Frente Negra Brasileira: diferenças entre revisões

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==Legado==
 
A posiçãocaracterização ideológica direitista da Frente, bemfoi comocomplexa não tem sido tarefa fácil para os estudiosos defini-la. Mesmo durante sua existência houve disputas internas entre doutrinas divergentes.<ref name="Estramanho"/> Sua opção à direita, sua íntima relação com o catolicismo, sua oposição à democracia liberal, aos trocaelogios de cartas coma Hitler e Mussolini e os debates raciais desenvolvidos através de ''A Voz da Raça'', ainda provocam controvérsias na comunidade negra e entre os acadêmicos.<ref name="Matheus"/><ref name="Gente"/> ParaNa Márciobibliografia Barbosa,crítica sobre "a Frente teve de lidar com diversas contradições. Seu primeiro presidente, Arlindo Veigaum dos Santos,tópicos eramais patrianovista, istorecorrentes é, monarquista,que e,o emboramovimento semprefoi afirmasseprofundamente quecondicionado essapela suaconjuntura posiçãointernacional nãode interferiaascensão emdo seu papel como frentenegrinonazi-fascismo, as maiores críticas à Frente e muitas das cisões que surgemafetou derivam dessa postura e da linha autoritária queainda a diretoria teria imprimido à Frente, com a formação, por exemplo,política de umaEstado milícia".<ref>Barbosa,durante Márcio. [https://fpabramo.org.br/2011/11/10/frente-negra-brasileira-gestando-um-projeto-politico-para-o-brasil/ "Frentegoverno Negra Brasileira: Gestando um projeto político para o Brasil"]Vargas. FundaçãoAo Perseumesmo Abramotempo, 10/11/2011ela </ref>representou Nauma análiseexpressão deda Andréevolução dedas Oliveira,políticas entre os estudiososbrasileiras da Frente[[República Negra BrasileiraVelha]], atipicamente combinação do fascismo e luta contra o racismo é interpretada decalcadas váriasno maneirasautoritarismo, oraum comotraço resultado de inexperiência política, ora de determinantes históricospresente em açãoquase naqueletodas momento,as oragrandes decorrentes importaçõespolíticas semnacionais sentido,dos ouanos simplesmente como uma anomalia esdrúxula1930.<ref Ele continua:name="Estramanho"/>
 
Para Rodrigo de Almeida, as diretrizes adotadas pela Frente, alinhando-se em vários aspectos com as ideologias hegemônicas e inserindo as reivindicações dentro do quadro institucional vigente, parecem ter sido fruto do entendimento de que essa era a forma viável naquele momento histórico de conduzir o projeto de integração do negro na sociedade.<ref name="Estramanho"/> Para Márcio Barbosa, "a Frente teve de lidar com diversas contradições. Seu primeiro presidente, Arlindo Veiga dos Santos, era patrianovista, isto é, monarquista, e, embora sempre afirmasse que essa sua posição não interferia em seu papel como frentenegrino, as maiores críticas à Frente e muitas das cisões que surgem derivam dessa postura e da linha autoritária que a diretoria teria imprimido à Frente, com a formação, por exemplo, de uma milícia".<ref>Barbosa, Márcio. [https://fpabramo.org.br/2011/11/10/frente-negra-brasileira-gestando-um-projeto-politico-para-o-brasil/ "Frente Negra Brasileira: Gestando um projeto político para o Brasil"]. Fundação Perseu Abramo, 10/11/2011 </ref> Na análise de André de Oliveira, entre os estudiosos da Frente Negra Brasileira, a combinação de fascismo e luta contra o racismo parece difícil de explicar e vem sendo interpretada de várias maneiras, ora como resultado de inexperiência política, ora de determinantes históricos em ação naquele momento, ora de importações sem sentido, ou simplesmente como uma anomalia esdrúxula. Ele continua:
::"Dada a importância histórica da FNB, seu fascismo incomoda os grupos anti-racistas atuais, seja por pertencerem a tendências de esquerda e democráticas, seja, pela lembrança do genocídio perpetrado pelos regimes fascistas. [...] Não há dúvidas que a FNB utilizou o imaginário totalitário de caráter fascista e eugênico. Estas idéias circulavam com enorme aceitação nas primeiras décadas do século XX. Mas, perde-se muito da 'Gente Negra Nacional' se a estudarmos como apenas uma construção sintonizada com o imaginário da época. Tentar justificar o fascismo ou relegá-lo a um segundo plano frente às conquistas frentenegrinas, pode por a perder a riqueza da complexa teia de articulações organizada para fundamentar a 'Gente Negra Nacional'."<ref name="Gente">Oliveira, André Cortes de. [http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281498 ''Quem é a "Gente Negra Nacional"?: Frente Negra brasileira e A Voz da Raça (1933-1937)'']. Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2005, pp. 28-29; 113-114</ref>
 
::"Dada a importância histórica da FNB, seu fascismo incomoda os grupos anti-racistasantirracistas atuais, seja por pertencerem a tendências de esquerda e democráticas, seja, pela lembrança do genocídio perpetrado pelos regimes fascistas. [...] Não há dúvidas que a FNB utilizou o imaginário totalitário de caráter fascista e eugênico. Estas idéias circulavam com enorme aceitação nas primeiras décadas do século XX. Mas, perde-se muito da 'Gente Negra Nacional' se a estudarmos como apenas uma construção sintonizada com o imaginário da época. Tentar justificar o fascismo ou relegá-lo a um segundo plano frente às conquistas frentenegrinas, pode por a perder a riqueza da complexa teia de articulações organizada para fundamentar a 'Gente Negra Nacional'."<ref name="Gente">Oliveira, André Cortes de. [http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281498 ''Quem é a "Gente Negra Nacional"?: Frente Negra brasileira e A Voz da Raça (1933-1937)'']. Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 2005, pp. 28-29; 113-114</ref>
 
À parte as controvérsias, é um consenso que a Frente Negra Brasileira representou, em termos de organização e alcance, um avanço inédito em relação aos grupos anteriores; foi uma entidade representativa das principais ideologias que alimentavam o movimento negro naquela época; mobilizou comunidades, desejos e aspirações; ofereceu possibilidades de organização, educação e ajuda; incentivou o desenvolvimento econômico, e fortaleceu a conscientização de que era possível lutar por direitos, proteção e prosperidade numa sociedade idealizada, sem racismo, indiferença, injustiça e discriminação, consagrando-se na historiografia como um evento de grande relevo na história dos negros do Brasil<ref name="Campbell"/> e como a maior organização do movimento negro brasileiro na primeira metade do século XX.<ref>Pereira, Amilcar Araujo. [https://www.academia.edu/45043428/A_EDUCA%C3%87%C3%83O_EUROC%C3%8ANTRICA_E_O_RACISMO_NO_BRASIL_REPUBLICANO "A educação eurocêntrica e o racismo no Brasil republicano"]. ''Ciência Hoje'', 20/11/2020</ref>