Bororos

povo indígena Bororo
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Os bororos, otuques, bororós ou boe (autodenominação) são um povo indígena que habita o estado de Mato Grosso, no Brasil.[1][3] Falam a língua bororo, autodenominada boe wadáru, que pode pertencer ao tronco linguístico macro-jê.[4]

Bororos
(coxiponé, araripoconé, araés, cuiabá, coroados, porrudos, boe)
"Índio Bororo", pelo pintor francês Hércules Florence, durante a Expedição Langsdorff à Amazônia Predefinição:Bwrap
População total

1 817(Siasi/Sesai, 2012)[1][quando?]

Regiões com população significativa
 Brasil (Mato Grosso) Siasi/Sesai, 2014[2]
Línguas
bororo, português
Religiões
Índia bororo, 1946

Etimologia editar

O nome "bororo" é um nome dado pelos não indígenas, surgido quando os exploradores perguntaram "qual o nome do povo", e o indígena teria entendido "qual era o nome do local onde estavam": eles estavam no bororó, que, para a língua bororo, significa "pátio da aldeia".[1]

Características gerais editar

Os bororos habitam a região do planalto central de Mato Grosso. Falam a língua portuguesa. Estão distribuídos em cinco terras indígenas demarcadas: Jarudore, Meruri, Tadarimana, Tereza Cristina e Perigara. Sua população atualmente é de cerca de 2 000 indivíduos. São tradicionalmente caçadores e coletores, porém adaptaram-se à agricultura, da qual extraem sua subsistência. Destacam-se pela confecção de seu artesanato de plumagem (conjunto de penas que reveste uma ave) e também pela pintura corporal em argila.

História e distribuição dos povos editar

Os antigos bororos distribuíam-se por extensa região compreendida entre a Bolívia, a oeste; o rio Araguaia, o rio das Mortes, ao norte; e o rio Taquari, ao sul.

Os bororos ocidentais, viviam na margem leste do rio Paraguai, onde os jesuítas espanhóis fundaram missões. Muito amigáveis, serviam de guia aos não indígenas, trabalhavam nas fazendas da região e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram como povo tanto pelas moléstias contraídas quanto pelos casamentos com não índios.

 
Banquete funeral de índios bororos em gravura de Friedrich Wilhelm Kuhnert (1865-1926)

Os bororós orientais habitavam, tradicionalmente, vasto território que ia da Bolívia, a oeste, ao rio Araguaia, a leste e do rio das Mortes, ao norte, ao rio Taquari, ao sul. Ao contrário dos bororos ocidentais, eram citados nos relatórios dos presidentes da província de Cuiabá como nômades bravios e indomáveis, que dificultavam a colonização. Foram organizadas várias expedições de extermínio. Estimados na época em dez mil índios, os bororos sofreram várias guerras e epidemias, com uma história de muita resistência ao avanço das frentes e expansão de territórios, até sua pacificação, no fim do Predefinição:Século, quando foram reunidos nas colônias militares de Teresa Cristina e Isabel e estimados pelas autoridades em cinco mil pessoas. Entregues aos salesianos para catequese, em 1910, os bororos somavam dois mil índios. Em 1990, com uma população de aproximadamente 930 pessoas, viviam no estado de Mato Grosso.

Organização social editar

 
Bororo durante a nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas em 2006

O povo obedece a uma organização social rígida. A aldeia é dividida em duas partes – eceráe e tugarége – que, por sua vez, se subdividem em clãs com deveres muito bem definidos. Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade eceráe, conforme determinam seus mitos. Dentro de cada clã, há uma comunhão de bens culturais (nomes, cantos, pinturas, adornos, enfeites, seres da natureza) que só podem ser usados pelos membros desse determinado clã, a não ser que este direito seja participado a outras pessoas em "pagamento" por favores recebidos.

Praticam diversos rituais, como:

  • a "Festa do milho", para celebrar a colheita do cereal, que é um alimento importante na nutrição dos índios;
  • a "Perfuração de Orelha e Lábios";
  • o "Ritual do funeral", uma celebração sagrada para todos que se consideram índios.

O funeral dos bororos é o que mais chama atenção pela complexidade, podendo durar até dois meses. A morte de alguém pode provocar mudanças ou reforçar as alianças.

Referências

  1. a b c Instituto Socioambiental. Povos Indígenas no Brasil. Bororo - Introdução. Por Paulo Serpa, janeiro de 2001.
  2. Instituto Socioambiental. «Quadro Geral dos Povos». Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 17 de setembro de 2017 
  3. Ferreira, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2.ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 276.
  4. Instituto Socioambiental. Povos Indígenas no Brasil. Bororo- Língua. Por Paulo Serpa, janeiro de 2001.

Ligações externas editar

 
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