Jean-Étienne Esquirol: diferenças entre revisões

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Psiquiatra Francês[[França|francês]], '''Jean-Étienne Esquirol''' foi discípulo de [[Pinel]].
 
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Segundo Paim (1993), os primórdios da psicopatologia estão nas obras de Esquirol, com o livro Traité des Maladies Mentales, de 1838, e de Wilhelm Griesinger, que publica Patologia e Terapêutica das Enfermidades Psíquicas, em 1845. Além disso, segundo o autor, Esquirol teria sido o primeiro professor da especialidade, em 1817.
 
[[categoria:Psiquiatras da França]]
Não conhecera os enciclopedistas, não admirava a Revolução Francesa. Dela só tinha más recordações, os excessos do Terror, o caos, a desordem, a carnificina. Seu irmão mais velho, monarquista, fora preso e executado. Se seu trajeto se inicia no ano da Revolução, sua fama se estabelece no Império e na Restauração da monarquia.
 
Organizador do asilo do século XIX, Esquirol muda inteiramente a relação do médico com o doente tal como preconizada por Pinel, substituindo-a por uma função de guarda, na qual a instituição (o asilo) desempenha o papel principal. O alienista se contenta em aprisionar os loucos e em observar seus comportamentos, ignorando neles qualquer "resto de razão" que tornaria possível o tratamento moral segundo Pinel.
 
Diz Roudinesco: "Enclausurado na fortaleza do seu discurso científico, ele (Esquirol) devolvia o louco à imensidão de um classificação que o ultrapassava [...] o asilo esquiroliano queria parecer-se a um jardim zoológico, verdadeiro paraíso da fixidez, onde perambulariam espécimes despojados de consciencia e cheios de etiquetas. No interior deste espaço, o corpo vivo teria como homólogo o corpo morto. Pinel percebera que a abertura dos cadáveres não revelava nenhum segredo para a compreensão da loucura, já que esta era quase totalmente consequência de causas morais. Esquirol, ao contrário, sistematizou a prática da autópsia. Adepto de uma anatomopatologia em plena expansão, completava cada observação de um indivíduo vivo pelo enunciado de seu avesso cadavérico, mesmo sabendo que o exame dos mortos não trazia nenhuma informação suplementar ao conhecimento da loucura" (pg.182).
 
Continua Roudinesco: "A partir do ano 1820, com efeito, sob a pressão da anatomopatologia, a loucura foi olhada menos pela categoria de suas causas morais do que sob o signo de uma organicidade. E, desde então, o tratamento moral foi dispensado junto com o ideal revolucionário, já que ambos eram portadores de uma noção de progresso do espírito humano que não tinha mais lugar no quadro de um organicismo em que o diagnóstico remetia primeiro a uma incurabilidade".(pg. 187) (grifos do autor).
 
A transição de Pinel a Esquirol implica pois numa mudança completa. Se Pinel admira a Revolução, no que ela implica de radical mudança da ordem social e usa seus pressupostos para o tratamento dos loucos, libertando-os do asilo, imaginando um "tratamento moral" que respeite os "restos da razão" e os cure, em Esquirol, tudo é diferente. Em primeiro lugar, a Revolução é reprimida e negada, seus valores questionados, e qualquer tentativa de mudança da ordem social passa a ser vista como sintoma de desvios perigosos. Os loucos devem ser aprisionados nos asilos, e para eles não há esperança de cura, dado a organicidade de seus males. Esquirol, submete os loucos ao poder médico, em conluio com o Estado. De certa forma, reforça a alienação ao invés de aliviá-la.