas no Ishrat Khana, maravilharam Pugachenkova, que escreveu ''«o uso inteligente das leis [[Estereometria|estereométricas]] permitiu aos arquitetos criar mais de dez tipos diferentes de cobertura num único edifício, todos desenvolvendo basicamente um só tipo estrutural».'' Este avanço tecnológico abriu caminho para abóbadas em forma de estrela e outras soluções inovadoras de abóbadas interiores que foram aplicadas a monumentos posteriores em toda a [[Ásia Central]].<ref name=ora1/>
 
[[Imagem:OldSamarkand1.JPG|thumb|left|O mausoléu no final do {{séc|XIX}}, antes da derrocada da cúpula, ocorrida em 1903]]
 
O exterior do mausoléu é dominado pelo ''[[pishtaq]]'' saliente do [[Portal (arquitetura)|portal]] e pelo [[tambor (arquitetura)|tambor]] alongado da [[cúpula]] central. O portal, virado para sudoeste, tem 28 metros de largura e 25 metros de fundo. Em cada um dos lados do ''pishtaq'' há dois [[nicho]]s em foram de arco ogival alongado, com pouca profundidade e dispostos um por cima do outro. A fachada traseira é composta por três painéis decorativos flanqueados por dois nichos similares. O portal dá acesso diretamente para a câmara funerária, a qual é em forma de cruz. A oeste dessa câmara há três divisões, que constituem a capela-[[mesquita]]. No lado oriental há quatro divisões, conhecidas como ''miyan saray'' ou ''miyan khane'', que eram usadas para os ritos fúnebres. Esta planta tripartida é comum a outros monumentos timúridas posteriores, com arcos transversais sustentando a cúpula sobre uma câmara mortuária de [[mármore]].<ref name=arcn1/>
 
A câmara central é alta e é coroada por uma cúpula elíptica plana de 16 lados, suportada por uma série de arcos e redes de arco que se cruzam, uma solução que permitiu reduzir significativamente a altura interna da cúpula e ao mesmo tempo aumentar o vão. Um sistema de planos fraturados, na forma de losangos esticados, formava a transição espacial entre os arcos perpendiculares e os pilares de sustentação. No topo dessa elaborada concha interna, a cúpula externa, de ladrilhos esmaltados, assenta num tambor cilíndrico alto. Da mesma forma, as salas laterais da tumba exibem uma variedade de abóbadas decorativas. No interior dos pilares de canto da câmara central com cúpula há escadas escavadas em espiral que dão acesso às divisões acima da mesquita e do ''miyan saray''. Outra escada leva do saray miyan para a cripta funerária abobadada.<ref name=arcn1/>
 
No [[Tímpano (arquitetura)|tímpano]] há mosaicos policromados com estrelas hexagonais entrelaçadas. As elevações, em grande parte construídas em tijolo, eram decoradas com desenhos geométricos executados em tijolos e faiança, bem como azulejos e painéis pintados. A fachada era emoldurado com faixas de azulejos, incrustações de cerâmica colorida e painéis de mosaicos.<ref name=arcn1/>
 
No interior, no que resta do tambor há vestígios de estrelas hexagonais em relevo. O mausoléu é conhecido pela intrincada ornamentação do interior, de grande perfeição artística. As paredes interiores estão cobertas por mosaicos até à altura dos olhos humanos; acima são cobertas com ''kundal'', um tipo de decoração policromada com motivos vegetais entalhados em alto relevo de argila vermelha, gesso e cola, com uma cobertura de folha de ouro e chumbo brancos. As janelas de vidro colorido do edifício eram uma raridade na região na época da construção.<ref name=arcn1/>
 
{{Referências|refs=
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<ref name=ora1>{{Citar web|url=https://www.orientalarchitecture.com/sid/1409/|título=Ishrat Khana Mausoleum, Samarkand, Uzbekistan|publicado=Asian Historical Architecture. www.orientalarchitecture.com|língua=en|acessodata=2-6-2021}}</ref>
 
<ref name=arcn1>{{Citar archnet.org|id=2137|título=Ishrat Khanah Tomb|acessodata=4-6-2021}}</ref>
<!--
https://www.rilem.net/publication/publication/527?id_papier=12730
https://www.vr-elibrary.de/doi/10.7767/9783205200468.49
https://silkadv.com/en/content/ishrat-khana-mausoleum
-->
}}<!--fim refs-->
 
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*{{Citation|último=Hillenbrand|primeiro=Robert|ano=1994|título=Islamic Architecture: Form, Function, and Meaning|publicado=Columbia University Press|língua=en|local=Nova Iorque|isbn=9780231101332|url={{Googlebooks url|81uo8Vc04gQC}}}}
*{{Citation|último=Knobloch|primeiro=Edgar|ano=2001|título=Monuments of Central Asia|publicado=Bloomsbury Academic|língua=en|isbn=9781860645907|url={{Googlebooks url|gUY_AAAAMAAJ}}}}
*{{Citation|último=O'Kane|primeiro=Bernard|ano=1979|authorlink=|título=Tāybād, Turbat-i Jām and Timurid Vaulting|jornal=Iran|língua=en|volume=17|páginas=87–104|jstor=4299678|doi=10.2307/4299678}}
*{{Citation|último=Pugachenkova|primeiro=Galina Anatolevna|ano=1963|título='Ishrat-Khāneh and Ak-Saray, Two Timurid Mausoleums in Samarkand|jornal=Ars Orientalis|língua=en|volume=5|páginas=177–189|jstor=4629188}}
*{{Citation|último=Tadgell|primeiro=Christopher|ano=2008|título=Islam: From Medina to the Magreb and from the Indes to Istanbul|língua=en|publicado=Routledge|isbn=9780415436090|url={{Googlebooks url|ynYVAQAAIAAJ}}}}
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