Arquitetura gótica: diferenças entre revisões

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==Nascimento de um novo estilo==
O gótico surge do nada na Ile de France, numa região que não era especialmente empreendedora arquitectonicamente.
A lealdade de [[Cluny]] e [[Cister]] ao trono de S.Pedro era uma ameaça às intenções nacionalistas da casa real. Pretendia-se um estilo arquitectónico próprio.
O abade Suger, responsável pelo projecto de [[Saint Denis]], faz a mediação entre a realeza e a igreja. Suger servia em primeiro lugar os reis na luta contra a nobreza [[Feudalismo|feudal]] e ambições internacionais do império.
 
Saint Denis fica localizada no centro de domínio real. Foi com o projecto do Abade de Suger para a igreja abacial de Saint Denis que se iniciou o estilo gótico. A difusão do estilo tem relação directa com a ampliação da jurisdição do rei. As primeiras criações foram nas cidades de domínio real: [[Chartres]], [[Amiens]], [[Reims]] e [[Bourges]].
Suger afirmava a novidade da sua obra arquitectónica em termos teológicos: novo [[coro]] e nova [[fachada]] para um novo edifício cristão. [[Saint Denis]] era também o [[apóstolo]] de França, o santo nacional. A sua igreja despertava sentimentos tão nacionalistas como religiosos. Tratava-se de uma arquitectura rica em significados: [[filosofia]] neoplatónica e [[teologia]] cristã. Simbologia da luz, pensamento racional e matemático. Usa-se a cruz latina em analogia ao corpo humano.
 
O gótico não é em si mesmo um estilo, é um sistema: usa a arquitectura como na [[catedral]] românica e nenhum dos seus elementos estruturais é invenção dos contrutores góticos. A [[ogiva]] é uma invenção da [[Mesopotâmia]] trazida pelos cruzados para a [[Cecília]] e pelos [[Vikings]] para a Normandia. Era usada em caves e sítios escondidos. Há um salto conceptual difícil de explicar: num prazo de 40 anos torna-se num estilo maduro.
Era chamada obra franca, um estilo étnico relacionado com o território em que o mais importante era a luz: associada aos nórdicos.
Um século depois já domina toda a [[Europa]].
 
==Sistema estrutural==
[[Image:Gotic3d2.jpg|right|300 px|thumb|Esquema estrutural de uma Catedral gótica]]
A arquitetura de estilo gótico surge de uma modificação estrutural importante da arquitetura românica. As construções típicas são os castelos fortificados, os torreões de defesa e as catedrais. Essas inovações se apresentam da seguinte maneira: as [[abóbada]]s são construídas com [[nervura]] de pedra e enchimento de [[tijolo]] ([[abóbada de aresta]]), o que as torna muito mais leves que as abóbadas [[românico|românica]]s; o arco preferencial deixa de ser o arco pleno e passa a ser o [[arco quebrado]] (arco ogival); os [[contraforte]]s, devido aos empuxos menores, transformam-se em [[arcobotante|arcos botantes]] – braços externos perpendiculares à superfície do edifício, que sustentam, nas [[igreja]]s, a [[nave (arquitectura)|arquitectura]] central. Os arcobotantes são uma espécie de meios arcos construídos por cima da cobertura das naves laterais entre os extradorsos da abóbada central e os botaréus. Assim escorados, eles transferiam para o exterior: para os botaréus e deles para os alicerces, as pressões das abóbadas mais altas, tornando possível o seu equilíbrio. Com abóbadas mais altas adoptaram-se arcobotantes duplos ou de dupla arcada que neutralizavam as pressões do peso da abóbada.