Hermínio Martins: diferenças entre revisões

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==Vida e tecnociência enquanto ''Experimentum Humanum''==
Em Experimentum Humanum: Civilização Tecnológica e Condição Humana (20212011), Hermínio Martins debruçou-se sobre um axioma que se tem tornado muito comum no estudo atual da técnica: “a tecnologia como extensão do humano”. Na perspetiva do autor, este topos, no seu dizer uma verdadeira «teoria prostética» impulsionada entre 1860 e 1870, é oriundo de uma fusão de textos, em versões parciais ou totais, que postulam o marxismo clássico, as popularizações da teoria evolucionista de Darwin e a psicanálise freudiana. Ernst Kapp teria sido um desses primeiros teóricos a ver a história do humano como a objetivação da sua essência. A técnica apareceria aqui como um prolongamento da nossa essência, na medida em que “o inconsciente produz externalizações técnicas variegadas, projetando vários traços e fases do ser humano”<ref>2011, (ibidp.: 16)</ref>. Esta ótica Kappiana sugeria o autoconhecimento e a autoconsciência humanas como realizações do estudo dos produtos do trabalho humano, na medida em que a sua “ênfase metafísica na passagem do inconsciente ao consciente por via da externalização técnica oferece-lhe uma espécie de garantia cósmica de que o crescimento da tecnologia será, ''pari passu'', o crescimento da autoconsciência humana”<ref>2011, (ibidp.: 17)</ref>. Este é, para Hermínio Martins, sinal de um forte «somatismo tecnológico» onde as raízes humanas, através das externalizações técnicas, estariam nas profundezas do inconsciente. Constata assim que nos encontramos hoje perante um certo «gnosticismo tecnológico» (expressão de Victor Ferkiss<ref>2011, ibidp.: 18)</ref>, quer dizer, diante de um “casamento das realizações, projetos e aspirações tecnológicos com os sonhos caracteristicamente gnósticos de se transcender radicalmente a condição humana”<ref>2011, (ibidp.: 18)</ref>. A ideia central que o autor aqui vinca é esta: o móbil de legitimação desta nova tecnociência parece ser o de ultrapassar os parâmetros mais básicos da condição humana (a expressão, entre outras, da “abolição” ou “aniquilação” do espaço e do tempo é um dos exemplos maiores, construindo uma certa «retórica do eletrónico sublime»).
 
==Bibliografia==