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As formulações clássicas e neoclássicas da teoria da vantagem comparativa diferem nas ferramentas que utilizam mas partilham a mesma base e lógica. A teoria da vantagem comparativa diz que as forças de mercado impulsionam todos os factores de produção para a sua melhor utilização na economia. Indica que o comércio livre internacional beneficiaria todos os países participantes e o mundo no seu conjunto, porque poderiam aumentar a sua produção global e consumir mais se se especializassem de acordo com as suas vantagens comparativas. As mercadorias tornar-se-iam mais baratas e disponíveis em maiores quantidades.  Além disso, esta especialização não aconteceria por acaso nem por intenção política, mas seria automática. No entanto, de acordo com economistas não-neoclássicos, a aplicação das teorias do comércio livre e das vantagens comparativas baseia-se em hipóteses que não são teoricamente nem empiricamente válidas <ref name=":30">http://wer.worldeconomicsassociation.org/files/WEA-WER2-Schumacher.pdf</ref>{{,}}<ref name=":31">https://www.academia. edu/8605155/Why_The_The_Of_Theory_Of_Comparative_Advantage_Is_Wrong</ref>{{,}}<ref>https://books.google.com/books?id=U5nPkWSVpzQC&printsec=frontcover&hl=en&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false</ref>:
;hipótese irrealista 1, capital e mão- de- obra não são internacionalmente móveis
A imobilidade internacional do trabalho e do capital é central para a teoria da vantagem comparativa. Sem ela, não haveria razão para que o comércio livre internacional fosse regulado por vantagens comparativas. Todos os economistas clássicos e neo-clássicos assumem que o trabalho e o capital não se movimentam entre nações. A nível internacional, só os bens produzidos podem circular livremente, com o capital e a mão- de- obra retidos no interior dos países. David Ricardo]] estava consciente de que a imobilidade internacional do trabalho e do capital é uma hipótese indispensável. Ele dedicou metade da sua explicação da teoria do seu livro a ela. Explicou mesmo que, se o trabalho e o capital pudessem mover-se internacionalmente, então a vantagem comparativa não poderia determinar o comércio internacional. Ricardo assumiu que as razões para a imobilidade do capital seriam<ref name=":30" />{{,}}<ref name=":31" />: {{Quote| "a insegurança imaginária ou real do capital, quando este não está sob o controlo imediato do seu proprietário, bem como a natural relutância de cada homem em deixar o seu país natal e as suas ligações, e em confiar a si próprio todos os seus hábitos fixos, a um estranho governo e a novas leis". }} Neoclassicos economistas, por outro lado, defendem a ideia de que a escala destes movimentos de trabalhadores e capitais é negligenciável. Desenvolveram a teoria da compensação de preços por factores que tornam estes movimentos supérfluos.
 
Na prática, porém, os trabalhadores deslocam-se em grande número de um país para outro. Hoje em dia, a migração laboral é um fenómeno verdadeiramente global. E, à medida que os custos de transporte e de comunicação diminuíram, o capital tornou-se cada vez mais móvel e desloca-se frequentemente de um país para outro. Além disso, a hipótese neoclássica de que os factores estão presos a nível nacional não tem qualquer base teórica e a hipótese de igualização dos preços dos factores não pode justificar a imobilidade internacional. Além disso, não há provas de que os preços dos factores sejam nivelados a nível mundial. Portanto, as vantagens comparativas não podem determinar a estrutura do comércio internacional<ref name=":30" />{{,}}<ref name=":31" />.
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Ricardo e os economistas clássicos subsequentes assumem que o trabalho tende a ser plenamente empregado e que o capital é sempre plenamente utilizado numa economia liberalizada, porque nenhum proprietário de capital deixará o seu capital por utilizar, mas procurará sempre obter lucros com ele. A inexistência de limites à utilização do capital é uma consequência da lei [[Jean-Baptiste Say]] que presume que a produção é limitada apenas pelos recursos, que também é adoptada pelos economistas neoclássicos.
 
De um ponto de vista teórico, a teoria da vantagem comparativa deve partir do princípio de que a mão- de- obra ou o capital são utilizados em plena capacidade e que os recursos limitam a produção. Há duas razões para tal: a realização de ganhos através do comércio internacional e o mecanismo de ajustamento. Além disso, este pressuposto é necessário para o conceito de custos de oportunidade. Se houver desemprego (ou subutilização de recursos), não há custos de oportunidade, porque a produção de um bem pode ser aumentada sem diminuir a produção de outro bem. Uma vez que as vantagens comparativas são determinadas pelos custos de oportunidade na formulação neoclássica, estes não podem ser calculados e esta formulação perderia a sua base lógica<ref name=":30" />{{,}}<ref name=":31" />.
 
Se os recursos de um país não fossem plenamente utilizados, a produção e o consumo poderiam ser aumentados a nível nacional sem participação no comércio internacional. Toda a lógica do comércio internacional desapareceria, bem como os ganhos potenciais. Nesse caso, um Estado poderia mesmo ganhar mais se se abstivesse de participar no comércio internacional e impulsionasse a produção interna, pois isso permitiria empregar mais mão- de- obra e capital e aumentar o rendimento nacional. Além disso, qualquer mecanismo de ajustamento subjacente à teoria já não funciona se existir desemprego<ref name=":30" />{{,}}<ref name=":31" />.
 
Na prática, porém, o mundo é caracterizado pelo desemprego. O desemprego e o subemprego do capital e do trabalho não são fenómenos de curto prazo, mas são comuns e generalizados. O desemprego e os recursos não explorados são a regra e não a excepção.