Adalcinda Camarão

Adalcinda Magno Camarão Luxardo (Muaná, 18 de julho de 1914Belém, 17 de janeiro de 2005) foi uma poetisa e compositora brasileira.[1][2] Ela consta entre os autores/poetas influentes do modernismo amazônida.[3][2]

Adalcinda Camarão
Nome completo Adalcinda Magno Camarão Luxardo
Nascimento 18 de julho de 1914
Muaná, Pará
Morte 17 de janeiro de 2005 (90 anos)
Belém, Pará
Nacionalidade brasileira
Ocupação escritora, poetisa, compositora, professora universitária
Empregador(a) Universidade de Georgetown

Biografia editar

Adalcinda Camarão nasceu em em 1914 no munucípio paraense de Muaná (ilha de Marajó). Durante a juventude estudou no Colégio Dom Pedro II e em seguida no Instituto de Educação do Pará (IEEP) em Belém.[1][4]

Seu nome consta entre os autores e poetas influentes do modernismo na Amazônia, como Bruno de Menezes, Dalcídio Jurandir, Dulcinéa Paraense, Eneida de Moraes e Mário Faustino, Nunes Pereira e, Ruy Barata.[3][2] Embora a obra de Adalcinda integre a transição da geração de 20 para a de 40 no Modernismo, é considerada expoente da década de 1940, com contribuições em revistas como Terra Imatura,[5][6] A SemanaGuajarina, Pará Ilustrado[5] e Amazônia.[7][2] Sua obra é permeada pela nostalgia pela terra paraense, com a construção de um saudosismo à sua paisagem e cultura amazônica.[2]

No número 13 da revista Terra Imatura (1938–1942) foi publicada a antologia de “Poetas modernos da Amazônia”, que dentre os autores selecionados estão: Adalcinda, Bruno de Menezes, Carlos Eduardo, Cléo Bernardo, Dulcinéa Paraense, Miriam Morais, Paulo Plínio Abreu e, Rui Guilherme Barata.[6] Essa antologia exibe que os princípios modernistas ainda estavam vivos no estado do Pará, conseguiam mobilizar uma quantidade de poetas, alguns deste poteriormente ajudariam no suplemento literário da Folha do Norte no período de 1946 à 1951.[6]

Entre 1956 e 1959, fez mestrado em Educação e Linguística na American University e The Catholic University of America, em Washington.[1]

Adalcinda passou quarenta e quatro anos de sua vida nos EUA; esta casou-se com o cineasta e roteirista paulistano Líbero Luxardo que juntos mudaram para os Estados Unidos,[1] onde lecionou Língua Portuguesa para os habitantes na Sanz School e na La Case Academy of Languages entre 1957 e 1960, na American University entre 1974 e 1975, na Graduate School of the Agriculture Department entre 1966 a 1977 e, na Arlington Adult Education entre 1986 e 1988. Além disso, entre 1974 e 1975, ensinou português para assistentes dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford na Casa Branca.[1]

Em 1960, estabeleceu o Departamento de Português na Georgetown University (Washington, D.C.), na qual lecionou literatura brasileira e de literatura portuguesa até 1965.[1]

De 1961 a 1988, Adalcinda Camarão também trabalhou na Embaixada  do  Brasil em Washington,  D.C..[1]

Tornou-se membra da Academia Paraense de Letras em 1959, ocupando a cadeira nº 17, tendo o constitucionalista Filipe Patroni como patrono.[1]

Com Líbero Luxardo teve um filho. Faleceu em 2005, em casa na cidade de Belém.[1]

Obras editar

Poesia editar

  • Despetalei a rosa (1941)
  • Vidência (1943)[8][9]
  • Baladas de Monte Alegre: poemas (1949)[9][10]
  • Entre espelhos e estrelas: poemas (1953)[7][9] - premio de melhor livro do ano do Governo do Estado;
  • Caminho do vento: poemas (1968)[11]
  • Folhas, poesias (1978)[12]
  • A sombra das cerejeiras: poesia (1989)[13]
  • Antologia poética (1995)[14]
  • Memória (19??)[15]

No livro "Poesia do Grão-Pará", antologia de poetas do Estado do Pará coligida por Olga Savary,[16] há os seguintes poemas de Adalcinda: Paisagem marajoara, Anseio, Sortilégio, Despedida.

Teatro editar

  • Um Reflexo de Aço (1955)
  • O Mar e a Praia (1956)

Folclore editar

  • Lendas da Terra Verde (1956)

Educação editar

  • Brasil Fala Português - Livro Escolar (1964)
  • Comentários no Espaço e no Ar, em inglês (At the Red Lights, 1977).

Músicas[17] editar

  • Bom dia Belém (Adalcinda e Edyr Proença)[18][19]
  • Apresentação (Adalcinda e Altino Pimenta)[20]

Homenagens editar

É ganhadora de vários diplomas e medalhas condecorativas. Mesmo estando nos Estados Unidos, colaborou com os jornais que circulavam no estado do Pará. A Província do Pará, O Liberal e, O Estado do Pará.

Em 2021, o "Grupo de Estudos e Pesquisas Escritoras Paraenses" (GEPEPs), do Instituto de Estudos do Xingu (IEX) da Universidade‌ ‌Federal‌ ‌do‌ ‌Sul‌ ‌e‌ Sudeste‌ ‌do‌ ‌Pará‌ ‌(Unifesspa), durante todo ano fizeram recitação e análise das obras da escritora Adalcinda Magno no podcast “Escritoras Paraenses”,[21] projeto que divulga produções literárias de autoras paraenses.[9]

Referências

  1. a b c d e f g h i Terrazas, Ane; de Aquino, Ana Cleide (2021). «A poética amazônica pela perspectiva dialógica na obra de Adalcinda Camarão». Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Linguasagem – Revista Eletrônica de Popularização Científica em Ciências da Linguagem. 40 (1). Consultado em 19 de abril de 2023. Resumo divulgativo 
  2. a b c d e Cardoso, Raimunda Berenice Pinheiro; Nunes, Paulo Jorge Martins (2020). «Entre o escargot e o camarão: intersecção entre a memória coletiva da bélle époque e a memória individual no universo poético de Adalcinda Camarão». Línguas & Letras (51): //dx.doi.org/10.5935/1981–4755.20200033. ISSN 1981-4755. Consultado em 20 de abril de 2023 
  3. a b Coelho, Marinilce (2018). «A arte da lembrança: a literatura de Sultana Levy Rosenblatt na Amazônia». Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Faces da História. 5 (2). Consultado em 19 de abril de 2023 
  4. Olimpio, Abisague Queiroz (2021). «A eroticidade transfigurada na escrita de Adalcinda Camarão.». Consultado em 20 de abril de 2023 
  5. a b Couto, Rui Ribeiro (1956). «Pará, Capital Belém». Barro do município. São Paulo: Anhembi. p. 163-167 
  6. a b c Queiroz, José Francisco da Silva (16 de janeiro de 2013). «Por uma história da recepção da obra de Max Martins» (PDF). Consultado em 13 de julho de 2023. Resumo divulgativo 
  7. a b Adalgisa (1953). Entre espelhos e estrelas: poemas. Belém: Falangola. 80 páginas 
  8. Adalcinda (1941). Vidência. Belém: [s.n.] 41 páginas 
  9. a b c d Grupo de Estudos e Pesquisas Escritoras Paraenses (GEPEPs) (4 de junho de 2021). «IEX: Podcast produzido por Grupo de Estudos visibiliza obras literárias de escritoras paraenses». Instituto de Estudos do Xingu (IEX) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Consultado em 13 de julho de 2023 
  10. Adalcinda (1949). Baladas de Monte Alegre: poemas. Belém: Imprensa Oficial. 71 páginas 
  11. Adalcinda (1968). Caminho do vento : poemas. Rio de Janeiro: Leitura. 45 páginas 
  12. Adalcinda (1978). Folhas, poesias. desenho da capa, Valdir Sarubbi. Belém: Mitograph. 195 páginas 
  13. Adalcinda (1989). A sombra das cerejeiras: poesia. Belém: Falangola. 97 páginas 
  14. Adalcinda (1995). Antologia poética. Belém: CEJUP. 367 páginas 
  15. Adalcinda (s.d.). Memória: poemas. Belém: Falangola. 18 páginas 
  16. Savary, Olga (2001). Poesia do Grão-Pará. Rio de Janeiro: Graphia. 521 páginas. ISBN 9788585277376 
  17. Corrêa, Ângela Tereza de Oliveira (2010). História, cultura e música em Belém: décadas de 1920 a 1940 (Tese de doutorado). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
  18. Luxardo, Adalcinda Magno Camarão; Proença, Edyr de Paiva. «Bom Dia Belém». ECAD. Consultado em 17 de abril de 2023 
  19. Pinheiro, Leila (1991). Outras caras [CD]. Rio de Janeiro: Philips 
  20. Luxardo, Adalcinda Magno Camarão; Pimenta, Altino Rozauro Salazar. «Apresentação». ECAD. Consultado em 17 de abril de 2023 
  21. Grupo‌ ‌de‌ ‌Estudos‌ ‌e‌ ‌Pesquisas‌ ‌Escritoras‌ ‌Paraenses‌ (2020). «Podcast Escritoras Paraenses». Radio Public. Consultado em 20 de abril de 2023