Cesária Évora

cantora cabo-verdiana
(Redirecionado de Café Atlantico)

Cesária Évora (Mindelo, 27 de agosto de 1941 – Mindelo, 17 de dezembro de 2011) foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana. Apesar de ser bem sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora foi maioritariamente relacionada com a morna, por isso também apelidada de "rainha da morna".[1] Era conhecida como a diva dos pés descalços. O filme Tchindas presta tributo a sua música.[2]

Cesária Évora

Cesária Évora em São Paulo, 2008
Informação geral
Nascimento 27 de agosto de 1941
Local de nascimento Mindelo
Morte 17 de dezembro de 2011 (70 anos)
Local de morte Mindelo
Gênero(s) Morna, Coladera
Período em atividade 1960 - 2011
Gravadora(s) Lusafrica
Página oficial Página oficial

História editar

 
Cesária Évora em Mindelo, sua terra natal.

Cesária Évora teve quatro irmãos. O pai Justino da Cruz tocava cavaquinho, violão e violino. Quando jovem foi viver com a avó, que havia sido educada por freiras, e assim acabou passando por uma experiência que a ensinou a desconsiderar a moralidade excessivamente severa.

Entre os amigos estava B. Leza, o compositor favorito dos cabo-verdianos, que faleceu quando ela tinha apenas sete anos de idade. Desde cedo, Cizé, como era conhecida pelos amigos, começou a cantar e a apresentar-se aos domingos na praça principal da cidade, acompanhada pelo irmão Lela, no saxofone. Mas a vida está intrinsecamente ligada ao bairro do Lombo, nas imediações do quartel do exército português, onde cantou com compositores como Gregório Gonçalves. Aos 16 anos, Cesária começou a cantar em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade em Cabo Verde, sendo proclamada a "Rainha da Morna" pelos fãs.

Aos vinte anos foi convidada a trabalhar como cantora para o Congelo - companhia de pesca criada por capital local e português -, recebendo conforme as actuações que fazia. Em 1975, ano em que Cabo Verde conquistou a independência, Cesária, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliadas à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de cantar para sustentar a família. Durante este período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo. Cesária chamou a esse período de tempo, os Dark Years.

 
A casa de Cesária Évora

Encorajada por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, atuando em Portugal. Em Cabo Verde foi convidada por José da Silva a ir para Paris onde acabou por gravar um novo álbum em 1988 "La diva aux pieds nus" (A diva dos pés descalços) - que é como se apresenta nos palcos. Este álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do álbum "Miss Perfumado" (1992). Desde então fixou residência na capital francesa. Cesária tornou-se uma estrela internacional aos 47 anos de idade.

Em 2004 conquistou um prémio Grammy de melhor álbum de world music contemporânea. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, com a medalha da Legião de Honra entregue pela ministra da Cultura francesa Christine Albanel.[3]

Em setembro de 2011, depois de cancelar um conjunto de concertos por se encontrar muito debilitada, a editora, Lusafrica, anunciou que a cantora pôs um ponto final na longa carreira.[4]

Morreu no dia 17 de dezembro de 2011, com 70 anos, por "insuficiência cardiorrespiratória aguda e tensão cardíaca elevada". Um jornalista espanhol do jornal "Público" falou com ela 36 horas antes de sua morte, em sua casa, em Mindelo.[5]

Discografia editar

  1. 1965 - Mornas de Cabo-Verde & Oriondino (vinil simple, 45 RPM, C. Évora & Conjunto)
  2. 1987 - Cesária
  3. 1988 - Cesária Évora, La Diva aux pieds nus
  4. 1990 - Distino di Belita
  5. 1991 - Mar Azul
  6. 1992 - Miss Perfumado
  7. 1994 - Sodade - Les plus belles mornas de Cesaria (Best of)
  8. 1995 - Cesária
  9. 1995 - Cesária Évora à L'Olympia
  10. 1997 - Cabo Verde
  11. 1998 - Best of Cesária Évora
  12. 1998 - Nova Sintra
  13. 1999 - Le monde de Cesária Évora
  14. 1999 - Café Atlântico
  15. 2001 - Cesária Évora : L'essentiel
  16. 2001 - São Vicente di Longe
  17. 2002 - Anthology
  18. 2002 - Anthologie: Mornas & Coladeras (LP duplo)
  19. 2002 - The Very Best of Cesária Évora
  20. 2003 - Voz d'Amor
  21. 2004 - Les essentiels
  22. 2006 - Rogamar
  23. 2008 - Rádio Mindelo (early recordings)
  24. 2009 - Nha sentimento
  25. 2010 - Cesária Évora &
  26. 2013 - Mãe Carinhosa
DVD
  1. 2002 - Live in Paris
Duos
  1. 1999 - É doce morrer no mar (por Dorival Caymmi) cantado com Marisa Monte;
  2. 2009 - Crepuscolare Solitudine, cantado com Gianni Morandi;
  3. 2009 - Ricordo d'Infanzia, cantado com Gigi D'Alessio
  4. 2010 - La Voce dell'Amore, cantado com Ron
Outras colaborações
  1. 1995 - Sangue de Beirona Remix (por François K)
  2. 1999 - Césaria Evora Remix (por François K e Joe Claussell)
  3. 2003 - Carnaval de São Vicente Remix (EP)
  4. 2003 - Club Sodade Remixes, Cesaria Evora by… (Carl Craig, Francois Kervorkian, Kerri Chandler, Four Hero, Señor Coconut, etc.)
  5. 2009 - Capo Verde terra d'amore, vol. 1 (LP, cantado com Teofilo Chantre em italiano) - "Crepuscolare Solitudine", "Ricordo d'Infanzia";
  6. 2010 - Capo Verde terra d'amore, vol. 2 (LP, cantado com Teofilo Chantre em italiano) - "La Voce dell'Amore";
  7. 2012 - Capo Verde terra d'amore, vol. 3 (LP, cantado com Teofilo Chantre em italiano) - "Mar de Canal - DVD"

Reconhecimentos e prêmios editar

Em março de 2022 o documentário Cesária Évora, sobre a vida da cantora cabo-verdiana, foi estreado mundialmente no festival South by Southwest, tornando-se a primeira longa-metragem portuguesa a figurar na seção oficial deste festival estadunidense.[6][7] O filme, realizado pela jornalista portuguesa Ana Sofia Fonseca, foi estreado em Portugal durante a jornada inaugural da edição 2022 do festival IndieLisboa.[8]

Referências

Ligações externas editar

 
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Cesária Évora
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Cesária Évora