Campanha de Maryland: diferenças entre revisões

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O ano de 1862 começou bem para as forças da União no [[Teatro Oriental da Guerra Civil Americana|Teatro Oriental]]. O [[Exército do Potomac]] de [[George B. McClellan]] invadiu a Península da Virgínia durante a [[Campanha da Península]] e em junho estava a apenas alguns quilômetros da capital confederada situada em Richmond. Entretanto, quando [[Robert E. Lee]] assumiu o comando do [[Exército da Virgínia do Norte]] em 1 de junho, a situação mudou. Lee confrontou McClellan agressivamente nas Batalhas dos Sete Dias; McClellan perdeu a coragem e seu exército foi obrigado a sair da Península. Após essa vitória, Lee conduziu suas forças na campanha do norte da Virgínia, na qual ele derrotou o [[major-general]] [[John Pope]] e seu exército da Virgínia na [[Segunda Batalha de Bull Run]]. A campanha de Lee em Maryland pode ser considerada a parte final de uma ofensiva de verão contra as forças da União localizadas no Teatro Oriental do conflito.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1109/mc.2011.274 |titulo=Career opportunities |data=2011-09 |acessodata=2021-12-06 |jornal=Computer |número=9 |paginas=80–86 |doi=10.1109/mc.2011.274 |issn=0018-9162}}</ref>
 
Os confederados sofreram perdas significativas após as campanhas de verão. Mesmo assim, Lee decidiu que seu exército estava pronto para um grande desafio: uma invasão do Norte. Seu objetivo era alcançar os estados de Maryland e [[Pensilvânia]], e cortar a parte da Ferrovia Baltimore & Ohio que abastecia a capital estadunidense [[Washington, D.C.|Washington, D.C]]. Seus movimentos ameaçariam Washington e Baltimore, a fim de "irritar e hostilizar o inimigo".<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1515/9783486720778-016 |titulo=Verschiedene Notizen |data=1867-12-31 |acessodata=2021-12-06 |publicado=Oldenbourg Wissenschaftsverlag |paginas=65–66}}</ref>
 
A decisão de Lee de invadir o Norte procedeu inúmeros motivos. Primeiro, movendo a guerra para o Norte aliviaria a pressão sobre a Virgínia, e ele precisava abastecer seu exército e sabia que as fazendas do Norte não haviam sido afetadas pela guerra (ao contrário das da Virgínia). Em segundo lugar, estava a questão do moral do Norte. Lee sabia que a Confederação não precisava vencer a guerra derrotando o Norte militarmente; precisava apenas fazer com que a população e o governo do Norte não quisessem continuar o conflito. Com as eleições para o Congresso de 1862 se aproximando em novembro, Lee acreditava que um exército invasor causando estragos no Norte poderia inclinar a balança do Congresso para o Partido Democrata, o que forçaria Abraham Lincoln a negociar o fim da guerra. Ele disse ao presidente confederado [[Jefferson Davis]] em uma carta de 3 de setembro que o inimigo estava "muito enfraquecido e desmoralizado."<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.2307/2702805 |titulo=The Civil War and the Quest for Originality |data=1994-12 |acessodata=2021-12-06 |jornal=Reviews in American History |número=4 |ultimo=Castel |primeiro=Albert |ultimo2=Gallman |primeiro2=J. Matthew |paginas=596 |doi=10.2307/2702805 |issn=0048-7511 |ultimo3=Glatthaar |primeiro3=Joseph T. |ultimo4=McPherson |primeiro4=James M.}}</ref>
 
Também havia razões secundárias. A invasão confederada poderia ser capaz de incitar um levante em Maryland, especialmente porque era um estado escravista e muitos de seus cidadãos mantinham uma postura simpática em relação ao Sul. Alguns políticos confederados, incluindo Jefferson Davis, acreditavam que a perspectiva de reconhecimento estrangeiro para a Confederação seria fortalecida por uma vitória militar no Norte, mas não há evidências de que Lee pensava que o Sul deveria basear seus planos militares nesta possibilidade. No entanto, a notícia da vitória na [[Segunda Batalha de Bull Run]] e do início da invasão de Lee causou considerável atividade diplomática entre os Estados Confederados e potências europeias como a [[Segundo Império Francês|França]] e o [[Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda|Reino Unido]].<ref>McPherson, pp. 91–94; Eicher, p. 337.</ref>
 
Após a derrota de Pope na Segunda Batalha de Bull Run, o presidente Lincoln relutantemente chamou George B. McClellan. Ele sabia que McClellan era um excelente organizador e um habilidoso treinador de tropas, capaz de recombinar as unidades do exército de Pope com o Exército do Potomac mais rápido do que qualquer um. Em 2 de setembro, Lincoln nomeou McClellan para comandar "as fortificações de Washington e todas as tropas para a defesa da capital".<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1353/mis.1997.0059 |titulo=Specialty |data=1997 |acessodata=2021-12-06 |jornal=The Missouri Review |número=3 |ultimo=McPherson |primeiro=Sandra |paginas=86–87 |doi=10.1353/mis.1997.0059 |issn=1548-9930}}</ref> A nomeação foi polêmica no Gabinete, a maioria do qual assinou uma petição declarando ao presidente "nossa opinião deliberada de que, neste momento, não é seguro confiar ao General McClellan o comando de qualquer Exército dos Estados Unidos".<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1353/cwh.1990.0034 |titulo=McClellan and the Peace Plank of 1864: A Reappraisal |data=1990 |acessodata=2021-12-06 |jornal=Civil War History |número=1 |ultimo=Sears |primeiro=Stephen W. |paginas=57–64 |doi=10.1353/cwh.1990.0034 |issn=1533-6271}}</ref> O presidente admitiu que era como "curar a mordida com o pelo de cachorro". Mas Lincoln disse a seu secretário, [[John Hay]]: "Devemos usar todas as ferramentas que dispomos. Não há homem no Exército que possa guarnecer essas fortificações e transformar nossas tropas como ele. Se ele não puder lutar por si, ele se destaca em preparar outros para lutar".<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1353/cwh.1979.0044 |titulo=<i>Antietam: The Photographic Legacy of America's Bloodiest Day</i> (review) |data=1979 |acessodata=2021-12-06 |jornal=Civil War History |número=1 |ultimo=Byrne |primeiro=Frank L. |paginas=92–93 |doi=10.1353/cwh.1979.0044 |issn=1533-6271}}</ref>
[[Ficheiro:ATLAS OR VIRGINIA-MARYLAND-PENNSYLVANIA.jpg|miniaturadaimagem|373x373px|Virgínia do Norte, Maryland e Pensilvânia (1861-1865)]]
 
== Planos e movimentos iniciais ==
Em 3 de setembro, apenas dois dias após a Batalha de Chantilly, Lee escreveu ao presidente Davis que havia decidido cruzar para Maryland. No mesmo dia, Lee começou a mover seu exército para o norte e oeste de Chantilly, em direção a [[Leesburg (Virgínia)|Leesburg, Virgínia]]. Em 4 de setembro, unidades avançadas do Exército da Virgínia do Norte saíram de [[Condado de Loudoun|Loudon]] entraram em Maryland. Em 7 de Setembro, o corpo principal do exército avançou para [[Frederick (Maryland)|Frederick, Maryland]]. O exército de 55 mil homens havia sido reforçado por tropas que defendiam Richmond - as divisões dos majores-generais [[D. H. Hill]] e [[Lafayette McLaws]] e duas brigadas comandadas pelo brigadeiro-general [[John George Walker|John G. Walker]] - mas estes reforços meramente compensaram os 9 mil homens perdidos em Bull Run e Chantilly.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.18130/v3rq24 |titulo=&quot;Landscape with Unwashed Moon&quot; |acessodata=2021-12-06 |ultimo=Sears |primeiro=Jocelyn}}</ref>
[[Ficheiro:ATLAS OR VIRGINIA MAP.jpg|miniaturadaimagem|373x373px|Virgínia do Sul, (1861-1865)]]
A invasão de Lee coincidiu com outra ofensiva estratégica da Confederação. Os generais [[Braxton Bragg]] e [[Edmund Kirby Smith]] lançaram invasões simultâneas ao Kentucky. Jefferson Davis enviou aos três generais um rascunho de proclamação pública, com espaços em branco disponíveis para que eles inserissem o nome de qualquer estado que suas forças invasoras pudessem alcançar. Davis escreveu para explicar ao público (e, indiretamente, às potências europeias) por que o Sul parecia estar mudando sua estratégia. Até então, a Confederação alegava ter sido vítima de agressão e estava apenas se defendendo da "invasão estrangeira". Davis explicou que a Confederação ainda estava travando uma guerra de autodefesa. Ele escreveu que não havia "nenhum propósito de conquista" e que as invasões eram apenas um esforço agressivo para forçar o governo de Lincoln a deixar o Sul ir em paz".<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.2307/j.ctvxcr7x0.15 |titulo=Index |data=2013-03-15 |acessodata=2021-12-06 |publicado=Historic England |paginas=68–69}}</ref>
 
O rascunho da proclamação de Davis não chegou a seus generais até que eles emitissem suas próprias proclamações. Eles enfatizaram que tinham vindo como libertadores, não conquistadores, a esses estados fronteiriços, mas não abordaram a questão mais ampla da mudança de estratégia dos Confederados como Davis desejava. A proclamação de Lee anunciou ao povo de Maryland que seu exército viera "com a mais profunda simpatia pelos erros que foram infligidos aos cidadãos da comunidade aliada aos Estados do Sul pelos laços sociais, políticos e comerciais mais fortes...".<ref>McPherson, p. 91; Sears, ''Landscape'', pp. 68–69.</ref>
 
=== Divisão do Exército de Lee ===
Lee dividiu seu exército em quatro partes conforme ele se movia para Maryland. Depois de receber informações sobre a atividade da milícia em [[Chambersburg (Pensilvânia)|Chambersburg, Pensilvânia]], Lee enviou o major-general [[James Longstreet]] para [[Boonsboro]] e depois para [[Hagerstown (Maryland)|Hagerstown]] (a inteligência exagerou a ameaça, já que apenas 20 milicianos estavam em Chambersburg na época).<ref>Eicher, p. 339</ref> O major-general Thomas J. "Stonewall" Jackson, que comandava quatro divisões, recebeu ordens de confiscar o arsenal da União em [[Arsenal Harpers Ferry|Harpers Ferry]]. Essas medidas deixaram a somente a cavalaria escassamente espalhada do major-general [[J. E. B. Stuart|J.E.B. Stuart]] e a divisão do major-general [[D.H. Hill]] para proteger a retaguarda do exército em South Mountain.<ref>Bailey, p. 38.</ref>
 
A razão específica pela qual Lee escolheu essa estratégia arriscada de dividir seu exército para capturar Harpers Ferry não é conhecida. Uma possibilidade é que ele sabia que comandava suas linhas de abastecimento através do [[Vale do Shenandoah|Vale Shenandoah]]. Antes de entrar em Maryland, ele presumiu que as guarnições federais em [[Winchester, Maryland|Winchester]], [[Martinsburg (Virgínia Ocidental)|Martinsburg]] e Harpers Ferry seriam isoladas e abandonadas sem disparar um tiro (e, de fato, Winchester e Martinsburg foram evacuadas). Outra possibilidade é que era simplesmente um alvo tentador com muitos suprimentos fundamentais, mas iminentemente indefensável. McClellan solicitou permissão de Washington para esvaziar Harpers Ferry e anexar sua guarnição ao seu exército, mas o pedido foi recusado.