Mário Carrascalão: diferenças entre revisões

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{{Mais notas|data=janeiro de 2020}}
{{Info/Biografia/Wikidata}}Político
| imagem = 2017-04-04_Mario_Carrascalao.jpg
[[Imagem:2017-04-04 Mario Carrascalao.jpg|miniatura|Mário Viegas Carrascalão foi o terceiro governador da Indonésia (2017).]]
| título1 = 3.º [[Lista de governadores do Timor Português|Governador]] do [[Timor Leste (província)|Timor-Leste]]
| mandato1 = [[18 de setembro]] de [[1983]]<br>a [[18 de setembro]] de [[1992]]
| antecessor = [[Guilherme Maria Gonçalves]]
| sucessor = [[Abílio Osório Soares]]
| título2 = Vice-primeiro-ministro de [[Timor-Leste]]
| mandato2 = [[5 de março]] de [[2009]]<br>a [[8 de setembro]] de [[2010]]
| vice_título2 = Primeiro-ministro
| vice2 = [[Xanan Gusmão]]
| data_nascimento = [[12 de maio]] de [[1937]]
| data_morte = [[19 de maio]] de [[2017]] (80 anos)
| local_nascimento = [[Venilale]], [[Baucau (município)|Baucau]], [[Timor Português]]
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| partido = [[Partido Social Democrata (Timor-Leste)|Partido Social-Democrata]]
}}
 
'''Mário Viegas Carrascalão''' (Uai-Talibú, [[Venilale]], [[Baucau (município)|Baucau]], [[12 de maio]] de [[1937]] - [[Díli]], [[Timor-Leste]], [[19 de maio]] de [[2017]]) foi um [[político]] e [[Diplomacia|diplomata]] [[Timor-Leste|timorense]] e um dos políticos mais importantes na luta pela independência do país. Foi fundador do [[Partido Social Democrata (Timor-Leste)|Partido Social-Democrata]] em 1974 e governador durante a ocupação indonésia entre 1983 e 1992. <ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832016000100006 |titulo=Administrando pessoas, recursos e rituais. Pedagogia econômica como tática de governo em Timor-Leste |data=2016-06 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Horizontes Antropológicos |número=45 |ultimo=Silva |primeiro=Kelly |paginas=127–153 |doi=10.1590/s0104-71832016000100006 |issn=0104-7183}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.5212/revistapautageral.v.4.i2.0004 |titulo=O “Diário de Notícias” de Ribeirão Preto nos anos de 1960: Religião e Política |data=2017 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Pauta Geral - Estudos em Jornalismo |número=2 |ultimo=VICENTE |primeiro=M. M. |ultimo2=KOBORI |primeiro2=N. |paginas=60–75 |doi=10.5212/revistapautageral.v.4.i2.0004 |issn=2318-857X}}</ref> No entanto, voltou a juntar-se ao governo timorense após o referendo sobre a independência de 1999 e a transição para a independência. Posteriormente, foi Vice-Primeiro-Ministro no [[IV Governo Constitucional de Timor-Leste|IV Governo Constitucional]] do então Primeiro-Ministro [[Xanana Gusmão]] de 2009 a 2010.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832016000100006 |titulo=Administrando pessoas, recursos e rituais. Pedagogia econômica como tática de governo em Timor-Leste |data=2016-06 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Horizontes Antropológicos |número=45 |ultimo=Silva |primeiro=Kelly |paginas=127–153 |doi=10.1590/s0104-71832016000100006 |issn=0104-7183}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.5212/revistapautageral.v.4.i2.0004 |titulo=O “Diário de Notícias” de Ribeirão Preto nos anos de 1960: Religião e Política |data=2017 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Pauta Geral - Estudos em Jornalismo |número=2 |ultimo=VICENTE |primeiro=M. M. |ultimo2=KOBORI |primeiro2=N. |paginas=60–75 |doi=10.5212/revistapautageral.v.4.i2.0004 |issn=2318-857X}}</ref>
'''Mário Viegas Carrascalão''' (Uai-Talibú, Venilale, [[Baucau]], Timor português, {{dni|12|5|1937|si}} - [[Díli]], {{morte|19|5|2017}}) foi um dos [[políticos]] mais importantes de [[Timor-Leste]].
 
== Biografia ==
Foi o primeiro timorense a formar-se superiormente em engenharia silvicultor no [[Instituto Superior de Agronomia]] da [[Universidade Técnica de Lisboa]] com uma nota de 19,6, em 1968. Regressou a Timor português depois dos seus de casar com a Maria Helena. Passou a funcionário colonial dos [[Serviços de Agricultura e Florestas]].
 
=== Juventude e educação ===
Foi administrador do território de [[Timor Português|Timor]], após a independência deste de [[Portugal]] e a sua invasão pela [[Indonésia]] a 7 de dezembro de 1975, tendo a situação sido mantida até 17 de julho de 1976, quando a Indonésia anexou Timor passando a denominá-lo como a província ''[[Timor Timur]]''.<ref>{{citar web|título=Morreu o ex-vice-primeiro-ministro timorense Mário Carrascalão|url=http://www.dn.pt/mundo/interior/morreu-o-ex-vice-primeiro-ministro-timorense-mario-carrascalao-8487773.html|obra=[[Diário de Notícias (Portugal)|Diário de Notícias]]|data=19 de maio de 2017|autor=Lusa|autorlink=Lusa (agência de notícias)}}</ref> É irmão de [[João Viegas Carrascalão]].
Carrascalão nasceu em [[Venilale]], [[Baucau (município)|Distrito de Baucau]] no até então [[Timor Português]], a [[12 de maio]] de [[1937]].  Frequentou o ensino básico e o [[Escola Secundária Pública 28 de Novembro|Colégio-Liceu Dr. Vieira Machado]] em [[Díli]].  Ele foi então para [[Portugal]] terminar o ensino médio no Liceu Camões em Lisboa e cursar a faculdade.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.5212/revistapautageral.v.4.i2.0004 |titulo=O “Diário de Notícias” de Ribeirão Preto nos anos de 1960: Religião e Política |data=2017 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Pauta Geral - Estudos em Jornalismo |número=2 |ultimo=VICENTE |primeiro=M. M. |ultimo2=KOBORI |primeiro2=N. |paginas=60–75 |doi=10.5212/revistapautageral.v.4.i2.0004 |issn=2318-857X}}</ref> Licenciou-se no [[Instituto Superior de Agronomia]] de [[Lisboa]] em 1967 e na [[Universidade Técnica de Lisboa]] (hoje parte integrante da [[Universidade de Lisboa]]) em 1968.
 
Regressou ao Timor Português depois da universidade, onde chefiou o Departamento de Florestas e Agricultura do território.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832016000100006 |titulo=Administrando pessoas, recursos e rituais. Pedagogia econômica como tática de governo em Timor-Leste |data=2016-06 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Horizontes Antropológicos |número=45 |ultimo=Silva |primeiro=Kelly |paginas=127–153 |doi=10.1590/s0104-71832016000100006 |issn=0104-7183}}</ref>
Exerceu o cargo de terceiro governador, entre 18 de setembro de 1983 e 18 de setembro de 1992, tendo sido antecedido por [[Guilherme Maria Gonçalves]] e sucedido por [[Abílio Osório Soares]].<ref name="CAVR4">{{citar web|título=Part 4: Regime of Occupation|url=https://www.etan.org/etanpdf/2006/CAVR/04-Regime-of-Occupation.pdf|publicado=Rede de Ação para a Indonésia e Timor-Leste|acessodata=19 de maio de 2017|autor=Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação|autorlink=Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação|língua=inglês|formato=PDF}}</ref>
No dia 23 de março de 1983 promoveu um encontro entre o comando militar Indonésio em Timor-Leste, coronel [[Purwanto]], o major [[Iswanto]], o governador da "Indonésia" [[Mário Viegas Carrascalão]] e [[Xanana Gusmão]], em Lariguto, em Ossu.<ref>Sara Niner (2011), ''Xanana: Líder da luta pela independência de Timor-Leste'', Alfragide, Publicações Dom Quixote, pp. 115-116.</ref>
 
=== Carreira durante Ocupação Indonésia ===
No dia 28 de março de 1983, Jusuf foi substituído pelo general [[Benny Murdani]], como ministro da indonésia da [[Defesa e da Segurança]], "que não apoiava as conversações de paz".<ref>''Ibid.''</ref>
Em 1974, Carrascalão fundou a [[União Democrática Timorense]] (UDT) com Domingos Oliveira, César Mouzinho, António Nascimento, Francisco Lopes da Cruz e Jacinto dos Reis no rescaldo da [[Revolução de 25 de Abril de 1974|Revolução dos Cravos]] em [[Portugal]].
 
Ele e o seu irmão, [[João Carrascalão|João Viegas Carrascalão]], outro membro da UDT, separaram-se na sequência da [[invasão indonésia de Timor-Leste]] em 1975 e subsequente ocupação do país. João Carrascalão exilou-se na [[Austrália]] e em Portugal, enquanto Mário Viegas Carrascalão privilegiou o diálogo com as novas autoridades indonésias.
 
Na sequência da violência da Fretilin, Carrascalão fugiu inicialmente para Atambua e depois para [[Jacarta]].  Ele ingressou no corpo diplomático do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia em 1978 como diplomata.
 
O governo indonésio, na gestão do general [[Suharto]], nomeou Carrascalão terceiro governador da nova província de 18 de setembro de 1983, papel que desempenhou até18 de setembro de 1992, quando foi sucedido pelo último governador do território, [[Abílio Osório Soares|José Abílio Osório Soares]]. Durante o seu mandato como governador, Carrascalão denunciou a violência contra o povo timorense e foi afirmou "salvar vidas".  Ele conseguiu acordos para permitir que estudantes timorenses frequentassem universidades indonésias.
 
Carrascalão realizou as primeiras reuniões entre as autoridades provinciais de Timor-Leste e os rebeldes timorenses em representação da [[Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente]] , ou FRETILIN. Encontrou-se pessoalmente com [[Xanana Gusmão]] no Lariguto em 1983 e em Ariana em 1990, o que marcou o início do diálogo entre a resistência e as autoridades indonésias.
 
Na entrevista de novembro de 2015, Carrascalão explicou a sua posição de neutralidade durante a ocupação e o conflito indonésios.  Carrascalão explicou que tinha de permanecer neutro, porque se fosse visto como pró-independência, as autoridades indonésias o destituiriam do cargo.  Entretanto, perseguiu políticas que abriram Timor-Leste ao resto do mundo. Ele pediu pessoalmente a Soeharto que permitisse ao jornalista britânico [[Christopher Wenner|Max Stahl]] visitar Timor-Leste, algo que ele acreditava não teria ocorrido se não tivesse uma boa relação de trabalho com o Presidente Suharto.
 
Carrascalão foi apontado como da Embaixador da Indonéisa para a [[Romênia|Roménia]] de 1993 a 1997. Ele então se tornou um conselheiro para presidente indonésio [[Jusuf Habibie]], especialmente nos assuntos timorenses, após a queda de Suharto em 1998 e o período de reforma sob Habibie. O presidente e as [[Organização das Nações Unidas|Nações Unidas]] realizaram o referendo sobre a independência de Timor Leste em [[30 de agosto]] de [[1999]], no qual os eleitores apoiaram esmagadoramente a independência.
 
=== Independência de Timor-Leste ===
Mário Viegas Carrascalão emergiu como uma figura política chave na transição de Timor-Leste da ocupação indonésia para a independência total. Foi Presidente do Conselho Nacional dentro do [[Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste|governo de transição]], bem como Vice-Presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense.
 
Em 2000, Carrascalão fundou o novo [[Partido Social Democrata (Timor-Leste)|Partido Social Democrata]] (SDP) e tornou-se líder do partido incipiente.  Ele entrou no governo após a independência total de Timor-Leste em 2002.
 
Em 5 de março de 2009, o primeiro-ministro [[Xanana Gusmão]] nomeou Carrascalão como Vice-Primeiro-Ministro da Gestão e Administração do Estado do [[IV Governo Constitucional de Timor-Leste|IV Governo Constitucional]] como parte de uma remodelação do gabinete.  O Partido Social Democrata (SDP) de Carrascalão, que ele chefiava, era membro da coalizão de governo de Gusmão . A parceria entre o Primeiro-Ministro Gusmão e o Vice-Primeiro-Ministro Carrascalão durou até 8 de setembro de 2009, quando Carrascalão renunciou ao cargo de Vice-Primeiro-Ministro.  Em sua carta de renúncia a Gusmão, Carrascalão criticou o governo de coalizãopor não conseguir comprar material de construção de um fornecedor que ele recomendou.  O governo de Gusmão respondeu que a empresa preferida de Carrascalão não teria sido capaz de cumprir a ordem e pediu ao Vice-Primeiro-Ministro que retirasse a sua acusação. Carrascalão recusou, escrevendo: "Aos 73 anos, é a primeira vez que alguém me chama de estúpido ou mentiroso ... A minha resposta é renunciar ao meu cargo de vice-primeiro-ministro".
 
Publicou uma autobiografia, "Timor - Before the Future", em 2006.
 
O Presidente [[Taur Matan Ruak]] atribuiu o Colar da Ordem de Timor-Leste , a maior honra da nação, em reconhecimento pelo seu serviço prestado a 18 de maio de 2017.  Carrascalão faleceu no dia seguinte no Hospital Nacional Guido Valadares em [[Díli|Dili]], [[Timor-Leste|Timor Leste]], em 19 de maio de 2017, aos 80 anos.  Acredita-se que sua morte tenha sido causada por um ataque cardíaco que ele sofreu enquanto dirigia sozinho pelo bairro do Farol em Dili .  Seu carro bateu em um poste e na calçada.  Ele foi levado ao Hospital Nacional Guido Valadares, onde faleceu.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1093/ww/9780199540884.013.10000538 |titulo=Martin, Kevin Joseph, (born 15 June 1947), President, Law Society, 2005–06 (Vice-President, 2004–05) |data=2007-12-01 |acessodata=2021-10-06 |jornal=Who's Who |publicado=Oxford University Press}}</ref>
 
==Vida pessoal==
Foi casado com [[Milena]], com quem teve 3 filhos: Pedro, Sónia e Patrícia.
 
== Ver também ==