O bonapartismo é uma ideologia política e um culto à personalidade[1] de origem francesa e alemã, inspirada na maneira pela qual Napoleão Bonaparte e seu sobrinho, Napoleão III, governaram. Em nossos dias, o termo é frequentemente usado para definir um tipo de governo em que o Poder Legislativo perde força, em proveito do Executivo. No modelo bonapartista, o governante pretende ser um ditador, mas busca construir uma imagem carismática de representante popular.

Desenho representando Napoleão Bonaparte, o príncipe Francisco Carlos José Bonaparte (dito Napoleão II), Napoleão III e o príncipe Napoleão Eugênio.

Esse tipo de sistema se instala quando nenhuma classe ou grupo social tem poder suficiente para ser hegemônico, deixando a um líder suficientemente habilidoso o poder de mediar as diversas forças sociais.

Além de Napoleão III, o governo de Bismarck, na Alemanha, é outro exemplo histórico de bonapartismo. Ambos eram sucedâneos de monarcas absolutistas que, alçados ao poder por meio de revoluções burguesas, criaram formas de governo despóticas ou autoritárias em lugar de instituições burguesas liberais.[2]

Origem editar

Originalmente, o bonapartismo combinava elementos do despotismo ilustrado e do pensamento iluminista de Rousseau.

A partir de 1815, o bonapartismo teve como seus principais seguidores os que nunca aceitaram a derrota em Waterloo, nem o Congresso de Viena. Napoleão morreu no exílio na ilha de Santa Helena (território), em 1821.

Mais tarde, em 1851, o bonapartismo incorporou também reivindicações sociais impostas pelo desenvolvimento industrial.

Na história política francesa, os bonapartistas eram monarquistas que desejavam um Império Francês sob a égide da Casa de Bonaparte, a família corsa de Napoleão Bonaparte (Napoleão I da França) e seu sobrinho Luís Napoleão (Napoleão III da França). Particularmente depois da morte do filho de Napoleão, o Duque de Reichstadt (conhecido pelos bonapartistas como Napoleão II), os bonapartistas se voltaram para outros membros da família.

As revoluções de 1848 deram esperança a este grupo. O bonapartismo foi essencial na eleição de Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão, como Presidente da Segunda República, e lhe deu o apoio político necessário para, em 1852, descartar a constituição e proclamar o Segundo Império.

Em 1870, Napoleão III levou a França a uma derrota desastrosa diante da Prússia na Guerra Franco-Prussiana; na seqüência, abdicou. Depois, os bonapartistas continuaram a agitar para que outro membro da família fosse colocado no trono, competindo, a partir de 1871 em diante, com outros grupos monarquistas: os orleanistas, que favoreciam a restauração da Casa de Orleans, à qual pertencera Luís Filipe, rei da França de 1830 a 1848 — e os legitimistas, que pretendiam a restauração da Casa de Bourbon, a família real francesa tradicional.

A força dessas três facções monarquistas era muito provavelmente maior que a dos republicanos, na época, mas como as três provaram ser irreconciliáveis na escolha de quem deveria ser o novo monarca francês, o fervor monarquista afinal arrefeceu e a República francesa tornou-se uma característica mais ou menos permanente na vida francesa. O bonapartismo lentamente foi relegado a ser a fé cívica de uns poucos românticos, mais um diletantismo do que uma filosofia política prática. O golpe de morte para o bonapartismo provavelmente foi dado quando Eugênio Bonaparte, o único filho de Napoleão III, foi morto em acção enquanto servia como oficial do Exército Britânico na Zululândia, em 1879. A partir daí, o bonapartismo deixou de ser uma força política significativa. Atualmente não há movimento político sério que pretenda recolocar algum dos descendentes de Napoleão no trono imperial de França.

Requerente Retrato Nascimento Casamentos Morte
Napoleão I

1814–1815

  15 de agosto de 1769, Ajaccio

filho de Carlo Bonaparte
Letizia Ramolino

Josefina de Beauharnais

9 de março de 1796
Sem crianças 

5 de maio de 1821 

Longwood, Santa Helena
aos 51 anos

Marie Louise, Duquesa de Parma

11 de março de 1810
1 criança

Napoleão II

1815–1832

  20 de março de 1811, Paris

filho de Napoleão I
Marie Louise, Duquesa de Parma

Nunca se casou 22 de julho de 1832

Viena
aos 21 anos

José Bonaparte

(José I)
1832–1844

  7 de janeiro de 1768, Corte

filho de Carlo Bonaparte
Letizia Ramolino

Júlia Clary

1 de agosto de 1794
2 crianças

28 de julho de 1844

Florencia
aos 76 anos

Luís Bonaparte

(Luís I)
1844–1846

  2 de setembro de 1778, Ajaccio

filho de Carlo Bonaparte
Letizia Ramolino

Hortênsia de Beauharnais

4 de janeiro de 1802
3 crianças

25 de julho de 1846

Livorno
aos 67 anos

Napoleão III

1846–1873
Presidente da França
(1848–1852)
Imperador da França
(1852–1870)

  20 de abril de 1808, Paris

filho de Luís Bonaparte
Hortênsia de Beauharnais

Eugênia de Montijo

30 de janeiro de 1853
1 criança

9 de janeiro de 1873

Chislehurst
aos 64 anos

Napoleão, Principe Imperial

(Napoleão IV Eugène)
1873–1879

  16 de março de 1856, Paris

filho de Napoleão III
Eugênia de Montijo

Nunca se casou 1 de junho de 1879

Reino Zulu
aos 23 anos

Napoleão José Bonaparte

(Napoleão V)
1879–1891
(contestado)

  9 de setembro de 1822, Trieste

filho de Jerónimo Bonaparte
e Catarina de Württemberg

Maria Clotilde de Saboia

30 de janeiro de 1859
3 crianças

17 de março de 1891

Roma
aos 68 anos

Vítor Bonaparte

(Napoleão V)
1879–1926
(contestado)

  18 de julho de 1862, Palais-Royal

filho de Napoleão José Bonaparte
Maria Clotilde de Saboia

Clementina da Bélgica

10/14 de novembro de 1910
2 crianças

3 de maio de 1926

Bruxelas
aos 63 anos

Luís, príncipe Napoleão

(Napoleão VI) 
1891–1932
(contestado)

  16 de julho de 1864, Meudon

filho de Napoleão José Bonaparte
Maria Clotilde de Saboia

Nunca se casou 14 de outubro de 1932

Prangins
aos 68 anos

Luís, príncipe Napoleão

(Napoleão VI)
1926–1997
(contestado até 1932)

  23 de janeiro de 1914, Bruxelas

filho de Vítor Bonaparte
Maria Clotilde de Saboia

Alix, princesa Napoleão

16 de agosto de 1949
4 crianças

3 de maio de 1997

Prangins
aos 83 anos

Carlos Napoleão

(Napoleão VII)
1997–presente
(contestado)

  19 de outubro de 1950, Boulogne-Billancourt

filho de Luís, príncipe Napoleão 
e Alix, princesa Napoleão

Princesa Béatrice de Bourbon

19 de dezembro de 1978
2 crianças

Vivo
Jeanne-Françoise Valliccioni

28 de setembro de 1996
1 criança (adotada)

Jean-Christophe Napoleão

1997–presente
(Contestado)

  11 de julho de 1986, Saint-Raphaël

filho de Carlos Napoleão
e Béatrice de Bourbon

Olympia von Arco-Zinneberg

17 de outubro de 2019 (civil)
19 de outubro de 2019 (católico)
1 criança

Vivo

Bibliografia editar

  • Bluche, Frédéric, Le Bonapartisme, collection Que sais-je ?, Paris, Presses universitaires de France, 1981.
  • Choisel, Francis , Bonapartisme et gaullisme, Paris, Albatros, 1987.

Ver também editar

Referências


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