Crime de honra: diferenças entre revisões

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Entre os [[aztecas]] e [[incas]], o adultério era punido com a morte.<ref name=":9" /> Durante o governo de [[João Calvino]] em Genebra, as mulheres consideradas culpadas de adultério eram afogadas no rio Ródano.<ref name=":10" />
 
Os assassinatos de honra têm uma longa tradição em alguns países da Europa Mediterrânea (Grécia, Espanha, Itália...) <ref name=":10" />.
 
Em épocas um pouco mais recentes, ficaram conhecidos os casos de [[Tursunoy Saidazimova]] e [[Nurkhon Yuldasheva]]. Tursunoy S., nascida em 1911 em [[Tashkent]], foi a primeira atriz uzbeque da ex-[[União Soviética|URSS]] a tornar-se conhecida por remover o véu em palco. Foi assassinada pelo marido, pressionado pela família, fanáticos religiosos, em 10 de maio de 1928. Nurkhon Y. nascida em 1913, em [[Marguilã]], foi também uma das primeiras mulheres uzbeques a dançar no palco sem o tradicional véu islâmico e por isso foi assassinada por um irmão em 1929. Uma estátua de Nurkhon existiu em Marguilã, mas, julgada inconveniente, foi retirada após o desmantelamento da URSS em 1991.<ref>{{citar web|url=https://www.ietm.org/en/system/files/publications/theatre_in_central_asia_and_afghanistan.pdf|titulo=An Introduction to Theatre Today in Central Asia and Afghanistan|data=Janeiro de 2006|acessodata=|publicado=IETM|ultimo=Tordjman|primeiro=Simon|pagina=74}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=A little boy stands admiring the monumental statue of actress Nurkhon...|url=https://www.gettyimages.pt/detail/fotografia-de-not%C3%ADcias/little-boy-stands-admiring-the-monumental-fotografia-de-not%C3%ADcias/517775498|obra=Getty Images|acessodata=2019-02-04|lingua=pt-pt}}</ref><ref>{{citar livro|título=The Lost Heart of Asia|ultimo=Thubron|primeiro=Colin|editora=Vintage Books|ano=1994|páginas=248|acessodata=}}</ref>
 
== Características únicas do crime de honra ==
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Os assassinatos são por vezes realizados em público, e com crianças assistindo, como um aviso para os outros indivíduos, dentro da comunidade, de possíveis conseqüências de se engajar no que é visto como comportamento ilícito.<ref>{{citar web|url=https://www.washingtonpost.com/news/morning-mix/wp/2014/05/28/in-pakistan-honor-killings-claim-1000-womens-lives-annually-why-is-this-still-happening/|titulo=In Pakistan, 1,000 women die in ‘honor killings’ annually. Why is this happening? (No Paquistão, morrem por ano 1000 mulheres em crimes de honra - Porque é que isto ainda acontece? - em inglês)|data=28 de maio de 2014|acessodata=|publicado=The Washington Post|ultimo=McCoy|primeiro=Terrence}}</ref>
 
Uma característica importante é a conexão dos crimes de honra ao controle do comportamento do indivíduo, (essencialmente a mulher) em particular no que diz respeito à sexualidade /e casamento, pela família como um coletivo. Outro aspecto-chave é a importância da reputação da família na comunidade e o estigma associado à perda de estatuto social, particularmente em comunidades fechadas.<ref>{{citar web|url=http://hbv-awareness.com/faq/|titulo=Frequently Asked Questions about Honour Based Violence (HBV) and Honour Killings:|data=|acessodata=1 de Dezembro de 2018|publicado=HBVA (Honour Based Violence Awareness Network)|ultimo=|primeiro=}}</ref> Os perpetradores muitas vezes não enfrentam estigma negativo dentro de suas comunidades, porque seu comportamento é visto como inteiramente justificado, sendo na maior parte dos casos admirados como verdadeiros heróis.<ref>{{citar web|url=https://www.justice.gc.ca/eng/rp-pr/cj-jp/fv-vf/hk-ch/p1.html|titulo=Preliminary Examination of so-called "Honour Killings" in Canada|data=|acessodata=1 de Dezembro de 2018|publicado=Departement of Justice Government of Canada|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.jn.pt/mundo/interior/kim-kardashian-do-paquistao-morreu-as-maos-do-irmao-5289839.html|titulo="Kim Kardashian do Paquistão" morreu às mãos do irmão|data=17 Julho 2016|acessodata=|publicado=Jornal de Notícias|ultimo=Autor|primeiro=não citado}}</ref><ref>{{citar livro|título=The Hidden Half|ultimo=Robinson|primeiro=Stuart|editora=CHI Books|ano=2017|páginas=38-39|acessodata=}}</ref>
 
Algumas mulheres que se envolvem publicamente com outras comunidades ou adotam alguns dos costumes ou a religião de um grupo externo podem ser atacadas. Nos países que recebem imigrantes, alguns destes têm assassinado membros da família que participaram da vida pública, por exemplo, em políticas feministas e de integração.<ref>{{citar web|url=http://www.spiegel.de/international/the-death-of-a-muslim-woman-the-whore-lived-like-a-german-a-344374.html|titulo=The Death of a Muslim Woman "The Whore Lived Like a German" (A morte de uma mulher muçulmana - A puta vivia como uma alemã)|data=2 Março 2005|acessodata=|publicado=Spiegel (edição on line, inglesa)|ultimo=Biehl|primeiro=Jody K.}}</ref>
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=== Tradição e Religião ===
 
Os crimes de honra são actualmente praticados na maioria por muçulmanos, e também em menor grau por [[sikhs]] e por [[Hinduísmo|hindus]], embora neste último grupo a motivação seja quase sempre questões de casta. O sistema de castas está oficialmente abolido na Índia pelo art.artigo 15 da sua Constituição, todavia, o preconceito de casta atravessa ainda toda a sociedade indiana, mais acentuado nas regiões rurais; casar fora da casta é desaprovado.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/dec/29/india-caste-hinduism|titulo=India's silent prejudice (O preconceito silencioso da India - em línhgua inglesa)|data=29 de Dezembro de 2009|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=Ramnarayan|primeiro=Abhinav}}</ref>
 
A prática dos crimes de honra é anterior ao surgimento do Islão. Não se encontra no Alcorão nada que os ordene. No entanto, anota [[Peter Pilt,]] eles estão, obviamente, profundamente enraizados no mundo islâmico.<ref>{{citar livro|título=Honor Killings (Cap: Honor killing runs rampant in islamic cultures)|ultimo=Idzikowski|primeiro=Lisa (editora)|editora=Green Haven Publishing|ano=2018|páginas=82|acessodata=}}</ref> Existem, contudo, vários hádices que narram mortes por honra ( [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-2/Book-23/Hadith-413/ Sahih Bukhari 2:23:413], [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-3/Book-34/Hadith-421/ Sahih Bukhari 3:34:421], [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-3/Book-49/Hadith-860/ Sahih Bukhari 3:49:860], [http://quranx.com/Hadith/Bukhari/USC-MSA/Volume-4/Book-56/Hadith-829/ Sahih Bukhari 4:56:829] e outros). e a [[Xaria]] prevê a pena capital para o [[adultério]] e [[Apostasia no Islã|apostasia]], dois dos motivos mais fortes dos assassinatos por honra.<ref>{{citar web|url=http://hadithcollection.com/sahihmuslim/145-Sahih%20Muslim%20Book%2017.%20Punishments%20Prescribed%20By%20Islam/12549-sahih-muslim-book-017-hadith-number-4206.html|titulo=Sahih Muslim Book 017, Hadith Number 4206 -Chapter : He who confesses his guilt of adultery.|data=|acessodata=6 de Dezembro de 2016|publicado=Hadith Collection|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://quranx.com/Hadith/IbnMajah/DarusSalam/Volume-3/Book-9/Hadith-1944/|titulo=Sunan Ibn Majah / Volume 3 / Book 9 / Hadith 1944|data=|acessodata=6 de Dezembro de 2018|publicado=QuranX|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.loc.gov/law/help/apostasy/#_ftn67|titulo=Laws Criminalizing Apostasy|acessodata=29 de Setembro de 2017|publicado=The Law Library of Congress}}</ref> Para Peter Pilt, tal como no caso da [[mutilação genital feminina]], que precedeu o Islão, os crimes de honra foram adoptados como ''"a coisa certa a fazer no Islão",'' sendo aprovados por muitos clérigos.<ref>{{citar livro|título=Honor Killings - ed. de Lisa Idzikowski (Cap: Honor killing runs rampant in islamic cultures)|ultimo=Pilt|primeiro=Peter|editora=Greenhaven Publishing|ano=2018|páginas=86-87|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo O1.2 Os seguintes (crimes) não estão sujeitos a retaliação:(...) 2- um muçulmano por matar um não muçulmano; -3- um judeu ou cristão do estado islâmico por matar um apóstata do Islã (porque um súbdito do Estado está sob sua proteção, enquanto matar um apóstata do Islã não tem consequências); -4- um pai ou mãe (ou seus pais e mães) por matar sua prole, ou descendência da sua prole;(...)|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997|acessodata=}}</ref>
 
A muçulmana [[Riffat Hassan]], professora aposentada da Universidade de Louisville e especialista no Alcorão, comenta: ''"A cultura muçulmana reduziu muitas mulheres, se não a maioria, à posição de marionetes, a criaturas semelhantes a escravas cujo único propósito na vida é atender às necessidades e prazeres dos homens ".''<ref>{{citar web|url=https://www.phoenixnewtimes.com/news/how-a-muslim-woman-was-honor-killed-by-her-father-because-he-believed-she-was-too-americanized-6445842|titulo=How a Muslim Woman Was "Honor-Killed" by Her Father Because He Believed She Was Too Americanized|data=1 de Abril de 2010|acessodata=|publicado=Phoenix News Times|ultimo=Rubin|primeiro=Paul}}</ref> Ela assinala que as crianças do sexo feminino são discriminadas desde o momento do nascimento, pois é costume nas sociedades muçulmanas considerar um filho como um presente e uma filha como uma provação vinda de Deus. Desta forma, o nascimento de um filho é uma ocasião para celebração, enquanto o nascimento de uma filha pede comiseração, se não lamentação.<ref>{{citar web|url=http://www.religiousconsultation.org/hassan2.htm#six|titulo=Are Human Rights Compatible with Islam? - The Issue of the Rights of Women in Muslim Communities|data=|acessodata=2 de Janeiro de 2019|publicado=The Religious Consultation|ultimo=Hassan|primeiro=Riffat}}</ref>
 
=== Leis ===
Quadros legais podem encorajar mortes por honra. Tais leis incluem, por um lado, a leniência em relação a esses assassinatos e, por outro lado, a criminalização de vários comportamentos, como sexo extraconjugal, vestimentas "tidas como indecentes" em locais públicos ou actos homossexuais, com essas leis agindo como uma forma de garantir aos perpetradores que as pessoas envolvidas nesses comportamentos merecem punição.<ref>{{citar web|url=http://www.stopvaw.org/law_and_policy3|titulo=Law and Policy on "Honor" Killings and Crimes|data=Novembro de 2008|acessodata=|publicado=Stop Violence Against Women|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Na maioria dos países onde as mortes por honra são toleradas, esses actos enquadram-se nas leis gerais de assassinato, mas ao mesmo tempo são aceites como defesa circunstâncias atenuantes que podem ser encontradas nos seus códigos penais. Essas atenuantes muitas vezes têm origem em antigos códigos penais do tempo colonial (espanhóis, franceses, otomanos, britânicos, etc.) onde os crimes de honra são vistos como semelhantes aos chamados [[Crime passional|"crimes passionais"]], em que a sentença é baseada não no acto em si, mas nos sentimentos do agressor. Se a defesa da honra da família for considerada uma circunstância atenuante, o criminoso pode incorrer em uma sentença de apenas alguns meses.<ref>{{citar web|url=http://www.europarl.europa.eu/thinktank/en/document.html?reference=EXPO-JOIN_ET(2007)385527|titulo=Honour Killing its Causes & Consequences: Suggested Strategies for the European Parliament|data=20 de Dezembro de 2007|acessodata=|publicado=European Parlament|ultimo=Hailé|primeiro=Jane|pagina=10}}</ref>
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Tomando como exemplo o Paquistão, o membro de uma família podia cometer o assassinato e de seguida, de acordo com a lei, ser perdoado pelos guardiões da vítima, geralmente cúmplices do crime. A questão não costuma chegar sequer aos tribunais, e a vítima é esquecida como se nunca tivesse existido.<ref name=":1">{{citar livro|título=Honor Killings in the Twenty-first Century|ultimo=Pope|primeiro=Nicole|editora=Palgrave MacMillan|ano=2012|páginas=167, 176|acessodata=}}</ref>
 
Na Jordânia, o Artigoartigo 340 do Códigocódigo Penalpenal estabelece que ''“quem descobre sua mulher ou um de seus parentes cometendo adultério com outro, e mata, ou fere um ou ambos, está isento de qualquer pena.'' <ref name=":1" />
 
No Bangladesh, a 27 de Fevereiro de 2017 foi aprovada uma nova legislação que permite que raparigas menores se casem — nomeadamente com os violadores - se se tratar de ''“um caso especial”'' e se os pais considerarem que o casamento é do ''“melhor"melhor interesse”''interesse" para a menina. O Governo defende esta medida como medida de proteção da honra das meninas que engravidam. Mas organizações como a [[Girls Not Brides]] defendem que a medida legitima a violência sexual e incentiva ao casamento de menores — segundo um relatório de 2016 da UNICEF, 52% das raparigas do Bangladesh já estão casadas pelos seus 18 anos.<ref>{{citar periódico|ultimo=Friaças|primeiro=Andreia|data=30 de Dezembro de 2018|titulo=“Quando uma menina é violada, torna-se impura. E tudo aquilo em que toca torna-se impuro também”|url=https://www.publico.pt/2018/12/30/mundo/noticia/menina-violada-bangladesh-tornase-impura-pessoas-acham-toca-tornase-impuro-tambem-1856287|jornal=Público|acessodata=}}</ref>
 
== Casos e Vítimas ==
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Foi a activista Hirsi Ali que na Holanda, como parlamentar, levantou a questão dos crimes de honra na Holanda em 2002. Até ali, não havia registo de casos, que quando relatados eram tratados como vulgares homicídios ou violência doméstica. No seu trabalho anterior como tradutora em centros de abrigo para mulheres maltratadas, Hirsi Ali tinha verificado o número desproporcionado de mulheres muçulmanas ali acolhidas.O Instituto Trimbos, em 2000, constatou que mais de metade (56%) dos moradores dos abrigos de mulheres eram imigrantes. muito embora os imigrantes representem apenas cerca de doze por cento da população da Holanda. Estes números, contudo, são provávelmente a ponta do icebergue, Muitas mulheres não só são maltratadas, mas também trancadas ou isoladas do mundo exterior, por exemplo, porque não lhes é permitido aprender a língua holandesa. A sociedade holandesa, tolerante e pacífica, não queria estigmatizar qualquer grupo.<ref>{{citar livro|título=De zoontjesfabriek Fábrica de filhos) CapːPvdA subestima o sofrimento das mulheres muçulmanas (em holandês)|ultimo=Ali|primeiro=Ayan Hirsi|editora=|ano=2002|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=In honor of Fadime : murder and shame|ultimo=Wikan|primeiro=Unni|editora=The University of Chicago Press|ano=2008|páginas=79-80|acessodata=}}</ref>
 
Em Outubro de 2003, deu-se um dos casos mais conhecidos, o de Zarife, de 18 anos e origem turca. Levada pelos pais para Ankara, a pretexto de férias, foi morta, segundo Hirsi Ali, por conviver com raparigas holandesas e abandonar o ''hijab''.<ref>{{citar web|url=https://womensenews.org/2005/01/hirsi-ali-leaves-hiding-spotlight-honor-killings/|titulo=Hirsi Ali Leaves Hiding to Spotlight Honor Killings|data=23 de Janeiro de 2005|acessodata=|publicado=Women´s eNews|ultimo=Esman|primeiro=Abigail R}}</ref>
 
=== Índia ===
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Em 2006, Hina Saleem, de 20 anos, uma paquistanesa que morava em [[Bréscia|Brescia]], na Itália, foi morta por seu pai, que alegou estar ''"a salvar a honra da família"''. Ela recusara um casamento arranjado e morava com um namorado italiano. Hina S. foi morta com vinte e oito facadas na garganta e enterrada no jardim da casa com a ajuda de familiares.
 
Souad Sbai, fundadora da Associação de Mulheres Marroquinas na Itália, comentaː ''"Casos de 'crimes de honra representam um fracasso do sistema de [[multiculturalismo]]''. ''Continuamos a subestimar o problema, porque esses grupos étnicos vivem suas próprias vidas com pouca integração, especialmente para as mulheres".''
 
Na própria Itália, contudo, uma lei que oferecia a possibilidade de clemência em casos de crimes de honra só foi revogada em 1981.<ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/world/europe/murder-of-muslim-girl-rebel-by-her-father-shocks-all-italy-6232053.html|titulo=Murder of Muslim girl 'rebel' by her father shocks all Italy|data=20 de Agosto de 2006|acessodata=|publicado=|ultimo=Popham|primeiro=Peter}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-europe-12416394|titulo=Murdered by her father for becoming a Western woman|data=10 de Fevereiro de 2011|acessodata=|publicado=BBC|ultimo=Kennedy|primeiro=Duncan}}</ref>
 
=== Jordânia ===
Em 31 de maio de 1994, [[Kifaya Husayn]], uma jovem jordaniana de 16 anos, foi amarrada a uma cadeira por seu irmão de 32 anos. Deu-lhe um copo de água e disse-lhe para recitar uma oração islâmica. Então cortou-lhe a garganta e correu para a rua, acenando a faca ensanguentada e gritando: ''"Eu matei minha irmã para limpar minha honra"''. O "crime" de Kifaya fora ser violada por outro seu irmão, um homem de 21 anos. O assassino foi condenado a quinze anos, mais tarde reduzidos a sete anos e meio.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/world/1999/sep/07/3|titulo=Jordan's women fight to repeal honour killing law|data=7 de Setembro de 1999|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=Thomas|primeiro=Karen}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.memri.org/reports/%E2%80%98honor%E2%80%99-murders-%E2%80%93-why-perps-get-easy|titulo=‘Honor’ Murders – Why the Perps Get off Easy|data=31 de Janeiro de 2007|acessodata=|publicado=MEMRI|ultimo=Feldner|primeiro=Yotam}}</ref>
 
=== Paquistão ===
A maioria dos crimes de honra é cometida por pobres e desfavorecidos. Mas Samia Sarwar, de 29 anos,casada e com dois filhos, pertencia a uma família abastadaː era filha do presidente da Câmara de Comércio de [[Peshawar]], e sua mãe era médica. Alegando abuso conjugal, Samia S. fugiu com Nadir Mirza, um oficial do exército, deixando os filhos com seus pais. Samia então procurou obter um divórcio, e contactou [[Hina Jilani]], e [[Asma Jahangir]], feministas e advogadas bem conhecidas por terem a cabeça a prémio por grupos islamistas. Pouco depois, numa reunião entre Samia e sua mãe, em 6 de Abril de 1999, em seus escritórios em Lahore, Samia foi morta a tiros por um assassino contratado por seus próprios pais, que também tentou matar H.Jilani.
 
Os pais de Samia e o indivíduo que ainda era seu marido perdoaram o assassino, e o caso ficou por aqui. Nadir Mirza foi expulso do exército por "baixa moral" . As duas advogadas foram ameaçadas de morte por fanáticos religiosos, principalmente o grupo [[Jamiat-e-Ulema-e-Islam]], por alguns membros da Câmara de Comércio de Peshawar e pelo pai da vítima e seus apoiantes. Muitos paquistaneses estavam furiosos - houve violentas manifestações contra as advogadas.<ref>{{Citar web|titulo=Robert Fisk: Relatives with blood on their hands|url=http://www.independent.co.uk/voices/commentators/fisk/robert-fisk-relatives-with-blood-on-their-hands-2073142.html|obra=The Independent|data=2010-09-08|acessodata=2019-02-17|lingua=en}}</ref><ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20100329054735/http://www.jazbah.org/asmaj.php|titulo=Asma Jahangir|data=29 de Março de 2010|acessodata=|publicado=Jazbah Magazine (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=Kazmi|primeiro=Laila}}</ref><ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20081203171739/http://www.newint.org/issue363/view.htm|titulo=When culture kills|data=Dezembro de 2003|acessodata=|publicado=New Internationalist (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=Butalia|primeiro=Urvashi}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=UN Executions Envoy Threatened With Death|url=https://www.hrw.org/news/1999/04/13/un-executions-envoy-threatened-death|obra=Human Rights Watch|data=1999-04-13|acessodata=2019-02-17|lingua=en|primeiro=Human Rights Watch &#124; 350 Fifth|ultimo=Avenue|primeiro2=34th Floor &#124; New|ultimo2=York|primeiro3=NY 10118-3299 USA &#124;|ultimo3=t 1.212.290.4700}}</ref><ref>{{citar livro|título=A family conspiracy: Honor Killing" - 2018, New English Review Press|ultimo=Phyllis|primeiro=Chesler|editora=New English Review Press|ano=2018|páginas=300|acessodata=}}</ref>[[Imagem:Mukhtaran Mai2005.jpg|miniatura|200px|direita|Mukhtaran Bibi cerca de 2005]] Em Junho de 2002, [[Mukhtaran Bibi]] (ou Mukhtar Mai) no sul do Paquistão, sofreu uma violação de grupo ordenada por um conselho tribal, e foi depois obrigada a passear nua diante de uma multidão de 300 pessoas. Ela não cometeu suicídio, como é esperado nos incidentes de violação em grupo no Paquistão, mas tentou buscar justiça, com a ajuda dum líder islâmico local. Após quase uma década, cinco dos seis acusados de estupro foram absolvidos, enquanto o sexto foi sentenciado a prisão perpétua, mais tarde suspensa. Com a indemnização que recebeu depois do julgamento, Mukhtaran decidiu usar o dinheiro em prol da sua comunidade. Semanas após o julgamento, já estava a trabalhar no projecto de construção de duas escolas, uma para meninos e outra para meninas que, tradicionalmente, são impedidas de estudar.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20130820214857/http://www.nytimes.com/2005/06/14/opinion/14kristof.html?_r=0|titulo=Raped, Kidnapped and Silenced|data=14 de Junho de 2005|acessodata=|publicado=The New York Times (Arq. em WayBack Machine)|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://activa.sapo.pt/estilo-de-vida/2007-04-30-Mukhtaran-Bibi-transformou-a-dor-em-esperanca|titulo=Mukhtaran Bibi transformou a dor em esperança|data=1 de Maio de 2007|acessodata=|publicado=Activa|ultimo=Correia|primeiro=Cristina}}</ref> Ela continua a enfrentar discriminação generalizada no Paquistão e tem sido objeto de prisão domiciliar, detenção ilegal e assédio por parte do governo e de agentes da lei, sendo acusada de dar má imagem do país.<ref>{{citar web|url=https://www.huffingtonpost.com/human-rights-first/mukhtar-mai-pakistani-wom_b_219553.html|titulo=Women’s Rights in Pakistan: Descending into Darkness|data=25 de Julho de 2009|acessodata=|publicado=Huffington Post|ultimo=Human Rights First|primeiro=}}</ref>
 
Em Julho de 2008, em Baba Kot, no Paquistão, três mulheres, que tinham desejado escolher os maridos, foram enterradas ainda vivas, após um julgamento sumário por uma [[jirga]] tribal. Duas familiares que teriam tentado defendê-las foram mortas também.<ref>{{citar web|url=https://www.lemonde.fr/asie-pacifique/article/2008/09/25/pakistan-un-crime-au-nom-de-la-tradition_1099397_3216.html|titulo=Pakistan : un crime au nom de la tradition -Victimes d'un "crime d'honneur", cinq femmes ont été ensevelies vivantes dans une fosse commune, dans la province pakistanaise du Baloutchistan. Un acte qui soulève les consciences.|data=25 de Setembro de 2008|acessodata=|publicado=Le Monde|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.nytimes.com/2008/09/02/world/asia/02iht-pstan.4.15840349.html|titulo=Pakistan investigates case of 5 killed over 'honor'|data=2 de Setembro de 2008|acessodata=|publicado=The New York Times|ultimo=Masood|primeiro=Salman}}</ref>
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A polícia prendeu o pai de Saba, Maqsood, e o tio, Muhammad, e a defesa deles foi que eles fizeram a coisa certa.''"Ela tirou-nos a nossa honra"'', disse Maqsood. Finalmente, e após enormes pressões da comunidade, Saba perdoou aos seus agressores. As leis paquistanesas em vigor permitem que os assassinos, após serem perdoados pela vítima ou pela sua família, saiam em liberdade. Saba continua a recear pela sua vida.<ref>{{citar web|url=https://www.samaa.tv/news/2017/03/pakistani-woman-fears-for-life-after-surviving-honour-killing/|titulo=Pakistani woman fears for life after surviving honour killing|data=3 de Março de 2017|acessodata=|publicado=Samaa|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Este caso foi o tema dum famosodo documentário, " ''[[A Girl in the River: The Price of Forgiveness]]"'' (''(Uma Garota no Rio: O Preço do Perdão'')'','' da cineasta [[Sharmeen Obaid-Chinoy]], a qual já tinha realizado também "[[Saving Face (curta-metragem)|''Saving Face'']]" acerca dos ataques com ácidos sobre mulheres no Paquistão. Ela foi acusada por muitos paquistaneses de denegrir o Paquistão, no que ela chama de "matar o mensageiro".<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/film/2016/feb/14/sharmeen-obaid-chinoy-interview-saba-qaiser-honour-killing-documentary-girl-river-oscar-nomination|titulo=Interview: The case of Saba Qaiser and the film-maker determined to put an end to 'honour' killings|data=14 de Fevereiro de 2016|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=Clark|primeiro=Alex}}</ref>
 
Em 15 de julho de 2016, em [[Multan]], Paquistão, a modelo [[Qandeel Baloch]] foi asfixiada enquanto dormia em Multan. Seu irmão, Muhammad Waseem, viciado em drogas, confessou o crime, dizendo que ela estava a atingir a honra da família. Qandeel era o sustento financeiro de cerca de uma dúzia de familiares. O assassino, que foi ajudado por familiares, orgulha-se do ocorridoːocorrido: ''"As mulheres nascem para ficar em casa e seguir as tradições",'' disse ele. ''"Agora todos se vão lembrar de mim com honra."'' <ref>{{citar web|url=http://www.newser.com/story/228836/family-implodes-after-son-kills-sister-model-for-honor.html|titulo=Family Implodes After Son Kills Sister Model for Honor - Qandeel Baloch's sister, cousin have now been arrested; parents want revenge on son|data=28 de Julho de 2016|acessodata=|publicado=Newser|ultimo=Dier|primeiro=Arden}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/people/qandeel-baloch-death-father-of-pakistani-social-media-star-says-he-wants-to-seek-revenge-a7154416.html|titulo=Qandeel Baloch death: Father of Pakistani social media star says he wants to seek revenge - The Pakistani celebrity was brutally drugged and strangled by her brother|data=25 de Julho de 2016|acessodata=|publicado=|ultimo=Oppenheim|primeiro=Maya}}</ref>
 
Um dos principais jornais do Paquistão, [[Dawn (jornal)|Dawn]], escreveuːescreveu: ''"O assassinato dela ... deve servir como um incentivo para os legisladores renovarem as exigências de legislação para proteger as mulheres que estão ameaçadas sob falsas noções de honra".''
 
O primeiro-ministro Nawaz Sharif prometeu aprovar uma legislação de proteção às mulheres. Em Outubro de 2016, foi aprovada uma lei que não permite aos assassinos serem perdoados pela família da vítima para evitar a prisão. Agora, o perdão apenas poupará a pena de morte. As novas leis tiveram a oposição de grupos religiosos poderosos. O Conselho de Ideologia Islâmica (CII), que aconselha os legisladores sobre a compatibilidade das legislações com o Islã, considerou a nova lei "não islâmica". Farid Paracha, líder do partido fundamentalista [[Jamaat-e-Islami Pakistan]] em Lahore, também culpou Baloch pela sua própria morte.<ref>{{citar web|url=https://www.dw.com/en/pakistani-model-qandeel-baloch-patriarchys-latest-victim/a-19407324|titulo=Pakistani model Qandeel Baloch - Patriarchy's latest victim|data=18 de Julho de 2016|acessodata=|publicado=DW|ultimo=Shams|primeiro=Shamil (e outro)}}</ref><ref name=":7">{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-asia-37578111|titulo='Honour killings': Pakistan closes loophole allowing killers to go free|data=6 de Outubro de 2016|acessodata=|publicado=BBC News|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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=== Reino Unido ===
Em 1998, em Londres, desta vez entre a comunidade [[Siquismo|sikh,]] o assassínio de Surjit Athwal,de 27 anos, que procurava o divórcio dum casamento forçado aos seus 16 anos, foi decidido numa reunião familiar, ''"entre chá e biscoitos"''. Dentro de três semanas, a mulher, Surjit, foi morta: atraída com unum falso pretexto numa viagem á Índia, foi drogada, estrangulada e atirada ao [[rio Rauí]]. O seu corpo nunca foi encontrado.<ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/uk/crime/slaves-on-our-streets-honour-based-abuse-forced-marriages-modern-slavery-london-karma-nirvana-a8043576.html|titulo=Slaves on our Streets: 'Honour-based' abuse and forced marriage rife in London, campaigners warn. Police fear they are only currently dealing with 'tip of iceberg'|data=|acessodata=23 de Dezembro de 2018|publicado=The Independent|ultimo=Moore-Bridger|primeiro=Benedict}}</ref>
 
Após o crime, e com risco da própria vida, a irmã [[Sarbjit Kaur Athwal]] lutou por justiça durante nove anos. Os seus esforços e o seu testemunho levaram á condenação da sogra de Surjit, Bachan Athwal, a prisão perpétua, e de Sukhdave, o marido a 27 anos de prisão. ,
 
Mesmo após o desfecho deste caso no Reino Unido, Sarbjit Athwal, que escreveu um livro sobre o crime, ''"Shamed"'', sofreu ameaças de morte.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/uk/2007/jul/27/ukcrime.uknews4|titulo=Woman arranged 'honour killing' of daughter-in-law during trip to India|data=27 de Julho de 2007|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=McVeigh|primeiro=Karen}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/uk/2007/sep/20/ukcrime.prisonsandprobation|titulo=Woman, 70, and her son get life for 'honour killing' of daughter-in-law|data=20 de Setembro de 2007|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=McVeigh|primeiro=Karen}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.goodreads.com/book/show/16127267-shamed|titulo=Shamed: The Honour Killing That Shocked Britain – by the Sister Who Fought for Justice|data=|acessodata=22 de Dezembro de 2018|publicado=GoodReads|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Em 7 de Janeiro de 1999, em Londres, [[Tulay Goren]], 15 anos, de origem turca, e duma família xiita, foi drogada, torturada e morta pelo próprio pai por causa da sua relação com um homem sunita. O corpo nunca foi encontrado. O caso só chegou à justiça graças ao testemunho condenatório da mãe e da irmã de Tulay, que receiam pela sua vidaːvida: ''"Esta gente nunca esquece".'' Tal tipo de crimes aumenta constantemente, segundo os dados da polícia britânica. Diana Nammi, diretora da ''Iranian and Kurdish Women Rights Organization'', descreveu os números oficiais como "a ponta do iceberg" e sugeriu que há mais de 500 crimes de honra a cada ano em todo o Reino Unido.<ref>{{citar web|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/crime/6832862/Honour-killing-father-convicted-of-murder-of-Tulay-Goren.html|titulo=Honour killing: father convicted of murder of Tulay Goren|data=17 de Dezembro de 2009|acessodata=|publicado=The Telegraph|ultimo=Bingham|primeiro=John}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/crime/6835482/Tulay-Goren-murder-honour-crimes-doubling-every-year-figures-show.html|titulo=Tulay Goren murder: 'honour' crimes doubling every year, figures show - "Honour killings" are now running at the rate of one a month, it has emerged, following a shocking rise in violent crimes committed in Britain in the name of religion.|data=18 de Dezembro de 2009|acessodata=|publicado=The Telegraph|ultimo=Rayner|primeiro=Gordon (e outro)}}</ref><ref>{{citar livro|título=Social Work in a Globalizing World|ultimo=Dominelli|primeiro=Lena|editora=Polity Press|ano=2010|páginas=134-135|acessodata=}}</ref>
 
Em 11 de Setembro de 2003, [[Shafilea Ahmed]], de 17 anos de idade, britânica de ascendência paquistanesa, foi morta em [[Warrington (Cheshire)|Warrington]], Cheshire, pelo próprio pai, que lhe forçou um saco de plástico pela garganta até a sufocar, com a cumplicidade da mãe e na presença dos quatro irmãos da vítima. O motivo, entre outros, como a "ocidentalização" foi a recusa dum casamento forçado com um paquistanês.
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A investigação policial só conseguiu avançar quando a irmã mais nova de Shafilea, Alesha Ahmed, em Agosto de 2010, confessou à Polícia ter testemunhado o crime. O cadáver foi lançado a um rio, e as crianças ameaçadas para se calarem. Os pais de Shafilea foram por fim condenados a prisão perpétua.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Carter|primeiro=Helen|data=2012-05-21|titulo=Shafilea Ahmed 'honour killing' witnessed by sister, court told|url=https://www.theguardian.com/uk/2012/may/21/shafilea-ahmed-killing-chester-crown-court|jornal=The Guardian|lingua=en-GB|issn=0261-3077}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Bunyan|primeiro=Nigel|data=2012-08-03|titulo=Parents of Shafilea Ahmed sentenced to 25-years after being found guilty of her 'honour' killing|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/law-and-order/9449374/Parents-of-Shafilea-Ahmed-sentenced-to-25-years-after-being-found-guilty-of-her-honour-killing.html|lingua=en-GB|issn=0307-1235}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/uk-england-19068490|titulo=Shafilea Ahmed murder trial: Parents guilty of killing|data=3 de Agosto de 2012|acessodata=|publicado=BBC|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
Em 2010, [[Afshan Azad]], actriz britânica de ascendência bengalesa, conhecida pelo seu papel de Padma Patil nos filmes de [[Harry Potter (série de filmes)|Harry Potter]], foi atacada e ameaçada de morte por seu pai e irmão por causa da sua relação com um não muçulmano (um hindu) - uma relação ''"inaceitável e intolerável"'' segundo os dois homens. Chamada de prostituta, e após meses de abuso, ela acabou por fugir pela janela do quarto, refugiando-se junto de amigos. Seu irmão foi condenado em 21 de Janeiro de 2011 a seis meses de prisão.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2011/jan/27/afshan-azad-assault-case|titulo=Broken family values|data=27 de Janeiro de 2011|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=Bhatti|primeiro=Shazia}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.purepeople.com/article/afshan-azad-de-harry-potter-son-frere-et-agresseur-est-condamne-et-en-prison_a72421/1|titulo=Afshan Azad de Harry Potter : Son frère et agresseur est condamné et en prison !|data=21 de Janeiro de 2011|acessodata=|publicado=Pure People|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/uk/crime/harry-potter-star-beaten-after-meeting-non-muslim-man-2165440.html|titulo=Harry Potter star 'beaten after meeting non-Muslim man'|data=|acessodata=8 de Janeiro de 2019|publicado=The Independent|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
=== Suécia ===
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=== Territórios Palestinianos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) ===
Em 2005, [[Faten Habash]], de 22 anos, desta feita uma cristã da [[Cisjordânia]], teria "desonrado" sua família por se apaixonar por um jovem muçulmano. Ela já tinha passado um período no hospital, a recuperar de uma pélvis partida e vários outros ferimentos causados por agressões do pai e de outros membros próximos da família.. Foi espancada até à morte, pelo próprio pai, com uma barra de ferro dias depois.<ref name=":4">{{citar web|url=https://www.theguardian.com/world/2005/jun/23/israel|titulo=Murdered in name of family honour -Chris McGreal in Ramallah reports on a rise in killings of Palestinian women|data=23 de Junho de 2005|acessodata=|publicado=The Guardian|ultimo=McGreal|primeiro=Chris}}</ref><ref name=":5">{{citar web|url=https://www.dawn.com/news/1067995|titulo=Honour killings of Palestinian women on the rise|data=24 de Junho de 2005|acessodata=|publicado=Dawn|ultimo=McGreal|primeiro=Chris}}</ref>
 
Alguns dias depois destes acontecimentos, em Jerusalém, Maher Shakirat convocou três de suas irmãs para uma discussão, depois de uma delas, Rudaina, ter sido expulsa pelo marido por um alegado ''affaire''. Maher escutou as negativas de Rudaina e de suas irmãs. Então ele forçou as três mulheres a beber [[lixívia]] antes de estrangular Rudaina, que estava grávida de oito meses. A seguir estrangulou Amani,de 20 anos. A terceira, Leila, escapou, mas ficou gravemente ferida pela lixívia.<ref name=":4" /><ref name=":5" />
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Em 22 de Agosto de 2019, na cidade palestiniana de [[Belém (Palestina)|Belém]], [[Israa Ghrayeb]], uma jovem de 21 anos, morreu no hospital depois de ter sido espancada duas semanas antes e ter "caído" da varanda do segundo andar da casa familiar, após ter publicado na Internet uma ''selfie'' com seu futuro noivo. A família disse que ela saltara da varanda por ter sido "possuída por demónios" . Já no hospital, onde se encontrava a ser tratada, com lesões graves na coluna, foi espancada de novo, por familiares, até à morte.<ref>{{Citar web|titulo=Palestinian 'honor killing' sparks outrage, calls for women's protection {{!}} DW {{!}} 02.09.2019|url=https://www.dw.com/en/palestinian-honor-killing-sparks-outrage-calls-for-womens-protection/a-50265088|obra=DW.COM|acessodata=2019-09-08|lingua=en-GB|primeiro=Deutsche|ultimo=Welle (www.dw.com)}}<br /></ref><ref>{{Citar web|titulo=#WeAreIsraa: Outrage as Palestinian woman 'tortured to death' in honour killing|url=https://www.alaraby.co.uk/english/news/2019/8/31/man-tortures-palestinian-sister-to-death-in-honour-killing|obra=alaraby|acessodata=2019-09-08|lingua=en|primeiro=Diana|ultimo=Alghoul}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/israa-ghrayeb-palestine-honour-killing-protest-beit-sahour-a9089976.html|titulo=Suspected honour killing of 21-year-old woman sparks Palestinian protests - 'Israa was murdered by members of her family after she posted a selfie video of an outing with her fiance,' says campaign group|data=3 de Setembro de 2019|publicado=The Independent|ultimo=Oppenheim|primeiro=Maya}}</ref>
 
Segundo o Ministério Palestiniano dos Assuntos Femininos, vinte meninas e mulheres foram assassinadas em crimes de honra em 2004 e cerca de 50 cometeram suicídio - muitas vezes sob coerção - por "envergonhar" a família por sexo fora do casamento, recusar um casamento arranjado ou procurar divórcio. Outras 15 mulheres sobreviveram a tentativas de assassínio.<ref name=":4" /><ref name=":5" />
 
O Ministério diz que dezenas de outros assassinatos são encobertos a cada ano. ''"Tivemos uma mulher de 26 anos que foi certificada como morrendo de velhice"'', disse Maha Abu Dayyeh Shamas, diretora do Centro de Mulheres para Assistência Jurídica e Aconselhamento. ''"Colocar 'queda em poço' no atestado de óbito é muito comum. Descobrimos que as mulheres foram estranguladas e depois atiradas ao poço."''<ref name=":4" /><ref name=":5" />
 
=== Turquia ===
[[Hatice Firat,]] de 19 anos, em Mersin, Turquia, fugiu com o namorado. O seu irmão, Mahsun, convenceu-a a dizer-lhe onde estava hospedada, e prometeu guardar o segredo. Mahsun e a família decidiram então, em grupo, que Hatice deveria ser executada. O irmão visitou-a na sua nova casa e convidou-a para dar um passeio pela praia. Atraiu-a para uma área isolada, cortou-lhe a garganta, esfaqueou-a quarenta vezes, e atirou o corpo a um rio. Quando o cadáver foi encontrado, a família recusou-se a comparecer ao funeral, que foi realizado por um grupo de mulheres (amigas e vizinhas). A polícia deteve onze familiares.<ref name=":8">{{citar web|url=https://www.csmonitor.com/World/2011/0414/Turkey-grapples-with-spike-in-honor-killings|titulo=Turkey grapples with spike in 'honor' killings|data=14 de Abril de 2011|acessodata=|publicado=The Christian Science Monitor|ultimo=Christie-Miller|primeiro=Alexander}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Hatice Firat &#124; Memini|url=http://memini.co/memini/hatice-firat/|obra=memini.co|acessodata=2019-02-02}}</ref><ref name="theguardian.com">{{Citar periódico|ultimo=Shafak|primeiro=Elif|data=2011-03-21|titulo=Turkey: Looking for honour in all the wrong places &#124; Elif Shafak|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/2011/mar/21/turkish-honour-seriously-misguided|jornal=The Guardian|lingua=en-GB|issn=0261-3077}}</ref>
 
Dados do próprio governo turco, divulgados em Fevereiro de 2011, sugerem que os assassinatos de mulheres aumentaram 14 vezes em sete anos, de 66 em 2002 para 953 nos primeiros sete meses de 2009. Nos últimos sete meses de 2011, uma organização de direitos humanos registou mais de 264 casos - quase um por dia - relatados na imprensa em que uma mulher foi morta por um membro da família. ''"Houve um aumento incrível"'', diz [[Gulhan Yag]], uma jovem ativista . ''"Isto parece um [[genocídio]] contra as mulheres"''.<ref name=":8" />
 
[[Alexander Christie-Miller]] comenta que, pelo menos no papel, o governo de Erdogan tem um histórico impressionante de combate ao problema. Mas outros questionam a eficácia da legislação e o real compromisso do governo. ''"As leis foram feitas, mas não estão a ser aplicadas"'', diz [[Canan Gullu]], presidente da Associação Turca de Federações Femininas. ''"As delegacias de polícia não funcionam como deveriam e não há casas de abrigo suficientes para as mulheres."''<ref name=":8" /><ref>https://www.nytimes.com/2012/04/26/world/europe/women-see-worrisome-shift-in-turkey.html</ref>
 
Mesmo com as suas limitações, as leis mais recentes trouxeram os seus próprios problemas. Nos últimos anos, o número de [[suicídio]]s femininos aumentou. Famílias que não querem que seus filhos acabem na prisão, estão a forçar a opção do suicídio ás filhas "desonrosas". Alguns crimes são disfarçados como suicídios.<ref name="theguardian.com"/>
== Crimes de honra no Brasil ==
Crimes de honra no Brasil são menos frequentes e severos que no [[Médio Oriente|Oriente Médio]], [[Ásia]] e [[Norte de África|Norte da África]], mas acontecem, tomando a forma de espancamentos por pais (mais frequentemente as mães) de filhos e filhas por envolvimento sexual e homossexualidade.<ref>{{Citar web|url=http://7uvw.xyz/ladodireitodaequidade/pesquisas/governos/governo-brasileiro/sdh/maes-pais-brasil-agridem-filhos-serem-gays/|titulo=Duas vezes mais mães que pais no Brasil agridem filhos por serem gays « SDH|acessodata=2016-09-07|obra=Lado Direito da Equidade|lingua=pt-BR}}</ref>