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O conceito, apesar de receber larga divulgação no ocidente após a obra [[teosofia|teosófica]] de [[Helena Blavatsky]], existe na tradição [[cristianismo|cristã]] desde a antigüidade, sendo conhecido como a ''[[Via Crucis]]'' (numa acepção interiorizada), ou o ''Caminho da Perfeição'', descrito por místicos como [[Santa Teresa de Ávila]] e [[Jakob Böhme]].
 
Na filosofia [[Grécia|grega]] o mesmo Caminho era ensinado nos [[Mistérios]] e discernido por trás da alegoria dos [[Os doze trabalhos de Hércules|Doze Trabalhos de Hércules]] e de outros [[mito]]s solares de morte e ressurreição, indicando sempre um progressivo e trabalhoso autoaprimoramentoauto-aprimoramento, abandono dos interesses mundanos e por fim um renascimento em um nível superior de consciência.
 
===No Hinduísmo===
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{{AP|[[Budismo#Principais doutrinas|Budismo]]}}
 
Com um sistema próprio, a Senda é descrita pelos [[Budismo|budistas]] através da compreensão das [[Quatro Nobres Verdades]], delineadas para o canditatocandidato realizar um diagnóstico inicial das causas do sofrimento, e indicando a seguir um método para eliminá-lo e atingir a iluminação através do cumprimento do [[Nobre Caminho Óctuplo]], descrito no ''[[Magga-vibhanga Sutta]]'' como tendo as seguintes etapas:
 
*Visão ou Entendimento correto,
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Cumpridos estes requisitos em grau apreciável - não é necessária a perfeição nesta etapa - o candidato é aceito formalmente como discípulo de algum Mestre de Sabedoria, recebe a ''Primeira Iniciação'' e entra com isso no ''Sendeiro do Discipulado'', que possui suas próprias fases:
[[Image:Gagarin KreschenieHristovo.jpg|thumb|Gagarin: ''O Batismo de Cristo'']]
*''Parivrâjaka'', ou ''Zrotâpatti'', ''aquele que entrou na corrente'', ou seja, está comprometido com a realização de tudo o que for necessário para chegar à meta final. Na simbologia cristã a Primeira Iniciação é representada pelo nascimento obscuro do [[Cristo]] na gruta (a gruta do coração, invisível para o profano). Ele é chamado de ''o mendigo errante'', pois já não considera a [[Terra]] como sua morada verdadeira. Nesta fase ele deve eliminar a ilusão de um eu pessoal, a dúvida ou incerteza sobre a doutrina do [[Karma]] e da [[Reencarnação]], sobre a eficácia do método ou sobre a capacidade do MetreMestre em instruí-lo no Caminho, e a [[superstição]]. Sendo bem sucedido, recebe a ''Segunda Iniciação''.
 
*''Kutîchaka'', ou ''aquele que construiu uma cabana num lugar de paz'', ou ''Sakadâgâmin'', ''aquele que só renascerá mais uma vez'', pois espera-se que nesta fase só seja necessária mais uma vida para chegar ao nível de ''Arhat'', ou aquele que está salvo para sempre, significando que breve ficará livre da roda dos renascimentos. Aqui deve eliminar qualquer resíduo de [[orgulho]] e começar a trabalhar para trazer à consciência permanente o princípio intuicional, ou ''buddhi''. Esta fase é simbolizada entre os cristãos como o ''Batismo'' e a ''Tentação no Deserto''. O período é encerrado quendoquando o candidato é aceito para a ''Terceira Iniciação''.
 
*''Hamsa'', ''o cisne'', aquele que canta antes da morte ou aquele que sabe separar a água do leite (o real do irreal), ou ''Anâgâmin'', ''aquele que não renascerá mais neste mundo'' e compreende o que significa a máxima ''Eu sou Aquele''. Na tradição cristã este período é simbolizado pela [[Transfiguração]] de Cristo, significando a união entre sua Individualidade espiritual e sua Personalidade manifesta na Terra. Durante este período o iniciado deve se libertar de todo traço de apego ao gozo de sensações, tipificada no [[amor]] terreno, e de toda a possibilidade de [[ódio]]. Isso não significa que ele não ame, mas ama de maneira altruísta e espiritual, ou que deixe de rejeitar o que é nocivo, mas o faz com tranqüilidade, e não permitirá que quaisquer preferências pessoais interfiram com o seu trabalho espiritual. No final desta fase ele recebe a ''Quarta Iniciação'' e se torna um ''Arhat''.
 
*''Paramahamnsa'', aquele que está além da individualidade ou do eu pessoal, é o Arhat, ou santo iluminado. Esta etapa é simbolizada pela agonia do [[Getsêmani]], a [[Crucificação]] e a [[Ressurreição]] do [[Cristo]] interior de cada um. Os múltiplos talentos e virtudes que o candidato desenvolveu brilham sem possibilidade de ser ocultos, o que atrai a reação do mundo incompreensivo, e é uma fase de duras provas para aquele que trilha a Senda. A prova culminante é descrita como uma passagem pelo ''Avichi'', ou o [[inferno]] dos hindus (na verdade não um local físico mas um estado interior de consciência), quando a pessoa experimenta por um breve momento um isolamento completo de tudo o que vive, incluindo [[Deus]], o Mestre e seu próprio [[Espírito]] divino, sendo descrita como uma das mais terríveis experiências que qualquer pessoa pode suportar. Alguns fracassam, e têm de refazer o trabalho anterior para se capacitarem novamente. É a causa e a interpretação do lamento de Cristo na cruz, quando ele grita "Deus, meu Deus, por que me abandonaste?".
[[Image:Ingeborg Psalter 02f 1200.jpg|thumb|Saltério de Ingeborg: ''A descida do Espírito Santo'']]
 
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* ''Adepto'', ''Mestre'' ou ''Asekha'', ''aquele que realizou o propósito para o qual nasceu como homem''. Já não lhe resta aprender mais nada no âmbito humano, e pode ser considerado com toda propriedade um super-homem. Aqui se encontra paralelo com a ''Ascensão de Cristo'' e sua união com o Pai, e é seguida pela ''[[Pentecostes|Descida do Espírito Santo]]'', significando que a primeira coisa que o Adepto realiza é transmitir aos seus discípulos parte do poder que recebeu. Os hindus chamam este ser de ''Jivanmukta'', ''o liberto'', aquele que cumpriu com sucesso o trajeto da Senda de Perfeição.
 
Nada mais tendo a aprender na Terraaqui, o Adepto está livre para escolher seu próprio caminho a seguir, e pode ou permanecer ligado à Terra, para promover sua evolução, recebendo outras iniciações que incluem a de ''Chohan'' (Senhor), ''Mahachoan'' (Grande Senhor), [[Buda]], [[Sanat Kumara|Senhor do Mundo]] e ''Vigilante Silencioso'', ou adentrar outras linhas de serviço completamente desligadas deste planeta.
 
==Ver também==
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==Ligações externas==
*[http://theosophical.ca/theosophical.ws/Portuguese/AosPesDoMestre.htm J. Krishnamurti: Aos Pés do Mestre]
*[http://www.theosophical.ca/EsotericChristianity.htm AnieAnnie Besant: Cristianismo Esotérico (em inglês)]
==Bibliografia==
*'''Blavatsky, Helena P.''' ''Glossário Teosófico''. São Paulo: Ground, semnsem data.
*'''Leadbeater, Charles W.''' ''Os Mestres e a Senda''. São Paulo: Pensamento, 1977.
[[Categoria:Teosofia]]