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'''Chichimecas''' era o nome genérico dado pelos [[mexicas]] (astecas) a vários povos semi-[[nómada]]s que habitavam o norte do que é hoje o [[México]], com o mesmo sentido do termo europeu [[bárbaros]]. O nome foi adoptado pelos [[Espanha|espanhóis]] com um tom [[pejorativo]] para referirem-se sobretudo aos povos semi-nómadas [[caçador-colector|caçadores-colectores]] do norte do México. Na actualidade apenas um grupo étnico é designado como chichimeca, os [[Chichimecas Jonáz]], apesar de ultimamente esta designação
==Identidade==
Os povos chichimecas eram de facto muitos grupos diferentes com várias afiliações étnicas e linguísticas. À medida que os espanhóis tratavam de consolidar o poder da [[Nova Espanha]] sobre os povos indígenas mexicanos durante os [[século XVI|séculos XVI]] e [[século XVII|XVII]], as ''tribos chichimecas'' resistiam. Vários grupos étnicos da região aliaram-se contra os espanhóis, e a colonização militar do norte do México que se seguiu ficou conhecida como a [[Guerra Chichimeca]]. Muitos dos povos ditos chichimecas são virtualmente desconhecidos na actualidade; poucas descrições os mencionam e parecem ter sido absorvidos na cultura ''[[mestizo|mestiza]]'' ou por outros grupos étnicos indígenas. Por exemplo, não se conhece quase nada sobre os povos referidos como [[guachichiles]], [[caxcanes]], [[zacatecos]], [[tecuexes]] ou [[guamares]]. Outros como os [[opatas]], estão bem descritos, mas
Outros povos chichimecas mantêm até hoje uma identidade separada, como por exemplo os [[otomis]], [[chichimeca jonáz]], [[cora (etnia)|coras]], [[huicholes]], [[pames]], [[yaquís]], [[mayos]], e [[tepehuanos]].
== Etimologia ==
O nome [[Língua nahuatl|náuatle]] ''Chīchīmēcah'' (plural, singular ''Chīchīmēcatl'' pronunciado {{IPA|[tʃiːtʃiːˈmeːkaʔ]}}) significa ''habitantes de Chichiman''; o topónimo Chichiman significa "Área de Leite". Há quem diga que está relacionado com ''chichi'', cão, mas os i's em ''chichi'' são curtos, enquanto que aqueles em ''Chīchīmēcah'' são longos, uma distinção [[fonema|fonémica]] em náuatle.<ref>Ver Andrews 2003 (pp.496
A palavra "Chichimeca" foi originalmente usada pelos [[nahuas]] para descrever a sua própria pré-história como povo nómada de caçadores-colectores e usada em contraste com o seu modo de vida posterior, mais civilizado, que identificavam com o termo ''[[tolteca]]tl''.<ref> Um termo que também causou confusão aos estudiosos, ao ser interpretado como um verdadeiro grupo étnico.</ref> No México moderno, a palavra "Chichimeca" pode ter [[conotação|conotações]] pejorativas tais como primitivo, selvagem e nativo, e pode ser utilizada como o termo apache é utilizado no inglês dos Estados Unidos.
==Descrições etno-históricas==
As primeiras descrições de ''chichimecas'' pertencem ao período inicial da conquista espanhola. Em [[1562]], [[Hernán Cortés]] escreve numa das suas
Esta abordagem foi seguida por [[Nuño Beltrán de Guzmán]] cujas tentativas de escravizar as populações indígenas do norte do México provocaram a [[Rebelião Mixtón]] na qual as tribos chichimecas se opuseram às forças espanholas.
Em finais do século XVI, [[Gonzalo de las Casas]], que havia recebido uma ''[[encomienda]]'' próximo de [[Durango]] e que participou nas guerras contra os povos chichimecas, escreveu uma descrição dos povos chichimecas, a qual continha informação etnográfica sobre eles. Escreveu que não usavam roupas (apenas cobriam os [[órgão genital|órgãos genitais]]), pintavam os corpos e comiam apenas [[caça]], raízes e bagas. Como prova adicional do seu barbarismo, escreve que as mulheres chichimecas, após darem darem à luz continuavam viagem nesse mesmo dia, sem pararem para recuperar-se.<ref>Citado em Gradie (1994).</ref> Apesar de Las Casas reconhecer que as tribos chichimecas falavam línguas distintas, ele via a sua cultura como sendo basicamente uniforme.
Em [[1590]], o padre [[franciscano]] [[Alonso Ponce]], comentou que os chichimecas não tinham religião porque não adoravam sequer [[ídolo]]s como os outros povos - aos seus olhos este era ainda outro sintoma da sua natureza bárbara. A única descrição dos chichimecas que foge a esta regra pode ser econtrada na obra de [[Bernardino de Sahagún]] ''[[Historia general de las cosas de Nueva España]]'', na qual alguns povos chichimecas como os [[otomis]] são descritos como conhecedores da agricultura, vivendo em comunidades sedentárias, e seguidores de uma religião dedicada ao culto da [[Lua]].
A imagem dos chichimecas conforme descrita pelas fontes mais antigas era típica da sua época; os nativos eram "selvagens" - capazes nas artes da caça e da guerra, mas sem sociedades ou moral estabelecidas, lutando mesmo entre si próprios. Esta descrição tornou-se ainda mais predominante durante as guerras chichimecas como justificação para a guerra (apenas em [[1721]] a região chichimeca ficaria na sua totalidade sob controlo espanhol).
A primeira descrição etnográfica moderna e objectiva dos povos habitantes de ''La Gran Chichimeca'' foi levada a cabo pelo naturalista e explorador [[Noruega|norueguês]] [[Carl Sofus Lumholtz]] em [[1890]], durante uma viagem pelo noroeste do México, durante a qual se encontrou com os povos indígenas de modo amigável. Com as suas descrições das ricas e diversas culturas das tribos "incivilizadas", foi alterada a imagem uniforme dos chichimecas bárbaros.
==Notas==
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