Companhia Ituana de Estradas de Ferro: diferenças entre revisões

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A partir daí desaparece oficialmente o nome ''Ituana'', que continuou, no entanto, a ser carinhosamente lembrado pelos habitantes da região e pela própria Sorocabana, que se referia aos trilhos da antiga Ituana como ''secção Ituana''.
 
== HistóricoHistória ==
===Antecedentes===
[[Ficheiro:Número 1 da Ytuana.jpg|thumb|250px|direita|Locomotiva número 1 da Ytuana, no Museu Ferroviário de [[Indaiatuba]]]]
[[Imagem:Miguelzinho Dutra - Vista da cidade de Itu.jpg|thumb|Vista de Itu, 1850.]]
Como [[Itu]] possuía extensas áreas cultivadas, principalmente a cultura do café, e também estava se desenvolvendo no setor industrial, os principais capitalistas, fazendeiros, comerciantes e industriais da cidade vislumbraram a necessidade de organizar uma companhia que se encarregasse de construir uma estrada de ferro.
A [[província de São Paulo]] cresceu lentamente até a década de 1860 quando foi aberta a primeira estrada de ferro. Construída com capitais do [[Barão de Mauá]] e de capitalistas britânicos, a [[São Paulo Railway]] ligava o porto de Santos a cidade de [[Jundiaí]].<ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/090972_02/3137|título=Noticiário:Estrada de Ferro|data=15 de fevereiro de 1867|publicado=Correio Paulistano, Ano XIV ,edição 3218, página 1, 4ª coluna, superior/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021}}</ref> Nesta última recebia carregamentos de [[café]] e outras safras das fazendas da província, facilitando em muito o transporte. Os fazendeiros paulistas passaram a pleitear aos ingleses donos da ferrovia a sua expansão além de Jundiaí para Campinas, Rio Claro, Botucatu, Sorocaba e outras importantes cidades do interior paulista. A recusa dos ingleses em prolongar a ferrovia até Campinas, anunciada em janeiro de 1868, fez com que grupos de fazendeiros e comerciantes se unissem para implantar suas próprias estradas de ferro. A primeira delas, a [[Companhia Paulista de Estradas de Ferro|Companhia Paulista]], surgiu em 1868 com a promessa de ligar Jundiaí a Campinas.<ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/090972_02/4186|título=4 Seção, palácio do governo 9 de janeiro de 1868|autor=Joaquim Saldanha Marinho|data=10 de janeiro de 1868|publicado=Correio Paulistano, ano XV, edição 3483, página 2-segunda coluna/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> A segunda delas formou-se em [[Itu]] dois anos depois.
 
===Fundação da Companhia Ituana===
Eles sabiam que assim poderiam ligar [[Itu]] a [[Jundiaí]] e chegar a [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e ao litoral paulista, por meio da São Paulo Railway, transportando bens de produção e de consumo. Essa ferrovia iria, sem dúvida, facilitar os transportes de mercadorias importadas e a exportação da produção local e da região, que ainda eram realizadas por meio de tropas de animais e carros de boi, enfrentando caminhos quase intransitáveis.
[[Imagem:Júnior, José Ferraz de Almeida - Retrato de Antonio Paes de Barros (Primeiro Barão de Piracicaba).jpg|thumb|[[Antonio Paes de Barros]], Primeiro Barão de Piracicaba, foi o principal acionista da Ituana em seus primeiros anos.]]
Incentivados pela criação da Companhia Paulista, um grupo de fazendeiros e comerciantes de Itu liderados pelo Barão de Piracicaba reuniu-se em um projeto de uma estrada de ferro para ligar Jundiaí a Itu. Este projeto atraiu empresários de Sorocaba, liderados por [[Roberto Dias Baptista]] (maior produtor de algodão da província), que tencionavam a ampliação do projeto até aquela cidade. O [[Barão de Piracicaba]] convidou o presidente da província [[Antônio Cândido da Rocha]] e os interessados naquele projeto na Câmara Municipal de Itu para discutir a formação de uma empresa para construir a estrada de ferro entre Itu e Jundiaí em uma reunião realizada em 20 de janeiro de 1870. Até aquele momento, os empresários e fazendeiros de Itu haviam conseguido levantar capital suficiente para financiar a metade do empreendimento e esperava-se que o grupo de Sorocaba, liderado por Baptista, financiasse a outra metade.<ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/709557/5079 |título=Estrada de ferro|autor=|data=1870|publicado=Diário de S.Paulo, ano V, edição 1309, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>
 
Apesar dos apelos de Baptista, seu sócio [[Luís Mateus Maylasky|Luís Mailasky]] e dos sorocabanos presentes (mais tarde o deputado provincial Francisco Ribeiro de Escobar alegou que Mailasky havia aprovado um acordo prévio para a construção da ferrovia entre Itu e Sorocaba e depois o rejeitado na reunião de 20 de janeiro), a proposta de ampliação do projeto até Sorocaba foi rejeitada, retirando-se da reunião os empresários sorocabanos. A rejeição da proposta de Baptista teve consequências funestas para o projeto ituano no futuro. Durante o caminho de volta para Sorocaba, Mailaski e Baptista resolveram fundar sua própria empresa, a [[Estrada de Ferro Sorocabana|Companhia Sorocabana]] (que acabou se tornando maior e incorporou a ferrovia Ituana vinte anos depois). na Assembléia Pronvicial, os deputados discutiram sobre os incentivos públicos pleiteados pelas duas companhias e a chance delas acabarem exaurindo seus recursos com o mesmo objetivo. <ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/709557/5197|título=Assembléia Provincial: continuação da sessão de 10 de fevereiro|autor=|data=23 de fevereiro de 1870|publicado=Diário de São Paulo, ano V, edição 1337, páginas 1 e 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref><ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/090972_03/110|título=Segunda parte da ordem do dia|autor=|data=12 de fevereiro de 1870|publicado=Correio Paulistano, ano XVII, edição 4089, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> Apesar do governo provincial de Cândido da Rocha aprovar a Lei 34, que previa a construção da Ituana (Jundiaí-Itu) e da Sorocabana (Sorocaba-Itu) e o tráfego mútuo entre as empresas<ref>{{citar web|url=https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1870/lei-34-24.03.1870.html|título=lei Provincial 34|autor=|data=24 de março de 1870|publicado=Assembléia Legislativa de São Paulo|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>, a Sorocabana recusou a proposta e optou por um traçado entre Sorocaba e São Paulo, capital da província.<ref>{{citar web|url=https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1871/lei-33-29.03.1871.html|título=Lei provincial 33|autor=|data=29 de março de 1871|publicado=Assembléia Legislativa de São Paulo|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>
A 20 de janeiro de 1870 ficou organizada a Companhia Ytuana de Estradas de Ferro, com o capital de 2.500 contos de réis, divididos em 12.500 ações de 200$000 cada uma. A lei provincial 34, de 24 de março de 1870 autorizava o Governo a despender até a quantia de 40 contos de réis com o levantamento da planta definitiva e orçamento para a construção de uma estrada de ferro de Jundiaí a Itu; a mesma a autorizava a garantia de juros de 7% para a construção da estrada de ferro de Itu a Jundiaí até o capital de 2.500 contos de réis.
 
Ao final da reunião foi formalmente criada a "Companhia Ituana de Estradas de Ferro", formada com um capital de 2.500 contos de réis, divididos em 12.500 ações de 200$000 cada uma.<ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/090972_03/45|título=Companhia Ituana|autor=|data=22 de janeiro de 1870|publicado=Correio Paulistano, ano XVII, edição 4073, página 1/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> A empresa reuniu entre seus acionistas o Barão de Piracicaba (maior acionista), [[José Elias Pacheco Jordão]] (ex-presidente da Província e líder da família Pacheco, grupo que detinha o controle político de Itu<ref>{{citar web|url=http://celacc.eca.usp.br/sites/default/files/media/tcc/446-1256-1-PB.pdf|título=Memória Ferroviária na Cidade de Itu|autor=Fábio Luis Grizoto|data=2012|publicado=Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Comunicação e Cultura da Universidade de São Paulo, página 9|acessodata=|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>), os importantes fazendeiros [[João Tibiriçá Piratininga]] e Francisco Emydio da Fonseca, o nobre [[Bento Dias de Almeida Prado]], o empresário [[Diogo Antônio de Barros]], o engenheiro [[Antônio de Queirós Teles Júnior]], entre outros.<ref>{{citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/709557/5091|título=Gazetilha:Estrada de ferro|autor=|data=22 de janeiro de 1870|publicado=Diário de S.Paulo, ano V, edição 1312, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira|acessodata=19 de setembro de 2021|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>
 
Em 10 de junho desse mesmo ano foram, em assembléia geral, discutidos e aprovados os estatutos dessa Companhia, estatutos esses que foram aprovados pelo Governo Imperial pelo decreto de 30 de julho. Por contrato de 10 de outubro desse mesmo ano o Governo, fundado na lei citada, concedeu a Companhia Ytuana os mesmos favores concedidos à Companhia Paulista, privilégio de zona de 31 quilômetros para cada lado do eixo e o privilégio por 90 anos para a construção, uso e custeio da estrada de Itu a Jundiaí. Foi fixado que, durante os cinco primeiros anos, poderiam ser transportados gratuitamente mil imigrantes por ano.