Apiterapia é um tipo de medicina alternativa que utiliza produtos das abelhas, como o mel, o pólen, o própolis, a geleia real e as apitoxinas. Proponentes da apiterapia fazem afirmações a respeito dos benefícios deste tipo de tratamento para os quais não há evidências científicas.[1][2][3]

Ferrão de abelha da espécie Apis melifera

História editar

Referências a propriedades medicinais de produtos da apicultura podem ser encontrados nas práticas tradicionais de diversos povos,[4][5] com registros desta prática desde os tempos de Hipócrates e Galeno.[6] A origem da apiterapia moderna remonta ao século XIX, com o médico austríaco Philip Terc, que em 1888 publicou seu artigo intitulado "Sobre uma conexão peculiar entre picadas de abelha e reumatismo.[7]

Usos editar

A Apiterapia é utilizada como uma forma de tratamento alternativo para diversas doenças, e seus adeptos fazem muitas afirmações a respeito de suas propriedades,[8]. Substancias extraídas da Apis melifera são também utilizadas em preparados da homeopatia inclusive com o próprio corpo da abelha.

Denomina-se toxinologia o ramo da toxicologia que estuda as propriedades dos venenos animais tanto para o tratamento de envenenamentos como para aplicação terapêutica de seus componentes moleculares. Exemplos podem ser encontrados no estudo dos anuros (ver: Vacina do sapo; das serpentes a exemplo da jararaca (Bothrops) se derivou o medicamento Captopril (Capoten) produzido pela Bristol Meyrs) e mais recentemente do monstro de gila (Heloderma) de cuja saliva desenvolveu-se um remédio para diabetes.

Em 2018, no Brasil, o Ministério da Saúde, incluiu a sua prática no Sistema Único de Saúde (SUS), como parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).[9]

Controvérsias editar

Em 2018, uma mulher morreu na Espanha após um tratamento contínuo de apiterapia. A mulher teve uma reação alérgica após ter sido picada por uma abelha viva. Este é o primeiro caso de morte em decorrência deste tipo de tratamento registrado na história.[10]

Notas e referências

  1. Ades, Terri B.; Russel, Jill, eds. (2009). «Chapter 9: Pharmacologic and Biologic Therapies» [Terapias Farmacológicas e Biológicas]. American Cancer Society Complete Guide to Complementary and Alternative Cancer Therapies 2ª ed. [S.l.]: American Cancer Society. pp. 704–708. ISBN 978-0-944235-71-3 
  2. Victor Benno Meyer-Rochow. Therapeutic arthropods and other, largely terrestrial, folk-medicinally important invertebrates: a comparative survey and review // J Ethnobiol Ethnomed. 2017; 13: 9. PMC 5296966. DOI:10.1186/s13002-017-0136-0
  3. Lauren Seabrooks and Longqin Hu. Insects: an underrepresented resource for the discovery of biologically active natural products // Acta Pharmaceutica Sinica B, 2017, 7(4): 409-426. PMC 5518667. PMID 28752026. DOI:10.1016/j.apsb.2017.05.001
  4. Silva, J; Monge-Fuentes, V; Gomes, F; Lopes, K; Dos Anjos, L; Campos, G; Arenas, C; Biolchi, A; Gonçalves, J; Galante, P; Campos, L; Mortari, M (2015). «Pharmacological Alternatives for the Treatment of Neurodegenerative Disorders: Wasp and Bee Venoms and Their Components as New Neuroactive Tools» [Alternativas Farmacológicas para o Tratamento de Doenças Neurodegenerativas: Venenos de Vespa e de Abelha e Seus Componentes como Novas Ferramentas Neuroativas]. Toxins. 7 (8): 3179–3209. PMC 4549745 . PMID 26295258. doi:10.3390/toxins7083179 
  5. WHO Global Atlas of Traditional, Complementary and Alternative Medicine [Atlas OMS de Medicina Tradicional, Complementar e Alternativa]. [S.l.]: Organização Mundial da Saúde. 2005. ISBN 9241562862. Consultado em 22 de março de 2018 
  6. Wilcox, Christie (9 de agosto de 2016). Venomous: How Earth's Deadliest Creatures Mastered Biochemistry [Peçonhentos: Como as Criaturas mais Mortais da Terra Dominaram a Bioquímica]. [S.l.]: Farrar, Straus and Giroux. p. 186. ISBN 978-0-374-71221-1 
  7. Terč, Philipp (26 de agosto de 1888). «Ueber eine merkwürdige Beziehung des Bienenstichs zum Rheumatismus» [Sobre uma Conexão Peculiar Entre Picadas de Abelha e Reumatismo] 35 ed. Urban & Schwarzenberg. Wiener Medizinische Press (em alemão). 29: 1261–1263 
  8. GARCIA, Ángela Pardo. Grupo Imaginador de Edições, ed. Descubra el poder de la miel 2005 ed. Buenos Aires: [s.n.] ISBN 950-768-523-5. Consultado em 11 de junho de 2009 
  9. Saúde, Ministério da. «Ministério da Saúde inclui 10 novas práticas integrativas no SUS». portalms.saude.gov.br. Consultado em 18 de abril de 2018 
  10. «Mulher morre após sessão de acupuntura com abelhas». VEJA.com