Cachoeira de Paulo Afonso

queda d'água do rio São Francisco na Bahia, Brasil

A cachoeira de Paulo Afonso é um conjunto de quedas d'água localizado no Rio São Francisco, na altura do município baiano de Paulo Afonso e vizinha à alagoana Delmiro Gouveia. As quedas d'água da cachoeira, de até 80 metros de altura, alimentam uma série de usinas do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso.

Cachoeira de Paulo Afonso
Cachoeira de Paulo Afonso
A cachoeira vista de cima.
Características
Altura 80 m
Localização
Rio Rio São Francisco
País Brasil
Local Paulo Afonso
Mapa
Localização em mapa dinâmico

Histórico editar

Nas suas imediações foi registrada a presença de sítios arqueológicos, cujas pesquisas iniciais registraram a existência de artefatos e pinturas.[1]

A cachoeira foi visitada em 1852 pelo imperador D. Pedro II.[2]

Registros fotográficos do século XIX. Os quatro primeiros de Marc Ferrez e o último por Pedro Karp Vasquez.

Em 1911 o empresário Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, com o objetivo de fornecer eletricidade à vila operária e uma fábrica de linhas que tinha numa localidade alagoana então denominada "Pedra", deu início à construção de uma usina hidrelétrica que denominou Usina Hidrelétrica de Angiquinho, inaugurada em 1913 e que foi vendida em 1957 pela Cia. Agro Fabril Mercantil S.A. à Companhia Hidroelétrica do São Francisco, encerrando sua atividade em 1960. Suas instalações foram tombadas pelo governo alagoano em 2006.[1]

Representação nas artes editar

Pinturas de E. F. Schuute (acima) e Frans Post (abaixo) que retratam a queda de água.

A cachoeira foi retratada em 1649 numa pintura a óleo sobre madeira pelo pintor de paisagens holandês Frans Post. O nome da obra é o mesmo da quedas d'água, Cachoeira de Paulo Afonso.

Em 1850 a cachoeira foi retratada, também em óleo, pelo pintor E. F. Schute. A obra, intitulada Paulo Afonso falls, compõe o acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Em 1875 a cachoeira foi fotografada por Marc Ferrez e por Pedro Karp Vasquez.

O poeta baiano Castro Alves escreveu o poema A Cachoeira de Paulo Afonso, parte integrante da obra Os Escravos, publicado postumamente em 1876.[3]

Ali o poeta traça um paralelo com a mitologia grega, para dar a dimensão grandiosa da queda d'água (excerto, em domínio público):[3] Utiliza-se de um recurso poético chamado enargia, que é a representação artística da natureza de forma que o leitor possa, ao ler, imaginar o objeto retratado. Castro Alves, assim, usa dos elementos naturais e sua violência, para relacionar à própria violência da escravidão.[2]

A cachoeira! Paulo Afonso! O abismo!
A briga colossal dos elementos!
As garras do Centauro em paroxismo
Raspando os flancos dos parceis sangrentos.
Relutantes na dor do cataclismo
Os braços do gigante suarentos
Aguentando a ranger (espanto! assombro!)
O rio inteiro, que lhe cai no ombro!

Referências

  1. a b Maria Cleonice de Souza Vergne; Salomão David Vergne Cardoso; Manuella Maria Vergne Cardoso; Alzeni de Freitas Tomáz; Caio Humberto Ferreira Dória de Souza (2018). «Recontado a pré-história e história do Complexo Angiquinho na Cachoeira de Paulo Afonso» (PDF). Revista Ecologias Humanas. 4 (4). Consultado em 13 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 26 de janeiro de 2019 
  2. a b Giovanna Gobbi Alves Araújo (2015). «A figuração energética do elemento aquático n'A cachoeira de Paulo Afonso de Castro Alves (1847-1871)» (PDF). Anais do I Seminário do Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira, FFLCH-USP. Consultado em 13 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 13 de fevereiro de 2024 
  3. a b Castro Alves (1944). Obras Completas de Castro Alves (Afrânio Peixoto org.)Vol. II - Introdução a Os Escravos. [S.l.]: Cia Editora Nacional. pp. 217–219