Efeito Dunning–Kruger: diferenças entre revisões

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A maioria dos pesquisadores reconhecem que a regressão à média é um efeito estatístico relevante que deve ser levado em conta ao interpretar os resultados empíricos. Isto pode ser alcançado por vários métodos.<ref name="McIntosh"/><ref name="Dunning"/> Mas tais ajustes não eliminam o efeito Dunning-Kruger, razão pela qual a visão de que a regressão à média é suficiente para explicá-lo é geralmente rejeitada.<ref name="Mazor"/> Entretanto, foi sugerido que, quando combinado com outros vieses cognitivos, como o efeito ''melhor que a média'', pode-se fornecer uma explicação quase completa dos resultados empíricos.<ref name="Gignac"/><ref name="McIntosh"/><ref name="Schlösser"/><ref name="Pavel"/> Este tipo de relato é às vezes chamado de explicação de "ruído mais viés" (''{{lang|en|noise plus bias}}'').<ref name="Dunning"/> De acordo com o efeito melhor que a média, as pessoas têm uma tendência geral de classificar suas habilidades, atributos e traços de personalidade como melhores que a média.<ref>{{citar periódico |last1=Kim |first1=Young-Hoon |last2=Kwon |first2=Heewon |last3=Chiu |first3=Chi-Yue |title=The Better-Than-Average Effect Is Observed Because "Average" Is Often Construed as Below-Median Ability |journal=Frontiers in Psychology |date=2017 |volume=8 |pages=898 |doi=10.3389/fpsyg.2017.00898 |pmid=28690555 |pmc=5479883 |issn=1664-1078|doi-access=free }}</ref><ref>{{citar livro |last1=Alicke |first1=M. D. |last2=Govorun |first2=O. |title=The Self in Social Judgment |date=2005 |publisher=Psychology Press |url=https://psycnet.apa.org/record/2005-14648-005 |language=en |chapter=The Better-Than-Average Effect.}}</ref><ref>{{citar periódico |last1=Zell |first1=Ethan |last2=Strickhouser |first2=Jason E. |last3=Sedikides |first3=Constantine |last4=Alicke |first4=Mark D. |title=The better-than-average effect in comparative self-evaluation: A comprehensive review and meta-analysis |journal=Psychological Bulletin |date=2020 |volume=146 |issue=2 |pages=118–149 |doi=10.1037/bul0000218 |pmid=31789535 |s2cid=208536347 |url=https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31789535/ |issn=1939-1455}}</ref><ref name="Dunning"/> Isto difere do efeito Dunning-Kruger, pois não rastreia como esta perspectiva excessivamente positiva relaciona-se com a habilidade das pessoas que avaliam a si mesmos, enquanto o efeito Dunning-Kruger se concentra principalmente em como este tipo de julgamento equivocado acontece para pessoas de baixo desempenho.<ref name="Schlösser"/><ref name="Pavel"/><ref name="Dunning"/> Quando o efeito melhor que a média é emparelhado com a regressão à média pode-se explicar tanto que as pessoas incompetentes tendem a sobrestimar muito sua competência quanto que o efeito contrário para pessoas altamente competentes é muito menos pronunciado.<ref name="Gignac"/><ref name="McIntosh"/> Ao escolher as variáveis adequadas para a aleatoriedade devido à sorte e um deslocamento positivo para dar conta do efeito melhor que a média, é possível simular experimentos que mostram quase a mesma correlação entre a habilidade autoavaliada e o desempenho objetivo como encontrada na pesquisa empírica.<ref name="Gignac"/> Mas até mesmo os proponentes desta explicação concordam que isto não explica os resultados empíricos na sua totalidade. Isto significa que o efeito Dunning-Kruger ainda pode ter um papel a desempenhar, mesmo que apenas um papel menor.<ref name="Gignac"/> Os opositores desta abordagem argumentaram que este relato pode explicar o efeito Dunning-Kruger somente quando se avalia a habilidade em relação ao grupo de pares, mas não quando a autoavaliação acontece em relação a um padrão objetivo.<ref name="McIntosh"/><ref name="Dunning"/>
 
== Significado prático ==
Foram feitas várias afirmações sobre o significado prático do efeito Dunning-Kruger ou porque ele é importante. Muitas vezes se concentram em como ele faz com que as pessoas afetadas tomem decisões que levam a consequências más para elas ou para outras pessoas. Isto é especialmente relevante para decisões que têm consequências de longo prazo. Por exemplo, pode levar as pessoas de baixo desempenho a carreiras para as quais não são aptas.<ref name="Gignac"/> As pessoas de alto desempenho que subestimam suas habilidades, por outro lado, podem renunciar a oportunidades de carreira viáveis que correspondam às suas habilidades em favor de outras menos promissoras que estão abaixo de seu nível de habilidade.<ref name="Gignac"/> Em outros casos, as más decisões também podem ter efeitos graves a curto prazo, como quando o excesso de confiança leva um piloto a operar uma nova aeronave para a qual não tem treinamento adequado ou a realizar manobras de voo que excedem sua proficiência.<ref name="Pavel"/> A medicina de emergência é outra área onde a avaliação correta das próprias habilidades e dos riscos de um tratamento é de importância central. As tendências dos médicos em treinamento para serem superconfiantes devem ser levadas em consideração para garantir o grau adequado de supervisão e feedback.<ref name="TenEyck"/> O efeito Dunning-Kruger também pode ter implicações negativas para o agente em uma variedade de atividades econômicas, nas quais o preço de um bem, como um carro usado, é muitas vezes reduzido pela incerteza dos compradores sobre sua qualidade.<ref name="Schlösser"/> Uma pessoa superconfiante que desconhece sua falta de conhecimento, por outro lado, pode estar disposto a pagar um preço muito mais alto sem estar consciente de todas as falhas e riscos potenciais relevantes para o preço.<ref name="Schlösser"/>
 
Outra implicação diz respeito aos campos nos quais as autoavaliações desempenham um papel importante na avaliação de habilidades. São comumente utilizadas, por exemplo, no [[Aconselhamento de carreira|aconselhamento vocacional]] ou para estimar as habilidades de alfabetização informacional de estudantes e profissionais.<ref name="Gignac"/><ref name="Mahmood"/> O efeito Dunning-Kruger indica que tais autoavaliações muitas vezes não correspondem às habilidades subjacentes, tornando-as assim pouco confiáveis como método para coletar este tipo de dados.<ref name="Mahmood"/> Independentemente do campo da habilidade em questão, a ignorância metacognitiva frequentemente associada ao efeito Dunning-Kruger pode impedir que as pessoas de baixo desempenho melhorem. Já que desconhecem muitas de suas falhas, podem ter pouca motivação para enfrentá-las e superá-las.<ref name="Dunning"/>
 
Mas nem todos os relatos do efeito Dunning-Kruger se concentram em seus lados negativos. Alguns também enfocam seus lados positivos, por exemplo, que a ignorância às vezes pode ser uma bênção. Neste sentido, o otimismo pode levar as pessoas a experimentarem sua situação de forma mais positiva e o excesso de confiança pode ajudá-las a alcançar objetivos mesmo irrealistas.<ref name="Dunning"/> Para distinguir os lados negativos dos positivos, foi sugerido que duas fases importantes são relevantes para a realização de um objetivo: o planejamento preparatório e a execução do plano.<ref name="Dunning"/> O excesso de confiança pode ser benéfico na fase de execução ao aumentar a motivação e a energia. Mas pode ser prejudicial na fase de planejamento, pois o agente pode ignorar as más probabilidades, assumir riscos desnecessários ou não se preparar para contingências.<ref name="Dunning"/> Por exemplo, ser superconfiante pode ser vantajoso para um general no dia da batalha por causa da inspiração adicional transmitida às suas tropas, mas desvantajoso nas semanas anteriores por ignorar a necessidade de tropas de reserva ou equipamento de proteção.<ref name="Dunning"/>
 
== Ver também ==