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[[Image:Berlin Kulturforum 2002a.jpg|thumb|200px|A Gemäldegalerie no Kulturforum]]
 
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==História==
A primeira idéia para a constituição de uma coleção de arte pública e de caráter educativo em Berlin surgiu por volta de [[1797]] através do [[arqueólogo]] [[Aloys Hirt]]. Ele advogava ainda que a coleção deveria ser formada exclusivamente sobre uma base cultural e científica, diferentemente das outras coleções principescas que existiam, e deveria gerir a si mesma com autonomia. Seu projeto logo encontrou apoio do [[arquiteto]] [[Karl Friedrich Schinkel]], do erudito [[Carl Friedrich von Ruhmor]] e do rei [[Frederico Guilherme III da Prússia|Frederico Guilherme III]], o qual logo disponibilizou parte de sua coleção privada, com cerca de 650 obras.
A Gemäldegalerie foi aberta no Museu Real no ano de [[1830]], tendo sido um projeto de [[Schinkel]], e mais tarde renomeada como Altes Museum. Seu núcleo inicial de obras procede da coleção do [[Grande Eleitor]] e da de [[Frederico, o Grande]]. Seu primeiro diretor foi [[Gustav Friedrich Waagen]], que ampliou a coleção através de uma metodologia científica incomum em sua época. Entre [[1890]] e [[1929]] foi dirigida por [[Wilhelm von Bode]], que a levou a adquirir uma reputação mundial através de uma significativa expansão do acervo.
[[Imagem:FWIII.jpg|thumb|200px|Frederico Guilherme III]]
[[Image:Gg altesmuseum2.jpg|thumb|200px|Aspecto de uma sala da Gemäldegalerie em 1884, em xilogravura de Ernst Henseler]]
Com o retorno das tropas da [[Prússia]] após as [[Guerras Napoleônicas]], outros 133 itens confiscados pelos [[França|franceses]] voltaram ao seu país de origem, aumentando a coleção. Contudo, o grupo reunido não perfazia um perfil adequado da arte européia, segundo os critérios estabelecidos, e logo considerou-se necessário adquirir-se obras complementares. A primeira oportunidade para tal ofereceu-se em [[1815]], quando o rei adquiriu cerca de 150 peças da ''Coleção Giustiniani'' em [[Paris]], com arte [[Itália|italiana]], e que logo foram integradas ao museu. Em [[1819]] outro incremento veio com a aquisição da coleção de [[Edward Solly]], um [[Inglaterra|inglês]] residente em Berlin, amigo de Schinkel e Hirt, com trabalhos italianos dos séculos XIII ao XVI, alemães, [[Holanda|holandeses]] e alguns itens de outros países.
 
Nesta altura iniciaram os planos para a construção de um prédio especial para abrigar a crescente quantidade de pinturas, formando-se uma comissão para definir o projeto, e para organizar a estrutura de funcionamento e o sistema de futuras exposições, chefiada por [[William von Humboldt]] como curador.
Em [[1904]] suas obras forma transferidas para o recém-construído Museu Kaiser Friedrich, mais tarde chamado [[Museu Bode]], em homenagem a quem incentivou de forma importante o suporte financeiro por parte de cidadãos abastados e fundou a ''Kaiser-Friedrich-Museums-Verein'', ainda ativa na atualidade.
 
Com a aquisição de um outro lote de obras, em [[1830]] o museu foi considerado pronto para ser entregue ao público, contando com 1198 pinturas e sendo instalado no pavimento superior do edifício construído por Schinkel. Seu primeiro diretor foi [[Gustav Friedrich Waagen]]. A coleção foi organizada em três departamentos, dois com peças mostradas segundo critérios históricos e estilísticos, e outra seção fechada ao público em geral, contendo peças mantidas à parte por exibir uma moral incomum, às quais somente convidados tinham acesso. A entrada para as seções livres era gratuita, mas o público deveria anunciar sua visita com antecipação.
Durante a [[II Guerra Mundial]] o prédio foi severamente danificado e mais de 400 obras de importantes se perderam. Após a divisão da cidade a coleção foi novamente prejudicada por sua separação em dois centros de exposição. Somente após [[1997]] as mais de 3.600 obras dispersas voltaram a ser reunidas, ora em um prédio especialmente construído para tal, desenhado por [[Heinz Hilmer]] e [[Christoph Sattler]], com cerca de 7 mil m² de área expositiva e uma seqüência de salas que atinge uma extensão de quase 2 quilômetros.
 
Logo percebeu-se que a coleção apresentada não seria a final, e seria preciso outras aquisições para enriquecer o painel de arte européia e preencher as lacunas ainda existentes. Assim, Humboldt requisitou a criação de um fundo para suprir os recursos necessários, o que foi concedido pelo rei em um montante de 20 mil [[táler]]es anuais, suplementado por verbas extras quando fosse o caso de surgirem no mercado obras de especial interesse. Contudo, a coleção não progrediu como o desejado, pois a verba disponível deveria cobrir custos em outras áreas do museu, como o pagamento de pensões para doadores, estabeleceu-se uma morosa burocracia no sistema de aquisições que fossem superiores a mil táleres, e o mercado de arte começou a experimentar uma rápida ascensão nos preços gerais. Destarte novas incorporações passaram a acontecer pela participação esporádica em leilões em [[Londres]] e Paris, onde se ofereciam as obras de melhor qualidade, e pelas doações, que usualmente se constituíam apenas de obras menores. Outras dificuldades foram aquisições de obras que depois se provaram falsas, ou estavam em más condições.
 
Neste impasse Waagen concluiu que a coleção não seria ampliada satisfatoriamente apenas através dos poucos leilões e das doações, e desenvolveu um plano, em [[1841]], para realizar aquisições diretamente na Itália, de igrejas e acervos principescos privados. Com o apoio do novo rei, [[Frederico Guilherme IV da Prússia|Frederico Guilherme IV]], partiu ele para lá com uma verba de 100 mil táleres, e conseguiu coletar um lote de obras muitos significativas, que incluía trabalhos de [[Fra Bartolomeo]], [[Domenico Veneziano]], [[Lorenzo Lotto]], [[Giovanni Battista Moroni]], [[Palma il Vecchio]], Rafael, [[Tintoretto]], Ticiano e [[Veronese]]. Mesmo assim seus critérios e escolhas foram criticados em seu retorno, e sua capacidade para novos projetos foi posta em dúvida. Além disso este esquema de viagens não se revelava eficaz o bastante, tendo de competir com verdadeiras redes de agentes trabalhando para outros grandes museus que na época estavam também em expansão, e novamente a coleção entrou em um período de poucas novidades. De qualquer forma, no final de sua gestão Waagen havia conseguido trazer cerca de 400 novas peças para o acervo da Gemäldegalerie.
 
Em [[1871]] Berlin se tornou a capital do [[Império Alemão]], recentemente instituído. A mudança no ''status'' e o crescente senso de orgulho nacional tornou uma obrigação para os berlinenses equiparar sua galeria de arte com as melhores coleções de outras importantes capitais da Europa e sobrepujar os centros culturais de [[Dresden]] e [[Munique]], então mais brilhantes. Contudo, a competição entre os museus e colecionadores privados, e a procura por obras de arte, cresciam sem cessar, elevando drasticamente seus preços, o que atraiu muitos nobres a se desfazerem de suas coleções privadas. Neste momento foi indicado novo curador [[Julius Meyer]], logo recebendo ajuda de [[Wilhelm von Bode]], que consideraram prioridade suprir as lacunas da linha de tempo da coleção com poucas peças-chave de alta qualidade, sem dispersar recursos com a compra de uma multiplicidade de obras menos significativas, e solicitaram a concessão de verbas adicionais para uma nova viagem à Itália.
[[Image:Gg altesmuseum2.jpg|thumb|200px|left|Aspecto de uma sala da Gemäldegalerie em 1884, em xilogravura de Ernst Henseler]]
 
Contando com 100 mil táleres, iniciaram suas pesquisas, mas logo se viram decepcionados por uma série de dificuldades operacionais, com o progressivo fechamento do mercado italiano para estrangeiros, e com a lentidão das negociações com proprietários. Mesmo assim lograram adquirir algumas peças importantes de [[Luca Signorelli]], [[Tiepolo]], Tintoretto e [[Verrocchio]]. Com a frustração do projeto, decidiu-se então trilhar um novo rumo e criou-se uma rede de agentes em diversas capitais, agilizando o processo de aquisições e tornando-o competitivo. Este sistema logo revelou-se eficiente o bastante para nos anos imediatamente a seguir dotar o museu com uma série de obras de primeiro nível, incluindo as pertencentes a [[Barthold Suermondt]], então o maior colecionador privado da Europa. O trabalho sistemático e ávido de Bode levou a Gemäldegalerie a se tornar uma das mais importantes reuniões de pintura européia. Entretanto, em [[1887]] a coleção foi reorganizada, e cerca de mil obras pouco exibidas ou de atribuição duvidosa foram leiloadas. Uma atitude discutível sob o ponto de vista atual, na época era comum, e foi considerada adequada, tanto que em [[1890]] Bode foi indicado novo diretor da galeria.
 
Sua primeira dificuldade administrativa foi ter de lidar com a crescente falta de espaço no antigo edifício, e logo iniciou planos para a construção de um novo, agora concebido para funcionar segundo uma nova sistemática de exposição, com peças de vários gêneros integradas num mesmo espaço a fim de reconstituir com maior fidelidade e coerência cada época ou estilo, seguindo uma idéia de inspiração [[renascentista]]. Encontrou oposição de início, mas o apoio do casal imperial bastou para que em [[1896]] fossem iniciados os trabalhos, sob direção do arquiteto [[Ernst von Ihne]]. Na abertura de sua nova sede em [[18 de outubro]] de [[1904]] o museu recebeu a importante doação das coleções privadas de [[Alfred Thiem]] e [[James Simon]], e passou a se denominar oficialmente ''Kaiser-Friedrich-Museum'', em homenagem ao Imperador [[Frederico I da Alemanha|Frederico I]].
 
Nos anos seguintes Bode se tornou uma figura central no circuito de arte berlinese, ampliando a coleção do museu e assessorando a formação de diversas coleções privadas. Em [[1910]] as obras foram novamente reorganizadas e o espaço, já ficando outra vez exíguo, levou à elaboração de planos para mais uma ampliação do edifício, e ao mesmo tempo decidiu-se adquirir muitas obras de arte alemã. Para financiar os gastos a entrada ao museu passou a ser cobrada. Contudo, na seqüência da [[I Guerra Mundial]], parte do acervo da instituição teve de ser alienado, sendo entregue à França por força dos termos do [[Tratado de Versalhes]].
 
Nos [[anos 30]] nova reorganização: foi criado o [[Museu Alemão]], para onde foram transferidas as peças de arte alemã, holandesa e francesa, junto com [[escultura]]s dos períodos correspondentes, perda compensada em [[1936]] com a incorporação de cerca de metade do grande acervo do [[Banco de Dresden]].
 
Durante a [[II Guerra Mundial]] o museu foi fechado, a coleção foi removida de sua sede e abrigada em ''[[bunker]]s'' em locais protegidos, e o prédio foi severamente danificado por bombas e depois ardeu inteiro. Como resultado dos transtornos de guerra mais de 400 obras importantes se perderam.
 
Durante a [[II Guerra Mundial]] o prédio foi severamente danificado e mais de 400 obras de importantes se perderam. Após a divisão da cidade a coleção foi novamente prejudicada por sua separação em dois centros de exposição. Somente após [[1997]] as mais de 3.600 obras dispersas voltaram a ser reunidas, ora em um prédio especialmente construído para tal, desenhado por [[Heinz Hilmer]] e [[Christoph Sattler]], com cerca de 7 mil m² de área expositiva e uma seqüência de salas que atinge uma extensão de quase 2 quilômetros.
 
==A Coleção==
Após sua criação em 1830 a coleção da Gemäldegalerie foi sendo aumentada sistematicamente, incluindo hoje obras-primas de [[Jan van Eyck|Van Eyck]], [[Pieter Brueghel o velho|Brueghel]], [[Dürer]], [[Rafael]], [[Ticiano]], [[Caravaggio]], [[Rubens]], [[Vermeer]] e [[Rembrandt]], além de muitos outros mestres.
 
Suas seções principais são organizadas da seguinte forma:
 
* Pintura ItalianaAlemã do [[século XIII]] ao [[século XVI]],
* Pintura HolandesaAlemã do [[século XVXVII]] ao século XVIXVIII,
* Pintura Italiana do século XIII ao século XVI,
* Pintura Alemã, com obras do [[Gótico]] tardio e [[Renascença]], com peças de [[Konrad Witz]], Albrecht Dürer, [[Baldung Grien]], [[Lucas Cranach]] and [[Hans Holbein]].
* Pintura Italiana do século XVII ao XVIII,
* Pintura Holandesa do [[século XIV]] ao século XVI,
*Pintura Flamenga do século XVII,
*Pintura Holandesa do século XVII,
*PIntura Espanhola do [[século XV]] ao XVIII,
*Pintura Francesa do século XV ao XVIII,
*PIntura Inglesa do século XVIII.
 
São notáveis aindaespecialmente a ''Sala Rembrandt'', com 16 trabalhos do artista, com uma das reuniões mais importantes de obras deste mestre, além de obras flamengas e alemãs do [[século XVII]]; a seção de peças Francesas e Inglesas do século XVIII, expostas em seis salas, com itens de [[Canaletto]], [[Watteau]], [[Antoine Pesne|Pesne]] e [[Gainsborough]], e a ''Galeria Principal'', com cerca de mil pinturas em exposição.
 
As obras de sua coleção são conservadas e restauradas nos laboratórios da própria instituição, segundo técnicas e critérios os mais avançados, em cooperação com institutos especializados como o Hahn-Meitner.