Sabeus: diferenças entre revisões

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Os '''sabeus''' eram um povo [[semita]] que, em data desconhecida, entraram na [[Arábia]] meridional vindos do norte e fundaram o [[Sabá (reino)|Reino de Sabá]] no território do atual [[Iêmen]],<ref>Robert D. Burrowes (2010). ''Historical Dictionary of Yemen''. Rowman & Littlefield. p. 319. ISBN <bdi>0810855283</bdi>.</ref><ref>St. John Simpson (2002). ''Queen of Sheba: treasures from ancient Yemen''. British Museum Press. p. 8. ISBN <bdi>0714111511</bdi>.</ref><ref>Kenneth Anderson Kitchen (2003). ''On the Reliability of the Old Testament''. Wm. B. Eerdmans Publishing. p. 116. ISBN <bdi>0802849601</bdi>.</ref> cerca de 370 [[quilômetro]]s a noroeste de [[Adem]]. A civilização dos sabeus principiou entre os séculos XII e X a.C. e seus governantes são mencionados nas crônicas [[Assíria]]s de fins do século VIII e início do século VII a.C.. Os sabeus deixaram uma expressiva quantidade de inscrições que cobrem cerca de 13001 300 anos de sua história e só terminam com a extinção do reino, no século VI. Todavia, as informações contidas nestas inscrições não permitem traçar uma ideia precisa do que foi a sociedade sabeia e deixam margem para muitas dúvidas.
 
A data da fundação de Sabaʾ é um ponto de desacordo entre os estudiosos. Kenneth Kitchen data o reino entre 1200 a.C. e 275 d.C., com sua capital em Ma'rib.<ref>Kenneth A. Kitchen ''The World of "Ancient Arabia" Series''. Documentation for Ancient Arabia. Part I. Chronological Framework and Historical Sources p.110</ref> Por outro lado, Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman escrevem que "o reino sabeu começou a florescer apenas a partir do século VIII a.C" e que a história de Salomão e a rainha de Sabá é "uma peça anacrônica do século VII".<ref>Israel Finkelstein; Neil Asher Silberman, ''David and Solomon: In Search of the Bible's Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition'', p. 171</ref> O Reino caiu após uma guerra civil longa, mas esporádica, entre várias dinastias iemenitas que reivindicavam a realeza;<ref>D. H. Muller (1893), ''Himyarische Inschriften'' (in German), Mordtmann, p. 53</ref><ref>Javad Ali, ''The Articulate in the History of Arabs before Islam,'' Volume 2, p. 420</ref> a partir disso, o extinto [[Reino Himiarita]] surgiu como vitorioso.
 
Os sabeus são mencionados várias vezes na [[Bíblia hebraica]]. No [[Alcorão]],<ref>Brannon M. Wheeler (2002). ''[https://books.google.com/books?id=Lo9jAavEHdIC&pg=PA166 Prophets in the Quran: An Introduction to the Quran and Muslim Exegesis]''. Continuum International Publishing Group. p. 166. ISBN <bdi>0-8264-4956-5</bdi>.</ref> são descritos como ''Saba''', ou como o povo de Tubba' (em árabe: قَـوْم تُـبَّـع, romanizado: Qawm Tubbaʿ).
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Os sabeus são citados várias vezes na [[Bíblia]]: como um povo de alta estatura (Isaías, 45:14), como um povo distante (Joel, 3:8), como mercadores afamados (Ezequiel, 27:22-3; 38:13 e Jó 6:19) que exportavam ouro (Isaías 60:6, Salmos 73:15 e Ezequiel 38:13), pedras preciosas (Ezequiel 27:22), perfumes (Jeremias 6:20), incenso (Isaías 60:6) e talvez comercializassem escravos (Joel, 3:8). A genealogia do Gênesis na Bíblia explica a ascendência de ''Sabá'', o ancestral epônimo dos sabeus. O ''Gênesis'' indica três origens distintas (o que também aponta para regiões geográficas distintas):
 
# filho de Raamá e neto de Cuxe (Gênesis 10:7);
# filho de Joctã e tataraneto de Sem (Gênesis 10:26);
# filho de Jocsã e neto de Abraão, por parte de Quetura (Gênesis 25:3).
 
O historiador [[Grécia antiga|grego]] [[Estrabão]], em sua obra ''Geografia'', acrescenta informações curiosas sobre os sabeus, baseando-se nas informações de [[Eratóstenes]] (século III a.C.). Eles viviam num território situado entre o [[Reino Mineu]] e o [[Reino de Catabã]]. A capital do reino, Maribe, estava situada no topo de uma colina arborizada. O país, como seus vizinhos, constituía-se numa florescente [[monarquia]] ostentando belos templos, palácios e casas que lembravam as dos [[Egito antigo|egípcios]]. A forma de sucessão ao trono era peculiar: o herdeiro manifesto não era o filho do rei, mas o primeiro filho nascido numa família nobre após a coroação do soberano. O rei era também o juiz, mas não podia deixar o palácio, sob pena de ser [[Lapidação (pena de morte)|apedrejado]] até a morte.
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Restos dos sistemas de [[irrigação]] dos sabeus são ainda visíveis no seu antigo território. Um sistema de grandes diques, dos quais o maior estava localizado em Marib, permitiu que a agricultura prosperasse numa região onde a água é escassa.
 
A represa de Marib era uma impressionante obra de engenharia primitiva com cerca de 550 m de comprimento, construída em pedra e cantaria e dotada de comportas para controlar o fluxo da água. Ela irrigava mais de 16001 600 [[hectare]]s de uma região densamente cultivada, e resistiu até 570 d.C., quando, por falta de conservação adequada, rompeu-se e causou grande mortandade, além de imensos prejuízos materiais. Esse desastre foi uma conseqüência, e não a causa da desintegração do estado sabeu, conforme preconiza uma lenda árabe, visto que a decadência se iniciara no século I, com a mudança da rota comercial.
 
O rompimento da represa trouxe a seca para a região e muitos sabeus decidiram emigrar para o norte, o que reduziu a densidade populacional e facilitou, anos mais tarde, o trabalho dos [[Pérsia|persas]] que invadiram Sabá.