Acupuntura: diferenças entre revisões

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Não se sabe ao certo quando foram introduzidos os pontos específicos de acupuntura, mas a autobiografia de Bian Que, escrita por volta de 500-400 a.C., se refere à inserção de agulhas em pontos específicos.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Bian Que acreditava que havia um ponto único de acupuntura no topo do crânio que ele chamou de ponto "dos cem encontros".<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=83|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Textos datados de 156–186 a.C. documentam crenças iniciais em canais de energia da vida chamados meridianos que, posteriormente, seriam elementos das crenças iniciais de acupuntura.<ref name=Ramey/>
 
Ramey e Buell disseram que os "fundamentos práticos e teóricos" da acupuntura moderna foram introduzidos no "Clássico do Imperador Amarelo" (''Huangdi Neijing'') por volta do ano 100 a.C.<ref>{{citar livro|autor=Prioreschi, P|título=A history of Medicine, Volume 2|editora=Horatius Press|ano=2004|páginas=147–48|id=ISBN 978-1888456011.}}</ref><ref name=Ramey/> Ele introduziu o conceito de usar a acupuntura para manipular o fluxo de energia da vida (''qi'') numa rede de meridianos (canais) no corpo.<ref name=Ramey/><ref>{{citar livro|autor=Epler DC|título= "Bloodletting in early Chinese medicine and its relation to the origin of acupuncture". Bulletin of the History of Medicine. 54 (3)|editora=|ano=1980|páginas=337–67|id= PMID 6998524}}</ref> O conceito de rede foi construído a partir da reunião dos acupontos. Alguns dos acupontos usados atualmente pelos acupunturistas ainda possuem os mesmos nomes usados no Clássico do Imperador Amarelo.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=93|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Numerosos documentos adicionais foram publicados ao longo dos séculos, introduzindo novos acupontos.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=101|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Por volta do século IV, a maioria dos pontos de acupuntura usados hoje já havia sido nomeada e identificada.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=101|id=ISBN 978-0700714582}}</ref>
==== Desenvolvimento inicial na China ====
===== Estabelecimento e crescimento =====
Na primeira metade do século I, os acupunturistas começaram a promover a crença de que a efetividade da acupuntura era influenciada pela hora do dia ou da noite, o ciclo lunar e a estação do ano.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=140-141|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> A ciência dos ciclos de ''yin-yang'' (''Yün Chhi Hsüeh'') era um conjunto de crenças que afirmava que a cura das doenças se baseava no alinhamento das energias do Céu (''tian'') e da Terra (''di''), que estavam sintonizadas com ciclos como o do Sol e o da Lua.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=140-141|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Havia vários sistemas de crença que se baseavam em corpos ou elementos do Céu e da Terra que orbitavam e se alinhavam apenas em certos momentos.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=140-141|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> De acordo com Needham e Lu, essas "predições arbitrárias" eram retratadas pelos acupunturistas em gráficos complexos e através de uma terminologia especial.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=|id=ISBN 978-0700714582}}</ref>
 
As agulhas de acupuntura usadas nesse período eram muito mais grossas que as atuais e, frequentemente, causavam infecção. A infecção é causada por falta de esterilização, mas, nessa época, se acreditava que ela era causada por uma agulha errônea, ou pela sua inserção em um ponto equivocado, ou num momento inapropriado.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=102-03|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Posteriormente, as agulhas passaram a ser aquecidas em água fervente ou em uma chama. Algumas vezes, as agulhas eram usadas ainda quentes, [[cauterização|cauterizando]] o local.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=104|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Nove agulhas eram recomendadas no ''Chen Chiu Ta Chheng'', de 1601, talvez porque uma antiga crença chinesa considerava que o nove era um número mágico.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=102-03|id=ISBN 978-0700714582}}</ref>
 
Outros sistemas de crença eram baseados na ideia de que o corpo humano operava num ritmo, e de que a acupuntura devia inserir as agulhas no ponto exato do ritmo.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=140-41|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Em alguns casos, uma falta de equilíbrio entre ''yin-yang'' era tida como a causa da doença.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=140-41|id=ISBN 978-0700714582}}</ref>
 
No século I, muitos dos primeiros livros sobre acupuntura foram publicados, e famosos acupunturistas começaram a surgir. O ''Zhen Jiu Jia Yi Jing'', que foi publicado em meados do século III, se tornou o mais antigo livro de acupuntura que existe até hoje.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Outros livros, como o ''Yu Kuei Chen Ching'', escrito pelo diretor de serviços médicos da China, também foram influentes nesse período, mas não foram preservados.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Em meados do século VII, [[Sun Simiao]] publicou diagramas relacionados a acupuntura que estabeleciam métodos padrões para localizar acupontos em pessoas de diferente tamanho, e categorizou os acupontos numa série de módulos.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=|id=ISBN 978-0700714582}}</ref>
 
A acupuntura se tornou mais estabelecida na China conforme os avanços na impressão levaram à publicação de mais livros de acupuntura. O serviço médico imperial e a faculdade médica imperial, que apoiavam a acupuntura, se tornaram mais estabelecidas e criaram faculdades de medicina em todas as províncias.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=129|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> A população também foi exposta a histórias sobre figuras reais que eram curadas de suas doenças por acupunturistas famosos.<ref>{{citar livro|autor=Lu G, Needham J|título=Celestial Lancets: A History and Rationale of Acupuncture and Moxa.|editora=|ano=2002|páginas=129-35|id=ISBN 978-0700714582}}</ref> Na época em que foi publicado "O grande compêndio de acupuntura e moxabustão", durante a [[dinastia Ming]] (1368–1644), a maior parte das práticas de acupuntura em uso atualmente já havia sido criada.<ref name="White2004"/>
===== Declínio =====
No final da dinastia Song (1279), a acupuntura havia perdido muito de sua reputação na China.<ref>{{citar livro|autor=Barnes, Linda L|título=Needles, Herbs, Gods, and Ghosts: China, Healing, and the West to 1848.|editora=Harvard University Press|ano=2005|páginas=25|id= ISBN 978-0674018723}}</ref> Ela se tornou mais rara nos séculos seguintes, e passou a ser associada a profissões de menor prestígio como [[alquimia]], [[xamanismo]], [[obstetrícia]] e moxabustão.<ref>{{citar livro|autor=Barnes, Linda L|título=Needles, Herbs, Gods, and Ghosts: China, Healing, and the West to 1848.|editora=Harvard University Press|ano=2005|páginas=25|id= ISBN 978-0674018723}}</ref> Adicionalmente, no século XVIII, a racionalidade científica se tornou mais popular que as crenças supersticiosas tradicionais.<ref name="White2004"/>
 
=== Expansão internacional ===