Almodis de la Marche

aristocrata

Almodis de la Marche (c. 102016 de outubro de 1071) foi Senhora de Lusinhão, Condessa de Tolosa e Condessa de Barcelona através dos sucessivos casamentos a que foi sujeita, sendo que assumiu um papel de maior destaque com o terceiro e último casamento.

Almodis de la Marche
Almodis de la Marche
Condessa de Tolosa
Reinado 104529 de junho de 1053
Condessa de Barcelona
Reinado 10531071
 
Nascimento c. 1020
  Marche, Poitou, França
Morte 16 de outubro de 1071 (51 anos)
  Barcelona, Espanha
Sepultado em Catedral de Barcelona
Cônjuge Hugo V de Lusinhão
Pôncio III de Tolosa
Raimundo Berengário I de Barcelona
Casa de La Marche (por nascimento)
Lusinhão (por casamento)
Barcelona (por casamento)
Pai Bernardo I de La Marche
Mãe Amélia de Montignac

Biografia editar

Almodis era filha do occitano Bernardo I de La Marche, Conde de La Marche (cujos pais eram descendentes de Carlos Magno) e de sua esposa, Amélia de Rasés. Quando fez dezoito anos casou com Hugo V de Lusinhão. Porém foi um matrimónio de curta duração, pois Hugo divorciou-se por motivos de consanguinidade, e fez com que a ex-esposa contraísse matrimónio com o Conde Pons de Toulouse em 1045.

Este matrimónio durou cerca de dez anos, até que o conde de Barcelona Raimundo Berengário I de Barcelona a raptou, em Narbona, com a ajuda de uma frota de navios enviada por seu aliado, o emir muçulmano de Tortosa, e, apesar de os cônjuges de ambos ainda estarem vivos, Raimundo casou-se com ela em 1052, repudiando a sua segunda esposa, a condessa Branca. O casal apareceu com filhos gémeos no ano seguinte. Branca apelou ao Papa e conseguiu o apoio da avó de Raimundo Berengário, a condessa Ermesinda, obtendo de Vítor II a excomunhão para Raimundo e Almodis, facto que provocou uma guerra que não se resolveu até ao final de 1057. A excomunhão de ambos manteve-se até 1065, altura em que foi levantada e o casamento legalizado.

 
Raimundo Berengário I e a sua esposa, Almodis de la Marche, contando 2.000 onças de ouro destinadas ao Conde Raimundo de Cerdanha e a sua esposa, a Condessa Adelaide de Carcassonne, em troca do retorno dos seus direitos sobre Carcassonne, em 1067.[1]

Almodis manteve contacto com os ex-maridos e os filhos dos primeiros casamentos. Em 1066/1067 ela foi a Toulouse para assistir o casamento de sua filha. Poucos anos antes, em 1060, Hugo V de Lusinhão tinha-se revoltado contra o seu senhor, o duque Guilherme VIII da Aquitânia, e teve o apoio do também filho de Almodis, Guilherme IV de Toulouse. Os seus filhos apoiavam-se uns aos outros em campanhas militares. Hugo VI de Lusinhão, Raimundo IV de Toulouse e Berengário Raimundo - todos foram Cruzados.

Em Barcelona, Almodis presidia, tal como Ermesinda de Carcassonne, a julgamentos e os juízes prestavam-lhe juramentos de fidelidade. Desenvolveu uma prática ativa como pacifista e uma política diplomática, governando juntamente com o seu marido um estado feudal.

Nas Cortes de 1064, Raimundo e Almodis passaram a intitular-se Príncipes da Catalunha, Principado esse que à época só abarcava os condados de Barcelona, Ausona e Girona,[2] mas que irá abarcar ainda os Condados de Besalú, Ripoll, Cerdanha, Conflent, eBerga até 1162, sendo que o título só se tornará reconhecido a partir da união da Catalunha com o Reino de Aragão.

Em 1069, Almodis e Raimundo compraram os direitos ao Condado de Carcassonne de Guilherme Raimundo I da Cerdanha, casado com Adelaide de Carcassonne, filha do conde Pedro II. Havia a possibilidade de Guilherme Raimundo herdar esse condado por jure uxoris, e , com esta venda, os herdeiros passavam a ser Raimundo Berengário e Almodis, que acabaram por o conseguir.

 
Sepulcros de Raimundo Berengário I e Almodis de la Marche. Catedral de Barcelona.

O seu terceiro marido, Raimundo tinha um filho de um casamento anterior, Pedro Raimundo, que era o seu herdeiro. Pedro aparentemente se ressentia da influência de Almodis e acreditava que ela manobrava de modo a que os seus dois filhos fossem os sucessores de Raimundo Berengário. Pedro acabou por matar a madrasta em outubro de 1071 e, por esse crime, foi deserdado e exilado, deixando o país. Quando o seu pai morreu, em 1076, Barcelona foi dividida entre os gémeos Berengário Raimundo e Raimundo Berengário, os filhos de Almodis.

Casamentos e descendência editar

Almodis casou-se primeiramente com Hugo V de Lusinhão por volta de 1038. Tiveram dois filhos e uma filha:

Almodis e Hugo divorciaram-se por consanguinidade, casando seguidamente com Pôncio de Toulouse, em 1045. Tiveram vários filhos, incluindo:

Casou-se em 1052 com Raimundo Berengário I de Barcelona, de quem teve:

Títulos e sucessores editar

Almodis de la Marche
Nascimento: 1020 Morte: 16 de outubro de 1071, Barcelona
Precedido por
Aldearda de Thouars
Ficheiro:Armoiries Lusinhão.svg
Senhora consorte de Lusinhão

1038-1040
Sucedido por
Hildegarda de Thouars
Precedido por
Majore
 
Condessa consorte de Toulouse

1045-1052
Sucedido por
Sancha de Aragão
Precedido por
Berengário Raimundo I
como reinante
Branca de Narbona
como consorte
 
Condessa consorte e reinante de Barcelona
(Barcelona, Girona e Manresa)

1052 - 1064
(com Raimundo Berengário I)
Sucedido por
União dos Condados de Barcelona, Osona e Girona:
Ascensão ao título de Princesa
Precedido por
Guilherme I
sob regência de Gisela de Lluçá
 
Condessa de Osona

1054 - 1064
(com Raimundo Berengário I)
Sucedido por
União dos Condados de Barcelona, Osona e Girona:
Ascensão ao título de Princesa
Precedido por
União dos Condados de Barcelona, Osona e Girona:
Ascensão ao título de Princesa
 
Princesa consorte e reinante da Catalunha
(Barcelona, Girona , Osona e Manresa)

1064 - 1071
(com Raimundo Berengário I)
Sucedido por
Raimundo Berengário II
e Berengário Raimundo II
Precedido por
Vago
Titular anterior:Rangarda de La Marche
 
Condessa consorte de Carcassonne
(Carcassonne, Razés , Béziers e Agde)

1069 - 1071
Sucedido por
Mafalda da Apúlia-Calábria

Referências

  1. Charles Julian Bishko (1968-9), "Fernando I and the Origins of the Leonese-Castilian Alliance with Cluny," Studies in Medieval Spanish Frontier History (Variorum Reprints), 40.
  2. Fidel Fita i Colomer: Boletín de la Real Academia de la Historia, tomo 40 (1902): Principado de Cataluña - Razón de este nombre: Já nas Cortes do ano de 1064, que são as primeiras da coleção académica, aparece no Uso 65 com o nome de Principado a demarcação do território a que se aplicava a velha Catalunha ou os três condados de Barcelona, Ausona e Girona, que eram regidos pelo soberano D. Raimundo Berengário e a sua mulher D. Almodis


 
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