Departamento de Ordem Política e Social: diferenças entre revisões

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{{Info/Organização
|nome = Departamento de Ordem Política e Social
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== História ==
O que normalmente se chama de DOPS são as unidades de Polícia Política de cada estado, responsável pela repressão a comunistas, anarquistas, sindicatos e movimentos sociais. Isto desde a Primeira República. Estavam estruturadas a partir de delegacias, divisões ou departamentos da Polícia Civil de cada estado da federação – em especial São Paulo e Rio de Janeiro, então Capital Federal.<ref name=":1">{{citar web|url=https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/40750/21669|titulo=Inteligência, Segurança e Polícia Política no Estado Novo e na República de 1946|data=|acessodata=24/01/20|publicado=Revista de História Comparada|ultimo=Pacheco|primeiro=Thiago}}</ref>.
 
Na capital Federal (então, o Rio de Janeiro), a Polícia Civil do Distrito Federal foi reformulada a fim de que se adaptasse a um novo modelo de repressão e vigilância. Esta remodelagem afetou ao seu segmento de Segurança Política e Social, criando uma delegacia para aquele fim. A função do órgão era lidar com problemas de ordem política – por meio a Secção 1 (S-1) da Delegacia – e de ordem social – Secção 2 (S-2). No caso, as ameaças de cunho político eram o Integralismo, atividade de espiões internacionais – mormente da Alemanha e da Itália. Já as questões de cunho social eram o comunismo, os sindicatos, as associações e movimentos civis e a propaganda contra o Governo. Ao final do Estado Novo – mais precisamente em 1944 – a polícia havia sido transformada de uma delegacia para uma divisão, ampliando seus quadros e estrutura através do Decreto Lei n° 6378 de 28 de março de 1944. Pelo Decreto Lei n° 9353 de 13 de julho de 1946, era estabelecida jurisprudência sobre qualquer crime contra a segurança do Estado .<ref name=":1" />.
 
Em São Paulo, no ano de 1930, a Delegacia de Ordem Política e Social foi desmembrada em duas: a de Ordem Política e a de Ordem Social.<ref>{{Citar web |url=http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/textual/deops |titulo=:: Arquivo Público do Estado de São Paulo :: Deops :: |acessodata=2021-09-02 |website=www.arquivoestado.sp.gov.br}}</ref> Em 1938, sob a ditadura do Estado Novo, teve seu organograma alterado, passando a ser supervisionada pela Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Era constituído pelo Gabinete do Delegado, pelas delegacias de Ordem Política e Ordem Social, cada uma composta pelas seções de policiamento e investigações: o Cartório, a seção de Expediente – em que estavam vinculados os serviços de Protocolo e Arquivo Geral –, e, ainda, a seção de Contabilidade, o Corpo de Segurança, o Serviço Reservado (mais tarde chamado de Serviço Secreto), Prisões e Portaria. Além das duas primeiras delegacias, o DEOPS também contava com mais duas especializadas: a Delegacia de Fiscalização de Explosivos, Armas e Munições e a Delegacia de Fiscalização de Entrada, Permanência e Saída de Estrangeiros.<ref name=":0">'''Larissa Rosa Corrêa'''. Artigo publicado na edição nº 33 de outubro de 2008 em www.historica.arquivoestado.sp.gov.br</ref>
 
Durante a segunda metade da década de 1940 a 1969, o DEOPS de São Paulo abrigava as Delegacias de Ordem Política, de Ordem Social, de Estrangeiros, de Ordem Econômica, de Armas e Explosivos e, também, o Serviço Secreto. A Delegacia de Ordem Social era responsável por investigar todos os tipos de movimentos sociais, como greves, campanhas contra a carestia, associações de amigos de bairros, bem como fiscalizar a ação dos sindicatos e dos trabalhadores organizados, produzindo inquéritos, relatórios e prontuários de presos e investigar os movimentos nas cidades do interior do estado de São Paulo. As questões políticas ficavam a cargo de uma delegacia especializada. Além de acompanhar comícios e eleições, esse setor ainda fornecia informações sobre a situação política nas cidades do interior, dos partidos políticos, personalidades e cargos. Em seu acervo, encontram-se cortes de jornais agrupados por tema, relatórios e inquéritos que, por sua vez, também possuem duplicatas arquivadas na série prontuários. A partir da década de 1960, com a demanda crescente do aparelho repressivo militar, essa delegacia ampliou suas atribuições, passando a investigar as ações dos movimentos estudantis e das organizações clandestinas.<ref name=":0" /> Quanto ao DOPS do Rio, devido ao volume de seus arquivos sobre criminosos políticos (acumulados desde os primeiros anos da República) e a experiência investigativa, tinha função complementar dentro do sistema de Segurança e de Informações estabelecidos pelos militares.<ref>{{citar web|url=https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/40750/21669|titulo=Polícia Política, Inteligência e Segurança na Ditadura Militar (1964-1984)|data=|acessodata=24/1/20|publicado=Revista Saeculum|ultimo=Pacheco|primeiro=Thiago}}</ref>.
 
Durante o regime militar, em São Paulo, o seu delegado mais conhecido foi [[Sérgio Paranhos Fleury]], que ficou famoso por dirigir o [[Esquadrão da Morte]] que atuava na periferia de São Paulo, além de ser acusado de organizar e participar de vários sequestros, torturas e assassinatos.<ref>{{Citar web|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Sérgio Paranhos Fleury|url=http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-ditadura/delegado-fleury/index.html|jornal=Memórias da ditadura|publicado=[[Instituto Vladimir Herzog]]|acessodata=25/01/2018|arquivodata=7/01/2019|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190107112420/http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-ditadura/delegado-fleury/index.html}}</ref><ref>{{citar web|url=http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/relatorio/tomo-i/parte-i-cap2.html|título=Repressão Política: Origens e Consequências do Esquadrão da Morte|obra=Comissão da Verdade do Estado de São Paulo|acessodata=25/01/2020}}</ref>.
 
Havia muitas dificuldades para quem fosse fichado no DOPS. O candidato a um emprego, por exemplo, em um período da ditadura militar, precisava apresentar um "Atestado de Antecedentes Políticos e Sociais", mais conhecido como "Atestado Ideológico", que era fornecido pelo DOPS a quem não tinha ficha no órgão.<ref name="rev-forum">{{citar web |url=http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=6625 |titulo=Até Marx era fichado no Dops |publicado=Revistaforum.com.br |ultimo=Benedito |primeiro=Mouzar |data=20 de março de 2009 |obra=Revista Fórum |acessodata=16 de agosto de 2009 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090413122446/http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=6625 |arquivodata=2009-04-13 |urlmorta=yes }}</ref>
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Os arquivos dos numerosos DOPS existentes até o início da década de 1980 tiveram destinos diversos. Os do [[Rio Grande do Sul]], que foi o primeiro a ser extinto, em 27 de maio de 1982, teriam sido queimados, conforme as informações oficiais, ainda que muitos acreditem que o acervo esteja guardado em local secreto.<ref name="rev-forum" />
 
Após a extinção do DOPS, seu arquivo ficou sob a guarda da Polícia Federal até o final do ano de 1992. O &nbsp;decreto nº 34.216, de 19 de novembro de 1991, constituiu uma Comissão Especial com a finalidade de coordenar a destinação desses documentos. A comissão deliberou passar o acervo à guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo, o que aconteceu em 1992, durante a gestão do Professor Doutor Carlos Guilherme Motta.
 
Em São Paulo, antes da posse do governador do [[MDB]], [[Franco Montoro]], em 1983, os arquivos foram transferidos para a [[Polícia Federal]], o que ocorreu também em outros estados. Somente em 1991 os arquivos foram devolvidos aos estados de origem, sendo que, em São Paulo, ficaram sob a guarda do [[Arquivo Público do Estado de São Paulo|Arquivo Público]].<ref>[http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/textual/deops Seção do DEOPS, do Arquivo Público do Estado de São Paulo], acessado em 13.set.2016.</ref>. A documentação existente, no entanto, é incompleta, havendo várias falhas sequenciais, mostrando que muitos documentos foram desviados. Em São Paulo, não é possível encontrar nenhum documento sobre informantes do DOPS, nem sobre pessoas que teriam executado torturas.<ref name="rev-forum" />
 
Até 1994,o acesso aos documentos do DOPS ficou restrito aos familiares de presos e desaparecidos políticos. Neste mesmo ano, com base na &nbsp;resolução nº 38, de 27 de Dezembro, o arquivo foi aberto à consulta pública, mediante a assinatura de um termo de responsabilidade pelo consulente.
 
No acervo, disponibilizado parcialmente na internet desde 2013,<ref>[http://www.exemplo.org Arquivo Público do Estado publica acervo do Deops na internet], acessado em 13.set.2016.</ref>, encontram-se documentos bastante diversificados, que retratam tanto a rotina interna do órgão repressivo, tal como os ofícios, relatórios anuais, relatórios diários, pedidos de informações, correspondências, inquéritos policiais e prontuários temáticos e nominais. Nesse conjunto, é possível encontrar documentos e fotografias particulares, além de livros, revistas, jornais, entre outros.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/pci/a/qjVcqg64n4B8hqxNtj7zRzv/?lang=pt |titulo=O caráter de prova dos documentos produzidos pelas DOPS |data=2017-Jul-Sep |acessodata=2021-09-02 |jornal=Perspectivas em Ciência da Informação |ultimo=Sodré |primeiro=Caroline Almeida |ultimo2=Roncaglio |primeiro2=Cynthia |paginas=252–266 |lingua=pt |doi=10.1590/1981-5344/2623 |issn=1413-9936}}</ref>
 
Ao todo, o acervo é composto por quatro grupos documentais, três deles contendo fichário remissivo. São eles: prontuários (170.000 fichas e 150.000 prontuários); dossiês do Arquivo Geral (1.100.000 fichas remissivas e 9.000 pastas); documentos produzidos pelas delegacias especializadas de Ordem Política (1.500 pastas), contendo prontuários e dossiês, e Ordem Social (235.000 fichas e 2.500 pastas), composto por autos de sindicância, inquéritos militares, prontuários e dossiês;<ref>[http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br]</ref>; além de outras publicações como os Livros de Portaria do DEOPS, que agregam informações sobre os visitantes do departamento entre 1971 e 1979.<ref>[http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/repositorio_digital/portaria_deops Seção do Arquivo Público do Estado de São Paulo sobre os Livros de Portaria do DEOPS], acessado em 13.set.2016.</ref>.
 
== A atuação da Polícia na legislação após a redemocratização ==
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Compete à [https://web.archive.org/web/20160918074533/http://www.justica.gov.br/Acesso/institucional/sumario/quemequem/diretoria-de-combate-ao-crime-organizado Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado] (DICOR), do [[Ministério da Justiça e Cidadania]], reprimir os crimes contra a ordem política e social, por meio da Coordenação-Geral de Defesa Institucional (CGDI) e da Divisão de Assuntos Sociais e Políticos (DASP).
 
{{Referências}}
 
== Ver também ==
* [[Grupo Tortura Nunca Mais]]
* [[Comissão Nacional da Verdade]]
 
{{Referências}}
 
== Ligações externas ==