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No início dos anos 60, Pernambuco atraía atenção nacional e mesmo nos [[Estados Unidos]] pelo intenso conflito social, com greves urbanas e rurais, denúncias de queima de [[Canavial|canaviais]] e invasões de terras e disputa entre as [[Ligas Camponesas]], [[Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista|Partido Comunista]] e [[Igreja Católica]] por influência sobre o movimento camponês. Nesse contexto, em 1962 Miguel Arraes, representante da esquerda populista, foi [[Eleições gerais no Brasil em 1962|eleito]] governador. Ele favoreceu a aplicação da legislação trabalhista no campo e manteve a polícia neutra nas disputas entre camponeses e proprietários de terras.{{Sfn|Lira|2011|p=1016-1021}}{{Sfn|Rozowykwiat|2004}} Seu posicionamento em relação aos trabalhadores rurais rendeu-lhe a acusação de “agitador” e definiu a atitude dos militares que o depuseram em 1964.{{Sfn|Alves|2015|p=387}} Para os conservadores, ele era um comunista e incendiário do Nordeste.{{Sfn|Rozowykywiat|2004|p=65-66}} Suas relações com os americanos também não eram boas, e a [[Aliança para o Progresso]] desviou seu foco para outros estados.{{Sfn|Lara|2019|p=140-146}}
 
Arraes tinha também um isolamento em relação ao governo federal de [[João Goulart]], para o qual era “perigoso concorrente ligado ao Partido Comunista”;{{Sfn|Rozowykwiat|2004|p=65-68}} o governador pernambuco almejava a [[Eleição presidencial no Brasil em 1965|eleição presidencial de 1965]]. Para o brasilianista [[Thomas Skidmore]], Arraes temia um “golpe preventivo” do governo federal para remover governadores tanto de esquerda quanto de direita. [[Moniz Bandeira]] relata um plano frustrado do governo em abril de 1963, arquitetado pelo ministro da Guerra [[Amaury Kruel]], para atacar tanto Arraes quanto [[Carlos Lacerda]], o governador direitista da [[Guanabara]]. Porém, não há evidência de que Goulart também pretendesse intervir contra Arraes naquela ocasião.{{Sfn|Skidmore|1982|p=334-335}}{{Sfn|Faria|2013|p=229-230, 235 e 255-256}}

Ainda assim, ele nomeou ao Quarto Exército generais conservadores ([[Humberto de Alencar Castelo Branco|Castelo Branco]] e Justino) e por mais de uma vez os militares ocuparam os arredores do Palácio das Princesas. Isso foi notório em outubro de 1963, quando o presidente [[Pedido de estado de sítio no Brasil em 1963|pediu o estado de sítio]]. Enquanto Arraes condenou o pedido, chamando-o de contrário ao povo e aos direitos e liberdades, as tropas de Justino ocuparam o Recife.{{Sfn|Skidmore|1982|p=334-335}}{{Sfn|Faria|2013|p=229-230, 235 e 255-256}}{{Nre|{{Harvnb|Silva|2014|p=268}}: “Cumprindo as ordens, colunas vindas da Vila do Socorro (14º RI) e de Olinda (1/7º RO) convergem sobre o Recife passando, ostensivamente, pelo centro da cidade e pela frente do palácio do governo, ocupando as pontes e as ruas que fazem a comunicação da praça fronteira do palácio com o centro e os bairros da cidade. A movimentação da tropa amedrontou camponeses e populares que pensavam comparecer ao comício. Das 13 às 16 horas durou aquela vigília, após o que a tropa desfilou em continência ao comandante da região, retornando aos quartéis.”}} A operação, que impediu um comício camponês na cidade, foi elogiada por Goulart.{{Sfn|Silva|2014|p=267-269}} Na época também acusou-se outra operação contra Lacerda. O evento alimentou especulações de golpismo contra o presidente, mas não há evidência empírica.{{Sfn|Fico|2017|p=9-11}}
 
Em fevereiro de 1964 o governo federal não reagiu a um [[locaute]] dos empregadores do Recife; para Skidmore, era a forma de Goulart prolongar o conflito de Arraes contra os latifundiários e comerciantes.{{Sfn|Skidmore|1982|p=335}} As classes conservadores montavam resistência ao governo.{{Sfn|Silva|2014|p=269}} Por sua vez, Justino entrou na conspiração para derrubar o presidente,<ref>{{Harvnb|CPDOC FGV|2001}}, [http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/joaquim-justino-alves-bastos BASTOS, Justino Alves]</ref> e definiu por escrito que o Quarto Exército teria autonomia para derrubar os governos estaduais da região.{{Sfn|Faria|2013|p=365}} Antes do golpe o Quarto Exército já havia definido como alvos os governadores de Pernambuco e do [[Sergipe]], Seixas Dória.{{Sfn|D'Aguiar|1976|p=173}} A posição de Arraes era frágil, pois sua Polícia Militar não seria capaz de enfrentar o Quarto Exército.{{Sfn|Skidmore|1982|p=335}}
 
== Operações dono Quarto Exércitointerior ==
{{AP|vt=s|Operações militares no golpe de 1964#Nordeste}}
Com o início do golpe militar, da noite do dia 31 à madrugada de 1º de abril a estratégia do Quarto Exército entrou em ação: unidades vindas da [[Paraíba]] e [[Alagoas]], onde a situação era politicamente mais favorável, adentraram o interior de Pernambuco, que era prioridade. Hélio Ibiapina Lima, então um tenente-coronel no Estado-Maior de Justino, descreve isso como forma de evitar a aglomeração dos partidários da [[União Nacional dos Estudantes]], [[Comando Geral dos Trabalhadores]], [[Pacto de Unidade e Ação]] e afins. Segundo um então tenente no 1º Grupo do 7º Regimento de Obuses (1º/7º RO), isso anulou a possibilidade de Arraes usar as rodovias e ferrovias para mobilizar os camponeses da [[Zona da Mata]].<ref name=movimentos>{{Harvnb|Motta|2003}}, p. 181-182, Tomo 2, e p. 180-181, Tomo 6.</ref> Da Paraíba, elementos da 5ª Companhia de Engenharia de Construção, de [[Campina Grande]], ocuparam [[Caruaru]] e [[Vitória de Santo Antão]], enquanto o 15º Regimento de Infantaria (RI), de [[João Pessoa]], deixou uma companhia em [[Goiana]] e seguiu ao Recife. De Alagoas, o 20º Batalhão de Caçadores (BC) ocupou [[Palmares]] e [[Catende]].{{Sfn|D'Aguiar|1976|p=174}} O 15º RI já estava às 23:00 do dia 31 em Goiana,<ref name=movimentos/> e o 20º BC iniciou seu deslocamento às 02:30 de 1º de abril. Isso ocorreu enquanto o presidente Goulart ainda não sabia da adesão de Justino ao golpe.<ref>''Istoé'', n. 1383, abril de 1996. Disponível nos [https://www.comissaodaverdade.pe.gov.br/uploads/r/arquivo-publico-estadual-jordao-emerenciano/6/8/f/68fa86c827d16009696f32bd747bf5fc6e29ce12328a5c1a6a26fba9331debd8/9e17efb7-9722-4153-86aa-dced70ca215d-BR_DFANBSB_AT0_0047_0013__OK__Jonas__jose.pdf arquivos] do processo referente a Jonas José de Albuquerque Barros, p. 28. Comissão da Verdade de Pernambuco.</ref>
 
Além do valor estratégico dessas localidades, elas eram politicamente sensíveis.{{Sfn|D'Aguiar|1976|p=174}} Em Palmares, cidade na Zona da Mata Sul cruzada pela rodovia de [[Maceió]] ao Recife, alguns camponeses dispuseram-se ao combate sob o líder comunista [[Gregório Bezerra]], que buscou sem sucesso armas do governo estadual. Percebendo a futilidade da luta, ele dispensou os camponeses. Muitas prisões foram feitas,{{Sfn|Lira|2011}} incluindo do próprio Bezerra; o 20º BC saiu em seu encalço.{{Sfn|CEMV Dom Helder Câmara|2017|p=113-117}} Em Vitória de Santo Antão houve um levante desarmado das Ligas Camponesas,
 
== Controle da Polícia Militar ==
 
== Cerco ao Palácio das Princesas ==
=== Operação militar ===
[[Ficheiro:Palácio do Campo das Princesas - PE.jpg|miniaturadaimagem|Palácio das Princesas e redondezas]]
A residência oficial de Arraes foi vigiada desde o dia 29 de março.{{Sfn|Faria|2013|p=366}}
 
=== Prisão do governador ===
 
== Destino de Arraes ==
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|data=2 de abril de 1964
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