Portugalidade: diferenças entre revisões

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A palavra “portugalidade”, oriunda de uma abertura linguística da língua portuguesa, transporta em si mesma uma pluralidade de sentidos semióticos, tão complexos quanto controversos. Em alguns dicionários, esta surge de uma forma simples enquanto ou uma qualidade própria do ser-português, ou algo específico da cultura portuguesa, ou um sentimento de amor ou afeição por Portugal ou até mesmo em modo de adjetivo - quando se refere à quantidade de "portugalidade"<ref name=":20" /><ref name=":21" />. Porém, numa análise de génese [[semiótica]], quer dizer, no estudo da construção de significado, dos processos de signo ([[semiose]]) e dos significados de comunicação, essa aparente simplicidade ganha contornos complexos que podem facilmente transportar os interlocutores, direta ou indiretamente, para associações coloniais ou luso-tropicais.
O conceito “portugalidade” decorre de uma lógica do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]], desenvolvida nos anos 50-60 do século XX <ref name=":1">{{Citar web |ultimo=Língua portuguesa |primeiro=Ciberdúvidas|url=https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/portugalidade/5188 |titulo= Portugalidade, pergunta-resposta |lingua=pt-PT}}</ref>, em que o luso-tropicalismo estava em pleno desenvolvimento, e que visava que as ex-colónias portuguesas fossem vistas pela [[ONU]] não como territórios autónomos, mas como parte integrante de [[Portugal]], por isso se denominando “[[Província ultramarina|províncias ultramarinas]]”.
 
== Conceito ==
 
ODe acordo com o investigador Vítor de Sousa, o conceito “portugalidade”de portugalidade decorre de uma lógica do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]], desenvolvida nos anos 50-60 do século XX <ref name=":1">{{Citar web |ultimo=Língua portuguesa |primeiro=Ciberdúvidas |url=https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/portugalidade/5188 |titulo= Portugalidade, pergunta-resposta |lingua=pt-PT}}</ref>, em que o luso-tropicalismo estava em pleno desenvolvimento, e que visava que as ex-colónias portuguesas fossem vistas pela [[ONU]] não como territórios autónomos, mas como parte integrante de [[Portugal]], por isso se denominando “[[Província ultramarina|províncias ultramarinas]]”.
 
Esta perspetiva, defendida por Vítor de Sousa<ref name=":2">{{Citar web |ultimo=Vítor |primeiro=Sousa|url=http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/cecs_ebooks/issue/view/229 |titulo= Da ‘portugalidade à lusofonia |lingua=pt-PT}}</ref> e corroborada por Valentim Alexandre<ref name=":3">{{Citar web |ultimo=Valentim|primeiro=Alexandre|titulo= Contra o vento. Portugal, o Império e a maré anticolonial (1945-1960)|lingua=pt-PT}}</ref>, contraria a perspetiva de J. [[Josué Pinharanda Gomes|Pinharanda Gomes]], um dos cultores da denominada “Filosofia Portuguesa”, que atribui a origem da “portugalidade” a António Sardinha, numa altura em que a hispanidade era hegemónica, e que “designava […] a acção portuguesa na história do mundo”<ref name=":4">{{Citar web |ultimo= Gomes |primeiro= J. P. |titulo= O pensamento nacionalista do século XX |lingua=pt-PT}}</ref>. O facto é que, segundo Vítor de Sousa<ref name=":2">{{Citar web |ultimo=Vítor |primeiro=Sousa|url=http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/cecs_ebooks/issue/view/229 |titulo= Da ‘portugalidade à lusofonia |lingua=pt-PT}}</ref>, Sardinha nunca se referiu, especificamente, à existência de qualquer “portugalidade” pelo que afirmar que o autor terá sido o primeiro a utilizar o termo configura um erro. Mais a mais, para além de ter estado exilado em Espanha, defendia o pan-hispanismo, que era constituído por dois elementos estruturais: o espanholismo e o lusitanismo<ref name=":5">{{Citar web |ultimo= António |primeiro= Sardinha |titulo= O pan-hispanismo |lingua=pt-PT}}</ref>. Vítor de Sousa também não valida o pensamento de [[Onésimo Teotónio Almeida]], que atribui a cunhagem da “portugalidade” a partir da “açorianidade”, termo utilizado pela primeira vez em 1932, por Vitorino Nemésio, que a desenvolveu a partir da hispanidade, para designar “a mundividência” que lhe está associada<ref name=":6">{{Citar web |ultimo= Onésimo Teotónio|primeiro=Almeida| titulo= Açores, Açorianos, Açorianidade. Um espaço cultural |lingua=pt-PT}}</ref>. Na mesma linha, também contesta o que preconiza [[José Fernandes Fafe]], para quem, a partir do par aristotélico essência/acidente, a portugalidade seria a essência de Portugal e os acontecimentos da história portuguesa, o acidente <ref name=":7">{{Citar web|ultimo= Fafe|primeiro= J. F. |titulo= Recuperação da portugalidade |lingua=pt-PT}}</ref> o que, desde logo, se desvia da lógica das [[Ciências sociais|Ciências Sociais]] e Humanas, tendentes a desconstruir essências. Na mesma senda, está António Quadros, com uma visão teleológica da “portugalidade’ ou as abordagens a partir da mitologia “portuguesa” de [[Vítor Adrião]]<ref name=":8">{{Citar web |ultimo= Vítor Manuel|primeiro=Adrião|titulo= Introdução à Portugalidade – Flos Sanctorum Portucalis |lingua=pt-PT}}</ref>, ou à “portugalidade” esotérica, de [[Sérgio Francllim]] <ref name=":9">{{Citar web |ultimo= Sérgio|primeiro=Franclim |titulo= A Mitologia Portuguesa, segundo a História Iniciática de Portugal |lingua=pt-PT}}</ref>.