Carlos José Fontes Diegues OMC, conhecido por Cacá Diegues (Maceió, 19 de maio de 1940), é um cineasta brasileiro. Foi um dos fundadores do Cinema Novo.[1]

Cacá Diegues Academia Brasileira de Letras
Cacá Diegues
Cacá em entrevista na TV Brasil
Nascimento 19 de maio de 1940 (83 anos)
Maceió, Alagoas
Nacionalidade Brasileiro
Cidadania Brasil
Cônjuge Nara Leão
Filho(a)(s) Isabel Diegues, Flora Diegues
Alma mater
Ocupação Cineasta
Prêmios Melhor Filme do Festival Internacional de Cinema de Cartagena
2000
Obras destacadas Xica da Silva
Movimento estético Cinema novo
Página oficial
http://www.carlosdiegues.com.br/index.asp

Biografia editar

Nascido em Maceió, Cacá Diegues é o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior e de uma fazendeira. Aos 6 anos de idade, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro e instala-se em Botafogo, bairro onde Diegues passou toda sua infância e adolescência.

Estudou no Colégio Santo Inácio, dirigido por jesuítas, até ingressar na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde fez o curso de Direito. Como presidente do Diretório Estudantil, fundou um cineclube, iniciando suas atividades de cineasta amador com David Neves e Arnaldo Jabor, entre outros. Ainda estudante, dirige o jornal O Metropolitano, órgão oficial da União Metropolitana de Estudantes e junta-se ao Centro Popular de Cultura, ligado à União Nacional dos Estudantes. O grupo da PUC e o de O Metropolitano tornam-se, a partir do final da década de 1950, um dos núcleos de fundação do Cinema Novo, do qual Diegues é um dos líderes, juntamente com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em 1961, em colaboração com David Neves e Affonso Beato, realiza o curta-metragem Domingo, um dos filmes pioneiros do movimento.

Em 1962, no CPC, Diegues dirige seu primeiro filme profissional, em 35mm, Escola de Samba Alegria de Viver, episódio do longa-metragem Cinco Vezes Favela (os demais episódios são dirigidos por Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Marcos Farias e Miguel Borges). Seus três primeiros longas-metragens - Ganga Zumba (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969) - são filmes típicos daquele período voluntarista, inspirados em utopias para o cinema, para o Brasil e para a própria humanidade. Polemista inquieto, ele continua a trabalhar como jornalista e a escrever críticas, ensaios e manifestos cinematográficos, em diferentes publicações, no Brasil e no exterior.

 
Carlos Diegues em 1972

Em 1969, após a promulgação do AI-5, Diegues deixa o Brasil, vivendo primeiro na Itália e depois na França, com sua esposa, a cantora Nara Leão. De volta ao Brasil, Diegues realiza mais dois filmes - Quando o Carnaval Chegar (1972) e Joanna Francesa (1973). Em 1976, dirige Xica da Silva, seu maior sucesso popular.

Em 1978, Diegues inventa, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a expressão "patrulhas ideológicas" para denunciar alguns setores da crítica que desqualificavam os produtos culturais não alinhados a certos cânones da esquerda política mais ortodoxa.[2][3][4] Nesse período de início da redemocratização do país e de renovação do cinema brasileiro, realiza Chuvas de Verão (1978) e Bye Bye Brasil (1979), dois de seus maiores sucessos.

Em 1981, integrou o júri no Festival de Cannes.

Em 1984, realiza o épico Quilombo, uma produção internacional comandada pela Gaumont francesa, um velho sonho de seu realizador.

Numa fase crítica da economia cinematográfica do país, realiza dois filmes de baixo custo, Um Trem para as Estrelas (1987) e Dias Melhores Virão (1989). Na mesma fase, realiza, em parceria com a TV Cultura, Veja esta Canção (1994). Quando a nova Lei do Audiovisual finalmente é promulgada, ele é um dos poucos cineastas veteranos ainda em atividade - trabalhando com comerciais, documentários, videoclipes. Entre seus sucessos que seguiram incluem-se Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999) e Deus É Brasileiro (2003).

A maioria dos 18 filmes de Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina - o que o torna um dos realizadores brasileiros mais conhecidos no mundo.

É oficial da Ordem das Artes e das Letras (l'Ordre des Arts et des Lettres) da República Francesa. Também é membro da Cinemateca Francesa. O governo brasileiro também lhe concedeu o título de Comendador da Ordem de Mérito Cultural e a Medalha da Ordem de Rio Branco, a mais alta do país.

Tem dois filhos, Isabel e Francisco, do seu casamento com a cantora Nara Leão (se separaram em 1977, 12 anos antes de Nara falecer). Tem três netos: José Pedro Diegues Bial (2002), filho de Isabel; e Monah André Diegues (2004) e Mateo André Diegues (2005), filhos Francisco. Desde 1981, é casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora.[5]

Em 2016, recebeu a homenagem da escola de samba Inocentes de Beford Roxo, pelo grupo de acesso A, com o enredo "Cacá Diegues - Retratos de um Brasil em cena!" desenvolvido pelo Carnavalesco Márcio Puluker, ficando em 9o lugar no concurso.

Em 30 de agosto de 2018 o cineasta foi eleito novo imortal[6] da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de nº 7, que já foi ocupada pelo escritor Euclides da Cunha e pelo fundador da ABL, Valentim Magalhães.

Filmografia editar

Premiações editar

  • Prêmio Golden Reel de Contribuição ao Cinema Latino-Americano no Festival de Miami
  • Grande Prêmio de Cinema Brasileiro de Melhor Filme e Melhor Lançamento no Cinema, por Orfeu (1999)
  • Prêmio de Melhor Filme no Festival de Cartagena, por Orfeu (1999)
  • Prêmio Especial do Júri no Festival Providence, por Tieta do Agreste (1996)
  • Prêmio de Melhor Diretor no Festival de Taos Talking, por Tieta de Agreste (1996)
  • Pukara de Melhor Filme, no Festival Latino-Americano de New England, por Tieta do Agreste (1996)
  • Prêmio de Ouro no Festival de Damascus, por Tieta do Agreste (1996)
  • Prêmio de Melhor Filme no Festival Providence, por Veja esta canção (1994)
  • Prêmio da Crítica - FIPRESCI e Prêmio de Melhor Filme no Festival de Porto Rico, por Veja esta canção (1994)
  • Prêmio da Crítica no Festival de Assunção, por Veja esta canção (1994)
  • Prêmio de Melhor Diretor no Festival de Havana, por Veja esta canção (1994)
  • Troféu Oscarito de Melhor Diretor, por Veja esta canção (1994)
  • Prêmio de Melhor Filme no Festival de Cuiabá, por Veja esta canção (1994)
  • Prêmio Especial do Júri no Festival de Biarritz, por Veja esta canção (1994)
  • Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cartagena, por Dias melhores virão (1989)
  • Prêmio de Qualidade Artística no Festival de Biarritz, por Dias melhores virão (1989)
  • Prêmio de Melhor Diretor no Festival de Havana, por Bye bye Brasil (1980)
  • Prêmio Coral Especial de Gênero de Ficção, no Festival de Havana por Bye bye Brasil (1980)
  • Prêmio de Melhor Filme do Ano no Festival de Londres, por Bye bye Brasil (1980)
  • Candango de Melhor Diretor e Melhor Filme, no Festival de Brasília, por Xica da Silva (1976)
  • Prêmio Molière de Melhor Filme e Melhor Direção, por Xica da Silva (1976)

Referências

Ligações externas editar

 
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Nelson Pereira dos Santos
  ABL - décimo acadêmico da cadeira 7
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