Última Parada 174

filme de 2008 dirigido por Bruno Barreto

Última Parada 174 (prt: Autocarro 174[3]; fra: Rio, ligne 174[1]) é um filme franco-brasileiro de 2008 dirigido por Bruno Barreto, escrito por Bráulio Mantovani e estrelado por Michel Gomes e Marcello Melo Jr. O filme relata uma ficção sobre a vida de Sandro Barbosa do Nascimento, um garoto de rua do Rio de Janeiro que sobreviveu à Chacina da Candelária em 1993 e, anos mais tarde, sequestrou um ônibus, causando comoção em todo o Brasil.[4] Em 16 de setembro de 2008, o filme foi escolhido pelo Ministério da Cultura como representante do Brasil para competir a uma indicação ao Oscar de melhor filme internacional na cerimônia de 2009, a qual acabou não se concretizando.[5]

Última Parada 174
Última Parada 174
Cartaz de lançamento original.
Em Portugal Autocarro 174
Na França Rio, ligne 174
 Brasil França
2008 •  cor •  110 min 
Género drama de ação
Direção Bruno Barreto
Produção Patrick Siaretta
Paulo Dantas
Bruno Barreto
Roberto D'Avila
Jerome Merle
Pérsio Pisani
Antoine de Clermont-Tonnerre
Eric Heumann
Marc Sillam
Coprodução Luiz Carlos Barreto
Lucy Barreto
Kátia Machado
Produção executiva Rômulo Marinho
Roteiro Bráulio Mantovani
Elenco Michel Gomes
Marcello Melo Jr.
Douglas Silva
André Ramiro
Anna Cotrim
Cris Vianna
Tay Lopes
Gabriela Luiz
Música Marcelo Zarvos
Diretor de fotografia Antoine Héberlé
Direção de arte Cláudio Amaral Peixoto
Figurino Bia Salgado
Edição Letícia Giffoni
Companhia(s) produtora(s) Globo Filmes
Moonshot Pictures
Movie & Art
Lereby Produções
Mact Productions
Distribuição Brasil Paramount Pictures
França Ocean Films Distribuition[1]
Lançamento Brasil 24 de outubro de 2008[2]
França 22 de julho de 2009[1]
Idioma português

Para a reconstrução rigorosa dos fatos, o filme foi rodado em locais do centro do Rio de Janeiro de suma importância para a história como a Igreja da Candelária, os bairros Curicica e Jardim Botânico e a favela Tavares Bastos; a produção levou mais de oito semanas para realizar as filmagens entre os meses de julho, agosto e setembro de 2007.

Sinopse editar

O filme começa com uma mulher entregando seu filho ainda bebê chamado Alessandro a um homem armado que está lhe cobrando dívidas. Essa mulher logo encontra a religião como um meio de salvação, casando-se com um pastor, passando a acreditar que Deus a ajudará a encontrar Sandro.

No entanto, o Sandro que a mulher encontra não é filho, é outro rapaz chamado Sandro do Nascimento, cuja mãe foi assassinada na frente dele, levando-o a se mudar para o Rio em busca de uma vida melhor. Lá, Sandro passa a morar perto da Igreja da Candelária e sobrevive ao massacre da Candelária ocorrido em 1993.[6]

O desenrolar da história mostra os vários desentendimentos de Sandro com a lei, sua vida romântica e os trabalhadores de uma ONG que tentam ajudá-lo na favela. Apesar de saber que a mulher religiosa não é sua mãe, Sandro concorda com isso de qualquer maneira para ter um lugar para morar.

Os trinta minutos finais do filme são uma dramatização do sequestro do ônibus 174, ocorrido em 2000, mostrando como os eventos aconteceram, incluindo a morte fingida da mulher que escreveu as mensagens de batom nos vidros do veículo, a morte da jovem professora refém durante o ocorrido e a posterior morte do próprio Sandro por asfixia causada pelos policiais que o levaram à delegacia.

A cena final do filme mostra a mãe adotiva de Sandro e seu amigo Alê (cujo nome completo também é Alessandro) no solitário enterro de Sandro, onde apenas eles dois comparecem.[6]

Elenco editar

Temas editar

Religião/Família: Última Parada 174 invoca ideias de salvação/prevenção do crime através da religião e/ou família. As imagens religiosas são frequentemente justapostas à violência, ilustrando a divisão no Brasil entre paz e aqueles que buscam paz com os envolvidos na violência, sejam crianças de rua ou policiais. A mãe adotiva de Sandro se salva através da religião e da esperança de reunir sua família. Sandro perde o equilíbrio quando sua mãe morre, levando-o a uma vida cheia de crimes.

Vítimas: todos os personagens de Última Parada 174 são vítimas; alguns são vítimas de Sandro e sua gangue, outros são vítimas do sistema. Sandro é uma vítima indireta de violência quando bandidos matam sua mãe na frente dele. Ao se tornar órfão em uma idade muito jovem, Sandro não tem orientação e corre para o centro do Rio, onde se torna vítima de um sistema que não se importa com ele. Quando jovem sem-teto no Rio, Sandro rouba e mata pessoas, tornando-as suas vítimas, e indiretamente, vítimas do sistema. Quando Sandro sequestra o ônibus, a mulher do batom diz a Sandro que ele é a única vítima verdadeira da situação, "a situação" é o sistema (ele é a verdadeira vítima porque é a vítima direta, os reféns são apenas vítimas indiretas).

Prevalência de violência: Última Parada 174 mostra como a violência é comum no Brasil e como não é contida nas favelas.[7] Um exemplo disso é quando Sandro e seu amigo assaltam uma mulher dentro de um carro no meio de um engarrafamento: ela dá a Sandro o que ele pede, mas ele e seu amigo atiram nela de qualquer maneira, na frente de vários carros e ninguém faz nada a respeito. Além disso, quando Sandro sequestra o ônibus, a mulher do batom eventualmente liga para seu chefe, explicando que ela chegará um pouco atrasada para o trabalho porque está "apenas sendo assaltada". Sua ação de telefonar casualmente mostra como os brasileiros insensíveis se "acostumaram" à violência cotidiana.

Ver também editar

Referências

  1. a b c «Rio, ligne 174». AlloCiné (em francês). França: Webedia. 22 de julho de 2009. Consultado em 16 de abril de 2023 
  2. Última Parada 174 no AdoroCinema
  3. «Autocarro 174». Cinecartaz. Portugal: Público. 2 de abril de 2009. Consultado em 16 de abril de 2023 
  4. «Após 10 anos, sequestro do ônibus 174 vive na memória de testemunhas». 12 de junho de 2010 
  5. «Folha Online - Ilustrada - "Última Parada - 174" vai disputar indicação ao Oscar - 16/09/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 14 de abril de 2012 
  6. a b Vídeo no YouTube
  7. Bellos, Alex (16 de abril de 2004). «'He will kill us all at six'». the Guardian 
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