Abedim

freguesia do município de Monção, Portugal
 Nota: Para a aldeia de Gondomil, concelho de Valença, veja Abedim (Valença).

Abedim é uma freguesia portuguesa do município de Monção, com 8,89 km² de área[1] e 191 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 21,5 hab./km².

Portugal Portugal Abedim 
  Freguesia  
Localização
Localização no município de Monção
Localização no município de Monção
Localização no município de Monção
Abedim está localizado em: Portugal Continental
Abedim
Localização de Abedim em Portugal
Coordenadas 41° 59' 13" N 8° 30' 20" O
Região Norte
Sub-região Alto Minho
Distrito Viana do Castelo
Município Monção
Código 160401
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 8,89 km²
População total (2021) 191 hab.
Densidade 21,5 hab./km²
Sítio www.jf-abedim.com

Dista 22 km da sede do concelho.

Sobre os montes circundantes desta localidade existem vestígios de uma torre antiquíssima, a cuja edificação presidem várias lendas, esta torre foi mandada demolir no século XV. O Castelo da Pena da Rainha foi classificado como sítio de interesse público em outubro de 2020.

História editar

Abedim era, em 1747, uma freguesia do termo de Monção. No secular obedecia à Comarca de Viana, e no eclesiástico à de Valença. Pertencia ao Arcebispado de Braga, e à Província do Minho. Tinha 156 fogos, e o seu donatário era Gastão José da Câmara Coutinho, como donatário da Casa de Pico de Regalados.

A situação desta freguesia era nas faldas de um monte, do qual se viam muitas terras e freguesias, como eram, entre outras, as seguintes: São Miguel da Barroca, Santa Maria de Moreira, São João de Longos-Vales, e Santa Eulália de Lara.

A igreja paroquial estava fora do povoado, com suas casas de residência junto a ela, e o seu orago era Nossa Senhora da Conceição. Tinha quatro altares, a saber: o altar-mor, o de Nossa Senhora do Rosário, o de São Sebastião, e outro das almas, com sua Irmandade. O pároco era abade, o qual além dos frutos da freguesia, tinha a metade dos frutos da igreja de Santo André das Faias, que era sua anexa; e a outra metade ficava para um benefício simples, que havia na igreja, e renderia trinta mil reis. Havia mais outro benefício simples, que tinha alguns dízimos próprios, e além dos quais comia a sexta parte da Igreja, o qual poderia render trinta mil reis; e tirado tudo isto, poderia a Igreja render trezentos mil reis.

Havia nesta freguesia duas ermidas: Uma de São Mamede, e outra de São Martinho. Os frutos que colhia eram centeio, milho grosso e vinho verde.

Nesta paróquia havia um monte não muito grande, que ficava entre Coura e os moradores de Monção, no qual havia uma coisa digna de admiração; e era que, a pouca distância desta Igreja para a parte do monte, perto de um castanhal, se viam assim que anoitecia duas luzes, que permaneciam até sair a aurora. Eram muito celebradas neste Reino, e no de Galiza, e se divisavam de muitas léguas; e quanto mais ao longe eram vistas, mais claras e resplandecentes se manifestavam. Porém, querendo algumas pessoas indagar de perto a causa e origem destas luzes, era constante que nunca o puderam conseguir; porque ao mesmo tempo que se iam avizinhando ao sítio em que apareciam, pouco a pouco se diminuíam, até desaparecerem totalmente. E era tradição antiga que sempre apareceram.[3]

Também nesta freguesia, em um sítio fronteiro a este da parte do Norte, havia dois pináculos quase sobre si: Em um deles esteve uma torre muito larga de pedra lavrada, segundo dela se vê, e dos alicerces, que ainda existem, a qual mandou deitar abaixo um abade desta freguesia. No princípio deste pináculo estava uma caverna de pedras naturais, capaz de receber dez homens, coberta por cima pela natureza, e com uma fonte dentro, que corria todo o ano; mais acima tinha outra concavidade pelo mesmo modo com água nativa, capaz de receber dentro duzentos homens, à qual se iam seguindo outras concavidades mais pequenas e sem água. Na parte mais elevada estava a torre, fora da qual se achavam uns caixões de tijolo enterrados na superfície da terra; e junto deles uma pedra rasa, que tinha no meio uma como sepultura, e nela havia água todo o ano; na qual lavando-se os que padeciam chagas, ou feridas, se achavam logo sãos, e livres de toda a moléstia. Era muito custoso subir ao monte aonde a fonte estava; e para se ir acima se ia por umas escadinhas, que estavam feitas na mesma penha; na qual de uma e outra parte se divisavam umas rasgaduras nas pedras, que pareciam ter servido para descanso de algumas traves; do que, e de muitos telhões grossos, que por aquele sítio apareciam, se infere houve em tempo antigo algum edifício nele.

Na falda do mesmo monte para a parte do Poente está a Ermida de São Martinho da Penha, assim chamada por estar encostada a um grande penedo. O altar era sagrado, e toda a casa, como se vê das cruzes que nela se descobriam.

A torre, de que se faz menção, diziam a mandara fazer uma Rainha chamada Isabel, a qual vivendo com seu marido, que era gentio, enfadada disto se veio meter nestas terras; o que vendo seu marido, a veio sitiar na mesma torre em que estava, para a fazer render por falta de mantimento. E neste tempo, querendo o Rei pescar, o não permitiam os mares pela fúria com que andavam; e quanto mais crescia a fúria das ondas, tanto mais nele crescia o desejo de algum peixe. Neste tempo, a Santa Rainha, estando em oração na sua torre, passou uma águia e lhe deitou duas trutas no regaço; e sabendo, por revelação de Céu, o desejo que tinha o Rei de comer peixe, lhas mandou ambas; o qual vendo que a Rainha não podia sair, e por outra parte, que ainda que saísse, as não podia pescar, conheceu que aquilo só podia proceder da Lei em que ela vivia, e por esta causa se converteu. Com a Rainha assistiam treze bispos, que dizem foram os que sagraram a Ermida de São Martinho da Penha; e por esta razão se chama São Martinho da Penha da Rainha. Tudo isto era bem sabido e vulgar nesta freguesia e nos vizinhos, como afirmava a tradição comum de pais a filhos. Fique a fé com seus autores.[4]

Demografia editar

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Abedim[5]
AnoPop.±%
1864 536—    
1878 545+1.7%
1890 545+0.0%
1900 548+0.6%
1911 563+2.7%
1920 574+2.0%
1930 484−15.7%
1940 563+16.3%
1950 537−4.6%
1960 524−2.4%
1970 465−11.3%
1981 352−24.3%
1991 311−11.6%
2001 260−16.4%
2011 205−21.2%
2021 191−6.8%
Distribuição da População por Grupos Etários[6]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 19 36 125 80
2011 17 11 106 71
2021 16 13 76 86

Património editar

  • Igreja Paroquial de Abedim;
  • Capela da Senhora do Alívio, em Pumeda;
  • Capela de São Martinho, em Campos.

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Luís Cardoso (Pde.) (1747). Diccionario Geografico ou Noticia Historica de Todas as Cidades, Villas, Lugares e Aldeas, Rios, Ribeiras e Serras dos Reynos de Portugal e Algarve com todas as cousas raras que nelles se encontrao assim antigas como modernas Que escreve e offerece Ao Muito Alto e Muito Poderoso Rey D. João V Nosso Senhor o P. Luiz Cardoso da Congregaçao do Oratorio de Lisboa Académico Real do Numero da Historia Portugueza. I. [S.l.]: Regia Officina Sylviana. p. 6 
  4. Luís Cardoso (Pde.) (1747). Diccionario Geografico ou Noticia Historica de Todas as Cidades, Villas, Lugares e Aldeas, Rios, Ribeiras e Serras dos Reynos de Portugal e Algarve com todas as cousas raras que nelles se encontrao assim antigas como modernas Que escreve e offerece Ao Muito Alto e Muito Poderoso Rey D. João V Nosso Senhor o P. Luiz Cardoso da Congregaçao do Oratorio de Lisboa Académico Real do Numero da Historia Portugueza. I. [S.l.]: Regia Officina Sylviana. p. 7 
  5. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  6. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
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