Mina-S: diferenças entre revisões

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A '''Mina-S''' ({{lang-de|''S-Mine'', ''Schrapnellmine'', ''Schrapnellmine'', ''Splittermine'' ou ''Springmine''}}) foi uma arma antipessoal desenvolvida na [[Alemanha Nazista|Alemanha]] durante a [[década de 1930]], usada extensivamente pelas forças alemãs durante a [[Segunda Guerra Mundial]] contra tropas de [[infantaria]].<ref name=Jane>{{citar web|url=http://articles.janes.com/articles/Janes-Mines-and-Mine-Clearance/S-MINE-35-Germany.html|titulo=S-Mine 35 (Germany), Mines and booby traps currently deployed|publicado=Jane's Information Group|língua3língua=en|acessodata=19 de março de 2009|li=sim}}</ref> Também conhecida como ''Bouncing Betty'' (''Betty saltitona'', em [[língua portuguesa|português]]) pelas tropas [[Estados Unidos|norte-americanas]],<ref name=Militaria>{{citar web|url=http://www.efour4ever.com/mines_german.htm|titulo=German Mines|publicado=Flume Creek Company LLC|língua3língua=en|acessodata=19 de março de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090323074336/http://www.efour4ever.com/mines_german.htm#|arquivodata=23 de março de 2009|urlmorta=sim}}</ref><ref name=Schneck>{{citar web|url=https://man.fas.org/dod-101/sys/land/docs/980700-schneck.htm|titulo=The Origins of Military Mines: Part I|autor=Schneck, William C.|obra=Engineer Bulletin|ano=1998|mes=julho|publicado=Federation of American Scientists|língua3língua=en|acessodata=20 de janeiro de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120119161145/http://www.fas.org/man/dod-101/sys/land/docs/980700-schneck.htm#|arquivodata=19 de janeiro de 2012|urlmorta=no}}</ref> ''Debollockers'' (literalmente, ''removedores de testículos'') pelas tropas [[Reino Unido|britânicas]]<ref name=Militaria/> e ''Jumping Jack'' (''Jack saltador'', em português) pelas tropas [[Austrália|australianas]] e [[Nova Zelândia|neozelandesas]], é a mais famosa de um tipo de [[mina antipessoal|minas antipessoais]] conhecidas como [[mina saltadora|minas saltadoras]]. Quando ativadas, estas minas são lançadas no ar por uma pequena carga propulsora antes de explodir à altura da cintura ou do tronco, projetando estilhaços horizontalmente em todas as direções.<ref name=Valias>{{citar web|url=http://www.jaegerplatoon.net/landmines2.htm|titulo=Finnish Army 1918–1945: Landmines Part 2|autor=Valias, J.T.|publicado=Jaeger Platoon Website|língua3língua=en|acessodata=16 de setembro de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210518004853/http://www.jaegerplatoon.net/landmines2.htm#|arquivodata=18 de maio de 2021|urlmorta=no}}</ref>
 
A mina-S demonstrou ser extremamente eficaz e fiável, ganhando uma reputação temível no decorrer do conflito. Uma única mina-S frequentemente causava múltiplas [[:wikt:baixa|baixas]] e o seu alcance efetivo era muito superior ao de qualquer outra mina antipessoal da época.<ref name=Valias/>
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== História ==
[[Imagem:S-mine.jpg|thumb|esquerda|upright=1.02|Um paraquedista norte-americano desarmando uma SMi-35.]]
A mina-S foi distribuída às tropas alemãs até agosto de 1938, que tinham ao seu dispor {{fmtn|706000}} unidades quando deflagrou a Segunda Guerra Mundial.<ref name=LdW>{{citar web|url=http://www.lexikon-der-wehrmacht.de/Waffen/minen.htm|titulo=Minen und Hohlladungen|publicado=Lexikon der Wehrmacht|língua3língua=de|acessodata=1 de março de 2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100111210710/http://www.lexikon-der-wehrmacht.de/Waffen/minen-R.htm#|arquivodata=11 de janeiro de 2010|urlmorta=no}}</ref> No decurso de pequenas incursões na região do [[Sarre]] entre 7 e 11 de setembro de 1939, durante o período conhecido como [[Guerra de Mentira]], os soldados [[França|franceses]] tornaram-se nas primeiras vítimas [[aliados#Segunda Guerra Mundial|aliadas]] da mina-S.<ref name=Militaria/> O desempenho da mina no Sarre contribuiu para o fim das incursões por parte dos franceses,<ref name=Sloan>{{citar livro|autor=Sloan, C.E.E.|título=Mine Warfare on Land|língua3língua=en|local=Londres|editora=Brassey's Defence Publishers|ano=1986|isbn=0-08-031196-2}}</ref> que a alcunharam de "''O soldado silencioso''".<ref name=Militaria/><ref name=Schneck/><ref>{{citar livro|autor=Thompson, Paul W.|título=Engineers in Battle|língua3língua=en|local=Harrisburg|editora=Military Service Publishing Company|ano=1942|página=64-71}}</ref> Este grande sucesso afirmou a eficácia da mina-S aos olhos da liderança alemã, e levou os [[Estados Unidos]] e outros países a copiar o seu projeto.<ref name=LdW/><ref name=Ingraham>{{citar periódico|autor=Ingraham, John; Jones, Dalton|data=2003|titulo=Sept - October 2003|jornal=Technical Intelligence Bulletins|volume=8|numero=5|língua3língua=en}}</ref>
 
Os alemães usaram a mina-S em larga escala durante as [[Segunda Guerra Mundial#A reconquista da Europa|invasões aliadas da Europa]] e do [[Segunda Guerra Mundial#A guerra na África e Afrika Korps|norte de África]]. O 10º Exército Alemão, por exemplo, plantou {{fmtn|23000}} destas minas em preparação para a invasão aliada da [[Itália]].<ref name=Huebner>{{citar livro|autor=Huebner, Klaus H.|título=Long Walk Through War: A Combat Doctor's Diary|língua3língua=en|local=College Station, Texas|editora=Texas A&M University|ano=1987|isbn=1-58544-023-X}}</ref> As minas-S foram também plantadas nas praias da costa setentrional da Europa, ao abrigo de um programa de minagem e fortificação da [[Muralha do Atlântico]], em preparação para a esperada [[Desembarques da Normandia|invasão aliada]]. Em [[Îles Saint-Marcouf]], ao largo da [[Desembarques da Normandia#Praia de Utah|Praia de Utah]], onde os aliados receavam que os alemães tivessem instalado pesadas [[Artilharia de costa|baterias costeiras]], [[Erwin Rommel|Rommel]] havia ordenado que as minas-S fossem "semeadas como semente de capim".<ref name=Cornelius>{{citar livro|autor=Ryan, Cornelius|título=The Longest Day|língua3língua=en|local=Nova Iorque|editora=Simon & Schuster|ano=1994|página=162-163|isbn=0-671-89091-3}}</ref> Estas minas foram consequentemente usadas para defender posições alemãs durante a [[Operação Overlord|Batalha da Normandia]] e na defesa do norte da França e das fronteiras do território alemão. Tipicamente, as minas-S eram usadas em conjunto com [[mina antitanque|minas antitanque]], por forma a resistir simultaneamente ao avanço da [[infantaria]] e dos [[veículo blindado|veículos blindados]],<ref name=Sloan/> pelo que se um veículo era desativado por uma mina, os soldados ficavam presos no seu interior até alguém vir em seu auxilio.<ref>{{citar livro|autor=Kershaw, Alex|título=The longest winter|subtítulo=the Battle of the Bulge and the epic story of WWII's Most Decorated Platoon|língua3língua=en|local=Cambridge|editora=Ma. Da Capo Press|ano=2004|página=21, 47|isbn=0-306-81304-1}}</ref>
 
Foi durante as ações aliadas na Europa que as tropas de infantaria norte-americanas deram à mina-S a sua alcunha cínica, ''Bouncing Betty''.<ref>{{citar livro|autor=Ambrose, Stephen E.|título=D-Day, June 6, 1944|subtítulo=the climactic battle of World War II|língua3língua=en|local=Nova Iorque|editora=Simon & Schuster|ano=1994|página=281|isbn=0-671-67334-3}}</ref> A mina-S tinha um grande efeito psicológico sobre as tropas aliadas devido à sua tendência a ferir gravemente os membros e os [[órgão sexual|órgãos genitais]] dos soldados em vez de os matar. Uma tática alemã muito eficaz consistia em esperar até o inimigo penetrar profundamente num campo minado antes de abrir fogo. Alguns soldados escolhiam ficar de pé debaixo de fogo em vez de arriscar deitar-se em cima de uma mina.<ref name=Croll>{{citar livro|autor=Croll, Mike|título=The History of Landmines|língua3língua=en|local=Barnsley|editora=Leo Cooper|ano=1998|página=41|isbn=978-0-85052-628-8}}</ref> O Tenente-coronel Sloan descreveu a mina-S como sendo "''provavelmente a arma mais temida encontrada pelas tropas aliadas durante a guerra''",<ref name=Sloan/> e a expressão "''campo minado''" foi introduzida na linguagem corrente pelos soldados desmobilizados depois da guerra, referindo-se a uma situação recheada de problemas.<ref>Croll, Mike, ''The History of Landmines'', ''op. cit.'', p. 53.</ref>
 
Os soldados aliados também aprenderam rapidamente que a detonação de uma única mina-S podia provocar várias vítimas; em 27 de fevereiro de 1945, durante a operação de desminagem duma estrada nos arredores de Prumzurley, na Alemanha, o soldado Herman C. Wallace, da 76ª Divisão de Infantaria, pertencente ao 3º Exército Americano sob o comando do general [[George S. Patton]], pisou uma mina-S. Wallace conhecia o princípio de funcionamento deste tipo de mina e que a sua única chance de evitar ferimentos graves era deitar-se rapidamente no chão, mas estava ciente de que os soldados em seu redor poderiam igualmente ser mortos ou feridos. Ao invés de lançar-se no chão, Wallace colocou o outro pé sobre a mina, não permitindo desta forma que esta fosse lançada no ar. Wallace foi morto pela detonação da mina, mas nenhum outro soldado sofreu qualquer ferimento. Pelo seu heroísmo, Wallace recebeu postumamente a [[Medalha de Honra]].<ref>{{citar livro|autor=Prefer, Nathan N.|título=Patton's Ghost Corps|língua3língua=en|editora=I Books|local=Nova Iorque|ano=2002|página=183-184|isbn=0-7434-4551-1}}</ref><ref>{{citar web|url=https://homeofheroes.com/medal-of-honor-recipients/medal-of-honor-master-listing/|titulo=Wallace, Herman C.|autor=Sterner, C. Douglas|publicado=Home of Heroes|língua3língua=en|acessodata=16 de setembro de 2021}}</ref>
 
O número exato de vítimas mortais causadas pela mina-S é desconhecido, uma vez que os Aliados não registavam qual o tipo de arma responsável por uma determinada morte, apenas se tinha ocorrido em combate, mas o número de baixas devidas a todos os tipos de minas e armadilhas durante o conflito é estimado em {{P%|3}} do total de mortos em combate.<ref name=Roy>{{citar periódico|autor=Roy, Roger J.|data=2001|titulo=Tactical Impact of Removing Anti-personnel Landmines from the Army Inventory|jornal=The Army Doctrine and Training Bulletin|volume=4|numero=2|paginas=31-36|editora=Canadian Army|url=https://publications.gc.ca/collections/Collection/D12-9-4-2E.pdf|língua3língua=en|formato=pdf|arquivourl=http://web.archive.org/web/20141122221824/https://publications.gc.ca/collections/Collection/D12-9-4-2E.pdf|arquivodata=22 de novembro de 2014|urlmorta=no}}</ref> O número de vítimas civis é ainda mais incerto.
 
[[Imagem:Tysk fange.png|thumb|esquerda|upright=1.02|[[Prisioneiro de guerra]] alemão desenterrando uma mina antipessoal durante uma operação de desminagem perto de [[Stavanger]], [[Noruega]], 11 de Agosto de 1945.]]
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Durante a ocupação militar da Alemanha e a reconstrução da Europa do pós-guerra, o [[Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos]] (USACE), o governo francês e o Ministério da Defesa britânico conduziram uma das mais prolongadas e bem sucedidas campanhas de desminagem na [[Europa Ocidental]]. A França alocou uma grande quantidade de pessoal a esta tarefa, incluindo {{fmtn|49000}} prisioneiros de guerra alemães. Esta operação conjunta, que eliminou a maioria dos campos de minas ainda existentes na metade ocidental do continente, beneficiou grandemente da política alemã de identificar claramente e registar detalhadamente a localização dos seus campos de minas.<ref name=Sloan/>
 
Apesar de a documentação alemã indicar que a vida útil da mina-S após plantada era de dois a sete anos, a sua carga explosiva pode continuar funcional por muitas décadas. Ainda ocorrem incidentes esporádicos envolvendo a explosão acidental de minas terrestres no norte de África, nos países do antigo [[Pacto de Varsóvia]], na França e na Alemanha. O norte de África e a [[Leste Europeu|Europa Oriental]], em particular, ainda possuem um grande número de campos minados do tempo da Segunda Guerra Mundial, perdidos entre as areias do deserto ou esquecidos pelas autoridades. Na [[Líbia]], por exemplo, a [[Comitê Internacional da Cruz Vermelha|Cruz Vermelha]] estimou que na década de 1990 mais de {{P%|27}} das terras cultiváveis permanecia inutilizável devido a campos de minas do tempo da Segunda Guerra Mundial.<ref name=ICRC>{{citar web|url=https://www.icrc.org/en/doc/resources/documents/misc/57jmcy.htm|titulo=Basic Facts: the human cost of landmines|autor=Doswald-Beck, Louise; Herby, Peter; Dorais-Slakmon, Johanne|data=1995-01-01|publicado=International Committee of the Red Cross|língua3língua=en|acessodata=24 de março de 2008|arquivourl=http://web.archive.org/web/20130519161533/http://www.icrc.org/eng/resources/documents/misc/57jmcy.htm|arquivodata=19 de maio de 2013|urlmorta=no}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www1.ucsc.edu/oncampus/currents/98-99/09-21/land.mine.htm|titulo=UCSC hosts landmine conference with American Red Cross|autor=McNulty, Jennifer|data=1998-09-21|publicado=UC Santa Cruz|língua3língua=en|acessodata=21 de maio de 2007|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080105144328/http://ucsc.edu/oncampus/currents/98-99/09-21/land.mine.htm#|arquivodata=5 de janeiro de 2008|urlmorta=sim}}</ref> As minas antipessoais, como a mina-S, foram objeto de numerosos [[tratado]]s e objeções por parte de organizações de defesa dos [[direitos humanos]], por serem consideradas inumanas. O uso, armazenamento, produção e transferência deste tipo de minas, tal como a maioria das minas terrestres, é proibido pelo [[Tratado de Ottawa]], ratificado por 164 países, porém não por Estados Unidos, Rússia e China.<ref>{{citar web|url=http://www.icbl.org/en-gb/the-treaty/treaty-status.aspx|titulo=Treaty Status|publicado=International Campaign to Ban Landmines|língua3língua=en|acessodata=16 de setembro de 2021|arquivourl=http://web.archive.org/web/20210812025225/http://www.icbl.org/en-gb/the-treaty/treaty-status.aspx|arquivodata=12 de agosto de 2021|urlmorta=no}}</ref>{{limpar}}
 
== Características ==
[[Imagem:Smine label.svg|thumb|upright=1.25|Corte esquemático de uma SMi-35.]]
A mina-S consistia num [[cilindro]] de [[aço]] com {{fmtn|122|mm}} de diâmetro e {{fmtn|130|mm}} de altura,<ref name=LdW/> com um tubo de aço montado no topo contendo o [[rastilho]] principal e a fixação para o sensor ou dispositivo de ignição. Tinha uma altura total de {{fmtn|236|mm}} com o dispositivo de ignição montado e pesava aproximadamente {{fmtn|3.9|kg}}, variando um pouco dependendo do tipo de [[Trinitrotolueno|TNT]] com que era carregada.<ref name=TM-E/> Eram normalmente pintadas de verde-azeitona ou cor de areia.<ref name=Jane/> Foram produzidas duas versões, designadas pelo ano de início da sua produção: SMi-35 e SMi-44.<ref name=TM-E/> Existem apenas pequenas diferenças entre os dois modelos,<ref name=TM-E>{{citar livro|título=U.S. War Department Technical Manual TM-E 30-451: Handbook on German Military Forces (Ch. VIII, Sec. V.5.a-b)|língua3língua=en|local=Washington D.C.|editora=United States Government Printing Office|ano=1945|url=http://www.ibiblio.org/hyperwar/USA/ref/TM/PDFs/TME30-451.PDF|arquivourl=http://web.archive.org/web/20190102002000/www.ibiblio.org/hyperwar/USA/ref/TM/PDFs/TME30-451.PDF|arquivodata=2 de janeiro de 2019|urlmorta=no}}</ref> possivelmente introduzidas devido ao custo elevado e dificuldade de fabrico do modelo original,<ref name=Valias/> sendo a SMi-44 distinguível pelo seu menor diâmetro ({{fmtn|102|mm}}) e por o dispositivo de ignição estar descentrado do corpo da mina.<ref name=LdW/>
 
A carga principal da mina usava TNT como [[explosivo]], enquanto que a carga propulsora usava [[pólvora#pólvora negra|pólvora negra]]. Todos os dispositivos de ignição da mina eram desenhados para criar uma [[:wikt:faísca|faísca]] que incendiava um rastilho inflamável no seu interior. O sensor de pressão padrão usava um percutor com essa finalidade.<ref name=FM>{{citar livro|título=U.S. War Department Field Manual FM 5-31|língua3língua=en|local=Washington D.C.|editora=United States Government Printing Office|ano=1943|url=http://www.90thidpg.us/Reference/Manuals/FM%205-31%20Landmines%20and%20Booby%20Traps.pdf|arquivourl=http://web.archive.org/web/20200125005046/www.90thidpg.us/Reference/Manuals/FM%205-31%20Landmines%20and%20Booby%20Traps.pdf|arquivodata=25 de janeiro de 2020|urlmorta=no}}</ref> O rastilho principal era desenhado para atrasar durante cerca de quatro segundos a detonação da carga propulsora que lançava a mina no ar e ativava os três rastilhos de curta duração colocados entre a carga propulsora e os três [[detonador]]es. Estes rastilhos atrasavam a detonação o tempo suficiente para a mina atingir a altura apropriada antes de explodir ({{fmtn|0.7}}–{{fmtn|1.5|m}}, dependendo das condições do solo). A carga explosiva estava rodeada por 365 [[esfera]]s de aço, varetas de aço ou pedaços de metal, que eram projetados horizontalmente em todas as direções a velocidades letais.<ref name=Valias/><ref name=LdW/>
 
O sensor de pressão padrão apenas era ativado se pressionado por um peso igual ou superior a aproximadamente {{fmtn|7|kg}}, para garantir que a mina não era acidentalmente detonada por animais ou impactos naturais. O adaptador para uso com fio era um aparelho raso em forma de Y, que ativava a mina se o fio fosse puxado.<ref name=TM-E/>
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== Utilização ==
[[Imagem:Bouncing-mine.svg|thumb|upright=1.25|Diagrama da detonação de uma mina-S.]]
As minas-S eram transportadas em caixas de madeira ou aço. Algumas continham nove unidades, com os detonadores e as espoletas desmontadas de modo a tornar o seu transporte mais seguro, enquanto outras continham apenas três, geralmente prontas para serem plantadas mas com a [[wikt:cavilha|cavilha]] de segurança ainda colocada, de modo a poderem ser rapidamente usadas. A mina-S não podia ser lançada a partir de veículos ou plantada com um [[lança-minas]] com arado, mas apenas enterrada à mão.<ref>{{citar livro|autor=AA. VV.|título=Enciclopedia-atlante delle armi dal 5.000 a.C. ai nostri giorni|língua3língua=it|local=La Spezia|editora=Fratelli Melita Editori|ano=1995|página=230-231}}</ref>
 
A mina-S estava equipada com um detetor de pressão padrão com três hastes, mas podia ser modificada para ser usada com fio usando um adaptador especial fornecido pelo [[Exército Alemão]]. O tubo de aço contendo o rastilho principal estava preparado para aceitar qualquer dispositivo de ignição padrão alemão, o que permitia que o sensor fosse removido e que a mina pudesse ser deliberadamente ativada manualmente.<ref name=TM-E/>
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A crença popular de que a mina-S não detonava até a sua vítima tirar o pé do sensor de pressão é uma [[wikt:falácia|falácia]] incorretamente espalhada pela [[propaganda]] norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial. A mina detonava quer o sensor de pressão fosse libertado quer não, e ficar parado ou tentar fugir da mina-S era igualmente perigoso. A forma mais eficaz de sobreviver à detonação da mina era deitar-se rapidamente no chão, e mesmo assim era provável a ocorrência de ferimentos.<ref name=Valias/>
 
Um sistema de descarga de minas-S (''Minenabwurfvorrichtung'', em alemão), consistindo num tubo de aço inclinado preso com suportes ao corpo dos veículos que podia disparar [[tiro único|uma única]] mina-S modificada, foi usado para defesa anti-infantaria por [[veículo blindado|veículos blindados]] da [[Wehrmacht]].<ref name=Zaloga>{{citar livro|autor=Zaloga, Steven|título=Bazooka vs Panzer Battle of the Bulge 1944|língua3língua=en|editora=Osprey Publishing|local=Oxford|ano=2016|página=32-3|isbn=978-1-4728-1249-0}}</ref> A partir de janeiro de 1943, todos os novos [[Panzerkampfwagen VI Tiger|Tiger I]] foram equipados com cinco desses dispositivos, com as variantes de comando sendo equipadas com apenas quatro.<ref name=Zaloga/> Este sistema foi descontinuado em outubro de 1943<ref name=Green>{{citar livro|autor=Green, Michael; Brown, James D.|título=Tiger Tanks at War|língua3língua=en|editora=Zenith Press|local=Minneapolis|ano=2008|página=88|isbn=978-0-7603-3112-5|url=https://books.google.com/books?id=S1gbrYELbT4C&q=pistol+port+tanks&pg=PA88|acessodata=16 de setembro de 2021}}</ref><ref>{{citar livro|autor=Jentz, Thomas; Doyle, Hilary|título=Panzer Tracts 3-3: Panzerkampfwagen III - Ausf. J, L, M, und N|língua3língua=en|editora=Panzer Tracts|local=Boyds|ano=2009|página=79-80|isbn=978-0-9815-3824-2}}</ref> após ter sido instalado em apenas algumas centenas de Tiger Is,<ref name=Zaloga/> tendo sido substituído por um sistema mais versátil conhecido como ''Nahverteidigungswaffe'', que consistia num [[lança-granada]]s que podia lançar [[granada de mão|granadas de mão]], [[granada de fumo|granadas de fumo]] ou [[sinalizador]]es em todas as direções.<ref name=Green/>{{limpar}}
 
== Deteção e desativação ==
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Em 1940, o Major Pierre Delalande do [[Corpo de Engenharia do Exército Francês]] escapou à invasão alemã da [[França]] e levou para os Estados Unidos os planos da mina [[Mle-1939 (mina)|Mle-1939]], desenvolvida em França com base na mina-S. Estes planos levaram ao desenvolvimento da mina [[M2 (mina)|M2]], que foi posta ao serviço em 1942 mas que se revelou deficiente em combate.<ref name=Ingraham/> No entanto, o [[Exército dos Estados Unidos]] continuou a trabalhar no desenvolvimento de minas saltadoras, e após o fim da guerra a mina [[M16 (mina)|M16]] foi desenvolvida diretamente a partir de planos da mina-S capturados dos alemães.<ref name=Ingraham/>
 
A [[União Soviética]] baseou a sua série de minas terrestres [[OZM (mina)|OZM]] na mina-S, mas as minas soviéticas tinham tendência para ter um desenho mais simples. Em vez de usar esferas de aço ou pedaços de metal como estilhaços, a mina OZM-4 tinha um corpo de ferro fundido sólido que se fragmentava com a explosão.<ref>{{citar web|url=http://www.warfightersolutions.com/solutions/pocketerp/PockeTerp_Global_Unclassified/mines/mines_iraq/pages/OZM-4.htm|titulo=OZM-4 Antipersonnel Mine|publicado=Warfighter Solutions|língua3língua=en|acessodata=23 de fevereiro de 2010|arquivourl=http://web.archive.org/web/20130519164024/http://www.warfightersolutions.com/solutions/pocketerp/PockeTerp_Global_Unclassified/mines/mines_iraq/pages/OZM-4.htm|arquivodata=19 de maio de 2013|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{citar web|url=http://warfare.be/db/catid/317/linkid/2211/title/ozm-4-bounding-antipersonnel-mine/|titulo=OZM-4 bounding antipersonnel mine|publicado=Warfare.be|língua3língua=en|acessodata=23 de fevereiro de 2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130519172537/http://warfare.be/db/catid/317/linkid/2211/title/ozm-4-bounding-antipersonnel-mine/#|arquivodata=19 de maio de 2013|urlmorta=yes}}</ref> Posteriormente foi desenvolvida a OZM-72, que era cheia com varetas de aço,<ref>{{citar web|url=http://www.warfightersolutions.com/solutions/pocketerp/PockeTerp_Global_Unclassified/mines/mines_iraq/pages/OZM-72.htm|titulo=OZM-72 Antipersonnel Mine|publicado=Warfighter Solutions|língua3língua=en|acessodata=23 de fevereiro de 2010|arquivourl=http://web.archive.org/web/20130519164120/http://www.warfightersolutions.com/solutions/pocketerp/PockeTerp_Global_Unclassified/mines/mines_iraq/pages/OZM-72.htm|arquivodata=19 de maio de 2013|urlmorta=sim}}</ref> regressando ao conceito original da mina-S. Acredita-se que a OZM-72 continue a ser produzida pela [[Rússia]].<ref>{{citar web|url=http://archives.the-monitor.org/index.php/publications/display?url=lm/1999/russia.html|titulo=Landmine Monitor: RUSSIA|publicado=Landmine Monitor|língua3língua=en|acessodata=23 de fevereiro de 2010|arquivourl=http://web.archive.org/web/20160410113341/http://archives.the-monitor.org/index.php/publications/display?url=lm/1999/russia.html|arquivodata=10 de abril de 2016|urlmorta=no}}</ref>
 
Outras nações também produziram minas antipessoais inspiradas no desenho da mina-S, tais como a França (Mle 1951 e Mle 1955), a [[Itália]] (Valmara 59 e 69), a ex-[[Jugoslávia]] (PROM-1) e a [[Suécia]] (Truppmina 11).{{limpar}}