Basterotzes II Bagratúnio
Basterotzes II Bagratúnio (em latim: Basterotzes; em grego medieval: Βαριστερότζης, Baristerótzes; em armênio/arménio: Վարազ-Տիրոց, Varaz-Tirots’) foi governador (marzobã) da Armênia, tendo governado entre 628 e 634. Fugiu ao Império Bizantino ao entrar em conflito com o governador do Azerbaijão e foi recebido com honras pelo imperador Heráclio (r. 610–641). Participou num complô armênio para derrubar Heráclio e nomear seu bastardo João Atalarico como imperador e foi exilado na África. Em 645/646, a pedido de Teodoro Restúnio, foi perdoado e reconvocado do exílio, foi à Armênia onde foi nomeado príncipe, mas morreu antes de assumir sua posição.
Basterotzes II Bagratúnio | |
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Morte | 642/643 ou 645/646 Uaje Rude ou Armênia |
Nacionalidade | Império Sassânida Império Bizantino |
Etnia | Armênia |
Progenitores | Pai: Simbácio IV |
Filho(a)(s) | Simbácio V |
Ocupação | General |
Vida editar
Era filho de Simbácio IV, irmão de Gariquepetes e pai de Simbácio V (seu filho mais velho) e outros de nome incerto. Sua esposa e família são mencionadas na obra de Sebeos. Basterotzes e Gariquepetes foram criados na corte do xá Cosroes II (r. 590–628) em Ctesifonte. Após a derrota da rebelião de Bistã por seu pai em 596, foi nomeado copeiro real. Nesse momento, ou após a vitória de Simbácio sobre os heftalitas em 608, também recebeu o título honorífico de "Eterno Cosroes" (Dzhavitean Khosrow).[1][2]
Em 628, o xá foi derrubado por uma conspiração que envolveu várias casas aristocráticas, e Basterotzes participou. Um dos líderes da conspiração, Farruquezade informou Basterotzes (chamado Tucar nesse relato) sobre quem as facções escolheram para suceder no trono (Cavades) e ele disse: "a escolha seria satisfatória ao canaranges também".[3] Seu apoio, segundo Parvaneh Pourshariati, foi assegurado sob garantias de que teria o ofício de tanuter (membro sênior de um família nacarar).[4] Como recompensa por sua ajuda, Cavades II (r. 628) nomeou-o marzobã da Armênia com posição de aspetes. Um de seus primeiros atos foi a nomeação do católico Cristóvão II (r. 628–630). Ele logo entra em disputa com o governador persa Rustã do vizinho Azerbaijão e foge com sua família a Taraunitis e então, após receber garantias do imperador Heráclio (r. 610–641), para sua corte à época ainda no Assuristão.[5]
O nacarar Mecécio II Genúnio, general dos exércitos da Armênia nomeado por Heráclio, cobriu-o de calúnias, mas o imperador não deu importância.[6] Segundo o cronista Sebeos, Heráclio recebeu-o com grandes honrarias, deu-lhe "residência real, assentos de prata e muito tesouro" e "exaltou-o sobre todos os patrícios de seu reino". Em 635 ou 637, Basterotzes se envolveu na conspiração Teodoro, Baanes Corcoruni e Davi Sarones para derrubar o imperador e nomear seu filho bastardo João Atalarico. A conspiração foi revelada, e Basterotzes foi exilado na África; sua vida foi poupada porque, alegadamente, se opôs à morte do imperador.[5] Pourshariati propõe que seja o homônimo que esteve na Batalha de Jalula de 637 travada entre o Império Sassânida e o Califado Ortodoxo.[7]
Em seu leito de morte em 641, Heráclio alegadamente perdoa-o e faz seu sucessor Constantino III (r. 641) jurar que reconvocaria-o com sua família do exílio e restauraria suas honras.[5] Em 642, o Califado Ortodoxo avança contra a Armênia e toma Dúbio, a capital, levando muito espólio e butim. O marzobã Teodoro Restúnio solicita sua reconvocação a Constante II (r. 641–668) por saber de suas habilidades em lidar com tais situações.[8] Pourshariati propõe que Basterotzes é o homônimo que também esteve nas Batalhas de Niavende de 642 e Uaje Rude de 642/643, na qual supostamente morreu.[7] Porém, essa suposição colide com o relato de Sebeos e a datação proposta por outros autores, que consideram que Constante restaurou-o a sua antiga dignidade no Império Bizantino em 645/646.[8]
Aparentemente estava em Constantinopla quando Restúnio foi convocado para responder por suas ações diante de Constante. Pouco tempo depois, fugiu da capital e dirigiu-se a Taique, na Armênia. Restúnio, os príncipes armênios e o católico Narses III, o Construtor mediaram sua situação com o imperador e pediram-lhe que nomeasse Basterotzes como "príncipe da terra". Constante cede e nomeia-o governador (príncipe) com a alta posição de curopalata.[9] Constante enviou-lhe a coroa de honra (talvez a bálteo ou zoen), sua família e os ricos presentes concedidos antes por Heráclio, mas adoece e falece antes de recebê-los. Foi sepultado ao lado de seu pai na fortaleza de Terua, em Cogovita.[5]
Ver também editar
Precedido por Razates |
Marzobã da Armênia 628-634 |
Sucedido por Mecécio II (mestre dos soldados da Armênia) |
Precedido por Teodoro Restúnio (marzobã) |
Príncipe da Armênia 645 |
Sucedido por Teodoro Restúnio (príncipe) |
Referências
- ↑ Pourshariati 2008, p. 153–154.
- ↑ Martindale 1992, p. 1363.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 154.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 174.
- ↑ a b c d Martindale 1992, p. 1364.
- ↑ Grousset 1947, p. 283-286.
- ↑ a b Pourshariati 2008, p. 469.
- ↑ a b Grousset 1947, p. 298-299.
- ↑ Lilie 2013.
Bibliografia editar
- Grousset, René (1947). História da Armênia das origens à 1071. Paris: Payot
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Varaztiroch». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8
- Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3
- Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). «#8567 Varaztiroc'». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt