Átrio da Liberdade

Átrio da Liberdade (em latim: Atrium Libertatis) era um monumento da Roma Antiga que abrigava os arquivos dos censores e estava localizado num passo que ligava os montes Capitolino e o Quirinal[1], perto do Fórum Romano.

Átrio da Liberdade
Átrio da Liberdade
"Touro Farnésio". O original desta obra ficava no Átrio da Liberdade.
Tipo Pórtico
Construção Antes do século III a.C.
Geografia
País Itália
Cidade Roma
Localização Região VIII - Fórum Romano
Coordenadas 41° 53' 42.24" N 12° 29' 1.7" E
Átrio da Liberdade está localizado em: Roma
Átrio da Liberdade
Átrio da Liberdade

Descrição editar

O Átrio da Liberdade era um complexo de grandes dimensões e que, entre outras funções, abrigava o arquivo dos censores: a lista dos cidadãos e as tábuas de bronze com os mapas das terras públicas[2]. Nesta lista estavam também os nomes dos escravos libertos (liberti), incluídos quando da manumissão. O nome "Libertatis" ("da Liberdade") é uma referência à cerimônia que ocorria nesta ocasião. Além disto, estavam ali duas bibliotecas públicas[3][4] e talvez uma basílica (a chamada "Basílica Asínia")[a].

As fontes relatam também que o complexo estava repleto de obras de arte de escultores célebres, seja do estilo neoático, seja no estilo mais "barroco" da escola microasiática. Entre estas obras estava o grupo escultório conhecido como "Suplício de Dirce", dos escultores Apolônio e Taurisco — a obra original a partir da qual foi copiado o famoso "Touro Farnésio" do Museo Archeologico Nazionale di Napoli.

História editar

O átrio foi mencionado pela primeira vez em 212 a.C.[6] e foi reconstruído pelos censores em 194 a.C.[7]. Uma segunda reconstrução integral foi conduzida por Caio Asínio Polião a partir de 39 a.C. depois de seu triunfo sobre os ilírios e financiada pelos recursos obtidos durante a campanha[8], talvez como parte do projeto concebido por Júlio César e como parte do Fórum de César, inaugurado no espaço entre o passo montanhoso onde estava o átrio e o Fórum Romano poucos anos antes. O monumento provavelmente foi completado em 28 a.C..

O complexo todo foi demolido no início do século II e o passo montanhoso inteiro foi escavado e nivelado para permitir a construção do Fórum de Trajano. Para realizar as mesmas funções foi construída a Basílica Úlpia e a Biblioteca Úlpia, cujas duas salas ladeavam a Coluna de Trajano. A cerimônia de manumissão dos escravos passou a ser realizada numa das absides da Basílica Úlpia, como atesta o fragmento do Plano de Mármore (Forma Urbis) onde está a basílica, no qual está a palavra "LIBERTATIS".

Já no período imperial tardio, o nome "Átrio da Liberdade" passou para a Cúria ou para uma área vizinha[b].

Notas editar

  1. O nome da Basílica Asínia é atestado numa inscrição atualmente perdida e cuja interpretação tem sido causa de discussão entre os estudiosos[5].
  2. Recentemente foi proposta a identificação do "Átrio da Liberdade" ligado à Cúria com a reforma do pórtico no lado sudeste do Fórum de César na época de Diocleciano[9][10][11].

Referências

  1. Cícero, Epistulae ad Atticum, 4.17.7.
  2. Lívio, Ab Urbe Condita XLIII.16.13.
  3. Plínio, História Natural VII.115 e 35.10
  4. Ovídio, Tristia, III.1.69.
  5. Filippo Coarelli, s.v. Basilica Asinia, in Eva Margareta Steinby (a cura di), Lexicon Topographicum Urbis Romae, I, Roma 1993, p. 170.
  6. Lívio, Ab Urbe Condita XXV.7.12)
  7. Lívio, Ab Urbe Condita XXXIV.44.5.
  8. Suetônio, Vidas dos Doze Césares, Vida de Augusto XXIX.
  9. Augusto Fraschetti, La conversione. Da Roma pagana a Roma cristiana, Roma 1999, p. 218 ss.
  10. Gian Luca Gregori, Alcune iscrizioni imperiali senatorie ed equestri nell'Antiquarium Comunale del Celio, in Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 116, 1997, p. 169, nota 37
  11. Massimo Vitti, Il Foro di Cesare dopo i grandi scavi del Giubileo del 2000, in J. Ruiz de Arbulo (a cura di), Simulacra Romae, Tarragona 2004, pp. 15-17 (texto em .pdf disponível nesta página no site SimulacraRomae).

Bibliografia editar

  • Coarelli, Filippo (1984). Guida archeologica di Roma (em italiano). Verona: Arnoldo Mondadori 
  • Coarelli, Filippo (1993). Steinby, Eva Margareta, ed. Lexicon Topographicum Urbis Romae. Atrium Libertatis (em italiano). I. Roma: [s.n.] p. 133–135