A Batalha de Wizna foi um episódio da Segunda Guerra Mundial, um confronto militar ocorrido entre 7 de setembro e 10 de setembro de 1939, entre as forças beligerantes da Polônia e da Alemanha Nazista e fez parte da Invasão da Polônia.

Batalha de Wizna
Invasão da Polônia (1939)
Data 7 de setembro a 10 de setembro de 1939
Local Wizna, perto de Łomża, Polônia
Desfecho Vitória da Alemanha
Beligerantes
Alemanha Nazista Polônia
Comandantes
Heinz Guderian Władysław Raginis (suicidou-se)
Forças
42 200 homens
350 tanques
657 morteiros, canhões e howitzers
+ apoio aéreo
720 homens (20 oficiais)
+ armas leves de apoio
Baixas
+ 900 mortos 716 mortos

História editar

Circunstâncias editar

Antes da Guerra, a área da vila de Wizna foi preparada como uma linha fortificada de defesa. Ela seria uma barreira contra avanços inimigos em direção às posições polonesas do sul e guardaria a confluência dos rios Narew e Biebrza (nomes transliterados para o inglês). Os 9 quilômetros de extensão da linha estava a cargo do Corpo Narew, Grupo de Operações Independentes de Łomża. A área fortificada de Wizna era uma das mais importantes para a defesa ao nordeste de Varsóvia pois cobria a travessia de rios fronteiriços e as estradas ŁomżaBiałystok e o caminho até Brest na atual Bielorrússia.

As obras começaram em abril de 1939. O local foi escolhido cuidadosamente: fortalezas de concreto foram construídas no alto das colinas e davam vista para o vale pantanoso do Rio Narew. Poderiam rechaçar qualquer assalto através dos pântanos ou ataques que viessem pela ponte de Wizna. Antes de 1 de setembro de 1939, 12 fortalezas (bunkers) estavam terminadas. Seis delas tiveram o concreto reforçado com cobertura de aço enquanto as restantes contavam com cabines de metralhadoras. Quatro outras fortalezas estavam para ser terminadas até que a Segunda Guerra Mundial começou. Adicionalmente, a área foi reforçada com trincheiras, obstáculos anti-tanque e anti-tropas, cercas de arame farpado e minas terrestres. Havia planos de romperem-se as barragens dos rios Biebrza e Narew para inundar a área, mas no verão de 1939 a seca foi muito forte e os níveis de água estavam baixos.

Apesar de nem todas as fortalezas estarem prontas no início da Guerra, a linha polonesa de defesa era bem preparada. A altura média das paredes das fortalezas era de 1.5 m reforçadas com malhas de aço de 20 cm, capazes de suportar bombardeio pesado das armas da Wehrmacht na época.

Primeira Fase editar

 
Mapa das forças beligerantes antes da Batalha de Wizna

Em 1 de setembro de 1939, a Invasão da Polónia e a Segunda Guerra Mundial começaram. O Terceiro Exército Alemão avançou até a Prússia Oriental e rumou para Varsóvia, diretamente através das posições do Corpo Narew. Em 2 de setembro o capitão Władysław Raginis foi nomeado o comandante da área de Wizna. Como seu posto de comando escolheu a fortaleza "GG-126" próxima da vila de Góra Strękowa. A fortaleza ficava no exato centro das linhas polonesas. Suas tropas contavam com aproximadamente 700 soldados e suboficiais e 20 oficiais armados com 6 peças de artilharia (75mm), 24 metralhadoras pesadas, 18 metralhadoras leves e dois rifles antitanques.

Após as primeiras escaramuças na fronteira, a Brigada de Cavalaria Podolska que operava na área recebeu ordens, durante a noite de 3 a 4 de setembro, de recuar e em 5 de setembro abandonou a área marchando até Mały Płock e cruzando o rio Narew. Em 3 de setembro as posições polonesas foram avistadas do ar e sofreram fogo de metralhadoras.

Em 7 de setembro de 1939, as unidades de reconhecimento da 10ª Divisão Panzer do general Nikolaus von Falkenhorst tomaram a vila de Wizna. Os Pelotões de Reconhecimento poloneses abandonaram o local após curta luta e foram para a margem sudeste do Rio Narew. Quando os tanques alemães tentaram a travessia da ponte, ela foi explodida pelos engenheiros inimigos. À noite, patrulhas da infantaria invasora cruzaram o rio e avançaram rumo a Giełczyn, mas foram repelidas com pesadas baixas.

Em 8 de setembro o general Heinz Guderian, comandante do XIX Corpo Panzer, recebeu ordens para avançar através de Wizna até Brest. No início da manhã de 9 de setembro suas unidades deixaram Wizna e se juntaram a 10ª Divisão Panzer e a Brigada "Lötzen" que já estava pronta e presente na área. As forças somaram 1 200 oficiais e 41 000 soldados e suboficiais, equipados com 350 tanques, 108 obuses, 58 peças de artilharia, 195 armas anti-tanques, 108 morteiros, 188 granadas de mão, 288 metralhadoras pesadas e 689 metralhadoras portáteis. Ao todo, sua força era superior em 60 vezes a dos defensores poloneses.

Segunda Fase editar

 
Ruínas de uma fortaleza polonesa, agora um memorial.

No início da manhã aviões alemães soltaram panfletos pedindo aos poloneses que se rendessem alegando que a maior parte do país já estava dominado e a continuidade da resistência seria inútil. Para erguer o moral de seus homens, Władysław Raginis jurou que preferia morrer a deixar o seu posto e que a defesa deveria continuar. Pouco depois o fogo da artilharia começou. A artilharia polonesa foi muito atingida e as forças recuaram rumo a Białystok. Após preparativos, os alemães atacaram o flanco nordeste do inimigo. Dois pelotões defenderam as fortalezas do lado norte do Narew quando foram atacadas em três direções diferentes, por tanques e infantaria. No começo as perdas da Infantaria Alemã foram altas mas após pesado bombardeio da artilharia o comandante polonês da área de Giełczyn Primeiro Tenente Kiewlicz ordenou a queima da ponte de madeira sobre o Narew e recuou até Białystok. Os remanescentes das suas tropas que conseguiram furar o cerco alemão seguiram até Białystok, onde se juntaram ao general Franciszek Kleeberg.

Ao mesmo tempo ocorria o assalto a porção sudeste das fortificações poloneses, que estava sob impasse. As fortalezas não contavam com munição antitanque adequada mas conseguiram rechassar o avanço da infantaria inimiga graças ao fogo das metralhadoras. Contudo, ao anoitecer a infantaria polonesa foi forçada a abandonar as trincheiras e demais fortificações de campo e recuou para dentro das fortalezas. Os tanques invasores finalmente conseguiram quebrar as linhas polonesas e avançaram na direção de Tykocin e Zambrów. A Infantaria Alemã continuava sob fogo pesado e ficou presa nos pântanos frontais às fortalezas.

Apesar de Raginis ser subordinado ao tenente-coronel Tadeusz Tabaczyński, comandante da área fortificada de Osowiec que ficava a 30 quilômetros ao norte, ele não esperava reforços. Em 8 de setembro o marechal Edward Śmigły-Rydz ordenara ao 135º Regimento de Infantaria que era constituído das reservas de Osowiec e Wizna, que recuasse até Varsóvia. Quando a ordem foi revogada e a unidade voltou para Osowiec, já era tarde para ajudar os soldados poloneses isolados em Wizna.

As lutas em torno das fortalezas agora isoladas continuavam. Muitos assaltos foram repelidos durante a noite e também na manhã seguinte do dia 10 de setembro. Ao meio-dia próximo, os engenheiros alemães com a ajuda dos tanques e artilharia, finalmente fizeram os arranjos para destruírem as duas fortalezas restantes. Estavam localizadas no centro de Góra Strękowa e continuaram com a defesa mesmo com muitos feridos ou incapacitados e a maior parte do armamento destruído. Foi dito que Heinz Guderian, numa tentativa de acabar com a resistência, ameaçara o comandante polonês de fuzilar os prisioneiros de guerra que não tivessem se rendido. O símbolo da resistência foi o capitão Władysław Raginis que cometeu suicídio ao se atirar sobre uma granada armada.

Consequências editar

Com o fim da resistência polonesa, o XIX Corpo Panzer rumou até Wysokie Mazowieckie e Zambrów, onde foi detido na Batalha de Zambrów contra a 18ª Divisão de Infantaria Polonesa, que só foi cercada e destruída na Batalha de Andrzejewo. Mais tarde continuaram o avanço e tomaram parte na Batalha de Brest.

O heróico embate de três dias das tropas polonesas se tornou um símbolo para a resistência durante a Guerra e é um fato influente na cultura popular do país.

Forças em oposição editar

Exército Polonês
Grupo Operacional Independente de Narew
Czesław Młot-Fijałkowski
Odcinek Obrony "Wizna"
Władysław Raginis
8ª companhia do 135º Regimento de Infantaria
Schmidt
3ª companhia MG de Osowiect.
Władysław Raginis
Baterias da artilharia
Brykalski
136ª companhia de engenharia
Pelotão de engenheiros e pelotão de artilharia de campo do 71º Regimento de Infantaria
Pelotão de reconhecimento montado do 135º Regimento de Infantaria
720 homens, 12 fortalezas, 6 peças de atilharia (76mm), 24 metralhadoras pesadas, 18 metralhadoras manuais e dois rifles antitanques
Wehrmacht
Terceiro Exército
Georg von Küchler
XIX Corpo do Exercito
Heinz Guderian
Terceira Divisão Panzer
Leo Freiherr Geyr von Schweppenburg
Vigésima Divisão Motorizada
Mauritz von Wiktorin
Décima Divisão Panzer
Ferdinand Schaal
"Lötzen" Brigada Blindada
Konrad Offenbacher
42 000 homens, 350 tanques, 108 obuses, 58 peças de artilharia, 195 armas antitanques, 108 morteiros, 188 granadas de mão, 288 metralhadoras pesadas e 689 metralhadoras portáteis

Baixas editar

O número exato de baixas polonesas é desconhecido, pois pouco se sabe sobre os soldados que foram feitos prisioneiros de guerra pelos alemães. Estima-se que a maioria dos soldados poloneses foram mortos em ação, uns 40 fugiram e outros 40 foram feito prisioneiros. O número contudo não é certo.

As perdas alemãs também não são bem conhecidas. Em seus diários o general Heinz Guderian anotou que 900 soldados alemães foram mortos em ação, mas esse número provavelmente está errado. É provável que a Wehrmacht tenha perdido cerca de 10 tanques e vários veículos blindados.

Cultura popular editar

A Batalha de Wizna é o tema de uma canção do álbum The Art of War do grupo sueco Sabaton, chamada "40:1", que alude a desproporção das forças combatentes (na verdade, 42 200 alemães e 720 poloneses, isto é, 59:1).

"40:1" é também a vinheta de entrada do lutador de arte marcial polonês Damian Grabowski.

Ver também editar

Bibliografia editar

  • Kosztyła Zygmunt, Obrona odcinka "Wizna" 1939, BKD (Bitwy, Kampanie, Dowódcy) [7/76], 1976
  • Kupidura P., Zahor M., Wizna, Wojskowy Przegląd Techniczny i Logistyczny, nr 3, 1999
  • Stawiński Kazimierz, Bój pod Wizną. Warszawa 1964. Wydawnictwo Ministerstwa Obrony Narodowej.
  • Wiktorzak A., Wizna - Polskie Termopile, Głos Weterana, nr 9, 1997

Ligações externas editar