Anarcoprimitivismo: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Darker_green_and_Black_flag.svg|direita|miniaturadaimagem|260x260px| Bandeira símbolo do anarcoprimitivismo]]
O '''anarcoprimitivismo''' é uma crítica [[Anarquismo|anarquista]] das origens e do progresso da [[civilização]]. De acordo com o anarcoprimitivismo, a [[Revolução neolítica|mudança de caçadores-coletores para subsistência agrícola]] deu origem a [[estratificação social]], [[coerção]], [[alienação]] e [[Superpopulação humana|superpopulação]].<ref>{{citar periódico|url=https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08935696.2020.1727256?journalCode=rrmx20|periódico=A Journal of Economics, Culture & Society|titulo=“The Future in the Past”: Anarcho-primitivism and the Critique of Civilization Today|autor1=Chamsy el-Ojeili|autor2=Dylan Taylor|idioma=inglês|doi=10.1080/08935696.2020.1727256|páginas=168-186}}</ref><ref>{{citar periódico|titulo=Far from the madding civilization: Anarcho-primitivism and revolt against disintegration in Eugene O’Neill’s The Hairy Ape|url=http://revistas.um.es/ijes/article/view/238911|periódico=International Journal of English Studies|volume=16|doi=10.6018/ijes/2016/2/238911|autor1=Mojtaba Jeihouni|autor2=Nasser Maleki|idioma=inglês}}</ref>Anarco-primitivistas criticam as origens e o progresso e defendem a [[desindustrialização]], abolição da [[divisão do trabalho]] ou especialização e abandono de [[tecnologia]]s de organização em larga escala. Muitos anarquistas tradicionais rejeitam a crítica da civilização, enquanto alguns, como Wolfi Landstreicher, endossam a crítica, mas não se consideram anarcoprimitivistas. Os anarcoprimitivistas costumam se distinguir pelo foco na [[práxis]] de alcançar um estado [[Assilvestrado|selvagem]] de ser através da "[[Primitização (anarcoprimitivismo)|primitização]]".
 
== História ==
=== Origens ===
[[Imagem:Walden_Thoreau.jpg|miniaturadaimagem|303x303px| ''[[Walden]]'' de [[Henry David Thoreau]], um influente trabalho dos primeiros [[Anarquismo verde|eco-anarquistas]]]]
Nos Estados Unidos, o anarquismo começou a ter uma visão ecológica principalmente nos escritos de [[Henry David Thoreau]]. Em seu livro ''[[Walden]]'', ele defende a [[Simplicidade voluntária|vida simples]] e a [[Autossuficiência|auto-suficiência]] entre os ambientes naturais, em resistência ao avanço da civilização industrial.<ref name="Thoreau">{{Citar web|url=http://www.acracia.org/xdiez.html|titulo=La Insumisión Voluntaria: El Anarquismo Individualista Español Durante La Dictadura Y La Segunda República (1923–1938)|titulotrad=Draft Avoidance: Spanish Individualistic Anarchism During the Dictatorship and the Second Republic (1923–1938)|autor=Diez, Xavier Diez|citação=Seu trabalho mais representativo é Walden, publicado em 1854, embora tenha sido escrito entre 1845 e 1847, quando Thoreau decide se instalar no isolamento de uma cabana na floresta e viver em contato íntimo com a natureza, em uma vida de solidão e sobriedade. A partir dessa experiência, sua filosofia tenta nos transmitir a ideia de que é necessário um retorno respeitoso à natureza e que a felicidade é acima de tudo fruto da riqueza interior e da harmonia dos indivíduos com o ambiente natural. Muitos viram em Thoreau um dos precursores do ambientalismo e do anarquismo primitivista representado hoje por John Zerzan. Para George Woodcock (8), essa atitude também pode ser motivada por uma certa ideia de resistência ao progresso e rejeição do crescente materialismo que caracteriza a sociedade americana em meados do século XIX.|lingua=es|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
{{Quote|texto=''"Muitos viram em Thoreau um dos precursores do ecologismo e anarcoprimitivismo representados hoje por [[John Zerzan]]. Para [[George Woodcock]], essa atitude também pode ser motivada pela ideia de resistência ao progresso e pela rejeição do crescente materialismo que caracterizou a sociedade norte-americana em meados do século XIX".''<ref name="Thoreau" />}}
O próprio Zerzan incluiu o texto "Excursions" (1863) de Thoreau em sua compilação editada de escritos anti-civilizados chamados ''[[Against Civilization: Readings and Reflections]]'' de 1999.<ref>{{Citar livro|título=[[Against Civilization]]: Readings and Reflections|ano=2005|editor-sobrenome=Zerzan, John|isbn=0-922915-98-9|publicação=Feral House}}</ref>
 
No final do século XIX, o [[Anarco-naturismo|naturismo anarquista]] apareceu como a união das filosofias [[Anarquismo|anarquistas]] e [[Naturismo|naturistas]].<ref name="naturismolibertario">{{Citar web|url=http://www.soliobrera.org/pdefs/cuaderno4.pdf|titulo=El Naturismo Libertario (1890–1939)|titulotrad=Libertarian Naturism (1890–1939)|autor=Roselló, Josep Maria|lingua=es}}</ref><ref name="ortega">{{Citar web|url=http://interactivist.autonomedia.org/node/4694|titulo=Anarchism, Nudism, Naturism|autor=Ortega, Carlos|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131213131549/http://interactivist.autonomedia.org/node/4694|arquivodata=13 de dezembro de 2013}}</ref> Foi principalmente importante dentro dos círculos anarquistas individualistas<ref name="Thoreau" /> na Espanha, França e Portugal.<ref name="portugal">{{Citar livro|título=Les anarchistes du Portugal|ultimo=Freire, João|primeiro=|editora=|ano=|local=|páginas=|língua=fr|capitulo=Anarchisme et naturisme au Portugal, dans les années 1920|isbn=2-9516163-1-7|acessodata=}}'</ref> Influências importantes foram Henry David Thoreau, [[Liev Tolstói|Leo Tolstoy]] e [[Élisée Reclus|Elisee Reclus]].<ref name="Reclus1">{{Citar web|url=http://www.natustar.com/uk/naturism-begin.html|titulo=The pioneers|obra=Natustar}}</ref> O anarco-naturismo defendia o [[vegetarianismo]], o [[amor livre]], o [[Naturismo|nudismo]] e uma visão ecológica do mundo dentro dos grupos anarquistas e fora deles.
 
O anarco-naturismo promoveu uma visão de mundo ecológica, pequenas [[ecovila]]s e, principalmente, o nudismo como uma maneira de evitar a artificialidade da sociedade industrial de massa da modernidade.<ref name="naturismolibertario">{{Citar web|url=http://www.soliobrera.org/pdefs/cuaderno4.pdf|titulo=El Naturismo Libertario (1890–1939)|titulotrad=Libertarian Naturism (1890–1939)|autor=Roselló, Josep Maria|lingua=es}}</ref> Os anarquistas individualistas naturistas viam o indivíduo em seus aspectos biológicos, físicos e psicológicos e evitavam e tentavam eliminar determinações sociais.<ref name="naturismo">"El individuo es visto en su dimensión biológica -física y psíquica- dejándose la social." (Roselló)</ref> Suas ideias eram importantes nos círculos anarquistas individualistas na França, mas também na Espanha, onde [[Federico Urales]] ([[Pseudónimo|pseudônimo]] de Joan Montseny) promove as ideias de Gravelle e Zisly em ''[[La Revista Blanca]]'' (1898–1905).<ref name="naturismo1">{{Citar web|url=http://www.nodo50.org/lagarbancitaecologica/garbancita/index.php?option=com_content&view=article&id=150:los-origenes-del-naturismo-libertario&catid=61:investigacion-formacion-debate&Itemid=77|titulo=Los origenes del naturismo libertario|titulotrad=The origins of libertarian naturism|autor=Morán, Agustín|lingua=es}}</ref>
 
Essa tendência foi forte o suficiente para chamar a atenção da [[Confederação Nacional do Trabalho|CNT]]&#x2013;[[Federação Anarquista Ibérica|FAI]] na Espanha. [[Daniel Guérin]], em ''Anarchism: From Theory to Practice'', relata como o [[anarcossindicalismo]] espanhol havia muito tempo se preocupado em salvaguardar a autonomia do que chamava de "[[Grupo de afinidade|grupos de afinidade]]":
{{Quote|texto=''"Havia muitos adeptos do naturismo e do vegetarianismo entre seus membros, especialmente entre os [[camponês|camponeses]] pobres do sul. Ambos os modos de vida foram considerados adequados para a transformação do ser humano em preparação para uma sociedade apátrida. No congresso de Zaragoza, os membros não esqueceram de considerar o destino de grupos de naturistas e nudistas "inadequados à industrialização". Como esses grupos seriam incapazes de suprir todas as suas próprias necessidades, o Congresso previu que seus delegados nas reuniões da Confederação de municípios poderiam negociar acordos econômicos especiais com os outros municípios agrícolas e industriais. Às vésperas de uma vasta transformação social sangrenta, a CNT não achou tolice tentar atender às aspirações infinitamente variadas dos seres humanos individuais".''<ref>{{Citar web|url=http://theanarchistlibrary.org/HTML/Daniel_Guerin__Anarchism__From_Theory_to_Practice.html|titulo=Anarchism: From theory to practice|autor=Guérin, Daniel}}</ref>}}
 
=== Temas recentes ===
Os anarquistas contribuem para um impulso [[Antiautoritarismo|antiautoritário]],<ref>{{Citar periódico|ultimo=Jun|primeiro=Nathan|titulo=Anarchist Philosophy and Working Class Struggle: A Brief History and Commentary|data=setembro de 2009|url=http://dx.doi.org/10.1111/j.1743-4580.2009.00251.x|periódico=WorkingUSA|volume=12|número=3|paginas=505–519|doi=10.1111/j.1743-4580.2009.00251.x|issn=1089-7011|idioma=inglês}}</ref> que desafia todo poder abstrato em um nível fundamental, lutando por relações [[Igualitarismo|igualitárias]] e promovendo comunidades baseadas no [[apoio mútuo]].<ref>{{Citar livro |ultimo=Guérin |primeiro=Daniel |url=https://www.worldcat.org/oclc/81623 |titulo=Anarchism : from theory to practice |data=1970 |publicado por=Monthly Review Press |isbn=0-85345-128-1|local=Nova York|oclc=81623|idioma=inglês}}</ref> Os primitivistas, no entanto, estendem as ideias de não-dominação a toda a vida, não apenas à vida humana, indo além da análise do anarquista tradicional. Usando o trabalho de [[antropólogo]]s, os primitivistas olham para as origens da civilização para entender o que eles enfrentam e como a sociedade atual se formou para informar uma mudança de direção. Inspirados pelos [[Ludismo|luditas]], os primitivistas reavivam uma orientação antitecnológica.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Gardenier|primeiro=Matthijs|data=2016|titulo=Le courant'anti-tech', entre anarcho-primitivisme et néo-luddisme|url=http://dx.doi.org/10.3917/soc.131.0097|periódico=Sociétés|volume=131|número=1|paginas=97|doi=10.3917/soc.131.0097|issn=0765-3697|idioma=francês}}</ref> Os [[Anarquismo insurrecionário|insurrecionistas]] não acreditam em esperar que as críticas sejam ajustadas, atacando espontaneamente as instituições atuais da civilização.
 
Os primitivistas podem dever muito aos [[Internacional Situacionista|situacionistas]] e suas críticas às ideias da ''[[La société du spectacle|Sociedade do Espetáculo]]'' e à alienação de uma sociedade baseada em mercadorias. A [[ecologia profunda]] informa a perspectiva primitivista com a compreensão de que o bem-estar de toda a vida está ligado à consciência do valor inerente e do valor intrínseco do mundo não humano, independentemente de seu valor econômico. Os primitivistas veem a apreciação profunda da ecologia pela riqueza e diversidade da vida como contribuindo para a percepção de que a interferência humana presente no mundo não humano é coercitiva e excessiva.
 
Os [[Biorregionalismo|biorregionalistas]] trazem a perspectiva de viver dentro da própria biorregião e de estarem intimamente conectados à terra, água, clima, plantas, animais e padrões gerais de sua biorregião.<ref>{{citar periódico|ultimo=Perrin|primeiro=Coline|titulo=Social Justice in Spatial Planning: How Does Bioregionalism Contribute?|data=2020|url=http://dx.doi.org/10.1007/978-3-030-45870-6_6|periódico=Bioregional Planning and Design: Volume I|paginas=97–110|local=Cham|publicado por=Springer International Publishing|doi=10.1007/978-3-030-45870-6_6|isbn=978-3-030-45869-0|acessodata=11-10-2020|idioma=inglês}}</ref>
 
Alguns primitivistas foram influenciados pelas várias culturas [[indígenas]]. Os primitivistas tentam aprender e incorporar técnicas [[Sustentabilidade|sustentáveis]] de sobrevivência e formas mais saudáveis de interagir com a vida. Alguns também são inspirados pela [[subcultura selvagem]], onde as pessoas abandonam a domesticação e se reintegram à natureza.{{carece de fontes}}
 
Alguns teóricos postulam que o fato de o anarco-primitivismo ter existido como uma ideologia política de forma consistente por tanto tempo aponta para uma insatisfação com a civilização e um desejo de retornar à natureza sentido através de culturas e gerações. Eles argumentam que a largura da divisão entre civilização e natureza, ou a percepção disso, é um fator que alimenta o desejo de destruir a civilização e, por extensão, apóia a relevância contínua do pensamento anarco-primitivista.<ref>{{Citar periódico|data=2010-11-30|titulo=Western Political Science Association 2011 Meeting|url=http://dx.doi.org/10.1177/1065912910389134|periódico=Political Research Quarterly|volume=63|número=4|paginas=933|doi=10.1177/1065912910389134|issn=1065-9129|idioma=inglês}}</ref>
 
== Principais conceitos ==