Caio Calpúrnio Pisão

político
 Nota: Para outros significados, veja Caio Calpúrnio Pisão (desambiguação).

Caio Calpúrnio Pisão (em latim: Gaius Calpurnius Piso; m. 19 de abril de 65) foi um senador romano que viveu durante o século I. Foi o principal idealizador da chamada Conspiração de Pisão, o mais famoso e abrangente dos diversos atentados que foram realizados contra a vida do imperador Nero.

Caio Calpúrnio Pisão
Nascimento século I
Morte 19 de abril de 0065
Roma
Cidadania Roma Antiga
Cônjuge Lívia Orestila, Satria Galla
Filho(a)(s) Calpurnius Galerianus
Ocupação político, militar

Vida editar

Pisão foi um homem popular em Roma. Herdou de seu pai, cuja identidade ainda é desconhecida, as conexões com diversas famílias distintas, e, de sua mãe, grande riqueza. Pisão descendia da gens antiga e nobre dos Calpúrnios[1] e distribuiu sua grande riqueza entre seus diversos clientes, espalhados por todas as classes sociais romanas. Dono de uma villa em Baiae,[2] Pisão tinha, dentre seus diversos interesses, o costume de praticar o canto no palco, atuando em tragédias, além de escrever poesia.

Pisão foi descrito como alto, de boa aparência, afável, um excelente orador e advogado nas cortes. Apesar disso, sua integridade era questionada; de acordo com o historiador romano Tácito, Pisão utilizou-se de sua eloquência para defender seus concidadãos, e, embora sempre generoso e gracioso em sua fala, faltava-lhe seriedade, e era considerado como muito ostentador, e com uma inclinação para o sensual.[1] Em 40 d.C. o imperador Calígula baniu Pisão de Roma, depois de se interessar pela sua esposa. Calígula forçou-a a se separar dele, apenas para acusar então o próprio Pisão de ter cometido adultério com ela, para conseguir estabelecer um motivo para pedir o seu banimento.[3] Pisão só retornaria a Roma um ano depois do assassinato de Calígula.

Conspiração e morte editar

 Ver artigo principal: Conspiração de Pisão

Em 41 d.C. o imperador Cláudio convocou Pisão de volta a Roma[4] A partir daí Pisão tornou-se um senador poderoso, especialmente durante o reinado de Nero, e em 65 liderou uma iniciativa secreta que visava derrubar do poder o imperador, que ficou conhecida como a Conspiração de Pisão.

Pisão conseguiu atiçar o ódio entre os senadores contra o imperador Nero, de maneira a obter ele próprio o poder. Já em 62 se ouviam comentários, entre aqueles da classe senatorial, além da nobreza e dos equites ("cavaleiros"), de que Nero estaria arruinando Roma.[5] No ano de 65 a cidade já havia passado pelo Grande Incêndio de Roma e pela perseguição aos cristãos, e o caos social decorrente possibilitou que diversos grupos de conspiradores se unissem sob a liderança de Pisão, com a meta de matar o imperador.

Em 19 de abril de 65 o liberto Mílico traiu Pisão e revelou a trama para assassinar o imperador;[5] os conspiradores foram todos presos. No total, dezenove foram condenados à morte, e outros treze foram exilados,[5] o que revelou o grande alcance da conspiração. Pisão recebeu a ordem de cometer suicídio, que ele cumpriu na maneira tradicional, cortando suas veias e sangrando até à morte.

Família editar

Pisão teve um filho chamado Calpúrnio Pisão Galeriano[4], que se casou com Calpúrnia, filha de Licínia Magna e Lúcio Calpúrnio Pisão, cônsul em 57[6][7]. Galeriano foi executado em 70 por ter sido um aliado de Vitélio contra Vespasiano[8].

Notas editar

  • O poeta Calpúrnio Sículo provavelmente se referia à Pisão com o seu Melibeu (Meliboeus), personagem principal do panegírico ''De laude Pisonis ("Sobre o louvor a Pisão").

Referências

  1. a b Bunson, Matthew. "Piso, Gaius Calpurnicus." Encyclopedia of the Roman Empire. New York: Facts on File, 1994
  2. Rogers, Robert Samuel. "Heirs and Rivals to Nero." Transactions and Proceedings of the American Philogical Association, Vol. 86. 1955, pp. 190-212
  3. Hazel, John. "Piso, 1." Who's Who in the Roman World. London: Routledge, 2001.
  4. a b The Cambridge Ancient History. Vol. 5, VII ed. London: Cambridge University Press, 1970-2007.
  5. a b c Bunson, Matthew. "Pisonian Conspiracy." Encyclopedia of the Roman Empire. New York: Facts on File, 1994.
  6. Tácito, Anais, IV.49
  7. Elsner, Life, Death and Representation: Some New Work on Roman Sarcophagi, p.57
  8. Anne Publie. "Les Cneuius". [1] & Anne Publie. "Les Caesoninus" [2]

Bibliografia editar