Benjamim Pinto Bull

político português

Benjamim Pinto Bull GOIH (Guiné-Bissau, 1916 - Lisboa, 25 de Janeiro de 2005) foi um lutador pela independência progressiva da Guiné-Bissau.

Benjamim Pinto Bull
Nascimento 1916
Morte 25 de janeiro de 2005
Cidadania Portugal
Ocupação político
Prêmios
  • Grande-Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique

Cita o "Diário de Notícias", aquando da morte de Benjamim Pinto Bull, que este “era daqueles homens como já há poucos, um lutador”. Durante a sua vida foi um defensor de uma independência progressiva da Guiné-Bissau e até chegou a tentar negociar nos bastidores do poder de Salazar. Benjamim foi o líder da União dos Naturais da Guiné-Portuguesa, um movimento que defendia uma evolução muito negociada para a Guiné-Bissau.

Biografia editar

Origens editar

Nasceu na Guiné-Bissau, no seio duma das mais ilustres famílias da Guiné Portuguesa, filho de Burmester Wilhelm Ellis Bull,[1] da Serra Leoa, de origem Inglesa e Serra-Leonense, e de sua mulher Natália Correia Pinto,[1] da Guiné Portuguesa, de origem Portuguesa e Guineense, e irmão de James Pinto Bull e de … Pinto Bull, casado com … Barbosa, com geração.

O seu irmão, James Pinto Bull, foi o histórico deputado da Ala Liberal, que morreu em Bissau a 25 de Julho de 1970, no acidente de helicóptero com José Pedro Pinto Leite. Aos sete anos de idade, Benjamim Pinto Bull foi enviado para França, onde ingressou num seminário. Concluiu o ensino secundário e voltou para Portugal, para um seminário em Viana do Castelo. Nesta cidade estudou grego e latim. Mas não seguiu para uma vida eclesiástica.

Vida em Guiné-Bissau editar

Era já homem quando regressou à Guiné-Bissau e fê-lo para trabalhar nas alfândegas. Nesta altura, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) perseguiu-o até à Guiné-Bissau e a solução encontrada foi o exílio no Senegal, onde foi acolhido por Léopold Sédar Senghor. Desta forma, Benjamim Pinto Bull pôde continuar a luta pela independência do seu país.

Léopold Sédar Senghor foi um poeta, político e teorista cultural senegalês, que foi o primeiro presidente do Senegal e um dos mais importantes intelectuais africanos do século XX. Senghor acolheu Pinto Bull e os dois tornaram-se grandes amigos.

Abraçando uma nova etapa da sua vida no Senegal, Benjamim promoveu a língua portuguesa, quer ao nível do secundário, quer ao nível do ensino superior, e tornou-se rapidamente no tradutor oficial de Senghor. Continuou os seus estudos, formando-se em Filologia Românica em Paris, para depois regressar a Dakar para dar aulas. Os seus trabalhos académicos reflectiram a sua vida e a sua tese de doutoramento versa sobre o trabalho de Senghor: "Leopold Sédar Senghor e a Negritude".

Regresso a Portugal editar

O regresso de Benjamim Pinto Bull a Portugal deu-se em 1984. Foi cônsul do Senegal em Lisboa e leccionou Latim Jurídico e Literatura Africana de Expansão Portuguesa em várias universidades privadas, como a Moderna, a Internacional ou a Lusófona. Em 1989, publicou "Filosofia e sabedoria, O crioulo da Guiné-Bissau". Publicou ainda uma autobiografia – "Memórias de um Luso-Guineense" – com introdução a cargo de Adriano Moreira.

Em 1992, num autocarro a caminho de Loures, Benjamim Pinto Bull defendeu um rapaz de apenas 12 anos que estava a ser insultado. Foi agredido e um soldado da GNR acabou por ser acusado de racismo e violência contra o professor. Um triste episódio que mereceu a atenção dos media e que levou Mário Soares, então Presidente da República, a pedir-lhe publicamente desculpas em nome de Portugal. A 10 de Junho desse ano foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[2]

Referências

  1. a b Manuel Braga da Cruz e António Costa Pinto (2005). Dicionário Biográfico Parlamentar (1935-1974). Lisboa: co-edição Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Assembleia da República. pp. Vol. V. 290 
  2. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Benjamim Pinto Bull". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 31 de janeiro de 2016