Imigração irlandesa nos Estados Unidos: diferenças entre revisões

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A maioria dos colonos provenientes da província irlandesa do [[Ulster]] vieram a ser conhecidos nos Estados Unidos como "Scotch-Irish" ("escoceses-irlandeses"). Eles eram descendentes de fazendeiros escoceses e ingleses, que tinham sido mandados para a Irlanda pelo Governo Britânico no século XVIII.<ref>Philip Robinson, ''The Plantation of Ulster'', St. Martin's Press, 1984, pp. 52–55</ref> Cerca de 250.000 deles migraram para a América durante o período colonial. Os "escoceses-irlandeses" se instalaram sobretudo nas proximidades das [[Apalaches]] e tornaram-se o componente étnico de destaque na cultura que ali foi desenvolvida. Os descendentes dos "escoceses-irlandeses" tiveram uma grande influência sobre a cultura dos Estados Unidos, por meio de contribuições como a música popular americana ''country'' que, depois, se tornaria popular em todo o país.<ref>Scholarly estimates vary, but here are a few: "more than a quarter-million", Fischer, David Hackett, ''Albion's Seed: Four British Folkways in America'' [[Oxford University Press]], USA (March 14, 1989), pg. 606; "200,000", Rouse, Parke Jr., ''The Great Wagon Road'', Dietz Press, 2004, pg. 32; "...250,000 people left for America between 1717 and 1800...20,000 were Anglo-Irish, 20,000 were Gaelic Irish, and the remainder Ulster-Scots or Scotch-Irish...", Blethen, H.T. & Wood, C.W., ''From Ulster to Carolina'', North Carolina Division of Archives and History, 2005, pg. 22; "more than 100,000", Griffin, Patrick, ''The People with No Name'', [[Princeton University Press]], 2001, pg 1; "200,000", Leyburn, James G., ''The Scotch-Irish: A Social History'', [[University of North Carolina Press]], 1962, pg. 180; "225,000", Hansen, Marcus L., ''The Atlantic Migration, 1607–1860'', Cambridge, Mass, 1940, pg. 41; "250,000", Dunaway, Wayland F. ''The Scotch-Irish of Colonial Pennsylvania'', Genealogical Publishing Co (1944), pg. 41; "300,000", Barck, O.T. & Lefler, H.T., ''Colonial America'', New York (1958), pg. 285.</ref><ref>James Webb, ''Born Fighting'', Broadway Books (2004), pgs 253-264.</ref>
 
==A grandeimigração fomeem emassa ado imigraçãoséculo em massaXIX==
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===A situação dramática na Irlanda===
Embora a partir da década de 1820 já se percebesse um forte crescimento imigratório de irlandeses para os Estados Unidos, o seu auge foi alcançado com a [[grande fome de 1845–1849 na Irlanda]]. Grande parte da população desse país dependia do consumo de [[batata]] para sobreviver, o que resultou numa tragédia quando várias plantações de batata foram contaminadas por uma doença. Tal fato acarretou na morte de cerca de um milhão de irlandeses de fome, e outro milhão teve que emigrar da ilha para sobreviver, a maioria indo para os Estados Unidos. As condições dessa imigração em massa foram traumáticas e os navios que transportavam esses imigrantes eram conhecidos como "navios tumbeiros", pois os índices de mortalidade durante a viagem alcançavam os 30%, semelhante aos [[navios negreiros]] que transportavam escravos da [[África]].<ref name="libraryofcongress">{{citar web| url = http://memory.loc.gov/learn/features/immig/irish2.html |título= Irish-Catholic Immigration to America |publicado= Library of Congress |acessodata= 2008-04-13}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.emigrantletters.com/IE/output.asp?ArticleID=211374&CategoryID=6574&ArticleOutputTemplateID=452&ArticleStateID=2 |título=Early Emigrant Letter Stories |obra=eligrantletters.com}}</ref>
 
A ocupação britânica foi muito severa com a população irlandesa. Muitos proprietários de terra católicos tiveram suas terras confiscadas e transferidas para colonos ingleses e escoceses de religião protestante. Em 1641, os irlandeses católicos eram proprietários de 75% das terras na Irlanda, porém, em 1665, essa porcentagem caiu para 20% e, em 1790, para apenas 14%. Sob o comando de [[Oliver Cromwell]], os britânicos tentaram erradicar a religião católica na Irlanda e impedir que os irlandeses progredissem economicamente e politicamente. As atividades da [[Igreja Católica]] foram severamente limitadas e os católicos foram obrigados, por lei, a pagar [[dízimo]] para a construção de igrejas protestantes. Apenas a educação protestante era permitida e os católicos foram proibidos de [[Voto|votar]], de ocupar [[Cargo público|cargos públicos]] e de casar com protestantes. Embora essas leis não tenham sido aplicadas integralmente, elas tinham como objetivo forçar os irlandeses a se converterem ao protestantismo e manter os católicos excluídos.<ref name="sowell">Thomas Sowell. The Economics and Politics of Race: An International Perspective. Blackstone Pub (20 novembro 2012)</ref>
A grande fome alterou as estruturas familiares da Irlanda, uma vez que, em meio ao caos, menos pessoas se casavam e tinham filhos, fazendo com que muitos passassem a viver sozinhos. Consequentemente, muitos cidadãos irlandeses estavam menos ligados a obrigações familiares e puderam mais facilmente migrar para os Estados Unidos nas décadas posteriores.<ref>{{citar livro|último =Diner|primeiro =Hasia R|título=Erin's Daughters|páginas=31–32}}</ref>
[[Imagem:Famine memorial dublin.jpg|direita|thumb|200px|Memorial às vítimas da fome, em [[Dublin]].]]
 
No século XIX, a situação dos [[Camponês|camponeses]] irlandeses era dramática. Enquanto a [[expectativa de vida]] de um [[escravo]] nos Estados Unidos era de 36 anos, a de um camponês irlandês, na mesma época, era de apenas 19 anos. Os camponeses irlandeses praticamente só comiam [[batata]] e, ocasionalmente, [[peixe]]; a [[carne]] de [[vaca]] era uma raridade. Os camponeses moravam em cabanas feitas de [[barro]], com telhados de [[palha]], geralmente sem ventilação. De acordo com um relato da época, os irlandeses mais afortunados "comem batata três vezes ao dia; outros, menos afortunados, duas; aqueles em situação de indigência apenas uma; há alguns ainda mais destituídos, que ficam um ou mesmo dois dias sem qualquer alimentação". A pobreza dos irlandeses não tinha paralelo no mundo, e era uma pobreza que contrastava com a riqueza dos senhores de terras estrangeiros (ingleses e escoceses). Uma [[classe média]] era praticamente inexistente.<ref name="sowell"/>
A maioria desses imigrantes se instalaram no Nordeste dos Estados Unidos, principalmente nos grandes centros urbanos, uma vez que ali eles poderiam criar suas próprias comunidades que serviam de apoio e proteção nesse novo ambiente e também porque eles não tinham capital para se mudar para o interior, tendo que se contentar em fixar residência perto dos portos em que desembarcavam. Cidades com grande número de imigrantes irlandeses incluíam [[Boston]], [[Filadélfia]] e [[Nova York]], bem como Pittsburgh, Baltimore, Detroit, Chicago, St. Louis, St. Paul, San Francisco e Los Angeles. Em 1910, havia mais pessoas em Nova York de origem irlandesa do que em Dublin, e ainda hoje, muitas dessas cidades ainda mantêm uma comunidade irlandesa substancial.<ref>{{citar livro|último =Diner|primeiro =Hasia R|título=Erin's Daughters|páginas=40–41}}</ref><ref>{{citar web|título=Irish Immigration|url=http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/USAEireland.htm|obra=Spartacus Educational|acessodata=17 de abril de 2011|arquivourl=https://www.webcitation.org/68FXK66Kk?url=http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/USAEireland.htm#|arquivodata=7 de junho de 2012|urlmorta=yes}}</ref><ref>Chisholm, Hugh, ed. "New York (City)". ''The Encyclopædia Britannica''. 11th ed. Vol. XIX. New York: Encyclopædia Britannica Company, 1911. p. 617</ref>
 
O baixo padrão de vida dos irlandeses, na década de 1830, era apenas um prelúdio da catástrofe que viria na década de 1840, quando o [[phytophthora infestans]] espalhou-se pelo país, contaminando as plantações de batata e destruindo a principal fonte de alimentação dos pobres, o que gerou uma onda de fome. Porém, as injustiças históricas cometidas pelos britânicos contra os irlandeses não são a única explicação para a pobreza irlandesa. A Irlanda já era pobre e fragmentada antes da colonização britânica e, mesmo após a [[Guerra de Independência da Irlanda|independência]] em 1921, a Irlanda continuou sendo um dos países mais pobres da [[Europa ocidental]], por várias décadas. Outros fatores, ligados à cultura, incluindo a baixa valorização dada à [[educação]] e ao [[empreendedorismo]], também tiveram sua influência. Prova disso é que, mesmo morando em outros países, milhares de imigrantes irlandeses continuaram vivendo, por gerações, na pobreza.<ref name="sowell"/> Outro aspecto cultural que atrapalhava os irlandeses era o sentimento de [[culpa]] associado ao sucesso econômico e aos bens materiais. Qualquer exibição de opulência ou pretensão de sucesso incorria em desaprovação fulminante. Na Irlanda, as pessoas que prosperavam eram vistas como trapaceiras, sendo acusadas, por exemplo, de receber dinheiro como recompensa por fornecer informações aos britânicos. <ref name="abuse">[https://www.drugsandalcohol.ie/4320/1/738-0695604.pdf Philip O’Dwyer. The Irish and Substance Abuse]</ref>
 
===A grande fome devasta a Irlanda: a imigração em massa ===
 
Embora a partir da década de 1820 já se percebesse um forte crescimento imigratório de irlandeses para os Estados Unidos, o seu auge foi alcançado com a [[grande fome de 1845–1849 na Irlanda]].<ref name="libraryofcongress"/> Grande parte da população desse país dependia do consumo de [[batata]] para sobreviver, o que resultou numa tragédia quando várias plantações de batata foram contaminadas porpelo uma[[phytophthora doençainfestans]]. TalCerca fatode acarretouum na mortemilhão de cercairlandeses morreram de umfome milhãoou de irlandesesdoenças derelacionadas fomea ela, e outrocerca milhãode tevedois quemilhões emigrarimigraram, de meados da ilhadécada de 1840 a meados da década de 1850. Os mais pobres e desesperados imigravam para sobrevivera vizinha [[Inglaterra]], aenquanto maioriamuitos indooutros rumavam principalmente para os Estados Unidos, mas também para o [[Canadá]] e a [[Austrália]].<ref name="sowell"/> As condições dessa imigração em massa foram traumáticas e os navios que transportavam esses imigrantes eram conhecidos como "navios tumbeiros", pois os índices de mortalidade durante a viagem alcançavam os 30%, semelhante aos [[navios negreiros]] que transportavam escravos da [[África]].<ref name="libraryofcongress">{{citar web| url = http://memory.loc.gov/learn/features/immig/irish2.html |título= Irish-Catholic Immigration to America |publicado= Library of Congress |acessodata= 2008-04-13}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.emigrantletters.com/IE/output.asp?ArticleID=211374&CategoryID=6574&ArticleOutputTemplateID=452&ArticleStateID=2 |título=Early Emigrant Letter Stories |obra=eligrantletters.com}}</ref>
 
A grande fome alterou as estruturas familiares da Irlanda, uma vez que, em meio ao caos, menos pessoas se casavam e tinham filhos, fazendo com que muitos passassem a viver sozinhos. Consequentemente, muitos cidadãos irlandeses estavam menos ligados a obrigações familiares e puderam mais facilmente migrar para os Estados Unidos nas décadas posteriores.<ref>{{citar livro|último =Diner|primeiro =Hasia R|título=Erin's Daughters|páginas=31–32}}</ref> Por volta de 1891, quase 40% da população irlandesa morava fora do país. A Irlanda foi um dos poucos países do mundo que viu a sua população encolher, por décadas: em 1841, a Irlanda tinha 8 milhões de habitantes, encolhendo para 4 milhões, em 1926.<ref name="sowell"/>
[[Imagem:NINA-nyt.JPG|thumb|left|Um anúncio de emprego de 1854, publicado no ''[[The New York Times|New York Times]]'', em que se lê "No Irish need Apply" ou "Nenhum irlandês precisa se candidatar".]]
 
A maioria desses imigrantes instalou-se instalaram no Nordeste dos Estados Unidos, principalmente nos grandes centros urbanos, uma vez que ali eles poderiam criar suas próprias comunidades, que serviam de apoio e proteção nesse novo ambiente, e também porque eles não tinham capital para se mudar para o interior, tendo que se contentar em fixar residência perto dos portos em que desembarcavam. Cidades com grande número de imigrantes irlandeses incluíam [[Boston]], [[Filadélfia]] e [[Nova York]], bem como Pittsburgh, Baltimore, Detroit, Chicago, St. Louis, St. Paul, SanSão Francisco e Los Angeles. Em 1910, havia mais pessoas em Nova York de origem irlandesa do que em Dublin, e ainda hoje, muitas dessas cidades ainda mantêm uma comunidade irlandesa substancial.<ref>{{citar livro|último =Diner|primeiro =Hasia R|título=Erin's Daughters|páginas=40–41}}</ref><ref>{{citar web|título=Irish Immigration|url=http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/USAEireland.htm|obra=Spartacus Educational|acessodata=17 de abril de 2011|arquivourl=https://www.webcitation.org/68FXK66Kk?url=http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/USAEireland.htm#|arquivodata=7 de junho de 2012|urlmorta=yes}}</ref><ref>Chisholm, Hugh, ed. "New York (City)". ''The Encyclopædia Britannica''. 11th ed. Vol. XIX. New York: Encyclopædia Britannica Company, 1911. p. 617</ref>
[[Imagem:Joseph F. Keppler - Uncle Sam's lodging-house.jpg|thumb|Uma ilustração de 1882, que retrata o irlandês como encrenqueiro. Além do estereótipo de serem violentos, os irlandeses também eram tachados de [[bêbado]]s, nos Estados Unidos.<ref name="potter526">Potter (1960), p. 526.</ref></blockquote>]]
 
Nos Estados Unidos, os irlandeses concentraram-se nos empregos menos qualificados, mais difíceis, mais servis e perigosos. Muitos eram destituídos de tudo, pois tinham gasto suas poucas economias para pagar a viagem da imigração. Concentravam-se em apenas uma ocupação: a de mão de obra desqualificada, mais do que qualquer outro grupo de imigrantes, e muitos nunca conseguiram sair dessa situação. Os imigrantes irlandeses viviam amontados em [[favela]]s decadentes e imundas, sem água corrente interna ou qualquer meio eficaz de [[esgoto]]. A [[violência]] era comum, e as comunidades irlandesas tinham a má reputação de serem perigosas. Em alguns bairros irlandeses de Nova Iorque, a [[polícia]] só entrava em grupos formados por ao menos seis policiais. O [[estereótipo]] de que os irlandeses eram [[alcoólatra]]s e violentos tornou-se comum e os irlandeses eram vistos como [[vizinho]]s ou [[empregado]]s indesejáveis. Em [[Boston]], por exemplo, o número de [[bar]]es ([[saloon]]s) cresceu quase 50% em apenas três anos, devido ao grande influxo de imigrantes irlandeses na década de 1840.<ref name="sowell"/> Quando os irlandeses mudavam-se para um bairro, "o êxodo de residentes não irlandeses começava".<ref>Oscar Handlin, Boston's Immigrants. p. 121</ref> Beber muito foi um método que muitos irlandeses encontraram para lidar com a devastação causada pela fome. Além disso, os jovens irlandeses exibiam sua masculinidade "bebendo como homens", o que implicava uma demonstração de tolerância ao álcool na cultura irlandesa.<ref name="abuse"/> A tolerância ao álcool entrava em choque com os valores da classe média protestante norte-americana, que associava o uso da bebida a males sociais como pobreza e insanidade. O [[movimento da temperança]], de meados do século XIX, por exemplo, foi um movimento social contra o consumo de bebidas alcoólicas que tinha como alvos principais os imigrantes irlandeses e alemães. Já no século XX, a luta contra bebidas alcóolicas culminaria na [[Lei Seca nos Estados Unidos|lei seca]] <ref>[https://www.loc.gov/classroom-materials/united-states-history-primary-source-timeline/progressive-era-to-new-era-1900-1929/prohibition-case-study-of-progressive-reform/ Prohibition: A Case Study of Progressive Reform]</ref>
 
Nos Estados Unidos, há registros de anúncios de emprego do século XIX com a frase "nenhum irlandês precisa se candidatar" ou com a frase "qualquer cor ou nacionalidade, exceto irlandês"; outros anúncios eram menos explícitos, mas exigiam que o candidato fosse "protestante". Nos Estados Unidos, os homens irlandeses trabalhavam construindo estradas e canais, extraindo carvão ou exercendo muitos outros trabalhos pesados, e também como operários em fábricas. Por sua vez, as mulheres irlandeses trabalhavam como [[empregada doméstica|empregadas domésticas]] (em 1855, 99% das empregadas domésticas de Nova Iorque eram irlandesas). Já em 1920, 80% das irlandesas que trabalhavam continuavam sendo empregadas domésticas.<ref name="abuse"/>
===Ascensão na política===
[[File:Irish immigrants 1909.jpg|thumb|Imigrantes irlandeses em [[Kansas City (Missouri)]], c. 1909]]
Grande número de irlandeses desempregados ou muito pobres viviam em condições precárias em favelas e cortiços das cidades americanas. Os irlandeses eram os mais pobres de todos os grupos de imigrantes que chegaram aos Estados Unidos no século XIX. Embora os católicos irlandeses tenham começado muito baixo na escala social, por volta de 1900, eles já tinham emprego e renda igual à média americana. No entanto, havia ainda muita pobreza entre os irlandeses da classe trabalhadora em Chicago, Boston, Nova York, e em outras partes do país. Depois de 1945, os irlandeses católicos consistentemente ascenderam ao topo da hierarquia social, graças principalmente à sua elevada taxa de graduação em faculdade.<ref name="greeley1988">Greeley (1988), p. 1.</ref>
 
Nos Estados Unidos, a política tornou-se uma área de grande sucesso dos irlandeses. Uma explicação para esse sucesso pode ser traçada a características observadas na cultura irlandesa: "A sagacidade e a adaptabilidade irlandesas, um dom para a oratória, uma certa vivacidade e uma qualidade humana calorosa que fizeram deles os melhores colegas de todos os tempos - especialmente em campanhas eleitorais - permitem que os irlandeses passem rapidamente de assistentes de campanha municipal a chefes da cidade, e a funcionários municipais, estaduais e federais de alta distinção". Os imigrantes irlandeses trouxeram com eles um ódio à [[aristocracia]], ao exclusivismo e a pretensões de superioridade. Um fator essencial para o sucesso político dos irlandeses é que eles provinham de comunidades pobres compostas por trabalhadores comuns, portanto eles tinham plena consciência das necessidades dessas pessoas.<ref name="sowell"/>
==Religião==
 
No final do século XIX, a máquina política irlandesa já dominava cidades americanas, de Nova Iorque a São Francisco. Chefes políticos de origem irlandesa permaneceram nas suas respectivas máquinas eleitorais por décadas. O domínio político permitiu aos irlandeses controlar diversos postos de trabalho por meio do [[clientelismo]], desde cargos elevados no [[judiciário]] até cargos menores, como de limpadores de ruas, os quais ainda eram muitos importantes para aqueles cujo emprego estável era considerado uma bênção. Todavia, o sucesso político dos irlandeses não necessariamente se traduzia em avanços econômicos para as massas irlandesas: em 1890, 42% dos irlandeses nos Estados Unidos ainda trabalhavam em empregos subalternos ou servis.<ref name="sowell"/>
 
===Ascensão social nos Estados Unidos===
 
Os irlandeses foram a nacionalidade europeia que mais tempo demorou para melhorar de vida nos Estados Unidos. Grande número de irlandeses desempregados ou muito pobres viviam em condições precárias em favelas e cortiços das cidades americanas.<ref name="sowell"/> Os irlandeses eram os mais pobres de todos os grupos de imigrantes que chegaram aos Estados Unidos no século XIX. Embora os católicos irlandeses tenham começado muito baixo na escala social, por volta de 1900, eles já tinham emprego e renda igual à média americana. No entanto, havia ainda muita pobreza entre os irlandeses da classe trabalhadora em Chicago, Boston, Nova York, e em outras partes do país. Depois de 1945, os irlandeses católicos consistentemente ascenderam ao topo da hierarquia social, graças principalmente à sua elevada taxa de graduação em faculdade.<ref name="greeley1988">Greeley (1988), p. 1.</ref>
 
A crescente aculturação dos irlandeses nos Estados Unidos vagarosamente produziu resultados econômicos tangíveis. Embora a primeira geração tenha permanecido exercendo trabalhos manuais desqualificados, a partir da segunda geração passaram a ocupar mais espaço em profissões de [[colarinho-branco]].<ref name="sowell"/>
 
==Demografia==
===Religião===
 
Dois grupos religiosos irlandeses imigraram para os Estados Unidos: protestantes e católicos. Os evangélicos chegaram sobretudo no período colonial, enquanto que os católicos imigraram em massa no século XIX. Pesquisas da década de 1990 mostram que, dos americanos que identificaram sua origem como "irlandesa", 51% disseram que eram protestantes e 36% católicos. No Sul, os protestantes são 73% dos irlandeses, enquanto os católicos representam 19%. No Norte, 45% das pessoas de origem irlandesa são católicas, enquanto que 39% são protestantes. Líderes irlandeses foram proeminentes na Igreja Católica nos Estados Unidos por mais de 150 anos. Os irlandeses foram os líderes nas tradições presbiteriana e metodista de igual maneira.<ref name=carroll>{{citar periódico|primeiro =Michael P. |último =Carroll |título=How The Irish Became Protestant In America |periódico=Religion and American Culture |ano=2006 |volume=16 |número=1 |páginas=25–54 |doi=10.1525/rac.2006.16.1.25 }}</ref>
 
Entre 1607 e 1820, a maioria dos emigrantes da Irlanda na América eram protestantes e estes se identificavam simplesmente como "irlandeses". Porém, a distinção religiosa se ​​tornou importante depois de 1820, quando um grande número de católicos irlandeses começou a emigrar para os Estados Unidos. Os descendentes dos colonos protestantes oriundos do [[Ulster]] que chegaram na época colonial, então, começaram a se autodenominar "escoceses-irlandeses", para salientar suas origens históricas e se distanciarem dos irlandeses católicos que estavam chegando em massa. Em 1830, a demografia da diáspora irlandesa tinha mudado rapidamente, com mais de 60% de todos os imigrantes irlandeses nos Estados Unidos sendo católicos de áreas rurais da Irlanda.<ref>{{citar livro|último = Brighton |primeiro = Stephen A.|autorlink = |coautor= |título= Historical Archaeology of the Irish Diaspora: A Transnational Approach|publicado=University of Tennessee Press|ano= 2009 |página= 41 | isbn = 978-1-57233-667-4}}</ref><ref>{{citar livro|último = Falley |primeiro = Margaret Dicknson|autorlink = |coautor= |título= Irish and Scotch-Irish Ancestral Research: A Guide to the Genealogical Records |publicado=Genealogical Publishing Company|ano= 1995 |página= 12 | isbn = 978-0-8063-0916-3}}</ref>
[[Imagem:John FJohn_F. Kennedy_Kennedy, White House photo portrait, looking up_White_House_color_photo_portrait.jpg|thumb|150px|Descendente de irlandeses, [[John F. Kennedy]] foi o primeiro presidente [[católico]] dos Estados Unidos.<ref name="religon">http://religion.blogs.cnn.com/2013/11/23/how-catholic-was-john-f-kennedy/comment-page-9/</ref>]]
Os irlandeses foram o primeiro grande grupo católico a imigrar para os Estados Unidos. Eles se tornaram proeminentes na liderança da Igreja Católica nos país por volta de 1850. Em 1890, havia 7,3 milhões de católicos nos EUA, e a maioria dos bispos eram irlandeses. Mesmo com a chegada de milhões de imigrantes católicos alemães, poloneses ou italianos, os irlandeses permaneceram dominando a hierarquia católica norte-americana.<ref name="sowell"/> No final da década de 1970, quando os descendentes de irlandeses perfaziam somente 17% dos católicos norte-americanos, eles eram 35% dos padres e 50% dos bispos, juntamente com uma proporção similar de presidentes de faculdades e hospitais católicos.<ref>{{citar livro|primeiro =Andrew M. |último =Greeley |título=That Most Distressful Nation: The Taming of the American Irish |ano=1972 |local= |publicado= |página=264 |isbn=0-8129-6219-2 }}</ref>
 
====Preconceito====
 
Os irlandeses sofreram alguns tipos de [[preconceito]] quando da sua imigração para os Estados Unidos. Católicos e protestantes mantiveram distância; casamentos entre os dois grupos eram incomuns e fortemente desencorajados pelos pastores e padres.<ref>"Mixed marriages", as they were called, were allowed in rare cases, were warned against repeatedly, and were uncommon; Jay P. Dolan, ''The American Catholic Experience'' (1985) p. 228</ref> O preconceito contra os irlandeses católicos nos EUA atingiu seu auge em meados da década de 1850, com o movimento [[Know Nothing]], que tentou expulsar os católicos de cargos públicos. Depois de um ou dois anos de sucesso local, esse partido desapareceu. Alguns historiadores, no entanto, afirmam que a discriminação no trabalho, de fato, foi mínima.<ref>Dolan, ''The Irish Americans'' (2008) pp 97-98</ref>
 
===População===
 
No censo de 2011, 34,5 milhões de americanos disseram ter ascendência irlandesa, 11,2% da população dos Estados Unidos. Este número é sete vezes maior que a população da Irlanda, que conta com somente 4,68 milhões de habitantes. É também a segunda maior ancestralidade apontada pelos americanos, perdendo apenas para a [[Imigração alemã nos Estados Unidos|alemã]].<ref>https://www.census.gov/newsroom/releases/archives/facts_for_features_special_editions/cb13-ff03.htm{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>
 
O estado de [[Massachusetts]] tem a maior concentração de irlandeses e descendentes, quase 24% da sua população, sendo [[Boston]] a região metropolitana com maior porcentagem, 20,4%. Os estados da [[Califórnia]] e de [[Nova Iorque (estado)|Nova Iorque]] têm as maiores populações irlandesas (cerca de 2,5 milhões cada). A menos irlandesa é [[Miami]], com somente 1%. Embora presentes em todo os Estados Unidos, há uma grande concentração de descendentes de irlandeses no Nordeste do país.<ref>http://www.huffingtonpost.com/jed-kolko/americas-most-irish-towns_b_2885335.htmlinserir fonte aqui</ref><ref>http://floridairishheritagecenter.wordpress.com/2012/01/04/where-are-the-irish-in-america/</ref>
 
{{referências}}